Nancy Ahlert - Vivendo o medo Segunda temporada escrita por Letícia Pontes


Capítulo 24
A volta dos que não foram


Notas iniciais do capítulo

Bom, estamos praticamente no final.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/710557/chapter/24

 

Ainda podia sentir o sangue em minha boca então abri os olhos e me vi sugando tudo que podia do corpo da mulher que me socara. Pulei abruptamente para trás e fiquei sentada ainda no chão molhado vendo o corpo imóvel estraçalhado. O que eu fiz¿ Quantas pessoas eu iria matar¿ Eu só tinha alguns meses com Nosferatu e já tinha matado e causado mortes mais do que imaginara. Comecei a chorar e levantei rapidamente para sair daquele bar. O banho havia sido praticamente inútil, já que agora eu tinha sangue pelo meu corpo. Iriam achar o corpo cedo ou tarde. Corri o mais depressa que pude.

Quatro da manha.

Eu estava parada em frente a minha casa cansada e ofegante. Eu estava de volta. Era finalmente a minha casa. Meus pais provavelmente estavam dormindo e não acordariam tão cedo. Iria vê-los, deixar um recado, pegar algumas coisas e sumir novamente. Abri a porta devagar. A casa estava mais escura que lá fora que já surgiam os primeiros raios de sol. As cortinas fechadas e um breu total. Que saudade da minha casa. Senti um sorriso formar em meu rosto. Queria visitar cada cômodo e guardar cada detalhe em minha memória. Adentrei a sala em passos lentos e um clarão repentino me assustou. Pisquei meus olhos rapidamente e depois os fechei forte porque achei estar delirando. Abri novamente os olhos arregalando eles para ver se enxergava melhor. A luz da sala havia se acendido e eu podia ver claramente uma cena surreal.

— Oi amiga!

A minha pele arrepiou ouvindo aquela voz. Era um sonho¿ Eu continuava sem piscar. Não sei exatamente o que mais me incomodava naquela cena. Vilma parada a minha frente sorrindo, os dois caras com cara de segurança de boate parados um em cada canto da sala ou meus pais amarrados e amordaçados com cara de assustados e lágrimas nos olhos. Eu não sabia o que fazer primeiro. Decidi abraçar Vilma. Mas antes que pudesse abraçar meu sorriso se desfez quando ela me empurrou com uma força sobre-humana contra a parede lá atrás. Caí sentada no chão e olhos ainda arregalados sem saber o que estava acontecendo.

—Surpresa¿ Deve estar não é¿

—Vilma...como sobreviveu¿ Porque meus pais estão amarrados¿

—Sobrevivi¿ Eu não sobrevivi! – Ela falava com cara de nojo e raiva ao mesmo tempo. – Você me matou e me transformou nisso!

— Impossível... – falei mais para mim do que para ela me levantando ainda confusa – Vilma, existe um conselho e se eles souberem que você existe eles vão vir atrás de voce...

Ela deu uma gargalhada e sentou no sofá entre meus pais.

—Você é bem burra né¿ - ela estava me assustando e eu estava mais perdida do que cego em tiroteio – Você me transformou em Nosferatu amiguinha, e eles vieram atrás de mim. Eles providenciaram o sumiço da filmagem do meu quarto no hospital e eu vi tudo. Você me atacou, me matou. Bela amiga! Eu sei que eu estava tentando me matar, mas não era pra ser da sua forma. Não era pra depois que eu morrer, me levantar do túmulo e continuar andando e bebendo sangue humano. – Ela estava irritada e eu cada vez mais assustada – Sorte a minha o conselho me achar.

—Vilma, aquilo foi um acidente. Me perdoa! Eu tinha sido transformada e não sabia, eu não agi consciente. Foi um instinto animal, demoníaco. Não era eu.

—Sem essa! Você me transformou nisso. Não tem perdão. Mas sabe de uma coisa¿ Me prometeram muitas coisas e eu não pude recusar. Basta eu entregar você a eles. E eu sabia que mais cedo ou mais tarde você voltaria aqui.

Eu me aproximei da janela e fiquei de costas para ela olhando Vilma nos olhos e procurando palavras.

— E porque meus pais estão amarrados¿

— Dã! Queria mesmo que eles acordassem de madrugada e tivesse uma reunião da assassina e a assassinada aqui na sala deles¿ Preferi acorda-los antes, queria que vissem a filhinha deles.

—Não deveria ter feito isso – falei com lágrimas nos olhos ao ver os olhares de meus pais para mim. Eles suavam e choravam com gemidos baixos e olhares desesperados.

— Me poupe, Nancy! Ah! – Ela se levantou e ficou atrás do sofá com as mãos apoiadas no ombro de cada um dos meus pais – qual você ama mais¿

—O que¿

— É essa mesma a pergunta. Responda!

— Eu amo os dois igualmente! Qual o seu problema¿

— Eu sei que sim. Mas escolha um.

Me mantive calada e assustada olhando para eles e sem saber o que fazer.

— Ok! Eu escolho então! - ela disse

Não tive nem tempo para pensar, Vilma cravou os dentes no pescoço de minha mãe ao mesmo tempo em que os dois gorilas que antes ocupavam cada um, um canto da sala, agarravam meus braços e tampavam a minha boca abafando meus gritos desesperados; sentia as minhas pernas suspensas se debaterem e as lágrimas encharcarem meu rosto fazendo meu cabelo grudar na pele. Demorou uns cinco minutos até minha mãe parar de se debater e meu pai que havia se jogado no chão olhava incrédulo e provavelmente em choque pois não fazia nenhum movimento nem barulho, e  suas lágrimas haviam secado. Eu estava vendo a minha mãe morrer na minha frente e não conseguia fazer nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nancy Ahlert - Vivendo o medo Segunda temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.