Prezado Sr. Pai, Eu te odeio! escrita por May Winsleston


Capítulo 8
Não confie em homens tatuados e sarados!


Notas iniciais do capítulo

Oiie, pessoal!! Tudo bem com vocês? Estava animada para postar esse capitulo!! Espero que vocês gostem, mas vou avisando, está ENORME! Desculpa por isso. Normalmente posto capítulos curtos para evitar que fique cansativo, mas dessa vez não pra diminuir kkk espero que não se importem. Ah! Vou começar a postar regularmente, aqui, porque vocês são incríveis comigo (lendo, acompanhando, comentando e favoritando minha fic) e eu preciso muito ser incrível com vocês, para tentar recompensar a alegria que vocês estão me dando. Vocês são demais ♥

Enfim, boa leitura. Espero muito que gostem!!



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— Ah!!! – berrou. Meti a mão na boca da Diana tentando calá-la.

— Shh! Quer que o colégio inteiro pense que estou te torturando?

— Mas isso não foi um grito de tortura, - disse entre risos e grandes sorrisos de animação – tá mais pra um grito de animação ou alegria.

— Claro. E a primeira coisa que as pessoas pensam quando ouvem um grito é “Nossa, como ela está feliz!” – falei, fazendo as aspas com os dedos, o que fez a minha estagiaria fechar a cara. – Eu realmente não sei porque está tão alegre. Acho que você não ouviu coisa alguma do que eu acabei de dizer, não é?

— Ouvi. Ouvi tudinho! – Obrigada, Senhor, por colocar algum juízo na cabeça dessa doida! – E gente, como você é sortuda! – Esquece...

— Caramba, Diana. Acho que você não está entendendo a situação. Aquele sadista desiquilibrado me chantageou!

— Eu sei! – sua expressão preocupada logo sumiu, e um grande sorriso, típico de um vilão de quadrinhos, surgiu em seus lábios – E isso é incrível! Eu não acredito que vai morar na mesma casa que aquele homem!

— Eu não vou. – interrompi, matando sonhos de uma jovem desequilibrada e possivelmente masoquista.

— Han!? – foi o único ruído que saiu da sua boca.

— Isso mesmo que você ouviu, e aparentemente não gostou. Me perdoe por destruir seus sonhos bizarros, Di. Mas não vou me mudar para a casa de um estranho de um dia para o outro.

— Mas, como vocês vão casar e ter vários filhinhos? – perguntou, fazendo biquinho.

— O quê?! Não vamos! – fiz careta e balancei a cabeça – Diana, eu não sei como essas ideias malucas chegam na sua cabeça. Enfim, deu o horário, vamos embora? – levantei, e logo a masoquista me seguiu. Andamos pelo corredor da escola até chegarmos à porta. – Aqui nos separamos. – anunciei.

— Ué, achei que íamos esperar a Emma e voltar juntas.

— Bem que eu queria, mas preciso ir ver o meu filho. – a notícia fez com que a garota erguesse as sobrancelhas, surpresa. Antes que pudesse questionar, decidi explicar. – Eu não vou dormir na casa do troglodita, mas ainda sim terei que cuidar do Nick. Graças a Deus, ele dorme cedo, e quando isso acontece o motorista do maluco me leva para casa. – sorri, a acalmando e dizendo com aquela expressão que tudo estava bem, ou que iria ficar, pelo menos era o que eu desejava. – Ah! Só mais uma coisa. Por favor, não fala nada para a Emma. Eu vou arranjar um modo de explicar tudo para ela sem que ela surte.

— Pode confiar, Allie. E boa sorte, vai dar tudo certo! – Diana colocou os braços ao meu redor e me apertou num grande abraço. O gesto fez com que eu me sentisse um pouco mais forte. Respirei fundo e acenei um “tchau” para a minha estagiaria, que devolveu o gesto.

Eu havia pedido ao Henrique que me esperasse no estacionamento de um mercado próximo da escola, para que pudéssemos ser o mais discreto possível. Nicolas já estava na BMW azul, como combinado, e quando me viu me deu um longo abraço. No carro, as conversas que tive com o Nick eram sempre com o mesmo assunto. A animação do garoto por eu estar indo “morar” com eles, o fato de que sua família estaria finalmente completa, e que agora, ele poderia falar aos amiguinhos que tinha uma mamãe, algo que não impedi, desde que ele não falasse o meu nome e nem que sua “mamãe” era na verdade uma professora sem juízo, que não conseguia controlar a própria língua.

O trajeto foi rápido e logo estávamos num dos bairros mais ricos de Florianópolis. Os coqueiros e a vegetação verde me faziam lembrar do mar. A quanto tempo eu não vou ao mar? Pensei. Talvez a paixão pelo meu trabalho tenha feito eu me esquecer que também tinha uma vida fora da escola.

