A loucura da alma escrita por Marie Ann


Capítulo 6
Caindo na escuridão


Notas iniciais do capítulo

Oi Puddinzinhos.
Como prometido, o segundo capitulo de hoje.
Ah, vejam esse link antes de começarem a ler, é sobre o que esse capitulo ira mostrar, pra dar aquela emoçõazinha haha.
Sem enrolação, boa leitura.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=qpcOiCJqOz8



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{...} Quando se deu conta do que estava fazendo arregalou os olhos, e afastou de súbito a cabeça.
— Não... – Sussurrou pasma.
— Não se preocupe Doc. – Ele sorriu – Eu não vou contar pra ninguém.

Ela saiu desesperada da sala, e ainda no corredor pode ouvir a risada macabra ecoar por todos os cantos. 

{...}

Quando chegou em sua sala o que fez foi trancar a porta e sentar-se embaixo da mesa. Não sabia exatamente o porquê fez aquilo, mas se sentiu mais segura daquele jeito. Como pode deixar isso acontecer? E o pior... Como pode aceitar e gostar do que aconteceu? Não queria admitir, mas estava completamente atraída pelo Coringa. Em apenas três dias... É como se ele tivesse algum poder especial que a impelisse, como um imã onde o negativo puxa o positivo. Talvez a loucura... O olhar insano... A risada... Existiam coisas nele que a deixavam sem reação. Queria tanto compreende-lo que acabou se esquecendo de compreender a si mesma.
“A loucura é contagiosa”, foi o que ouviu uma vez de um dos seus pacientes.
Bateu com a cabeça na parede num gesto desesperado de espantar os pensamentos.
— Droga Harleen Quinzel... O que esta acontecendo com você? – Murmurava para si mesmo, mas a única coisa que escutava de volta era a risada macabra do seu paciente mais perturbador.
“Ele não tinha culpa” pensava ela “Ele sofreu demais... Não deveria estar aqui sendo tratado como um monstro, Ele não é um monstro”.
— Ele sente algo por mim... – sussurrou, tocando os lábios com a ponta dos dedos. Sentiu um sorriso preencher seu rosto. Se ele fosse realmente psicótico, psicopata, entre outras denominações, não a teria beijado. Sabia disso... Essas pessoas são incapazes de sentir algo, e não foi o que ele demonstrou quando tentou acalma-la durante uma crise de ansiedade... Nem com o beijo.
— Ele só queria alguém que o compreendesse – Ela se levantou – É... É disso que ele precisa.
Estava convencida de que estava conseguindo cura-lo. Precisava só deixa-lo mostrar seu lado humano.
 

                                                            ***

Com o passar das sessões ela ficou mais intima de Coringa. Os guardas não ficavam mais nas celas depois do ultimo episódio, então tinha liberdade de toca-lo... Beija-lo... Senti-lo.
E a cada sessão, o Coringa a deixava mais louca por ele. Sabia manipular, sabia usar as palavras para afetar o psicológico de quem quisesse. Não contou que fosse tão fácil, achou que por ela ser psiquiatra fosse um pouco mais difícil de chegar dentro de sua mente.
 “Os psiquiatras são loucos que tentam curar outros loucos... Pois não conseguem curar a própria loucura” pensava ele, quando ela se entregava em seus braços.

Mas o intuito do plano do palhaço deu inicio em uma tarde de quinta feira, quase um mês depois do primeiro beijo. Precisou ter certeza de que Harleen estava completamente submissa a ele. Precisou ter certeza de que ela faria tudo o que ele pedisse.
Primeiro conseguiu com que ela trouxesse um bichinho de pelúcia.
Depois, pediu cigarros.
Uma garrafa de conhaque.
Coisas pequenas, mas que ela atendia sem questionar.
E então, depois de prensa-la na parede e penetra-la lentamente, olhou bem fundo em seus olhos:
— Preciso que faça uma coisa para mim... – Sussurrou ele, com a voz rouca e cheia de malicia.
— Qualquer coisa. – Ela gemeu, passando as mãos por suas costas.
Ele a encarou arfando.
— Preciso de uma metralhadora.
Ela ficou sem reação. Achou que fosse uma piada, mas mesmo com o sorriso no rosto do palhaço, ela percebeu que ele falava sério.
— Onde vou conseguir uma metralhadora? – Ela questionou. Ficou surpresa consigo mesmo, pois não pensou em negar nem por um segundo. Sua preocupação era onde iria conseguir, e não por que ele queria uma. Ele passou as mãos pelos seios dela.
— Tem um cara que trabalha para mim... – Continuou ele, distribuindo beijos pelo pescoço de Harleen – Johnny. Você vai até ele, dizendo que eu mandei. – Deixou um chupão perto da orelha – E vai dizer também que quero que ele esteja aqui amanhã, às cinco horas em ponto.
Ela concordou com tudo, estava muito fora de si para negar.

