Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 20
Território neutro - parte I


Notas iniciais do capítulo

Aaaaah novo capítulo postado. Sim! Está atrasado! Mas postei.
Não pude postar esses dias porque tive semana de provas na faculdade. Na verdade o capítulo nem deveria ser postado hoje, seria no sábado. Mas agradeçam à Hellen, ela que me incentivou a postar hoje.
Irei postar uma parte que já estava escrita hoje, e o resto no sábado. Bom, sem mais delongas... Boa leitura!
PRÓXIMO CAPÍTULO::: SÁBADO.



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Acordei envolvida numa sensação de calor e ternura que nunca experimentara antes. Mantive os olhos fechados apenas para apreciar mais um pouco, e enrosquei-me como um bebê na fonte de tudo aquilo, pregada a minhas costas, cuja resposta foi um abraço reconfortante em volta de minha cintura.

— Bom dia, humanazinha - sussurrou uma voz junto ao meu ouvido.

— Que horas são? - perguntei, me virando, de repente. Demorei um pouco para raciocinar com coerência. O primeiro pensamento a chegar a minha cabeça foi "onde estou?", seguido de "o que aconteceu?" e, por fim, "o que é que estou fazendo nua na cama de Nickolas?". — Não acredito que adormeci. Era suposto termos aproveitado antes deles começarem a chegar, e eu adormeci... Que idiota!

Uma risada suave foi abafada contra a minha cochecha.

— Mas nós aproveitamos. — Nickolas garantiu. — Aliás, muito bem.

O sorriso malicioso que brilhou em seus lábios me fez corar. Oh, sim, eu me lembrava. Fizéramos coisa que eu nem sabia serem possíveis. O pior era que eu gostara.

— Mas se ainda não chegaram... - comecei dizendo.

— Mas eles já chegaram. E já foram.

— Por quanto tempo dormi?

— Não muito. Acabei de voltar para cá. - percorreu meu rosto com a ponta do dedo, muito levemente, mas enviando um arrepio para todo o corpo. Não era só eu que me lembrava, também minha pele se lembrava do seu toque. — Ainda bem que dormiu um pouco. Precisava.

— Está tentando dizer alguma coisa? - questionei, com uma sobrancelha levantada.

— Tire suas próprias conclusões, humanazinha.

Inclinei-me para roubar dele um beijo rápido nos lábios.

— E como é que foi? Veio muita gente?

Ele virou para cima e colocou as mãos atrás da cabeça, esticando a camisa que vestia.

— Alguma. A Resistência veio. Dos Guardiões, apenas um não veio, mas acho que consigo convencer ele, e aqueles que apareceram apenas para ver me pareciam empenhados, no final. É importante conseguir os Guardiões porque eles trazem os demônios inferiores que têm sob sua guarida.

— Como um clã?

— Sim, como um clã. Cada Guardião tem um grupo de demônios a trabalhar para ele, em troca de proteção. Eu tenho o Fontes, a Eliel e outros que estão no inferno. Fiquei também com os do Avaritia, o que não é nada mal. Vai ser difícil trazer os demônios independentes, mas deixo isso nas mãos de Anael. Ele tem mais paciência do que eu.

— E anjos?

— Seu queridinho apareceu, sozinho, mas me garantiu que traria gente, da próxima vez. Vai espalhar a mensagem aos outros anjos.

— Não o chame de meu queridinho - ordenei, batendo-lhe com a almofada.

Num gesto rápido, tirou a almofada de minhas mãos e me encurralou entre o seu corpo e o colchão.

— Então, como eu devo chamá-lo? - delicadamente, pegou minhas mãos e levou-as ao topo de minha cabeça. — Idiota? Filho da puta? Babaca? - passou o nariz pelo meu pescoço, me fazendo contrair.

— Que tal Anthonny?

Abanou a cabeça.

— Não merece que o trate pelo nome. - segurando minhas mãos com apenas uma das suas, desceu a outra para acariciar minha cintura nua.

