Prezado Sr. Pai, Eu te odeio! escrita por May Winsleston


Capítulo 4
Todo mundo pode ser mãe? É claro (QUE NÃO!)


Notas iniciais do capítulo

1 mês de sumida? É isso mesmo, produção?? Senhor, não deixa que atirem pedras em mim. Gente, mil perdões! Não, vocês merecem mais! Um bilhão de perdões! Não desistam de mim, por favor! Mas eu tenho uma explicação... Trabalhos da faculdade + estágio me deixaram sem tempo, e olha que eu ainda tenho trabalhos para fazer, mas parei para escrever PSPETO. Estava com saudades!! Mas vamos ao que interessa, boa leitura pessoas! (capitulo um pouco maior que o normal para expressar minhas desculpas! Foi mal, gente!)



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— E o que você fez? – Diana perguntou, enquanto abria o pacote de pipoca doce que havia comprado mais cedo.

— Eu não fiz nada! – lamentei. – Eu fiquei lá, estatelada, encarando aquele lobo em pele de cordeiro, até que a coordenadora chegou com o Nicolas e o troglodita foi embora. E ainda teve a coragem de dizer “Foi um grande prazer conhecer a famosa Alice” – imitei fazendo careta.

— O que acha que vai acontecer amanhã? Quer dizer, acha que Nicolas vem? – dei de ombros.

— Eu não sei mais de nada. Nunca achei que um cara tão lindo, seria um retardado! – Diana riu. – Quê?

— Os mais bonitos são os mais perigosos, pró Alice! – advertiu.

— É, talvez. Mas se aquele cara aparecer aqui amanhã e tentar alguma gracinha, ele vai se ver com Alice Monteiro!

Mas ele não apareceu. Ao invés disso, Nicolas chegou até a sala acompanhado de uma senhora de cabelos grisalhos e olhos tão castanhos quanto os do pai do garotinho.

— Bom dia. – cumprimentou.

— Bom dia! – eu e Diana respondemos em uníssono.

— A senhora é a professora? – assenti com a cabeça. – Nossa, tão jovem! Eu também era professora, mas na minha época eu fiz magistério. – ela sorria, enquanto falava da antiga profissão, provavelmente relembrando as memórias dos dias que ficaram para trás – Deixa eu parar de tagarelar e ir logo! Cuidem bem do meu netinho, por favor! – assenti e observei a velha senhora sair pela porta. Será que ela é a mãe do troglodita? Mas ela parece ser tão gentil...

— Nicolas, vem cá! – a voz de Diana me tirou dos meus pensamentos – Cadê sua babá? Ela foi embora?

—Diana! – repreendi.

— Ah, qual é! Aposto que você também quer saber. – mordi o lábio e suspirei. Por fim me agachei junto à Diana. – Sabia! Então Nick, sabe onde está a sua babá?

— A Paula?

— Sim. A Paula!

— Paula foi embola, porque dormiu na cama do papai e ele bigou com ela. E depois ela bateu no papai. Papai disse que ela não gostou que ele bigou com ela. – arregalamos os olhos, e Diana começou a gargalhar.

— Obrigada, pequeno! – Diana agradeceu e se levantou, fiz o mesmo. – Caramba, é por isso que amo crianças! Elas contam tudo. – riu.

— Estou impressionada. – anunciei – Além de mal-educado, rude, egocêntrico e prepotente, ele ainda é cafajeste. Será que esse cara tem alguma qualidade?

— Bem, ele é rico, e pelo que Mariela falou, quando saiu da secretaria e veio correndo pra cá, ele também é extremamente lindo! – bufei.

— Não achei ele tão bonito assim. Os olhos dele são muito juntos e suas sobrancelhas são muito grossas, parece até que ele nunca ouviu falar de pinça. – forcei o riso.

— Para alguém que “nem olhou direito” – disse enquanto fazia o sinal de aspas com as mãos – você parece ter notado características bem especificas dele, hein! – Han? Pelo o amor do Senhor, alguém dá um remédio pra essa menina...

— Pft! Não achei nada! É normal notarem defeitos, não é? Eu achando ele bonito e gostoso? Nunca! E vamos parar com essa conversa, porque já está me dando dor de cabeça! É... Nicolas! Porque não brinca com os carrinhos dessa vez? – perguntei, ao ver o garotinho pegando blocos de montar.

— Eu gosto de montar! Que nem o papai. – sorri e deixei que ele brincasse de construtor. Me aproximei de Diana e sussurrei ao seu lado.

— Sabe o que eu mais odeio nesse cara? – Diana me lançou um olhar questionador, prossegui – O fato de parecer que ele odeia o Nick.

— Ué, mas ele não veio aqui ontem, buscá-lo? Pais ricos que odeiam os filhos, não vem pegá-los na escola...

— Sei lá. O jeito que ele falou no telefone, não é o tipo de coisa que um pai amoroso fala.

— Talvez ele só estivesse meio estressado no dia. – supôs.

— É... – sibilei, enquanto Diana se afastava em direção ao Nicolas. – Eu espero. – desejei, num sussurro.

