A loucura da alma escrita por Marie Ann


Capítulo 4
Paciente 167 - Sessão III


Notas iniciais do capítulo

Olá puddinzinhos.
Vou ter que postar com menor frequência agora, estou estudando pra uma prova importante que vai ser semana que vem. E to quase indo pra Arkham por que eu to ficando doida com tanta coisa pra estudar. Me desculpem.
Mas aqui esta mais um capitulo, espero que gostem.
Dedico pra diva que comentou.



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Ir para o trabalho no dia seguinte foi um desafio. Ficou receosa ao sair de casa, por mais que soubesse que era impossível que o Coringa tivesse ido realmente à sua janela na noite passada.
— Nem se ele fosse uma mosca ele sairia de lá – murmurou para si mesma já no metro, olhando para todos os lados.
Não sabia se o que estava sentindo era medo de encontra-lo ou euforia.
Chegou ao manicômio quinze minutos atrasada, e encontrou Gordon em sua sala, os papéis estavam revirados.
— O que houve aqui? – Ela entrou devagar, observando a cena.
— Harleen Quinzel, eu estava preocupado com você – Ele se justificou e ela entendeu do que se tratava. Ele estava procurando pistas de alguma coisa.
— Me atrasei quinze minutos Gordon, não é o bastante para começar uma busca por mim – Reclamou, um pouco irritada pela invasão.
— Você não atendeu o celular, saiu ontem mais cedo. – Ele respondeu.
— Esqueci de coloca-lo para carregar – Cruzou os braços. – E tive problemas pessoais para resolver, achei que tinha te deixando uma mensagem.
Ele suspirou e ela entendeu. Era por causa do Coringa.
— Escuta – Começou a Doutora – Eu estou segura. Ele esta acorrentado atrás de duas grades e uma porta de aço. Não tem como sair dali mesmo que eu quisesse.
Gordon não respondeu, apenas concordou com a cabeça num gesto sutil, sentindo-se envergonhado. Saiu da sala sem se despedir, e Harleen não mencionou o fato de que talvez sua mente não estivesse segura. E também não estava certa se não queria deixa-lo ir.

Chegou à cela do seu único paciente e o encontrou deitado no chão. Estava com a camisa de força e os pés acorrentados, mas mal dava para perceber a sua respiração.
— O que houve? – Ela se dirigiu aos guardas que a acompanhavam na sala.
— O palhaço teve um ataque de histerismo – Comentou um dos guardas com um sorriso – Tivemos que seda-lo.
Harleen ficou furiosa. Não admitia que tratassem seus pacientes como animais. Não entendeu o porquê das algemas e da camisa de força se ele estava sedado. Então, ajoelhou-se ao lado dele e começou a desatar as fivelas da camisa.
Um dos guardas começou a andar em sua direção.
— Doutora você não pode fazer isso... – Ele repreendeu, mas antes de chegar perto ela o encarou
— Não me diga o que fazer com meus pacientes! – Gritou – Eu sou a droga da médica aqui e tomo as medidas que acho necessárias.
— Não me responsabilizo mais por você, Doutora – O Guarda fechou a cara e caminhou para a porta da cela, saiu sem olhar para trás. O segundo guarda ficou atônito, e Harleen se dirigiu a ele.
— Pode ir também, se quiser. – Disse de maneira seca, e quando terminou de tirar a camisa de força do homem de cabelos verdes, o segundo guarda não pensou duas vezes antes de deixa-la sozinha na sala.

