Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 10
Anjo ou demônio?


Notas iniciais do capítulo

Gente o último capítulo escrito que eu tinha é esse, estou agora escrevendo o resto da estória. A partir de agora, só postarei capítulos na terça e sexta, por causa da minha faculdade. Espero que entendam.
Quem quiser me dar palpites, ou opiniões, comente ou mande um MP!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/710900/chapter/10

Sentada em frente ao espelho, retocava a maquiagem que o demônio me obrigava a usar. O líquido para os cílios, o batom, o pó, o ferro quente nos cabelos. Tudo para ser o elemento mais bonito da coleção de Avaritia, uma coleção de objetos e coisas imóveis. E, novamente, era reduzida a isso mesmo, a um objeto.

A frustração me fez levantar e sair do quarto para ir ao banheiro tirar tudo aquilo que me transformava em algo que não era.

— Onde está ela, Avaritia?

Aquela voz me fez estancar no meio do corredor.

Eu conhecia aquela voz.

— Quem, Guardião? - perguntou Avaritia.

— A humana, Avaritia.

Minhas pernas começaram a tremer e a esperança me inundou ao som daquela voz impaciente. Não havia margem para enganos, desta vez.

Era ele! Mesmo ele!

Desci as escadas, tropegamente, com a ânsia de o ver novamente e esquecendo, por completo, o rancor que lhe guardava, completamente evaporado no ar.

— Você também quer ver minha obra-prima? Adquiri-a...

O que quer que Avaritia tenha dito se transformou em silêncio para meus ouvidos. Nickolas estava parado, na minha frente, com a barba por fazer, o cabelo mais revolto do que o costume, como se tivesse passado suas mãos por lá muitas vezes, os lábios ligeiramente entreabertos, os olhos fixos em mim.

— Gabrielle... - murmurou e eu senti as bochechas se tingirem da cor de meus lábios.

Provavelmente, pensava que estava ridícula com tudo aquilo.

— Vocês se conhecem?

A voz de Avaritia quebrou o encanto. O outro Guardião que nos visitara mais cedo também ali se encontrava, com um sorriso estranho nos lábios.

— O que quer por ela? - Nickolas perguntou, sem desviar o olhar do meu.

— Meu caro, Fiamma é insubstituível. Nada que possa ter vale mais do que ela.

— Fiamma? Que nome parvo - disse, baixinho, abanando a cabeça. — Seu preço?

— Já disse que...

— Qual é seu preço, Ganância? - Nickolas subiu o tom de voz de uma maneira gutural, fazendo toda a casa estremecer.

— Quem é que você pensa que é, Luxúria? Só porque você é o cachorrinho principal de Lúcifer e ele está como está, não quer dizer que tenha qualquer poder.

— Não quer dizer o quê? - Nickolas se aproximou de Avaritia. Era mais forte, mais alto e... O braço direito de Lúcifer? Um arrepio meu atravessou o corpo.

— Quer dizer tudo, Avaritia, tudo, e estou sendo simpático ao ponto de propor a você um negócio e não pegar logo nela como deveria.

— Não tenho medo de você.

— Pois deveria. Anael, leve-a daqui. Vos encontro em casa.
Avaritia e Nickolas estavam frente a frente, pouco mais de dez centímetros os separando.

Senti um par de mãos agarrarem meus braços por trás. Como é que ele se movera tão depressa?

— Não... - reclamei.

— Gabrielle, vá embora - ordenou Nickolas entre dentes.

— Não, não quero deixar você. Não quero que lutem - disse, tentando me soltar.

— Anael!

O aperto se tornou mais forte e, em menos de um segundo tudo à minha volta era feixes de luz e sombras.

No momento seguinte, estava no escritório de Nickolas.

— Qual é sua relação com Nickolas? - questionei, superada a birra por Anael me ter tirado da casa de Avaritia.

— Somos amigos. Bons amigos. Desde sempre - ele respondeu, sentado na cadeira de Nickolas e brincando com uma caneta entre os dedos.

— Mesmo quando eram anjos?

Ele assentiu.

— Você também era um Querubim?

Assentiu novamente.

Outro poderoso.

— O quer dizer Avaritia ter dito aquilo sobre Nickolas ser o cachorrinho de Lúcifer?

Me olhou de um modo irritado.

— Você faz muitas perguntas - disse, ponderou. — Venha cá.

Me desculpei e ocupei uma cadeira na sua frente, no entanto, meu corpo necessitava de movimento, então, meus dedos começaram batendo no tampo da mesa.

— Então? - insisti.

Anael me estudou, atentamente, como se ponderasse o que me poderia dizer sem que o amigo arrancasse sua cabeça.

