Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 19
A nova profecia




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Nickolas's POV
Fiz um esforço quase impossível para abrir os olhos, se é que os tinha, mas precisava vê-la, precisava olhar para ela e dizer que tudo ficaria bem. Ela dissera que me amava, eu a ouvira. Eu desejava retribuir, apesar de as palavras queimarem minha boca. Precisava de olhá-la.
Aos poucos e poucos, vários feixes de luz começaram entrando na minha visão meio opaca, iluminando meu caminho para fora da escuridão. Os humanos tinham uma expressão para isto. Chamam-lhe a luz ao fundo do túnel. Formas foram se delineando na minha frente, contornos de um corpo real que me abraçava e embalava como se fosse um bebê. À medida que tudo foi ficando mais nítido, também minha lucidez pareceu voltar e as peças do quebra-cabeças que era minha mente começaram se unindo, formando ideias coerentes. O primeiro sentimento a bater-me foi alpivio e, depois felicidade.
— Gabrielle...
A humanazinha de meus sonhos levantou a cabeça e me olhou. Seus olhos estavam vermelhos e a cara amassada, mas nunca me parecia mais bela do que naquele momento, chorando por mim.
— Graças a Deus! Está vivo! - me abraçou e pousou a cabeça em meu peito, como se não pudesse se afastar. A mim, aquilo sabia divinamente.
— Pensei que tinha me abandonado - murmurei.
— Não. Nunca. Foi o Anthonny. Tudo isto, foi ele.
— Não me deixe. Nao me deixe nunca mais. Eu preciso de você comigo. Preciso de você. Quero você comigo. Sempre.
Ela levantou a cabeça e assentiu, me encarando com os olhos marejados de lágrimas mas com um sorriso.
Aquilo sim, era o paraíso. Meu paraíso no inferno.

 

Gabrielle's POV
Não conseguia conter o sorriso enorme que decorava meu rosto. Nickolas estava vivo! Não morrera e, além disso, fazia juras de amor, mesmo sem pronunciar a palavra uma única vez. Não era necessário. O que eu sentia e, aparentemente ele também, não precisava de rótulos ou definições, isso era perfeito. Palavras, leva-as ao vento. Eu desejava ações e, com ele, sabia que elas chegariam, nem que fosse no ato suave de me puxar para si e passar os lábios por meu queixo, para onde escorriam as lágrimas, subindo delicadamente até meus olhos, apagando completamente qualquer rastro de tristeza, substituindo-a com ternura e paixão, culminando num beijo intenso nos lábios.
— Não quero interromper vocês, mas não será melhor sair daqui? - com toda aquela emoção, esquecera Anael, encostado no batente da porta. Senti Nickolas se mexendo.
— Não, foi aquele anjo filho da puta que fez isso. Tem de pagar - com alguma dificuldade, sentou na cama e, depois se colocou de pé.
— Cuidado - pedi, lhe segurando o braço, talvez para o amparar, talvez para não o deixar fugir. — Não está em condições para enfrentar o Anthonny.
— Desculpa, mas desta vez tenho que concordar com a humana anã - declarou Anael.
Nickolas afastou minha ajuda e deu um passou como que testando sua situação.
— Então será uma luta justa - acabou dizendo e fez o caminho até à rua, como se não tivesse acabado de sair de um estado de inconsciência.
— Faça alguma coisa, Anael! - berrei.
Ele encolheu os ombros.
— Se você não consegue, acha que vou conseguir?
— Ele está faco!
O demõnio sorriu.
— Não minha cara, ele está mais forte do que nunca. Agora, tem algo pela qual lutar.
Por mais lisonjear que aquelas palavras me parecessem, não conseguiram afastar minha apreensão.
Anael e eu o seguimos porta afora. Nickolas estava parado no meio da rua deserta, olhando aparentemente para o nada.
— O anjo vem aí - afirmou Anael, fitando o mesmo horizonte que Nickolas.
Fixei a vista aí.
Vários segundos passaram, talvez até mesmo minutos, até um pequeno ponto começar a se formar se tornando maior e maior, sendo possível distinguir a figura clara de Anthonny. Um arrepio percorreu minha coluna. Não sabia o que aconteceria a partir dali, quando o anjo ficasse tão próximo que Nickolas pudesse tocar-lhe e começar uma luta que lhe podria ser fatal. Ele e sua superioridade demoníaca!
