Prezado Sr. Pai, Eu te odeio! escrita por May Winsleston


Capítulo 1
A mais nova professora


Notas iniciais do capítulo

Oiie pessoal! Para aqueles que leem Inequações do Amor e vieram dar uma espiada no meu mais novo projeto, Obrigada, seus lindos! Gosto mais de vocês do que de paçoca (e olha que eu gosto muito de paçoca!)
Enfim, espero que curtam esse primeiro capitulo e acompanhem, por favor!
Sem mais delongas... :D

Boa leitura, lindos!!



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Um pé depois do outro. Não esquece de respirar! Repeti mais uma vez, enquanto andava pelos corredores decorados do Colégio Primeiros Passos. Quantas foram as vezes que eu apenas sonhei em entrar aqui? Olhei para os meus dedos, não conseguia nem contar.

Passei pelas salas do primeiro ano e finalmente cheguei à sala da coordenação. Bati de leve na porta, e a abri, ainda com as mãos tremendo, numa mistura de medo e animação. Uma voz feminina ordenou ‘Entre’, assim que a porta foi aberta e revelou meu rosto alvo. Obedeci, entrando e sentando na poltrona vermelha que ficava em frente à mesa, que continha uma grande quantidade de papéis e um computador. A senhora negra de cabelos grisalhos tirou os óculos e dirigiu seu olhar a mim, acompanhado de um grande sorriso.

— Seja bem vinda, Srta. Monteiro! Como está se sentindo?

— Nervosa. – soltei. Minha resposta a fez rir.

— Não se preocupe, querida. Bem, creio que já sabe qual é a sua sala. – apenas assenti com a cabeça, o que a fez continuar – Hoje teremos adaptação com os pais, ou seja, eles apenas virão com os seus filhos, participarão da primeira aula e logo irão embora. É uma formalidade, – deu de ombros – apenas para que os pais a conheçam e para que você conheça seus alunos. Porém antes de ir para a sala teremos a apresentação da escola e dos professores no teatro. Está localizado no segundo andar, ao lado da biblioteca. Depois de lá, a senhora e os pais voltam para a sala. O que acha disso? – respondi um rápido ‘Ótimo’, acompanhado de um sorriso

“Ah! Já ia me esquecendo. Preciso te apresentar a sua estagiária. Ela irá te ajudar na sala, já expliquei as tarefas a ela. Um minuto, vou ver se ela já chegou. – ela estendeu o dedo indicador e pegou o telefone que estava em sua mesa. Discou alguns números e logo foi atendida. Alguns segundos passaram antes que ela obtivesse a resposta que queria. Assim que isso aconteceu ela retornou o telefone ao gancho e voltou a olhar para mim. – Eu sinto muito, ela ainda não chegou, mas assim que chegar eu a apresentarei a você. Uma moça do serviço de limpeza limpará a sala depois do lanche das crianças, e depois da saída delas. O portão abre às 11:30 para a liberação das crianças, os pais vem pegá-las até as 12:00, passando deste horário as crianças são deixadas no apoio pedagógico, é a sala ao lado. – ela apontou para a parede com o indicador –  E das 12:00 as 12:30, você e sua estágiaria podem usar essa meia hora para adiantar as atividades planejadas.”

Ao final de seu longo discurso, ela sorriu para mim, retribuí o sorriso, ainda tentando compreender todas as informações passadas. Pedi licença e saí da sala, um pouco apressada, tentando recuperar o ar e contorcendo meus dedos numa tentativa falha de parar a tremedeira. Limpei minhas mãos suadas no cós de minha legging e apressei o passo para a sala do grupo 4 B, minha sala de agora em diante. Soltei um longo suspiro e pude sentir meu corpo relaxar. Finalmente. Pensei.