Os minutos passaram rápido e se transformaram em horas. As horas por sua vez viraram dias. E os dias converteram-se em semanas. E logo, as semanas anunciaram a chegada de um novo mês escolar. Fevereiro havia chegado ao fim, e o mês do outono deu as caras. Na sala, os alunos haviam se desenvolvido incrivelmente bem. A maioria já sabia escrever o próprio nome e o dos pais, e alguns já conseguiam reconhecer todas as letras do alfabeto, além de não embolarem mais as palavras quando as falavam, porém o único que ainda possuía dificuldade para fazer essas coisas era o Nicolas. Infelizmente, a previsão de Diana, de que o troglodita era na verdade um pai bonzinho, parecia incorreta a cada dia que passava. O homem não apareceu mais na escola depois daquele dia. Os diários do Nicolas não eram assinados, e nem suas atividades eram feitas. Suspirei, enquanto caminhava pelo corredor até a sala da coordenadora, para mais uma coordenação pedagógica. Bati de leve, e logo uma voz me convidou a entrar. Obedeci.

— Bom dia. – cumprimentei, enquanto entrava na sala e sentava na cadeira que ficava em frente à mesa da Sra. Ferraz.

— Olá, Alice! – retrucou, alegre. – Temos boas notícias para hoje?

— Temos boas – ela sorriu com a resposta – mas...

— Esse mas sempre vem acompanhado de coisas ruins. Ainda sobre o Nicolas? – assenti – Bem, me diga logo as boas notícias, afinal hoje é sexta.

— Bem, o Gabriel parou de chorar na entrada, o que é um grande avanço. Os gêmeos Caio e Marina continuam a trazer somente salgadinhos, pipoca e doces para o lanche, apesar de eu já ter conversado com a mãe deles...

— Mas e nos dias do lanche coletivo?

— Bem, eles comem a comida que a escola fornece...

— Ah! Que bom, pelo meno...

— Mas depois comem o lanche deles. – interrompi, estragando a breve felicidade da coordenadora.

— Meu Deus... Aqueles meninos já estão a ponto de estourar. Mas enfim, como está a Geovana?

— Está bem. A mãe dela tem a trazido com mais frequência, porque ela está conseguindo passar a manhã toda acordada, e ela está sendo mais aceita pelas garotas da sala. Ela até correu com a Bia e a Malu no parque hoje – sorri tristemente, ao me lembrar da Geovana e sua triste síndrome.

— Por falar na Bia, como ela está se comportando? – A srta. Ferraz perguntou.

— Ah, Aurora. Sua filha está sendo um problema. Ela está batendo, xingando e comendo o lanche dos colegas! Gente, você não sabe o que ela fez ontem...

— Como é? – disse, levantando. Ri com sua reação.

— Calma! Calma! – respondi, levantando as mãos. – Estava brincando! Não precisa estrangular sua filha! – gargalhei. – Desculpa! Eu não aguentei. A Bia está sendo uma garota incrível, como sempre foi.

— Alice, você quer levar uma bronca da diretora, porque você acabou de mentir para a sua coordenadora? O que fez foi muito errado! – Aurora Ferraz me lançou seu pior olhar, e eu senti vontade de desaparecer como a carruagem da Cinderela.

— M-Me p-p-perdoe! – supliquei – Eu fiz brincando, não sabia que voc... que a senhora... quer dizer senhorita iria... – e ela começou a gargalhar. A gargalhar alto. Tá Alice, você fez uma tremenda burrada. Okay, duas opções: ou você vai ser demitida nesse exato momento, ou a coordenadora é psicopata, e tá tendo um momento psicopatia, onde ela pode fazer alguma loucura, mas não deve te demitir do trabalho dos sonhos... Nas duas opções eu estava lascada, mas é claro que iria torcer para a melhor, não é? Que ela seja psicopata! Que ela seja psicopata!

— Estou brincando, Alice! Devia ter visto sua cara. – e a doida continuou rindo... Tá, com certeza essa mulher é psicopata.

— Han? Então, quer dizer que a senhora estava me zoando? – indaguei, engolindo seco.

— Claro. Pimenta nos olhos dos outros é refresco ne? Mas continuando, e como está a Yui?

— I o quê? – Gente, com certeza, psicopata...

— Yui! Sua aluna, a pequena Einstein... Acorda Alice, sai do país das maravilhas! – brincou. Ri para evitar possíveis assassinatos.

— Muito engraçada você. A Yui, ne? Bem... – Respira Alice! É uma ordem. – Ela tá bem. – comecei, tentando regular minha respiração e as batidas frenéticas do meu coração. – A Yui continua inteligente como sempre. Ela faz todas as atividades sem dificuldade, não troca mais as letras na hora da fala, e mantém boas relações com todos na sala, exceto com...

— Deixa eu adivinhar, o Nicolas? – perguntou, retoricamente.

— A pequena guarda rancor, sabe... – suspirou.

— Como ele está? – quis saber.