— Nickolas... - chamei, numa última tentativa de o convencer a desistir e fugir. Comigo.
Se aproximou de mim, parou na minha frente e emoldurou meu rosto com as mãos, olhando com toda a intensidade daqueles olhos escuros.
— Espere por mim. Isto não vai demorar e, quando acabar, vou mostrar a você o porquê de ser o Guardião da Luxúria - prometeu, com um sorriso que acabou por se fechar em meus lábios, nm toque suave de promessa.
— Acho que já sei.
— Ainda não sabe nada - tocou minha face com as pontas dos dedos e o observei voltar à posição inicial, com Anthonny já na sua frente.
Olhando para o anjo, depois do que fizera, não conseguia compreender como é que pudeero o achar interesante ou amável, um dia. Até seu aspecto físico, que eu sabia se irrepreensível, me começava parecendo imperfeito e com falhas. Sem a graça natural de Nickolas.
— Vejo que ambos os pombinhos fugiram da gaiola - gracejou, se colocando numa posição presunçosa pouco comum dele.
— Domínio, primeiro, o meu tempo para se chegar a essa posição, era preciso ser bem mais inteligente do que você e, segundo, estou prestes a desfigurar esse seu rostinho de sacana angelical - ameaçou o demônio.
O anjo riu.
— Num dia normal sim, provavelmente aconteceria, mas hoje não é um dia normal. Não tem metade da força e do poder, demônio. Tenho de admitir que aqueles humanos facilitaram em muito o meu trabalho.
— Não preciso de metade da força - as asas de Nickolas abriram, de rompante, grandes como sempre e mostrando-se totalmente curadas.
Anthonny imitou-o. Suas asas eram um pouco mais pequenas, mas não deixavam de sser impressionantes.
— Vamos a isso - disse e parou seus olhos em mim. — Quando acabar com o seu demônio pequena, vamos ser só nóis dois - prometeu, piscando o olho.
Uma onde de náusea subiu por meu estômago mas, rapidamente, fui distraída pelo salto de Nickolas e subsequente aterrissagem em cima de Anthonny.
E assim começou. Anael estava encostado na parede como se tudo não passasse de um jogo da qual era um mero espectador. Eu, por outro lado, tinha o coração na mãos, apertado. Não conseguia perceber o que acontecia, não era possível distingir entre as formas claras e escuras que se misturavam numa dança confusa.
De vez em quando, eles paravam por meros segundos, para recuperar o fôlego, e eu era capaz de ver como aquela luta evoluia e afetava cada um, através da sequência de ferimentos que ia sendo reproduzida nas roupas rasgadas, lábios ensanguentados e mãos vermelhas.
Era impossível determinar quem estava ganhando, tamanha a confusão de movimenots, penas esvoaçando e jogos de luz.
Num dado momento, o corpo de Nickolas foi projetado contra a parede da casa, fazendo um buraco. Fiz tensão de o acudir, mas se levantou com uma rapidez surpreendente e, logo a seguir, era o corpo de Anthonny que enfeitava a rua. Este, contudo, não se levantou com tanta facilidade. Nickolas se preparava para aproveitar a vantagem, mas a voz do anjo impediu-o.
— Sabe o que é que vou fazer quando você desaparecer, definitivamente, demônio? - questionou, com um sorriso zombador. — Vou provar o doce da sua humana. Deve ser ótimo, para não a conseguir largar.
— Cala a boca - murmurou Nickolas.
— Vai saber tão bem! Enterrar-me dentro dela e fazê-la esquecer que você alguma vez existiu - algo cambaleante, ficou de pé.
— Cala a boca.
— Ouvi-la gritar meu nome ou, melhor ainda, mantê-la calada, ocupando a boca dela com outra coisa.
No segundo seguinte, Nickolas voltava para cima de Anthonny, suas asas fechada à volta de ambos, ocultando o que quer que estivesse acontecendo, mas acumulando uma quantidade impressionante de energia e calor. Minha testa começou pingando suor de um modo tremendo. E foi aumentando, até chegar a um ponto quase insuportável. A rua começou se movendo, ilusoriamente, confirmando a existência de uma cortina de calor que não poderia vir de outro lado que não o bloco que Nickola e Anthonny formavam.
Nessa altura, um som demasiado alto e oco ecoou pela rua estreita, me obrigando a tapar os ouvidos com as mãos e fechar os olhos, mas não era capaz, aquele som ocupava meus pensamentos, não deixando espaço para mais nada. Então, aumentou de um modo estridente, fazendo-me me fechar ainda mais em mim mesma para, depois desaparecer gradualmente, regressando o silêncio, apenas quebrado pelas respirações ofegantes dos dois combatentes.