Foi até onde deveria encontrar o rapaz logo que saiu de Arkham, com pressa, pois temia que Gordon a enchesse de perguntas como vinha fazendo no ultimo mês. Era algo parecido com uma boate, mas tão escondida que quase não achou a entrada, que ficava no subterrâneo. Entrou com cautela, observando o ambiente. E chegando no meio do salão percebeu que estava cercada por criminosos, pois reconheceu o rosto que via nos noticiários eventualmente. Procurou o rapaz pela descrição dada por Coringa, e não tardou a acha-lo.


— Johnny? – Perguntou assim que se aproximou no homem, que bebia no balcão.
— Quem quer saber? – Johnny respondeu rude.
— Eu sou Harleen Quinzel e...
— Não perguntei quem você é, pareço interessado? – Ele a olhou de cima a baixo. “Todos os amigos do Senhor C são loucos?” pensou ela pigarreando.
— O Coringa não mencionou que você seria tão idiota – Ela soltou, confiante. No mesmo instante o homem perdeu a cor do rosto. Olhou para todos os lados e puxou a doutora para um canto escuro da boate.
— Como você sabe sobre o patrão? – Ele sussurrou, empunhando uma faca próxima ao pescoço de Harleen. Ela se admirou com a própria reação, que ao invés de sair correndo e temer por sua vida, estava calma e determinada.
— Sou... – Ela ponderou do que deveria dizer. Amiga? Namorada? Amante? Optou pela informação que haveria provas – Sou a psiquiatra dele.
— Aha... Você esta no lugar errado docinho, aqui não é Arkham... Ninguém esta usando camisa de força. – Ele sorriu com maldade, insinuando que ela estaria em perigo se revelasse trabalhar para Gordon.
— Escuta Johnny, eu não vim aqui pra ficar te ouvindo jogar metáforas pra cima de mim. – Ela cruzou os braços – O senhor C quer a metralhadora.

Johnny se calou. Não sabia se podia confiar nela.. Mas e se fosse verdade? Coringa o esfolaria vivo se não atendesse seu pedido.
— Prove! – Ele apertou um pouco mais a faca contra o pescoço de Harleen. Ela calmamente tirou a ficha de Coringa da bolsa, entregando na mão livre do homem.
— Isso não prova nada. – Ele atirou a pasta longe.
— Uh... E que tal isso? – Ela segurava um gravador na mão, e apertou o botão de reproduzir.
“Johnny, meu mais fiel companheiro... Depois do Batsy é claro HAHAHAHAHAHA. Certo. Uma moça bonita deve estar parada na sua frente, e eu espero mesmo que você não esteja com uma faca no pescoço dela... Ou vai ter sérios problemas.”
Ao ouvir essas palavras, Johnny abaixou a arma como se o próprio Coringa estivesse em sua frente ordenando.
Entregue minha metralhadora pra Harley, sem perguntas, e siga as instruções dela. E ah, dê uma lustrada na minha belezinha, sabe que eu odeio aquelas manchas de dedos... Bye Bye”.
 

Depois o barulho da estática preencheu o aparelho, e Harleen o encarava com o rosto impaciente.
— Eu... É... – Começou Johnny, mas Harleen o interrompeu.
— Tudo bem você sente muito... Ou sente medo. – Ela sorriu.
— Como vai levar a arma? – Ele mudou de assunto constrangido.
Harleen tirou de sua bolsa uma capa de contrabaixo dobrada, poderia facilmente esconder até duas metralhadoras lá dentro.
— Tá... Mas como vai entrar com isso lá? – Johnny já havia chamado um dos outros capangas – Steve, seu inútil venha aqui!
— A sua parte é apenas me entregar à arma... Pode deixar que eu me viro com resto – Estava impaciente.
— O que você quer? – Perguntou o loiro chegando perto.
— Traga a arma do patrão... – Johnny disse e o homem obedeceu, mas antes de ir o moreno continuou – E... Passe um paninho antes.


Ficaram em silencio. Johnny queria perguntar por que ela estava o ajudando, mas a mulher parecia tão louca quanto ele, ou pelo menos, quase. O homem loiro trouxe a arma, com todo o cuidado. Harleen a guardou na capa do instrumento e encarou Johnny.
— Você deve estar com os outros homens as cinco em ponto nos fundos de Arkham, lá é o ponto cego. Os guardas trocam de turno as quatro e quarenta e cinco. – Ela começou – E assim que ouvir tiros, entre em ação. Vou deixar a porta aberta. Não se atrase.
Ele concordou com tudo sem questionar, e acompanhou Harleen até a saída da boate para garantir que ninguém mexeria com ela. Mas antes da Doutora ir embora ele segurou em seu ombro.
— Será que você pode... Sabe... Deixar o lance da faca entre nós?
Ela reprimiu gargalhada.


