Nancy Ahlert - Vivendo o medo Segunda temporada escrita por Letícia Pontes


Capítulo 22
Mais um lanchinho




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Já era nove da manha e eu não havia conseguido pregar o olho uma só vez desde aquele beijo. “Preciso descansar.” Sério¿ Era a melhor cosa a se falar depois de um primeiro beijo com alguém¿ Com tantos anos nas costas achei que ele fosse mais criativo. Fazer o que né¿

Não faço a menor ideia do que estava na cabeça, mas levantei e decidi o que faria enquanto todos dormiam. Coloquei uma calça leggin blusa de manga comprida, um casaco, tênis e touca. Não estava frio, mas tinha que me esconder do sol o máximo possível. E então peguei um atalho e corri o mais depressa que pude para onde eu mais queria.

Fazia bastante tempo desde que entrara em um fast-food. Abri a porta e respirei fundo, queria sentir o cheiro de óleo e refrigerante do lugar, mas... Aquilo me deu nojo. É, as coisas estavam diferentes agora. Ignorei e adentrei ao recinto me sentando à mesa mais isolada do lugar. Podia ver todos de onde estava, com suas vidinhas normais, fazendo coisas normais. A garçonete veio até a minha mesa e esperou eu escolher o que queria do cardápio. Evitei olhar nos olhos dela e apenas pedi um suco de limão – meu favorito. Esperei alguns minutos enquanto observava todos e prestava atenção a algumas conversas banais até que algo em chamou a atenção. Na TV, uma foto minha e uma da Vilma. Só podia ser brincadeira.

“As buscas pelo corpo de Vilma foram encerradas na noite de ontem. Sua suposta assassina e melhor amiga Nancy ainda não foi encontrada e a polícia talvez passe a deixar a busca em segundo plano.”

Senti lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto e cobri minha cabeça com o casaco novamente. E se me reconhecessem¿ Abaixei a minha cabeça sobre a mesa e continuei um choro silencioso enquanto revivia a cena da morte de Vilma. Em seguida as cenas se misturaram com a do presidiário que matei. A morte de Vilma foi uma a acidente terrível, a  dele não. Me levantei com pressa querendo sair logo daquele lugar que começava a me atormentar. Esbarrei no copo de suco que caiu no chão assustando a todos. Não queria que vissem meu rosto então apenas tirei uma nota de cinquenta reais do bolso e coloquei sobre a mesa sem ainda levantar a cabeça. Sentia todos me olhando, as lágrimas caindo, a garçonete se aproximando reclamando e dizendo que eu tinha que pagar. Passei por ela esbarrando em tudo e todos e olhando para o chão. Sai pela porta principal e ainda ouvia ela gritando algo comigo. Ela se acalmaria quando visse o dinheiro na mesa.

Andei devagar pela rodovia até chegar a um matagal baixo por onde eu cortaria caminho. Parei a beira da estrada e fiquei observando o lugar seco. Já deveria ser meio-dia ou por aí, o sol estava de rachar e aquilo estava me dando coceiras e ardência. Talvez eu devesse parar de caminhar e correr para a mansão. Mas não estava afim. Só queria sumir.


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