Soltei o ar que segurava, afastei as mãos dos ouvidos e abri os olhos.
Vermelho.
A primeira coisa que vi foi vermelho. Montes de vermelho. Uma cortina de fogo nos cincundava, como que nos protegendo do exterior, ou nos impedindo de sair, nos obrigando a concentrar-nos no combate que decorria entre Nickolas e Anthonny, cada um em sua ponta, rodeados de vermelho.
Senti o comichão no nariz, como uma chamada de atenção para algo que me estava escapando. Quando estava prestes a lembrar uma figura desceu, sabe-se lá de onde, parando junto a Anthonny.
— Para!
Surpreendi-me por reconhecer a demônio que ocupara minha cama, epecialmente vestida, mas surpreendi-me, ainda mais, por vê-la se agarrando a Anthonny, tocando suas faces e olhando-o com preocupação. Com amor.
— Pare, Nickolas. Não vou deixar que o mate - continuoou, se colocando na frente do anjo, como um escudo protetor.
— Saia da frente, Khaya - disseram o anjo e o demônio, em unínssonno.
— Não! - voltou-se de novo para o Domínio. — Não posso deixar que ele te magoe.
— Que merda é esta, Khaya? - rugiu Nickolas. — Só veio para me aborrecer?
— Pensa que tudo gira à sua volta, seu filho da puta presunçoso?
— Khaya, saia - murmurou a voz de Anthonny, baixa mas não o suficiente para eu não ouvir.
Ela olhou-o com a boca escancarada e desfigurada pela incompreensão e o escárnio.
— Por que é que está fazendo isso? - questionou. — Por ela? - apontou para mim. — Pela criança humana? Depois de tudo o que fiz por você? Depois de ter tentado seduzir aquele nojento porque você me pediu? - sua linguagem corporal indicava que se referia a Nickolas. — Que me enfiasse em sua cama e esperasse, por ele ou por ela? O que acha que eu sou? Uma puta que foda quando quer?
— Khaya...
— Não! - o grito dela saiu agudo de mais. — Não! A culpa é toda sua. - com uma rapidez e força avassaladoras, se prostou na minha retaguarda e envolveu meu pescoço com um braço, limitando minha respiração. — Me dê uma razão para não a matar aqui e agora. Uma razão. Vai ser tão mais fácil depois de seu corpo ficar flácido, docinho.
Não conseui conter meu coração, que disparou. Olhei para Nickolas, pedindo ajuda de um modo quase inconsciente.
— Larga ela, Khaya... - pediu ele, se aproximando, com cautela. — O que quer que você tenha com o Domínio, não é culpa dela. A Gabrielle não vai se meter entre vocês dois, ela é minha.
— Cala a boca, você também. A culpa também é sua. Você foi o primeiro a me rejeitar. Se nunca tivesse me rejeitado, eu nunca teria ido atrás dos outros anjos! Mas agora, já não quero mais você. Quero ele.
— Então fique com ele, merda! Mas larga a humana... - a voz de Nickolas pareceu falhar, na última sílaba.
— Ela tem de morrer. Se ela não morrer, ele nunca ficará comigo.
Tentei engolir em seco, mas não consegui. O braço à volta de minha gargante estava muito apertado, mesmo que minhas mãos o agarrassem, numa tentativa vã de afrouxar um pouco o aperto.
— Khaya, se a matar, eu nunca ficarei com você - afirmou Anthonny.
— O que o babaca está tentando dizer é que ficará com você, mas só se a deixar viver - deturpou Nickolas. — Eu juro, Khaya, ele nunca tocará em Gabrielle. Ela é minha e é comigo que ela quer ficar. Não com ele.
Uma gargalhada soou perto de meu ouvido.
— Ela nunca o aguentaria. Você nunca o aguentaria. Não como ele gosta. Não sobriveria a uma noite com ele. Ele gosta à bruta, não é docinho? - inquiriu, se virando para Anthonny. — Por isso é que ficava comigo. Eu sabia como o fazer, não é? Não percebe que ela não serve? Ela partiria, se você lhe fizesse o que faz comigo - fez uma pausa, antes de gritar. — Mas mesmo assim, você prefere ela! Porquê?
