Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 13
Boneco de tortura - parte II


Notas iniciais do capítulo

Bom, primeiramente quero me desculpar por não ter postado nos dias marcados. Minha vida está uma bagunça, ta tudo numa correria só. Porém, vocês não tem culpa disso, e peço desculpas!
Irei postar outro capítulo, pra compensar.
E UM BEIJO PRA HELLEN QUE SEMPRE COMENTA AQUI. LINDA!
Boa leitura pequenos gafanhotos.



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Uma enorme tristeza se apoderou de mim, agora acompanhada por culpa, fria e penetrante. Fora eu quem causara aquilo? Era por minha culpa que Nickolas, quem eu admitira a mim mesma amar, seria torturado. Minha mente e meu coração eram uma avalanche de emoções, piorando quando o vi sair, porta afora. Tentei me mover, tentei caminhar e impedi-lo, mas a força invisível continuava lá, prendendo-me ao chão, naquele pequeno espaço. Sem qualquer outra opção, vi-me desabar de joelhos no tapete de cor indefinida. Impotente, nauseada, não sei se devido ao poder demoníaco que me rodeava, se à culpa que me possuía.

A culpa era minha. Eu era fraca. Eu não conseguia salvá-lo. Ele ia sofrer por mim.

Fui obrigada a me manter no mesmo sítio durante mais tempo do que esperava. Rezei, durante esse tempo. Pedi, supliquei a Deus que o ajudasse, mesmo sabendo que ele o traíra. Não deixava de ser uma criatura de Deus.

Por favor, por favor, sussurrei, completamente desesperada.

Ary apareceu junto a mim, com um olhar preocupado, muito carregado para alguém de sua idade. Estendeu-me um pedaço de papel, mas as circunstâncias não me deixaram olhar para ele, porque, no momento seguinte, Anael entrava na sala.

— O que se está passando? - veio até mim e me agarrou a mão, destruindo a força que me mantinha no chão.

— Ajude-o, Anael! Ajude-o!

O demônio me abraçou, tentando acalmar meu coração, que parecia não conseguir abrandar.

— Quem? Me explica o que está acontecendo. Onde está Nickolas? - colocou as mãos em meus ombros, me afastando o suficiente para me poder encarar.

— A Resistência pegaram ele. Ele se deixou torturar. Você tem que pará-los! A culpa é minha. Por favor, Anael.

Seu olhar assumiu um semblante preocupado.

— Onde?

Apontei para a porta por onde eles haviam saído e Anael se apressou em atravessá-la. Segui-o pelo corredor escuro, com portas de ambos os lados. Minhas pernas tremiam, uma sensação fazia peso em meu estômago, mas tinha de continuar. Tinha que salvá-lo. Anael estava ali, Anael trataria de tudo.

E parecia saber, exatamente para onde ir. Parou em frente a uma das portas e inspirou fundo. Imitei-o. O cheiro de canela era maior ali do que no resto da casa.

— Gabrielle - com a expressão numa mistura de preocupação e compaixão, virou-se para mim, — não vai querer ver o que está acontecendo ali dentro. É feio demais para os olhos de uma menina como você.

Um arrepio desceu por minha coluna. Inspirei fundo mais uma vez e a canela entrou em meu sistema, provando novamente que era Nickolas quem estava por trás daquela porta, sabe-se lá em que estado ou circunstâncias.

— Não quero saber, Anael. Não me interessa o que está acontecendo desde que consigamos tirar Nickolas de lá sã e salvo.

— A questão é que... não sei se chegaremos a tempo - ele disse, num tom de voz muito baixo. Estava me preparando para o pior. Mas eu não aceitava o pior.

— Então, estamos à espera de quê?

Parecendo mais ou menos convencido, Anael colocou a mão na maçaneta e abriu a porta.

O primeiro a me atingir foi o cheiro de carne queimada. Aquele cômodo era como uma pequena capela, no meio daquele casarão. As paredes eram de pedra, decoradas com imagens de santos. Não sabia que os demônios podiam entrar num santuário daqueles, mas o passo firme de Anael me mostrou que sim.

Procurei Nickolas por todo o lado. No fundo da capela, como era natural, havia um altar, onde um grupo de homens estava amontoado. Anael percorreu o espaço até lá e afastou algumas pessoas para conseguirmos ver.

Uma nova sensação de náusea se apoderou de mim. Havia um braseiro, no canto, com uma série de objetos compridos de metal, aquecendo. Em cima da mesa de pedra, estavam facas, espadas, espetos, martelos, todos gêneros de elementos de tortura. No meio daquilo tudo, uma crus de madeira com mais ou menos dois metros de altura se mostrava violenta e cruel e, pregado a ela tal qual Jesus Cristo crucificado, Nickolas mantinha sua cabeça baixa, o corpo ensanguentado, várias marcas avermelhadas espalhadas por seu tronco, algumas eram queimaduras feias, com um aspecto de infecção. Suas asas estavam bem abertas e presas a algo que não se conseguia perceber, apesar de ser possível ver através delas, em alguns pontos se abriam buracos, como um casaco velho.