— Digamos que, se Lúcifer é o chefe de todos nós, Nickolas pode muito bem ser considerado o vice.

— Ele é assim tão poderoso?

O demônio acenou afirmamente.

— Reze a Deus para nunca conhecer a totalidade de seu poder.

O olhar que dirigiu à porta, momento depois, me fez imitá-lo e ver Nickolas entrando no escritório. Sua expressão era indecifrável, uma máscara total. Passou por mim e contornou a mesa recém concertada. Ocupou seu lugar, já que Anael se levantara, imediatamente, para se sentar na cadeira a meu lado.

Com uma calma fora do comum, Nickolas abriu a gaveta e tirou um cigarro, fósforos e um copo que encheu com o whisky que estava em cima da mesa.

Acedeu o cigarro e largou os fósforos na gaveta, novamente.

Levou o copo aos lábios, sem nunca olhar para qualquer um de nós.

— E então? - pressionou Anael.

Nickolas demorou a responder, me levando a questionar se teria ouvido.

— Parece que acumulei um novo cargo - acabou por referir.

— Que cargo?

Libertando fumo pela boca, olhou para mim.

— O de Guardião da Colina das Rochas.

Engoli em seco.

— Você matou ele?

— Aquele bastardo já andava pedindo há muito tempo, Anael, você sabe que sim. Agora, nos dê licença, tenho de ter uma conversa particular com a senhorita.

Anael não demorou nem três segundos para abandonar a sala, deixando-a tão gelada como a sombra nos olhos de Nickolas, novamente virados para qualquer lado que não eu.

— Matei um dos meus por você, humanazinha - afirmou.

— É pra eu gostar de ouvir isso? - inquiri, ligeiramente nauseada. Avaritia podia ser ganancioso, mas não era mau, pelo menos para mim. Não fora cruel ou malvado. De fato, era Nickolas quem era desse modo.

Apagou o cigarro e acabou com o líquido do copo.

— Não era suposto você ter esse poder, sabia? Não era suposto conseguir me manipular para matar outro demônio.

— A culpa é minha? Por mim, tinha ficado lá, aliás, por mim, nunca teria saído daqui! - reclamei, levantando o corpo e a voz.

Nickolas saiu da cadeira e contornou a mesa, se aproximando de mim.

— Sim, a culpa é toda sua. A culpa de tudo - levou suas mãs a minhas faces. Seu olhar não era mais frio ou distante. Parecia sofredor, como se tivesse uma grande dor dentro de si, algo da qual tentava escapar, mas não conseguia. — A culpa é sua porque me faz... Isto me faz sentir assim.

— Assim como?

— Assim.

Num movimento confiante e extremamente necessário, se apoderou de minha boca, com força, com desejo e, acima de tudo, com sentimento. Me beijava com necessidade, como um homem sedento bebia água.

Percebi de como sentira saudades de seu toque autoritário e de seu sabor de canela, ali misturado com álcool e tabaco, um coquetel maravilhoso que despertava meus sentidos. Colocou um braço à volta de minha cintura e me puxou mais para si, juntando nossos corpos. Segurei seus ombros como se tratassem de uma tábua se salvação. Não o queria largar, nunca mais. Não me importava com o que ele era, com o que fizera, com quem matara, com nada a não ser o fato de que ele era Nickolas e eu Gabrielle e eu queria-o, muito. Para sempre. Fosse o que fosse aquele sentimento, era lindo e puro e apagava todos os erros que pudéssemos ter cometido.

Afastou nossos lábios e uniu nossas testas.

— É por isto que a culpa é sua - murmurou. — Porque você se tornou em uma prioridade para mim.

Minhas pernas tremiam, minha boca estava seca, como se ele tivesse roubado tudo durante o beijo.

Me esforcei para falar.

— Desculpe.

Ele pareceu surpreso, mas essa surpresa se transformou numa gargalhada suave e inédita.

— Não tem de pedir desculpa - passou o polegar por meu lábio inferior, puxando-o, um pouco, e mordeu seu próprio lábio. Aquela visão me arrepiou e me aqueceu, ao mesmo tempo. — Eu quero - começou. — Eu quero você.

Ouvindo aquelas palavras, desabei por completo. Não era um "amo você", nem sequer um "gosto de você", como estava habituada a ouvir entre meus pais, era um simples "quero você", sem qualquer tipo de declaração de sentimentos.

Mas, para mim, significava tanto.

Assenti com a cabeça, ignorante de qualquer resposta que fosse suficiente para lhe dar.

