Angels or demons escrita por Aline


Capítulo 1
Medo á primeira vista


Notas iniciais do capítulo

Olá anjinhas! Falae demôniozinhos!
Comecei uma nova história, e quem favoritar primeiro ganha um GRANDE beijo meu.
Piadas á parte, espero que gostem dessa nova forma de escrita, aceito críticas, elogios, e se for tímido e não comentar não pense que irei te odiar. Você estar lendo minha estória já me deixa feliz!
Sem mais delongas, vamos á estória.



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Ser escravo era ruim. Contudo, a falta de outra realidade tornava-o suportável, além do que a esperança de ser livre podia ser um ótimo combustível. Havia coisas piores do que “trabalhar” para os anjos. Ser o cachorrinho de um demônio, provavelmente, seria mil vezes pior. Era assim que eu me mantinha viva, pensando que a desgraça dos outros era pior do que a minha.

No fim da era antiga, a minha família era das poucas que continuava a ignorar todos os argumentos científicos e filosóficos contra a existência de Deus e acreditavam que Ele era sumamente bom e etc. Como tal, foi passada de geração em geração a ideia de que, entre anjos e demônios, os anjos eram os mais estáveis e tolerantes e, portanto, confiáveis. Não foi uma decisão difícil, na hora de escolher a quem pedir proteção. A minha família – de certeza que, um dia, tivemos um sobrenome, no entanto, tal como a nossa individualidade e, talvez, sanidade, foi perdido – logo prestou vassalagem aos Domínios, uma das categorias de anjos.

Bem, ao menos não foi a um Arcanjo - eles gostam de se meter em confusões. Os Domínios, basicamente, distribuem e regulam os anjos de posições inferiores, enquanto presidem o destino das nações (pelo menos, era isso que faziam, quando haviam nações) e resolvem conflitos.

Estiveram no centro da guerra, lado a lado com os cavaleiros de Deus, contudo, isso foi há muito tempo antes de eu nascer, então, não tenho certezas de nada.

— Gabriella, precisa ir limpar o quarto do Domínio Anthonny.

Afastei a mente dos meus desvaneios e olhei para a minha mãe. No auge dos seus quarenta anos continuava lindíssima, com o cabelo ruivo, brilhante e domado. Admirava essas características.

Contrariamente as dela, as minhas madeixas eram desorganizadas em caracóis pouco definidos, culpa do meu pai e dos seus genes.

Genes. Aprendera essa palavra num antigo livro. Aparentemente, era algo que os pais passavam aos filhos, mas parecia ser um conceito demasiado difícil para aprofundá-lo.

— Já vou – levantei-me da mesa da cozinha e peguei o elevador até ao quarto do nosso amo, no andar de cima. Como todos os anjos, era extremamente arrumado, extremamente educado, extremamente cuidadoso. Resumindo, Anthonny era perfeito, mesmo para um anjo. Enquanto fazia a cama, pensava no modo como o seu cabelo ondulado caía sobre aqueles límpidos olhos azuis. O seu rosto era doce e – sem querer cair no clichê – angelical, forte mais delicado.

Sim, eu tinha uma grande paixonite por ele. Como podia não ter? Era deslumbrantemente lindo, impecavelmente simpático e, quase, sumamente poderoso. Sim, também fazia parte da raça que me escravizava, mas, como já disse, a falta de outra realidade tornava as coisas mais fáceis a esse ponto. Não me demorei muito naquele quarto, visto que estava tudo, como sempre, impecável.

Coloquei a roupa de Anthonny para lavar, não resistindo a sentir aquele cheiro maravilhoso de hortelã que emanava. Os anjos não cheiravam todos da mesma maneira. Contudo, todos possuíam um odor fresco ou doce, simpático e divino. Nunca conseguira chegar suficientemente perto de um demônio para poder concluir o que quer que fosse sobre o cheiro deles, no entanto, as pessoas diziam que não era nada agradável. Falavam em enxofre e esgotos. Eu tinha a certeza que nenhuma dessas pessoas conseguira aquela informação de forma empírica, por isso, não confiava muito, a única coisa em que acreditava sem provas, era Deus.