O que é que lhe tinham feito?

Um dos homens tirou um dos tubos de metal do braseiro e estava prestes a tocar em Nickolas com ele, mas Anael segurou-lhe no braço impedindo-o.

— Acabou - disse.

— Anael... - lentamente, Nickolas levantou a cabeça e eu corri para ele. Emoldurei suas faces com minhas mãos, observando todos os detalhes do que os humanos lhe tinham feito. Tinha o lábio inchado, um corte na orelha, uma marca vermelha debaixo do olho direito. O seu olhar se virou para mim, não com raiva como esperava, mas com vergonha, embaraço por o ver assim, naquele estado. Sem pensar em qualquer dor que lhe pudesse causar, toquei seus lábios com os meus, numa tentativa patética, mas esperançosa de o curar, de o libertar de tudo: da cruz, do sofrimento, da dor. — Ainda não acabei - disse, com a voz fraca, quando nos separamos. — Deixa-nos continuar.

Aquelas palavras gelaram meu corpo, mesmo com o calor que ali fazia.

— Não... não... Nickolas, não! Já chega! - balbuciei. — Já chega.

— É uma ordem - completou ele.

Não precisei de olhar para saber que Anael tinha largado o braço do homem.

— Não, Nickolas, por favor, acaba com isto.

— Saia da frente, moça! Não ouviu ele? - uma mão asquerosa parou em meu ombro. Num golpe de irritação, minha mão parou na cara do homem, concluindo o que não conseguira fazer a Nickolas, mais cedo, e me dando muitíssima satisfação.

— Filha da... ! - ele começou dizendo.

— Anael! - gritou Nickolas.

Lá estava ele, outra vez, a chamar o amigo para fazer o controle de danos, para me controlar, para me proteger de ver o que ele achava ser demasiado cruel para meus olhos.

Senti o toque de Anael em minha cintura, quando me puxou. Gritei, esperneei, nada o deteve. Me levou para o canto oposto da capela, de costas para a cena e me manteve embalada em seus braços.

— Não deixo isto ir longe demais, querida, prometo que não - sussurrou ao meu ouvido, com mais outras coisas que eram para me fazer sentir melhor, mas apenas me traziam cada vez mais para a realidade. Os barulhos eram insuportáveis, os gemidos de Nickolas, misturados com o som do metal.

Minhas lágrimas molhavam a camisa de Anael, enquanto a única coisa que eu desejava era que tudo parasse. Enterrei o rosto no peito de Anael o mais fundo que consegui, como se pudesse abafar tudo aquilo, os sons, a dor, o temor...

Dei por mim rezando, novamente. Sempre fora meu escape e, naquele momento, não seria diferente. Pedi que Nickolas se salvasse, mesmo que não o merecesse, mesmo que aquilo fosse o pagamento por sua traição. Desejei que tudo parasse, por mim, que assistia.

De repente, o calor do corpo que me envolvia desapareceu. Abri os olhos e vi que Anael me largara e caminhava a passos largos até o altar. Com um gesto bruto, afastou todos os homens e, quando alguns tentaram retaliar, ele simplesmente fez um olhar gelado, muito parecido ao de Nickolas e disse uma única palavra:

— Acabou.

Sua expressão se modificou quando se voltou para Nickolas e começou soltando os pregos que o seguravam. Se desejava protestar, o demônio da luxúria não o fez, talvez não tivesse forças para isso.

Despertando de meu congelamento, caminhei para eles. Anael amparou Nickolas de um lado e eu tentei fazer o mesmo do outro mas ele recusou. Me senti momentaneamente ferida, mas depois me apercebi que ele agia por orgulho.

— Vocês... ganharam - murmurou, em voz muito baixo. — Lutaremos... juntos.

Como se aquilo me importasse naquele momento! Apenas desejava tirar Nickolas dali, o mais rapidamente possível.

Joshua assentiu. Me deu nojo olhar para ele. Pensar que, duas horas antes, conversava com ele como faria com um amigo e ele fora capaz de fazer uma coisa daquelas, não a qualquer um, mas Nickolas.

— Vamos - ordenou Anael e, no momento seguinte, graças àquela habilidade fora do comum que possuía, estávamos em casa.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Comenta aqui embaixo o que achou. Comenta vai?
Beijão anjinhas, um abraço demôniozinhos. Nos vemos amanhã!



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