— E por que é que ainda estamos falando dele? - baixou a cabeça para morder a lateral de meu seio.

— Não tente me distrair. Quero saber o que aconteceu. - disse, com dificuldade.

— O que aconteceu onde?

Retive a respiração quando sua língua passou por um mamilo.

— Você sabe onde.

— E quando? - perguntou, antes de passar para o outro mamilo.

— Você sabe quando... Nickolas.

Ele parou para me olhar.

— Sabe do que gosto mais? - inquiriu, com os seus olhos escurecidos fixos nos meus. — Gosto que diga meu nome quando está assim, neste estado, com os olhos brilhantes e os lábios vermelhos. Você faz soar de um modo tão... Tentador. - aproximou a boca de meu ouvido e sussurrou. — Melhor do que isso, é saber que fui eu quem colocou você assim.

Distraída com sua voz, não notei que já agarrava minhas mãos e que, ao contrário, a sua se encontrava em trajetória descente para entre minhas pernas.

— Nickolas...

Ele sorriu.

— Sim. Assim mesmo.

Não demorei muito para atingir o pico que Nickolas queria. Como em tudo o que era relacionado com ele, se o desejava, teria, e naquela situação eu não tinha propriamente força nem vontade de o contrariar. Falando a verdade, tinha medo de estar me tornando uma devassa. Raramente sonhava em constituir ou fazer o que quer que fosse com Anthonny, apesar de minha paixonite por ele. Talvez, por considera-lo tão acima de mim.

No máximo, fantasiava com um beijo roubado ou um toque na minha bochecha. Antes de conhecer aquele demônio, o que imaginava para meu futuro era encontrar um humano simpático e bonitinho e tentar que Anthonny o adquirisse ou que me dispensasse para o amo dele. Então, casaríamos, teríamos uma noite de núpcias envolta em névoa e, depois, um quartinho na casa do nosso mestre, para onde regressaríamos todas as noites, para conversar sobre o nosso dia. Algum tempo depois, teríamos um filho que, infelizmente, também seria um escravo, mas amaríamos ele com todo o nosso coração.

No entanto, nada disso aconteceria. Em vez de um humano simpático, tinha um demônio demasiado prepotente, mas altamente irresistível. Não estava casada e, provavelmente nunca estaria. Tinha de fato um quarto, mas era diretamente ligado ao do meu senhor, e no qual já não colocava os pés há uns bons dias. E não haveria filhos. Claro, esta história com Nickolas podia não durar. Ele era inconstante. Hoje me dava a entender que me amava, amanhã podia mudar de ideia. Saber isso me aterrorizava, mas eu tentava banir estes pensamentos da minha cabeça. Mesmo me tornando escrava de qualquer outro demônio ou anjo, dificilmente encontraria o humano bonitinho. Não. Nickolas arruinara todos os outros seres para mim.

— Um penny pelos seus pensamentos. - falou, me observando deitado de lado.

— Estava calculando quanto tempo teria até você se fartar de mim. - respondi, com sinceridade.

Franziu os olhos, como se não compreendesse o porquê de minha resposta.

— E por que é que pensa que eu me fartaria de você? - inquiriu, seriamente.

Encolhi os ombros.

— Eu sou uma humana. Suas opiniões sobre os humanos são conhecidas.

Afagou minha face.

— Mas você n]ao é um humano qualquer. Você é a humanazinha. Minha humanazinha. - declarou, com uma expressão subtil no rosto que dizia " como é que não vê isso?".

— Você é imprevisível, Nickolas.

— É uma de minhas muitas qualidades. Agora, vou dizer uma coisa: você vai ficar aqui até eu desejar o contrário e, acredite mais facilmente morreremos todos em batalha do que eu deixarei de deseja-la.

Fiz um sorriso triste.

— Isso não é muito reconfortante.

— Pode não ser, humanazinha, mas é a mais pura da verdades.