Ao chegarmos na mansão do chantageador, dei banho no Nicolas e tentei alimentá-lo com uma das poucas coisas que ainda tinha naquela cozinha. Aparentemente, sopa instantânea, salada e cereal, eram os poucos alimentos que faziam parte do cotidiano do pequeno. Uma onda de raiva tomou meu corpo inteiro, e eu, certamente, não me sentiria culpada, se no momento que aquele pai ignorante e irresponsável chegasse, eu o atingisse com um só golpe e ele virasse uma estrelinha. Depois da “refeição”, fizemos as tarefas de casa, exercícios que estavam atrasados por semanas. Era nítido o quanto o Nicolas estava gostando de tudo aquilo, até mesmo de fazer os deveres. O sorriso do garoto me fez pensar que, talvez, viver nessa casa não seria tão ruim assim, quer dizer, seria ótimo, se não fosse pelo dono dela.

Passamos o resto da tarde jogando, brincando e assistindo televisão, e antes mesmo das 21:00, o Nicolas já estava adormecido em sua cama. E nada do Mauricio. O garoto havia perguntado pelo pai apenas uma vez, algo que me fez concluir que ele já estava acostumado com a ausência da figura paterna. A vida do Nicolas era centrada em suas horríveis babás, e nos funcionários da casa, o que me mostrou que minha presença ali era extremamente necessária. Já era quase dez horas da noite. Todos os funcionários já haviam partido. Sem escolha, liguei a grande televisão da sala num filme antigo e esperei pelo troglodita. Hoje ele iria ouvir tanto.

¨  ¨

— ...da! Bom dia, docinho.

— Papai? – falei, grogue.

— Não. Tá mais para príncipe encantado. – a voz suave e o perfume amadeirado invadiram meu corpo e me causaram um arrepio. Um sorriso brotou em minha face quando a imagem do Sergio Marone apareceu em minha mente.

— Sergio... – sussurrei, enquanto o sonho com o ator ficava cada vez melhor.

— Nossa. E depois dizem que os homens não prestam. Já é a segunda vez essa semana, docinho. – abri os olhos, assustada, ao finalmente reconhecer a voz rouca. Não era o Sergio, infelizmente. Levantei de supetão e encarei o homem alto e forte ao meu lado, sem antes levar, involuntariamente, a mão ao pescoço dolorido.

— Que horas são? – perguntei, ao perceber alguns raios de sol que passavam pela cortina.

— Bom dia para você também, docinho. – zombou. Revirei os olhos e franzi a testa, num sinal de raiva. – Calma, não precisa me morder, mas se quiser, também não reclamarei. – riu. Um maldito riso que eu desejava com todas as minhas forças que fosse horrível, mas parece que a vida tá jogando contra mim. – Seis da manhã. – respondeu, finalmente, olhando para o relógio em seu pulso. E eu, como sempre, reagi de forma tranquila e elegante.

— QUÊ!? – berrei. – Eu tô atrasada. Meu Deus, por que não me acordou mais cedo? Ai! – o pescoço doía cada vez que o movimentava.

— Se você ainda não percebeu, eu também acabei de levantar. – E então eu finalmente fiz algo que não devia ter feito. Prestei atenção no Mauricio. E meu coração pulou ao perceber que a única peça de roupa que ele vestia era uma calça de algodão cinza, que incrivelmente combinava com seu tom de pele moreno. Seus braços eram musculosos e fortes, e o abdômen bem definido. No peito esquerdo, havia uma pata de leão tatuada, e uma tribal contornava seu braço direito. Respirei fundo e implorei mentalmente que meus hormônios parassem de me trair.

— Tá. E daí? – Sim. Isso foi tudo que saiu de minha boca. Droga, Alice, mantenha a dignidade! — É... Eu preciso tomar banho e... AI!

— E de um remédio para dor?

— Não. Não quero nada seu, só o bem estar do Nicolas. E por acaso, você tem ideia de que o garoto só tem se alimentado de besteiras? Não tem nada na geladeira, além disso, ele precisa de sabone...

— Tá bom. – interrompeu.

— Han? – franzi as sobrancelhas, confusa.

— Tá bom. Pode comprar o que quiser. Quando o Henrique for lhes buscar, pedirei que ele os leve para um supermercado, e então poderá fazer as compras para a casa. – HAN?!

— Tudo que eu quiser? - questionei, desconfiada.

— Tudo que quiser.

— Farei isso! – aceitei.

— Ótimo. – disse, com um sorriso estampado na cara.

— Ótimo! – repliquei.

Me virei e subi as escadas da casa.