Para meu espanto, Nickolas sorriu, não um sorriso malicioso como era normal nele, não. Um sorriso carinhoso e terno, que me apanhou totalmente desprevenida.

Aquele era um novo Nickolas, um Nickolas que eu desconhecia mas que queria conhecer.

Ele aproveitou meu deslumbramento para voltar a me beijar.

Não sei quando ou como chegamos a seu quarto, estava distraída com as mãos que percorriam meu corpo e com os lábios que sugavam meu pescoço.

Eu não sabia o que fazer, onde tocar, o que dizer, então, me mantinha calada, apenas ligeiros gemidos saindo por minha boca.

Senti a estranha necessidade de sentir a pele quente de Nickolas, então, escorreguei as mãos para dentro de sua camisa. Não protestou pela temperatura gelada de minha pele, mas sua respiração se tornou mais ofegante.

Com alguns passos, me encostou ao pilar da cama e voltou a capturar meus lábios com os seus. A temperatura do quarto estava tão alta! Com alguns gestos, Nickolas se livrou da camisa que vestia, largando-a num canto qualquer. Minhas mãos percorreram seu peito, com curiosidade, enquanto sua boca descia até ao decote de meu vestido. Num movimento hábil, me virou, se encostando às minhas costas.

— Não consigo parar. Não quero para - sussurrou, junto a meu ouvido, transmitindo uma sensação arrepiante por todo o meu corpo.

— Então, não o faça - respondi, com voz fraca.

Tomando minhas palavras como um incentivo passou os lábios pelo meu ombro, empurrando a alça de meu vestido para baixo. Repetiu o processo do outro lado e, em poucos segundos, estava praticamente nua à sua frente.
Beijou toda a minha costa, seguindo a linha da coluna, enquanto, à frente, sua mão afagava meu estômago e, depois, o seio. Soltei um suspiro e Nickolas me levou até à cama, me deitando nela. Ajoelhado entre minhas pernas, tocou minha pele com os lábios, desta vez ao lado da frente, em diversos lugares. A pressão que minhas mãos faziam em seu cabelo lhe indicava o que eu sentia, os calafrios, os espasmos que me provocava.

Subiu, ficando por cima de mim, apoiado nos cotovelos ao lado de minha cabeça. Me beijou a ponta do nariz para, depois, me olhar, fixamente, durante um longo bocado. Seus olhos estavam mais límpidos do que nunca, ele estava mais bonito do que nunca. Roçou os lábios nos meus, bem ao de leve, quase como uma pluma, e massageou um mamilo com os dedos, sem deixar de me olhar. A minha respiração estava descompassada e profunda, salpicada por gemidos cada vez mais altos.

— Você é tão bonita - murmurou e se afastou, ligeiramente, para tirar as calças. Foi descendo por meu corpo, provando-o com a ponta da língua e, com os dentes, tal como fizeram com as alças do vestido, tirou minha roupa interior. Voltando à posição inicial, entrelacei os braços em seu pescoço e tomei a iniciativa de beijá-lo. Ele pareceu gostar, porque se moveu, roçando seu corpo no meu numa deliciosa fricção.

— Por que é que eu quero tanto você? - questionou, antes de voltar a me beijar e começou a entrar, devagar, em mim. Foi um caminho doloroso, mas apaziguado pela pressão quente do corpo de Nickolas no meu e pelos movimentos que sua língua fazia na minha. Estando completamente enterrado, se demorou um pouco a olhar para mim, como se quisesse certificar de que estava tudo bem, só, então, recomeçou os movimentos, lentos e torturantes.

A dada altura, enlacei as pernas à volta da sua cintura, fazendo-o gemer, nos fazendo a ambos gemer. Foi, gradualmente, aumentando a velocidade, tornando tudo mais frenético e prazeroso e, novamente, aquela sensação de prazer crescente se apoderou de mim.

— Abra os olhos - ordenou. ­— Olhe para mim.

Fiz o que mandava, apenas para perceber que ver seu rosto suado e contorcido numa careta de prazer melhorava tudo.

Foi assim, olhos nos olhos, pele na pele, que juntos, chegamos a um novo nível de sensação.

A exaustão veio depois, mas estranhamente, o arrependimento não.

Nickolas estava com a cara enterrada na curva de meu pescoço e era sua reação que esperava, enquanto lhe afagava os cabelos com as pontas dos dedos. Da última vez que algo parecido acontecera, horas depois, eu estava na casa de Anthonny.

Anthonny.

O que pensaria ele sobre isto? Percebi que, - outra vez - estranhamente, não me interessava. Só uma coisa me interessava, naquele momento e estava me fazendo cócegas no pescoço com a respiração.