— Adoraria falar outra coisa, mas infelizmente, não poderei fazer isso. O Nicolas continua sendo um garoto que sente necessidade de carinho e atenção. Isso é notável. Ele ainda não conseguiu se desenvolver na escola, porque ele não tem apoio em casa. É de dar dó, quando eu pego o classificador dele e vejo todas as atividades em branco. E ele tem medo das garotas. Talvez pelo fato de todas as babás dele serem horríveis, porque pra mim o Mauricio Mal Educado está mais interessado em garotas de programa que vão se deitar e d...

— Alice... – repreendeu.

— Desculpa, sei que a vida do pai dele não interessa... Mas enfim, qualquer garota que se aproxime, ele bate. Se os garotos não querem brincar com ele, ele bate. Se ele quer falar e não o escutam, ele bate. E sabe o pior, ele não faz isso para machucar, porque seus tapas não são fortes, mas ele quer chamar atenção. E acho que a única forma que ele consegue chamar a atenção daquele pai, é de um jeito negativo.

— Entendo. – ela apoiou um dos cotovelos na mesa e descansou a cabeça na mão direita. – E como está sendo a sua relação com ele?

— Bem...

— Bem?

— Sei que é errado, mas eu estou cada vez mais apegada a ele. Hoje quase fiz as atividades de casa com ele, porque os coleguinhas de sala mostram os deveres feitos e ele fica com aquela carinha, sabe?

— Sei. – disse, balançando a cabeça – Entendo que esteja se aproximando dele e não tenho nada a falar disso. – sorri, soltando um leve suspiro de alegria – Mas, preciso que você entenda. O Nicolas não é seu irmão, seu sobrinho e muito menos o seu filho. Ele é seu aluno, e só, é necessário que você saiba manter essa relação. Você não deve realizar suas atividades de casa, isso é algo que a família deve fazer. E se não faz, não é sua culpa e muito menos sua obrigação. – assenti, sentindo um peso no meu coração – Eu sinto muito, Alice, sei o quão difícil é estar em sua situação. Eu ligarei para o Sr. Mauricio e marcarei uma reunião pedagógica. Te direi o dia, para que também possa participar. Isso é tudo que eu posso fazer agora.

— Okay. – falei baixinho. Fingi um sorriso e levantei da cadeira acolchoada. – Vou voltar agora, muita coisa para fazer.

Sai da coordenação e andei até a sala a passos lentos. Nicolas era o tipo de garoto carinhoso, inteligente e bom, porém precisava de alguém. Talvez se a mãe ainda estivesse aqui... Não Alice, pare com isso, não é da sua conta, além disso não dá para ressuscitar os mortos assim. Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos estranhos. Quando entrei na sala do grupo 4 B, encontrei todos os alunos brincando, todos tinham alguém menos o Nicolas. Sentei ao seu lado.

— Tudo bem, pequeno príncipe? – perguntei enquanto pegava algumas peças do quebra cabeça e juntava.

— Não. Ninguém quer blincar com eu. Nicolas é mau? – seus olhos castanhos me encaravam tristemente.

— Eu sou ninguém? Estou chocada! – brinquei, segurando sua mãozinha e beijando-a – Vou te contar um segredo. – aproximei meus lábios de seu ouvido e sussurrei – Eu te amo! – o pequeno Nicolas riu e me deu um longo abraço.

— Eu também te amo, pló Alice! Pló quer ser minha babá?

— Ora, bobinho, você já tem uma babá!

— Mas eu não gosto dela, ela não me deixa blincar, e só quer ficar com papai. Acho que ela quer ser babá de papai.

— Bem provável... – resmunguei.

— Então pló Alice quer ser minha mamãe? Papai disse que ela foi embola e nunca mais volta. Você pode ser a mamãe do Nicolas!

Abri a boca, procurando as palavras, mas nada saía. Realizar o sonho de um garotinho de 4 anos, mentindo para ele, ou salvar o emprego dos sonhos dizendo a verdade? A escolha era óbvia.

— Tá. Posso ser sua mamãe, mas é um segredo nosso, tá bem? – Nicolas abriu seu maior sorriso e plantou um beijo na minha bochecha. – Eba! Agora Nicolas também tem uma mamãe! – comemorou.

Abracei o pequeno e comecei a orar, e a implorar para que o Senhor tivesse piedade de mim. Onde foi que você se meteu, Alice?


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Notas finais do capítulo

E como prometido, trago o que todos esperavam! Quem são as inspirações para esses personagens? Thanrãn!!!!
Alice Monteiro: http://mortalinstruments.org/wp-content/uploads/2014/02/Lily-Collins-.jpg (nossa amada, Lily Collins - gente que mulher linda e fofa e demais)

Mauricio Miller: http://s3.amazonaws.com/next-management-production/assets/images/246836/medium_portrait.jpg?1409212433 (Marlon Teixeira - xô ir ali desmaiar e já volto...)

Bônus Mau mau (como diria BreatrizBraz): http://www.out.com/sites/out.com/files/imce/MT-1.jpg

Nicolas: http://www.zupi.com.br/wp-content/uploads/2013/05/tumblr_m5gsfwnZcf1rxbn6so1_5001.jpg (♥ ♥ ♥)


Bem, esses são os principais, no decorrer vou postando fotos dos outro personagens.
Obrigada por lerem, se gostou, comente, por favor!

Beijos lindos e lindas. ♥ vocês!!