Ela estava feliz. Tinha certeza que ele estava apaixonado por ela, e queria sair de lá para fugirem juntos e viver uma vida normal... Afinal, ela estava tão apaixonada por ele que achou que estivesse curado.
Gordon havia percebido que a Doutora andava um tanto estranha, pediu alta para o Coringa duas vezes, mas ele negou por motivos óbvios. Ela jurava que ele estava melhor e que podia sair, e continuar com o tratamento em uma clinica. Mas Gordon pensou ser apenas uma frustação da doutora por não conseguir nada, não achou que ela iria até o ponto de ajuda-lo fugir.

Ela passou aquela noite em claro. Escreveu nas paredes todo o plano dúzias de vezes. Desenhou mapas, rotas, cálculos... Todo esse tempo achou que o Coringa estava curado, mas não percebeu que ela que estava começando a pensar como ele... Estava enlouquecendo.

No dia seguinte estava tudo pronto. Ela estava com a capa do contrabaixo, onde dentro estava à metralhadora. Na entrada da cela disse aos guardas que iria tocar um pouco para o Coringa, e que fazia parte do tratamento. Como já houve desentendimento com os guardas e o Coringa estava há muito tempo se comportando bem, a deixaram passar sem a revista.
Quando entrou ele veio logo a seu encontro, lhe dando um beijo demorado.
— E então querida? – Ele sorriu.
— Tudo esta como o planejado, Puddinzinho. – Ela falou eufórica.
Ele pegou a capa do instrumento e abriu. Os olhos dele brilharam quando ele viu a semiautomática com laser.
— Você é incrível. – Ele disse, sem olhar para Harleen. Ela se derreteu.
E então colocaram o plano em ação. Ela entregou um grampo de cabelo para Coringa, para que ele pudesse abrir as algemas que prendiam seus pés. Depois saiu da cela dizendo que tinha esquecido algo. Deu a volta pelo outro corredor e chegou à porta dos fundos. Destrancou. Assim que deu dois passos em direção oposta, ouviu os tiros vindos da cela do coringa. Antes de conseguir ir a sua direção a porta se abriu, e dela entrou muitos homens com máscaras animadas e uns até com fantasias completas. Achou engraçada a fantasia de panda e soltou uma risadinha.
“Qual deles seria Johnny?” pensou consigo mesmo.
Os homens começaram a atirar sem parar, e ela colocou as mãos sobre a cabeça correndo na direção oposta dos tiros. Sentiu uma dor intensa em sua perna, e caiu. Havia sido atingida de raspão.
Arrastou-se pelo corredor em busca de seu amado.
Em nenhum momento passou pela cabeça dela o que tinha feito. Estava preocupada com o Senhor C. Conseguiu sair da mira por alguns instantes, e os homens prosseguiram corredor a dentro, sem cessar fogo. Achou que estava segura, mas ouviu passos.
Sentiu alguém a segurar pelo braço e a erguê-la do chão. Era um homem fantasiado de Batman.
— Eu estou do lado de vocês! – Ela gritou. Mas o homem a arrastou para uma sala a esquerda. Se Harleen estivesse prestando atenção saberia que era a sala do eletrochoque.

Ele a colocou em uma maca e a amarrou com as tiras de couro na lateral. Ela se debatia e gritava pelo o que parecia horas, escutava os tiros lá fora e estava temendo pelo seu amado, mas parou assim que escutou a risada.
Aquela risada.
Olhou em direção da porta e viu ele.
Estava sem camisa, usando luvas roxas e com a metralhadora nas mãos.
Ele chegou perto dela e a encarou. E então ela percebeu o quão insano ele estava. Não tinha nenhum indicio de cura em seus olhos. Mas mesmo assim, ainda queria toca-lo.
— Você vai me matar? – Ela perguntou, enquanto ele deixava a metralhadora de lado e se posicionava atrás dela. O Coringa apontou uma luz forte contra o rosto de Harleen, que ficou zonza.
— Não, eu não vou te matar – Ele dizia em meio a tiques nervosos. – Eu vou te machucar... – Ele esfregava os aparelhos de eletrochoque um no outro, produzindo um ruído desesperador – E vai... Doer... Demais. – Sorriu insanamente no fim da frase. 


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Notas finais do capítulo

Queria dizer que esse lance do "Really really Bad" realmente é dificil de se enquadrar em uma tradução. Usando uma tradução literal seria " Muito Muito Ruim", mas eu não acho que fique impactante. Também acho a "Muito Muito Mesmo" rasa demais, e não passar um ar ameaçador. A que eu usei ali é a que, na minha opinião, fica mais sombria e passa uma maior sensação de desespero. E vocês, o que acham?



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