— É mentira, Khaya! Eu quero você - garantiu o anjo, — Eu fiz isto utdo para me vingar do demônio. Eu não a quero. É você que eu amo. Por favor, acredite em mim.
Os braços que me envolviam afrouxaram, um pouco, e ela foi sacudida por um espasmo.
— Me ama?
Senti suas lágrimas caírem em meu cabelo.
— Sim querida, eu te amo. Só a você - Anthonny foi-se aproximando, com os braços abertos.
O choro dela se tornou mais compulsivo.
— A mim... - largou-me com um safanão. Teria caído se Nickolas não se apressasse a chegar a mim e a me envolver em seus braços, com força.
— Por Deus, está bem? - me encolhi em seu peito, como se me quisesse tornar parte dele, para nunca o largar.
— Estou bem, estou bem - murmurei e levantei a cabeça para o olhar.
Tinha um corte no lábio e outro na sobrancelha e, com certeza, sua bochecha se tornaria negra no dia seguinte. — "Por Deus"? - questionei, com um sorriso.
Pegou minha face com as mãos e encostou a testa na minha, antes de me beijar.
— Se para você costuma resultar, não custa tentar - voltou a me abraçar e, desta vez, coloquei o queixo apoiado em seu ombro.
Khaya estava abraçada a Anthonny, que lhe afagava os cabelos, com uma expressão impassível. Vi Anael se aproximar e o anjo acenar afirmamente com a cabeça, num movimento subtil. Anael se colocou atrás da demônio e, sem mais nem menos, vi sua mão entrar pelas suas costas, fazendo-a arqueá-las, com um grito de dor. Nickolas virou-se e, instantaneamente, puxou minha cabeça contra seu peito, me protegendo da visão da mão ensanguentada de Anael saindo do corpo rígido de Kahya.
— Logo, logo vai acabar - sussurrou Nickolas, mexendo as mãos por meu corpo para me reconfortar.
Da boca da demônio saíram mais alguns sons, acima de tudo, gemidos e suspiros de moribunda.
Nickolas me permitiu olhar, quando ela já se encontrava no chão, com a cabeça apoiada no colo de Anthonny e um olhar de incompreensão estampado em sua face.
— Senhor, absolva esta vossa filha de todos os seus pecados, e aceite-a junto de você nesta que é a hora de sua morte - murmurou o anjo.
Não demorou muito tempo para que o corpo começasse envelhecendo, de um modo extraordinário. Passou por todas as fases da vida adulta e da velhice, antes de apresentar um aspecto tão seco que parecia que iria se desfazer se lhe tocassem. E foi exatamente isso que Anthonny lhe fez, colocando a mão no peito, e Khaya voou com o vento, desaparecendo da terra.
— "Do pó vieste e ao pó voltarás" - murmurei e Nickolas me abraçou mais forte.
Anael se aproximou de nós, com a mão cheia de sangue fechada.
— Por que é que fez isso? - perguntei.
— Porque ele pediu - resspondeu o demônio, acenando com a cabeça para Anthonny, que continuava parado, no chão, no mesmo local. — Ele é um anjo, não poderia matá-la. Eu já sou pecador. Não fique feliz com isto. Ela era uma vadia mas, ainda sim, uma de nós. Por outro lado, não deixava de ser um perigo. Especialmente, para você.
Agradeci-lhe silenciosamente.
— Está preparado para o novo trabalho? - inquiriu Nickolas, sem me soltar.
— Um círulo a menos, um círculo a mais, que importa? Já tenho a traição, existe algo mais compatível que a fraude? — Anael abriu a mão, mostrando uma pedra de um verde-escuro, oval e muito polida, com um caractér desenhado.
— Isso é...?
— A essência de um Guardião - respondeu Nickolas. — Seu podr, sua vida e sua morte. A razão pela qual os Serafins não conseguem nos matar com luz como fazem aos outros demônios.
Anael aproximou a pedra do peito e esta começou brilhando, me obrigando a fechar os olhos, por um momento. Quando os abri, a mão estava vazia.
Olhei para o demônio, espantada. Ele bateu com a mão no peito.
— Agora, tenho duas vidas. Quase como um gato.
Sem pensar, virei-me para Nickolas e coloquei as mãos em seu peito, procurando algo que sabia estar lá ou, pelo menos, ser visível.
— Sim, humanazinha, eu também tenho duas. Uma vermelha e a recém adquirida amarela.
— Isso torna vocês mais fortes?
