Nancy Ahlert - Vivendo o medo Segunda temporada escrita por Letícia Pontes


Capítulo 23
A moça no banheiro


Notas iniciais do capítulo

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Sentir a ardência na pele era um castigo que eu estava me permitindo. Por tudo que eu tinha feito. O que eu havia me transformado¿ Um demônio assassino, uma fugitiva da polícia e uma decepção para a família. Minha família...E queria tanto vê-los. Agi pela emoção e decidi ir vê-los. Sabia que demoraria pelo menos uns dois dias para chegar lá, mas quem liga¿ Comecei a correr com toda a velocidade que pude em direção a minha antiga cidade.

Já eram nove da noite quando decidi dar uma pausa prolongada e dormir um pouco. Provavelmente já tinham se dado conta do meu sumiço lá na mansão. Ou estavam procurando pelos arredores, ou já tinham partido em minha direção. Procurei um lugar escuro e escondido para dormir e descobri uma fábrica abandonada. Ótimo. Dormiria como uma linda morceguinha e acordaria em uma ou duas horas para continuar.

Meia noite

O som alto de ferro caindo me acorda e percebo que dormi mais do que o esperado. Fico em total silencio apenas de olhos abertos observando o lugar de cabeça para baixo. Tenho certeza que ouvi barulho. Ou foi um sonho¿ O barulho em seguida comprova que havia realmente alguém ali. Andei pelo teto observando lá de cima o chão e se via algum movimento. Nada. Ninguém. O barulho que havia ouvido duas vezes a minha esquerda não se repetiu. Por via das dúvidas continuei ali mais uns dois minutos e depois rapidamente sai do local e fiquei em terra firme do lado de fora. A lua estava incrivelmente linda e amarelada no mais alto do céu. O lugar era completamente vazio. Alguns mendigos e o barulho do mar ao meu lado eram as únicas coisas no ambiente. Alonguei-me rapidamente olhando para os lados. Normalmente eu etária assustada em um lugar daquele. Na verdade nunca iria a um lugar daquele. Mas nada mais em minha vida era normal. Olhei se não havia ninguém por perto e coloquei o pé na estrada.

Não aguentava mais correr, minhas pernas pareciam dormentes e minha cabeça cansada de pensar, ouvir, farejar, correr. É, meu cérebro não aguentava mais trabalhar sem parar em tanta coisa o dia inteiro. Parei e entrei em um bar com a cabeça baixa e coberta. Fui até o banheiro e contei quanto eu tinha de dinheiro. Precisava de um banho, mas não tinha dinheiro o suficiente ora pagar um hotel. Abri as portas de cada banheiro ali. Sorte a minha: o último tinha chuveiro. Tirei a roupa rapidamente e peguei sabonete liquido na pia. O sabonete fedia mas ao menos lavaria minhas partes mais necessitadas. Estava me enxugando com papel higiênico quando alguém entrou no banheiro.

—Mas que... – Ela falou alguns palavrões e ouvi passos na agua. – quem molhou todo o banheiro¿

Fiquei em silencio ainda em enxugando e comecei a vestir minhas peças íntimas.

— Eu vou arrancar o seu pescoço – os passos se aproximaram da porta e ao me abaixar para vestir a calça vi um par de sapatos de couro parada a frente da porta do banheiro em que eu estava – abre essa porta sua imbecil, fez eu molhar minha jaqueta

— Sua jaqueta¿ É o chão que esta molhado, e sua jaqueta quem é atingida¿ Estava deitada no chão¿ - Improvisei enquanto terminava de me vestir e ouvi o silencio que se seguia.

Aquilo não era bom. Coloquei o capuz e o dinheiro enfiado no sutiã e esperei três segundos até decidi abrir a porta, mas antes que eu o fizesse a mulher do lado de fora esmurrou a porta com tanta força que eu assustei e bati na parede com os olhos arregalados. Eu estava ferrada.

—VOCÊ ESTÁ DE BRINCADEIRA COM A MINHA CARA¿ ABRA ESSA PORTA¹ EU VOU QUEBRAR SEUS DENTES! UM-POR-UM!

Ela me assustava mas eu precisava sair dali. Destranquei a  porta ainda ouvindo ela batendo violentamente e em uma das batidas a porta já destrancada se abriu com tudo. Me vi paralisada olhando uma mulher corpulenta com roupa de motoqueira – naquele calor miserável – me encarar com ódio no olhar.

— Desculpa moça, foi só uma jaqueta.

Porque eu não fiquei calada¿ Vi quando seu punho se fechou e acerto minha cara como se fosse em câmera lenta mas u não fiz absolutamente nada para impedir. Ela era duas do meu tamanho e reagir seria estranho. Apesar e saber que eu conseguiria na boa. Senti meu rosto ficado quente assism que seu punho atingiu minha bochecha esquerda. Em seguida ela me puxou pelo cabelo para fora do banheiro e me jogou na pia fazendo minha costa bater violentamente e doer como se tivesse sido partida ao meio. Eu estava furiosa.

—Pare! – gritei irritada

Mas ela riu alto e estralou os dedos dando a entender que continuaria. Ela só quria brigar, bastava um motivo bobo. E eu só queria ir para casa. Vi seu punho se fechando novamente como em câmera lenta e vir direto para meu rosto. Teria me acertado se eu em velocidade anormal não tivesse dado um passo para o lado. Ouvi o estilhaço e o vidro do espelho se espatifando.

Senti o cheiro doce de ferro e olhei para o lado, depois vi o sangue no espelho e na mão da mulher corpulenta. Ela falava alguma coisa que eu não ouvia e me olhava com um ódio maior que o de antes. Senti meu rosto se transformar e eu dei alguns passos para trás. Eu sabia o que estava acontecendo, e eu não podia deixar. Não sei exatamente como foi em seguida. Ela novamente veio me socar e eu segurei seu pulso quebrando-o. Quis pedir desculpa mas no conseguia falar, minha mente estava tomada pelo pensamento de sangue. Ela fazia uma cara de dor e provavelmente gritara mas eu na ouvia. Lambi sua mão e depois...não sei o que houve.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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