Olhei para o relógio no canto esquerdo da sala, próximo à porta. Marcava 07:50h. Já estava na hora de ir. Resmunguei baixinho, enquanto guardava minha bolsa branca no armário e o trancava com a pequena chave que a coordenadora havia me dado alguns dias atrás, quando meu contrato foi assinado. Dei um última olhada na sala. As paredes creme logo estariam repletas de desenhos e cartazes, no chão uma fileira de mochilas coloridas seriam posicionadas em uma fila, e nas prateleiras dezenas de lancheiras estariam dispostas. Sorri, com o pensamento. Respirei mais uma vez aquele ar aconchegante, e saí em direção ao teatro.

O teatro era do tamanho da menor sala de cinema do shopping, mas mesmo assim, continuava sendo enorme. Procurei a coordenadora, me xingando mentalmente por não ter vindo antes, afinal 10 minutos seria o suficiente para chegar até o teatro, quer dizer, isso se eu não me perdesse antes e chegasse 5 minutos após a abertura das portas. Me coloquei na ponta dos pés e comecei a pedir licença e a tentar passar por entre a multidão de pais e filhos presentes naquele recinto. Não demorou muito até que a mulher negra de cabelos cinzentos me avistasse e me puxasse para perto dela.

— Obrigada! – falei, sincera. A sra. Ferraz lançou a cabeça para trás e gargalhou.

— Fiquei com medo de que tivesse esquecido da reunião. Foi difícil te achar entre tantos saltos altos. – caçoou da minha estatura. Sorri forçadamente, me recordando dos meus tempos de escola e faculdade, onde alguém sempre vinha zombar dos meus 1,60m. – Sua estágiaria já chegou. Assim que terminarmos a apresentação de professores, te apresentarei a ela, mas por enquanto você subirá no palco comigo e com os outros professores. – assenti, e a segui, subindo uma pequena escada que dava ao palco e me escondendo em uma das coxias. – Começaremos com uma introdução da escola e logo depois, chamaremos os professores por grupo, como você é grupo 4 irá entrar junto com as professoras Joana e Alberta, elas estão logo ali. – a coordenadora apontou na direção de duas mulheres. Uma de aparência mais nova de cabelos castanhos tingidos com mechas loiras, e a mais velha de cabelos negros, cujos cachos caiam em forma de cascata pelo seu rabo-de-cavalo. – Bem, agora eu vou indo. – anunciou, se dirigindo para o centro do palco, e iniciando uma conversa com um dos homens que ajeitava o cenário.

Respirei fundo, mais uma vez. Reproduzindo novamente, em minha mente, as ações que eu deveria fazer para não morrer, desmaiar, ou pior, passar vergonha na frente de tanta gente.

— Alice! – quase pulei. Assustada, virei, ainda com a mão direita no peito, e pude reconhecer o rosto de minha amiga. Seus cabelos ruivos presos numa trança e suas sardas escondidas pela maquiagem.

— Caramba, Emma, você quase me matou! Vem cá, eu já te disse que minha avó sofria com problemas de coração?

— Bobagem! Sua avó morreu com 92 anos, de velhice! Para de ser dramática! – tirei a mão do lado esquerdo do tórax, e fiz biquinho. Eu não era dramática... – Para de fazer bico, Allie! – ela revirou os olhos – Mas e ai, conheceu a escola? E sua sala? -

— É linda! – suspirei. – Caramba, eu nem sei como te agradecer. Me indicar para trabalhar aqui foi o melhor presente que você me deu! – disse, envolvendo-a em um abraço. Minha amiga de infância retribuiu.

— Eu sei que sou demais! – rimos.

Logo a coordenadora começou seu discurso. Ela apresentou a escola aos pais, comunicou os eventos e feriados que aconteceriam naquele ano, e anunciou, com fervor, o lema da prestigiada instituição: Formar e educar cidadãos para mudar o mundo. Em seguida iníciou o processo de apresentação de professores. Tremi ao lado de minha amiga, ela, por sua vez, segurou minha mão e me acalmou com um rápido “Vai dar tudo certo” e saiu em direção ao palco. Pouco depois chegara minha vez, engoli seco e caminhei, tentando disfarçar ao máximo o tremor que corria pelas minhas  pernas.