Eles assentiram.
— E mais difícies de matar - completou Anael. — Uma das pedras está no peito mas para onde terá ido a outra, isso não fazemos a mínima ideia.
— E agora, humanazinha... - Nickolas espalhou as mãos em meus quadris para, logo depois, coloca-las dentro dos bolsos de meus jeans. — Ei, o que tem aqui? - voltou a tirar a mão e, com ela, uma folha de papel dobrado.
Minha mente fez click.
— Oh Meu Deus! - tirei-lhe da mãos e me apressei a abri-lo. — É a nova profecia do Ary. Já começou!
— O que quer dizer? - Nickolas puxou a folha de mim e eu virei-a para o lado que interessava ficar para ele.
Anael se aproximou.
— A cortina vermelha - fiz um sinal à nossa volta, para abranger o fogo que continuava vivo, ainda que não parecesse ter-de mexido do lugar. Virei a folha ao revés. — Quatro Cavaleiros do Inferno e três Cavaleiros do Paraíso num portão aberto. Está acontecendo!
Nickolas olhava para aquilo com concetração, tal como Anael, procurando algo que mostrasse que estava errada, que furasse minha teoria e só Deus sabia como eu desejava que ele o fizesse.
— A Gabrielle tem razão. Já começou - declarou, olhando para Anael. — Chame quem conseguir. Em minha casa, daqui a quatro horas.
— Devo alertá-lo? - perguntou Anael, lançando um olhar cúmplice para o outro demônio.
— Nessa altura, ele já deve saber. Se ele quiser vir, que venha. Não contarei com sua ajuda.
Anael assentiu e desapareceu , com aquele toque de magia que só ele conhecia.
— Ele quem? - perguntei.
Nickolas me lançou um olhar profundo.
— Lúcifer - disse. — Tentei fazer contato diversas vezes, mas todas as minhas tentativas foram em vão. Ele simplesmente ignora.
— Ah... - sussurrei. É bem estranho ter consciencia de que Nickolas mantinha contato com o Lorde do Inferno. Eu deveria saber, afinal, eles eram amigos há milênios atrás. Porém dizer isso com todas as palavras é muito desconfortável. Não sei o que dizer. Decidi ignorar o fato, já que parecia se tratar de um assunto complicado para Nickolas. E não queria começar mais uma briga igual da última vez, ainda mais agora. — Talvez ele apareça mais tarde, em sua casa - disse torcendo para que ele negasse.
— Não poderia. Estará cheio de anjos e, sua presença complicaria tudo. Aliás se, se encontrassem, seria o caos imediato.
— Entendo - falei. — Quatro horas? Não é muito tempo? Os Cavaleiros estão a caminho - perguntei.
— Não. Eles virão para cá porque esta cidade é exatamente à mesma distância de ambas as prisões mas demorarão. Existem muitas armadilhas pelo caminho e ficaram durante muito empo confinados. Antes de partirem, vão esperar se recuperar. Temos tempo.
— Eu quero ajudar - virei a cabeça para trás. Anthonny estava, finalmente, empé, ainda que com um ar cabisbaixo e abatido. — E tenho a certeza que outros anjos também. Etamos todos do mesmo lado aqui.
Senti o braço de Nickolas me agarrar com mais força e seus olhos se estreitaram, buscando mentira nas palavras do anjo.
— Daqui a quatro horas em minha casa. Traga quem quiser.
A anjo assentiu e se virou para ir embora.
— E, Domínio? - chamou Nickolas, mais uma vez, e esperou que Anthonny se voltasse novamente. — Não tente me enganar.
O que quer que estivesse pensando, não o deixou transparecer quando regressou ao seu caminho.
— E agora? - perguntei, olhando para o demônio.
Ele fez um meio sorriso, seus olhos escurecidos e brilhantes. Levou as pontas dos dedos à minha face e, naquele momento, senti-me a mulher mais amada do mundo. Ali, com meu corpo contra o dele, absorvendo seu calor, uma de suas mãos apertando minha cintura, eu era feliz, mesmo que o mundo ameaçasse acabar a qualquer momento.
— Agora, acho que fiz uma promessa, há pouco - respondeu, sua voz mais enrouquecida do que o normal.
Franzi os olhos, sem entender.
Ambas as suas mãos voltaram para meu traseiro, puxando-o para cima, bem ao encontro de seus quadris e um sorriso malicioso se desenhou em seus lábios. Então lembrei.


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