Foi então que ela viu que ele estava sem camisa, a pele extremamente branca ostentava tatuagens. Não conseguiu prestar atenção em todas, só notou que eram confusas e não seguiam um padrão. O Coringa estava com os olhos fechados, e assim que sentiu seus braços livres os abriu.
Harleen foi surpreendida, e cambaleou para trás caindo sentada no chão. Ele se inclinou na direção dela lentamente, a deixando paralisada com os olhos vidrados nele. Os óculos estavam quase escorregando de seu nariz, e o dedo anelar do Coringa os ajeitou delicadamente. 
— Obrigado Puddinzinho – Ele sussurrou, mostrando o sorriso prateado.
Ela não conseguia responder. Estava hipnotizada pelo olhar insano daquele homem. Ele passou os dedos levemente pelo rosto da doutora, que estremeceu com a pele fria.
Ele se levantou sem dificuldade e deu a mão para ela, que aceitou sem saber o por que. Já em pé tentou retomar a consciência. Passou as mãos pelos cabelos e pigarreou.
— Bom senhor C. – Começou com a voz falha – Sente-se.
Nunca o tinha visto assim tão... Livre. Estremeceu.
Mas o palhaço do crime simplesmente caminhou até a cadeira de metal e se sentou, fazendo um barulho estridente de correntes arrastando contra o chão.
Ela hesitou, mas sentou-se também a sua frente.
— Esta com medo, Doc.? – Ele sorriu, se inclinando para frente e colocando os braços sob a mesa.
Sim, ela estava. Estava se repreendendo por solta-lo. Agora estava trancada com um louco, quem a ouviria gritar?
— Achei que estava sedado – Comentou ela em resposta. Não teria como ele se levantar normalmente depois de tomar um sedativo na veia.
— Ah sim... Isso é bem engraçado. – Ele encostou-se à cadeira novamente e passou as mãos por trás da nuca. – Parece que... Eu sou um pouco imune à medicação. 
Ela não soube como reagir. Estava se sentindo estranha. Ao mesmo tempo em que queria sair correndo, queria toca-lo.
— Então fingiu estar dormindo? – Ela sussurrou.
— Vai me dizer que nunca mentiu na vida? – Ele deu o típico sorriso de orelha a orelha.
Ela não respondeu. Sentiu-se estupida por ser enganada por um louco. Mas tentou parecer normal, mas não conseguia.
— Eu acho melhor voltar mais tarde... – Ela se preparou para levantar, mas ele segurou sua mão.
— Você não precisa ter medo de mim, Doc. – Ele entrelaçou seus dedos nos dela – Se eu quisesse já teria te matado... Esse seu grampo de cabelo tem uma ponta fina demais não acha?
Ela engoliu seco e passou sua mão que estava livre sob o grampo, tentando imaginar como ele conseguiu prestar atenção nesse detalhe insignificante.
— Desculpe... Eu só... – Ela começou a falar, mas as palavras simplesmente não saiam. Estava tendo uma crise de ansiedade.
— Respire fundo, Harley... – Ele parecia preocupado, segurou a mão da doutora com força e tentou a ajudar se acalmar – Isso... Esta passando, viu só?
Ela se sentiu estranhamente segura, como se tivesse novamente seis anos e não tivesse que enfrentar mais a vida sozinha. Todo esse tempo nunca encontrou alguém que se preocupasse com ela. Sempre a trataram como um objeto, dada sua fama como prostituta na faculdade. Aquilo significou muito para ela.
— Obrigado – Sussurrou a doutora, com um sorriso de canto.
Ele estava completamente a vontade, e Harleen sentia familiaridade na presença do homem de cabelos verdes.
— O que eu não faria por você? – Ele falou sem mais nem menos, deixando a doutora sorrindo feito boba.
— Esta só sendo gentil... – Ela tentou tirar as mãos do toque dele, mas ele se recusou a soltar.
— Você é tão incrível – Ele ignorou o ultimo comentário – Quando eu sair daqui quero te levar num lugar especial.
Harleen sorriu, e apertou também a mão do homem.
— Onde? – Estava eufórica, ignorou completamente o fato de estar criando expectativas em cima de um paciente insano.
— Ahh não... É uma surpresa. – Ele inclinou a cabeça.
— Uh... Eu adoro surpresas – Ela soltou um gritinho eufórico, estava agindo como se estivessem num banco de uma praça ou tomando sorvete no parque. Ele estava conseguindo, faltava pouco.
Ela ficou encarando ele por um longo tempo, com um sorriso enorme no rosto, imaginando situações com o Coringa fora do manicômio.
 

Mas na mente insana do Coringa ele estava conseguindo o que queria. Primeiro, conseguiu com que a Doutora sentisse pena dele. Depois, com que ela o defendesse... Ficou um tanto surpreendido por ter sido tão rápido.
“Ela esta quase lá” uma voz dizia na cabeça dele.
“O que esta esperando? Mate ela” dizia outra.
“Matar não tem graça... Por que não a coloca na camisa de força e brinque um pouco com ela?” dizia uma terceira voz.
“Mantenha a calma... Deixa-a louca... louca por você”.
— Coringa – A voz de Harleen tirou a atenção dele das vozes. Ele a encarou e percebeu que estava com o olhar sonhador. Escutou sua respiração acelerada, percebeu que estava com as mãos suadas, pois as esfregava freneticamente na calça.
— São as vozes – Ele disse, se inclinando.
— E o que elas estão dizendo? – Ela perguntou.
Ele olhou bem no fundo dos olhos dela.
— A loucura é como a gravidade. Basta um empurrão pra virar realidade... – Ele murmurou as palavras, quase inaudível.
— Não isso o que elas disseram? – Harleen inclinou a cabeça para o lado, e nem se deu conta de que a frase era exatamente para ela.
— Não... Eu não posso falar – Sussurrou – Mas posso mostrar. – Sorriu.
A Doutora apenas fez um sinal positivo com a cabeça.
O Coringa se levantou devagar, deu dois passos e agachou perto dela, ficando frente a frente.
“Como meu sonho” pensou a Doutora, e sentiu um riso preso na garganta. Ela queria muito aquilo, nem sabia que queria tanto até sentir o cheiro dele.
Ele segurou o rosto dela com as mãos, se aproximou e encostou seus lábios marfim conta os lábios pálidos de Harleen.
Sem pensar duas vezes ela retribuiu o beijo com intensidade, passando as mãos pelos cabelos verdes de seu paciente, enquanto ele a segurava pela cintura com força, como se quisesse segura-la para sempre. Estava quase sem folego quando abriu os olhos, e encarou de perto o verde esmeralda que possuía um brilho especial. Coringa mordeu os lábios da doutora, que soltou um gemido abafado. Ele estava quase desabotoando a blusa dela quando ela se afastou de repente.  

Quando se deu conta do que estava fazendo arregalou os olhos, e afastou de súbito a cabeça.
— Não... – Sussurrou pasma.
— Não se preocupe Doc. – Ele sorriu – Eu não vou contar pra ninguém.

Ela saiu desesperada da sala, e ainda no corredor pode ouvir a risada macabra ecoar por todos os cantos. 


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Notas finais do capítulo

Não tenham medo de comentar, fico muito feliz quando vejo alguém falando sobre a história.
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Beijinhos.

Ps: Eu queria dizer que eu tento por foto mas as vezes não vai, sorry.



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