Houve uma pausa, que aproveitei para embrenhar na missão impossível de descobrir os mistérios daqueles olhos insondáveis.

— Acha que... Vai correr tudo mal? - inquiri, com medo da resposta.

— Quer verdade?

Assenti.

Ele esticou o braço para pegar uma madeixa de meu cabelo e observou-o entre os dedos, enrolando-o e esticando-o. Procurava palavras ou, talvez coragem.

— Acho que apenas um milagre nos salvaria. Acho que esta luta é suicídio completo. Tenho a certeza que morrerão muitos mais do que os que sobreviverão - enquanto falava, não me encarava, continuava focado no pedaço de cabelo que tinha na mão. — Mas sei que, se não fizermos nada, todos morreremos. Todos, sem exceção. Demônios, humanos e anjos. Esta é nossa única hipótese de salvar alguns, quer estejam lá em baixo, no inferno, quer estejam lá em cima, quer estejam do outro lado do mundo e não façamos a mínima ideia de quem são. Se uma pequena porcentagem da população deste universo sobreviver, então já será uma vitória.

— E esta cidade?

Finalmente, me encarou. Em seus olhos havia algo que nunca vira antes, que não se juntava com ele, com aquela cor presunçosa. Medo.

— Será totalmente dizimada - admitiu.

Fechei os olhos em aceitação.

— Tudo pelas pessoas do outro lado do mundo, não é? - tentei forçar um sorriso, mas não foi preciso porque, no segundo seguinte, Nickolas me agarrava e abraçava com força, como se fosse a última vez. Seu nariz estava enterrado em meu pescoço, suas mãos nas minhas costas e ficamos assim por um momento, apenas sentindo o calor um do outro e consolando-nos mutuamente com o fim que parecia estar próximo.

— Não vou deixar - ouvi ele murmurar junto ao meu ouvido, sua respiração batendo na minha pele.

— O quê?

Se afastou, ligeiramente, para me olhar nos olhos.

— Não vou deixar que alguma coisa aconteça com você. Vou arranjar uma maneira de te proteger.

— Não está pensando em me mandar para o outro lado do mundo, não é? - a possibilidade me aterrorizava. Estar longe, num lugar estranho, sozinha, sem saber o que se passava, se as pessoas de quem gostava estavam vivas os mortas ou moribundas precisando de minha ajuda.

— Se tiver que ser, é isso que farei - declarou, seriamente.

— Não vou. - afirmei, me afastando mais dele.

Nickolas voltou a se aproximar e segurou meu rosto para que me virasse para ele.

— Quantas vezes vou ter que dizer que sou eu que mando, hem humanazinha? - brincou, mas a tristeza estava estampada em sua face.

— Não, Nickolas!

— E acha que eu quero? Ainda mais agora que descobri você, droga! Acabei de conhecer você, nossa história apenas começou e acha que eu quero manda-la embora? Não quero, mas é isso que farei se resultar em você viva.

— E você? O que vai acontecer com você? - não tentei controlar as lágrimas quando elas começaram caindo. Não valia a pena e não conseguiria, mesmo que tentasse. As palavras dele fizeram ricochete, em minha mente. Ainda agora descobri você. Era verdade! Tínhamos acabado de nos conhecer, de nos apaixonar, por que é que as coisas haveriam de começar correndo mal logo naquele momento?

— Já estou condenado há muito tempo, humanazinha, desde que desci do paraíso. Mas você não. É muito boa para a morte, para o inferno. Você viverá e reconstituirá o mundo. Eu sei que sim.

Sem aguentar mais, abracei-o, enterrando o rosto em seu peito, molhando sua camisa.

— Quero parar o tempo. Quero ficar aqui, trancada para sempre. Fugir de tudo, com você.

Seus braços me envolveram, tentando me transmitir, sem sucesso, algum conforto.

— Se o seu Deus existe mesmo, humanazinha, esta é uma boa hora para começar rezando.


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Notas finais do capítulo

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