— O que foi isto? - perguntei.

Nickolas aclarou a garganta antes de responder, com a voz enrouquecida:

— Algo me diz que nós vamos nos encontrar no inferno, humanazinha. E o que parece a você que foi?

— Mas, por quê?

Se levantou e senti logo frio nos lugares onde ele antes tocara, o que me cobrir com o lençol. El foi até à janela, completamente nu e à vontade com isso. Abriu as asas, totalmente, esticando-as ao máximo. Vê-lo, assim, me fazia lembrar as estátuas que Anthonny mantinha em casa. Sem dúvida que Nickolas, um dia, fora um anjo.

— Para te desvalorizar aos olhos dos outros demônios - ele afirmou, de costas para mim.

Uma dor se espetou em meu peito, cortante e gelada. Cruel e doentia. Por que é que ainda me espantava com tudo aquilo? Já deveria saber que assim o era, era Nickolas, o Guardião da Luxúria, o príncipe do inferno.

— E você continua sem ouvir nada do que digo ou teria reparado nas vinte vezes que disse que queria você - continuou, se virando para mim.

Olhei-o, confusa.

— Já deveria saber que não faço nada que não queira, Gabrielle.

Sem mais uma palavra, entrou no roupeiro, me deixando completamente exausta, confusa e esperançosa.

Tentei realizar aquele momento de reflexão típico do pós-acontecimento, mesmo que não soubesse o que pensar, contudo, o barulho começou poucos minutos depois de Nickolas ter entrado no closet.

Eram apenas sons abafados e indistintos mas obrigaram um demônio apenas de calças e ar zangado sair do armário e do quarto. Tentei ficar o mais possível quieta, minha curiosidade me obrigava a tentar descobrir o que se passava.

— Onde ela está, demônio?

Bem, esta frase estava se tornando repetitiva, contudo, não na voz de Anthonny.

Me levantei nem salto, energia ao máximo, nervosismo espicaçado. Procurei algo para vestir, sendo a camisa perto de Nickolas o que estava mais à mão. Passei-a pela cabeça, porque ainda tinha os botões fechados, e não me preocupei por apenas me cobrir até o meio das coxas.

Saí do quarto e percorri o corredor o mais depressa que pude, as vozes a ficarem mais altas e nítidas a cada passo.

— Ainda bem que você apareceu anjinho Preciso de algumas justificações. Por que é que entregou a Gabrielle à sua sorte com o Avaritia?

— O que você fez com ela?

Cheguei ao topo das escadas para encontrar Anthonny e Nickolas, frente a frente, ambos de asas abertas, um tão branco e outro tão negro.

— Pequena Gabrielle... - murmurou o anjo, olhando-me com espanto, curiosidade e... pena. Enquanto eu descia as escadas, balançava o olhar entre mim e Nickolas e, sempre que parava nele, sua expressão se modificava por completo. Era puro escárnio.

— Algo que tu nunca tiveste coragem para fazer - declarou o demônio, respondendo à pergunta.

— Eu nunca teria... nunca teria obrigado a fazer algo que não quisesse.
Nickolas deu uma gargalhada sonora.

— Eu não diria que foi obrigada.

Anthonny parecia desamparado e surpreendido. Como se aquilo que Nickolas dizia fosse impensável, tão impensável que sua declaração roubava o chão onde o anjo pisava.

— É verdade, pequena Gabrielle?

Corei e abaixei os olhos. Como admitir àquele que havia sido meu mestre durante toda a minha vida que me entregara a outro, especialmente, a um demônio? Como explicar que gostara? Pior ainda, como dizer que... gostava dele?

— Ele matou alguém, Gabrielle. O demônio onde estavas, ele o matou. Estava preocupado com o que pudesse ter feito com você. Não pode ficar aqui, com ele. É perigoso - levantei os olhos para ver Anthonny, com o braço estendido na minha direção. — Vim para buscar você, para levar você de volta.

Fixei sua mão. Era convidativa. Ali, estavam meus pais, minha infância, meu mundo, aquilo a que sempre chamei de casa, a normalidade. Mas... e se eu já não desejasse mais a normalidade?

— Temos muita pena - ou não -, anjinho, mas ela não vai a lado nenhum - a minha visão foi interrompida pelas costas musculosas de Nickolas, marcadas pelas minhas unhas, como se tratassem de escudo entre mim e o anjo.

— Isso tem de ser ela a decidir, não acha, demônio?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? Cometa aqui embaixo o que achou. Comenta vai?
Beijão anjinhas, um abraço demôniozinhos. Nos vemos terça-feira!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angels or demons" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.