Regressei à cozinha apenas para minha mãe dizer-me que o Domínio Anthonny precisava de mim, no escritório. Sem esperar, entrei, novamente, no elevador. Os anjos gostavam de andares altos, ao contrário dos demônios, então, normalmente, viviam em arranha-céus, como aquele, ou em montanhas.

O elevador parou e saí para o corredor extremamente bem iluminado, que dava para o escritório, visível por trás de uma porta de vidro grosso. Mal me viu,Anthonny fez sinal para que entrasse. Estava atrás da secretária transparente, em toda a sua grandeza, selando algo com lacre azul e com o seu símbolo. Aquela sala era normal, pensava eu. Fresca, luminosa, com livros sem cheiro e organização extrema. Típico de um anjo.

— Chamou, Domínio? – questionei, mais como cumprimento do que como uma questão em si.

— Sim, Gabriella, chamei – a sua voz era suave e melodiosa. Calma e confiante. Usava uma simples camisa branca e umas calças de terno, que conseguia ver através da mesa. – Preciso que vá ao templo dos Tronos. Eles possuem uma mensagem para mim.

Anthonny sorriu mas nem isso conseguiu fazer com que eu não estremecesse. Os Tronos, aparentemente, inofensivos, eram vinte e seis anciões e a autoridade dos anjos presentes na Terra, visto que os Serafins e os Querubins não se metiam em assuntos terrestres e eram, raramente, avistados. Nunca havia visto nenhum Trono e, para ser sincera, preferia continuar desse modo. As histórias falavam de um círculo de anjos encapuçados que previam o futuro e tomavam as decisões mais complicadas.

— Não seria mais produtivo se um dos humanos deles trouxesse a mensagem?

— O número de viagens seria o mesmo, Gabriella. Alguma razão em particular para você não querer ir? – ele perguntou, observando-me com uma atenção redobrada. Normalmente, sentir-me-ia honrada com por tal avaliação. Todavia, a vergonha que sentia por ter receio dos Tronos tornava o momento incompatível com a honra. – Você está com medo, pequenaGabriella?

Raios! Os anjos e as suas avaliações demasiado rápidas!

Anthonny se levantou e deu a volta à mesa, pondo-se à minha frente.

— Não precisa ter medo, pequena Gabriella – ele garantiu, tocando a minha face com as pontas dos dedos e me obrigando a fazer um grande esforço para não fechar os olhos. – Você sabe que nada de acontecerá enquanto se mantiver sob a minha proteção, não sabe?

Os olhos dos anjos eram mais límpidos e brilhantes do que quaisquer outros e os de Anthonny não eram exceção. Tão azuis quanto o céu, era difícil encontrar concentração. Quando neles nos fixávamos, era difícil desviar o olhar e, quando, finalmente, o fazíamos, ele já lera tudo o que havia para ler.

— Deixe o seu colar visível e sua curta jornada será pacífica – ele continuou, dando um sorriso reconfortante, antes de pegar na corrente de prata que eu usava entre os dedos e puxá-la, deixando o pendente visível. Era o seu símbolo: as asas, representando os anjos; a lira de três cordas, dos Domínios; o pergaminho, que o distinguia de qualquer outro.

— Quando devo partir? – perguntei.

— De imediato. Voltará antes do cair da noite.

Assenti e, no momento seguinte, saí do elevador no térreo. Estava confiante de que os Tronos me dariam algo para comer, pois saíra sem o fazer. Acenei ao meu pai, que era o porteiro do edifício.

— Onde vai? – ele questionou, se levantando da sua cadeira.

— Ao templo dos Tronos – respondi, vestindo o meu casaco jeans usado.

— Tem cuidado – disse ele, parecendo batalhar num duelo mental entre me acompanhar ou cumprir o dever.