— Esta é a Srta. Alice Monteiro. Alice é formada em pedagogia pela Universidade Federal de Santa Catarina e a mais nova professora do Colégio Primeiros Passos. Ela será responsável pelo grupo 4 B. A turma possui 14 alunos, que são: Amanda Lyra, Beatriz Ferraz, Caio Pimentel, Daniel Couto, Danilo Pallazzo, Gabriel Bhram, Geovana Rocha, Maria Luisa Moura, Marina Pimentel, Miguel Arantes, Nicolas Miller, Nicole Vilela, Tábata Torres e  Yui Albuquerque. Os pais e alunos, podem se dirigir agora a sala dos seus filhos, haverá um momento de interação com a professora e estagiária, e depois disso as crianças serão liberadas para partir com seus respectivos responsáveis.

Acenei levemente para o público e sorri. Andei, devagarinho, até a outra extremidade do palco e desci os degraus. Soltei o ar fortemente, liberando toda a tensão que existia ali. Emma já havia descido para sua sala, achei que deveria fazer o mesmo. Passei por entre os corpos animados do teatro, alguns pais ainda estavam sentados silenciosos, esperando conhecer o rosto que educará seus filhos durante todo o ano. E se eles não gostassem? Pensei. Será que existia a possibilidade de sermos despedidas por não agradar aos pais? Balancei a cabeça e saí da grande sala escura. Desci as escadas rapidamente e logo cheguei a minha sala. Uma garota de farda azul e branca já se encontrava ali.

— Alice Monteiro? – perguntou. Ela aparentava ser jovem.

— Sim. É a minha estagiária? – a garota de cabelos dourados assentiu. Sorri – Qual o seu nome? – perguntei, delicada.

— Diana. – disse, enquanto os primeiros pais entravam na sala.

— Mais tarde conversamos melhor. Agora vamos recebê-los. – sussurrei em seu ouvido.

Enquanto Diana arrumava as pequenas cadeiras e aconchegava os pais e alunos, eu fui para a porta, para recepcioná-los. Meu coração pulava de animação ao ver o rosto brilhante de cada criança. Era com elas que eu passaria um ano inteiro, que eu ensinaria, que eu aprenderia novas coisas. Com elas passaria momentos de orgulho e felicidade. Sorri, olhando cada uma. Fiz uma contagem mental, só faltava uma. Olhei esperançosa para o corredor e senti uma onda de alegria correr pelo meu corpo, quando uma mulher e um garotinho de cabelos castanhos  se aproximavam de minha sala.

— Bom dia! Sejam bem vi... – comecei.

— Eu preciso ficar com ele aqui? – a mulher de cabelos negros perguntou, entediada.

— Han? – foi só o que saiu da minha boca. Uma expressão confusa tomou a minha face e os meus olhos pousaram no garotinho animado. – Sim – controlei a voz, tentando não gaguejar. – Hoje haverá somente uma interação entre pais, alunos e professores. Portanto, a senhora deveria acompanhar seu filho ho...

— Ele não é meu filho. – seu tom era ignorante e impaciente – Sou a babá, e não sou paga para assistir a aula do garoto. – ela puxou a mão do garotinho e ordenou – Vamos, Nicolas. Não pode ficar aqui hoje!

— Mas eu quero conhecer meus amiguinhos! – protestou.

— Já disse que não! Vamos! – ela puxou mais uma vez a mão do menino, e ele se moveu de contra gosto. Quando olhou para trás, sua expressão animada havia sido trocada por uma face triste, quase chorosa.

Senti vontade se tirá-lo das mãos daquela mulher, mas a única coisa que fiz foi observá-lo, ao passo que ele andava pelo corredor e avançava para a saída.


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Notas finais do capítulo

E então?? Mereço um review, uma favoritada ou um acompanhamento? Por favor, diz que sim!! *u*

Enfim pessoas lindas, obrigada por terem lido. Logo postarei o próximo! Beijo no coração e boa semana!