— Não esqueça de arrumar nosso filho, docinho! – gritou.

— Não sou seu docinho!

Entrei no banheiro e deixei a água quente cair no meu pescoço. A sensação era boa. Soltei um gemido de desgosto por ter que sair do chuveiro. Depois de pronta, acordei o Nicolas e o arrumei para ir para a escola. Quando terminou, tomamos café e fomos para o Colégio Primeiros Passos. Como combinado, Henrique me deixou a alguns metros da escola. Apesar do banho quente, o meu pescoço continuava doendo. Ao chegar na sala, uma chuva de perguntas feitas pela Diana caiu sobre mim. Contei tudo que aconteceu à minha estagiaria, que ouviu tudo com bastante atenção, com direito até a perguntas e opiniões.

— Nossa, tudo que você quiser é muita coisa. – estranhou.

— Pois é. Foi o mesmo que pensei.

— Bem, ele só deve ser muito rico. Afinal, Jurerê não é para todos.

— Sei não, Di. Quando a esmola é demais, o santo desconfia. – ela deu de ombros.

O dia foi torturante. A dor do torcicolo irradiou, e no fim da aula estava péssima. Quando o sinal tocou, agradeci a Deus com todas as minhas forças. Troquei de roupa e saí da escola, derrotada. Assim que cheguei no carro, Henrique me entregou uma pequena caixa.

— Presente do patrão. – informou. Sentei no banco traseiro, ao lado de um Nicolas agitado e abri a pequena surpresa. Um suspiro de alivio através minha garganta, quando vi uma caixa de remédios para dor e uma garrafa de água. Sem pensar duas vezes abri a caixa, e engoli o comprimido branco. Em poucos minutos, me senti renovada. Até que o troglodita foi legal. No carro, fiz uma lista mental de coisas necessárias para a casa, e fiquei feliz ao ver que o supermercado, onde faríamos as compras, era um dos que eu mais gostava.

Henrique parou o carro no estacionamento, e informou que iria nos esperar. Subimos a escada rolante, nenhum sinal de Mauricio, decidi que começaríamos a pegar os produtos e esperaríamos o troglodita para que ele só fizesse o pagamento.

Depois de passear por todos os corredores do estabelecimento, e com o carrinho cheio, puxei o Nicolas para o caixa, mas ao invés disso o garoto foi direto para a saída.

— Filho, espera, precisamos pagar seu chocolate! – falei largando o carrinho e tentando alcançar o garotinho, antes que ele passasse pelas vistas dos seguranças do local. – Nicholas!

— Senhora. – um dos homens de preto. Virei, envergonhada. – Está com o garoto? – perguntou, mal encarado.

— Sim, ele é meu filho, me desculpe, ele não quis sair sem pag...

— Quer que eu traga o seu carrinho de compras? – ofereceu, me deixando extremamente confusa.

— Não. Quer dizer, eu ainda não paguei, estou esperando o pa...

— Mamãe, vamos! – na porta do grande mercado estava o garotinho, acompanhado pelo pai. Os seguranças os observavam com naturalidade, e logo o homem alto e forte que havia falado comigo a pouco, apareceu ao meu lado, empurrando, sem dificuldades, o meu carrinho abarrotado de coisas.

— Não, senhor, eu ainda não paguei. – continuei a discussão mais estranha da minha vida.

— Leve para o estacionamento, Jonas. – o troglodita ordenou.

— Não! – intervi, sem sucesso. O segurança continuou seu caminho sem nem me dar atenção. Apressei meu passo e fui para o lado do pai do Nicolas. Ao pé do seu ouvido, sussurrei, nervosa. – Mauricio, eu ainda não paguei pelas compras.

— Mamãe, vamos pra casa! – Nicolas pediu, pulando ao meu lado. Me agachei ao lado do garotinho, e tentando não tremer, falei:

— Querido, precisamos pagar.

— Mas o papai disse que não precisa pagar na loja dele.

— Na loja dele? – olhei o rosto inocente do pequenino, e comecei a entender o que estava acontecendo ali. Como uma flecha, meus olhos atingiram a face do troglodita, que ria despreocupadamente, como se estivesse assistindo à uma cena de comédia.

— Docinho, você é tão engraçada! – zombou, entre risos.

— Ora, seu...

— Porque achou que deixei você comprar tudo que quisesse? Não pensou que eu estava sendo bonzinho sem motivos, não é, tolinha? – falou, virando-se e indo em direção ao estacionamento.

— Nunca! – sussurrei, enquanto imaginava uma morte lenta e dolorosa para o pai do meu filho.


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Notas finais do capítulo

E ai, pessoal?? O que acharam?!! Me contem, please e até o próximo. Beijo, lindos e lindas ♥ ♥ ♥



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