— Sempre tenho – abri um sorriso tentando ser apaziguador e saí do edifício.

Estava nublado, escuro, sinistro. Era perto do meio-dia mas o sol não se avistava em parte alguma. Nos livros de uma certa época romântica, um dia como aquele seria considerado um mau presságio. Eu gostava desses livros, cheiravam bem, contudo, os autores nem podiam adivinhar como o que escreviam era certo. A escuridão trazia o pior e o veneno. Demônios. Não que não conseguissem andar ao sol, mas o sol significava que os Serafins estavam a vigiar e estes possuíam a capacidade de queimar os outros anjos. Todos os demônios foram anjos, outrora, então, também eram afetados pelo poder dos Serafins. Apenas os mais poderosos se atreviam a sair com sol.

Infelizmente, aquele não era um desses dias e apenas me restava andar o mais depressa possível mostrando meu colar a quem quer que o quisesse ver.

Alguns humanos passaram por mim. Trocávamos um aceno de cabeça cúmplice e conformado. Estávamos todos a cumprir ordens. Possuíamos todos o mesmo destino. Também passaram alguns anjos, mas esses nem me olharam. Consideravam a raça humana demasiado insignificante para ser notada.

Faltavam dois quarteirões para chegar ao templo. Graças a Deus, nada de extraordinário acontecera. Só faltava entrar na casa dos Tronos, pegar a mensagem e correr o mais depressa possível de volta para casa. Bem, de volta à casa de Anthonny .

Um som vindo da minha direita fez-me virar, instintivamente. No início, não consegui perceber o que era. Via sombras e vultos de tons diferentes, que se moviam a velocidades quase impossíveis de captar pelos meus olhos. Consegui sentir o cheiro a terra remexida e especiarias. Tentei focar-me ao máximo para entender o que se passava. Contra todas as vozes que gritavam na minha cabeça, me aproximei mais e franzi os olhos. Quanto mais me aproximava, com mais clareza começava a distinguir as formas. Num momento ligeiramente mais lento, avistei pares de asas, algumas pretas, outras brancas, então, resolvi o quebra cabeças na minha mente.

Um confronto. Uma luta. Anjos e demônios lutavam no cruzamento, a menos de dez metros do local onde eu estava. Não era estúpida ao ponto de me meter, as coisas pareciam feias e tensas. Me preparava para voltar ao meu caminho, quando uma luz branca invadiu o local, me fazendo fechar os olhos, por um momento. Quando, finalmente, consegui abri-los, a luta tinha parado. Anjos e demónios se encontravam afastados, alguns em mau estado.

Entre eles, estava um outro demônio, de asas enormes, erguidas em direção ao céu e eu só conseguia ter a certeza de que era mesmo um demônio pela negridão das suas penas, porque, pelo resto, poderia muito bem ser um anjo. Sim, sem dúvida que os demônios eram anjos caídos e aquele, em particular, deveria ter sido um Serafim. Estava totalmente vestido do mesmo tom dos seus cabelos, negro, e dava ordens tanto a anjos como a demônios, que se encolhiam ao som da sua voz, demasiado baixa para eu ouvir.

Seria aquele o Diabo? Seria aquele Lúcifer, o misterioso líder dos demônios?

Estando habituada aos olhares frescos e reconfortantes dos anjos, notei de imediato quando fui invadida pelo calor escaldante e desconfortável dos olhos de um demônio. Do demónio. Ele me observava, fixamente. Comecei a suar, sem razão, me senti tonta, fraquejando, mas não conseguia não olhar para ele. Fazia algo parecido com o que Anthonny fazia, com o olhar, todavia, muito mais arrebatadoramente. Quando se moveu e desapareceu da minha vista, fiquei alguns segundos a olhar para o local onde ele estivera, sem conseguir desprender o olhar.


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Notas finais do capítulo

Beleza galera, isso é um novo modo de escrita meu.
Se gostaram afundem o botão de favoritar. Comentem até os dedos caírem, isso ajuda muito aqui.
Obrigado.



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