A loucura da alma escrita por Marie Ann


Capítulo 3
Paciente 167 - Sessão II


Notas iniciais do capítulo

Olá Puddinzinhos.
Queria agradecer os acompanhamentos.
pode parecer fácil escrever sobre esse tema já que temos gibis, series animadas e o filme como referência, mas é um trabalhão organizar informações pra que elas fiquem coerentes, sem contar na revisão pra que o capitulo fique perfeito e vocês consigam ler sem dificuldade.

Sem enrolação, boa leitura.

Ps: Capítulo Revisado.



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Harleen chegou as oito pontualmente. Passou pela recepção sem ao menos falar com as pessoas que ali estavam. Estava eufórica para mostrar para o coringa que cumpriu sua parte em levar algo para ele, e esperava que em troca ele cooperasse com a sessão.
Foi apressada até a sala de Gordon. Entrou sem bater.
— Bom dia senhor Gordon – Falou eufórica.
— Como passa Harleen? – Respondeu ele de maneira automática.
— Estou bem... – Decidiu não enrolar muito – Preciso cancelar meus pacientes de hoje, exceto um.
Gordon levantou o olhar para a loira.
— Embora eu já saiba quem é o felizardo paciente, não posso deixar de querer saber o por quê...
— Estou conseguindo ter progresso nas sessões, mas preciso de tempo. Ele é um caso delicado. Mas consegui um avanço, pela primeira vez. – Mentiu. Não tinha conseguido nada na ultima sessão, mas sua ambição falava mais alto. Gordon pareceu concordar, mas ao mesmo tempo se sentia contrariado.
— Espero que não esteja precipitada demais... Vou arranjar substitutos para seus pacientes.
Ela deu um sorrisinho de vitória, havia sido fácil demais, no caminho para Arkham ensaiou todo um discurso caso Gordon não concordasse. Não tinha certeza do por que ele concordou tão rápido, embora suas suspeitas era de que o diretor deu liberdade a ela para que se sentisse frustrada com o paciente – com fama de ser indecifrável – e largasse logo a ideia de atende-lo. 

Chegou na cela, dessa vez estava com um gravador que balançou para a policial num gesto provocativo. Ele estava como no dia anterior: camisa de força, pés acorrentado e sentado de frente para a parede. As únicas diferenças ali era que a parede ostentava mais desenhos e o homem de cabelos verdes olhou para a doutora assim que ela entrou.
— Olá Doc. – Sorriu como se estivesse realmente feliz em vê-la. Harleen acreditou.
— Como esta se sentindo hoje, senhor C.? – Falou ela de modo natural, se sentando na cadeira na ponta da mesa de metal que ficava entre os dois.
— Do que me chamou? – Ele ignorou a pergunta, olhando no fundo dos olhos dela.
— Me desculpe se não gostou... Eu só achei que poderia...
— Repete – A voz rouca e autoritária do homem a fez sentir algo no estomago.
— Senhor C. – Disse ela timidamente.
— Ah isso é maravilhoso – Sorriu de orelha a orelha. E ela ficou sem entender, embora tivesse gostado da reação.
— Eu trouxe algo para você – Ela mexeu na sacola que conseguiu entrar, depois de implorar para os guardas. O coringa se mostrou entusiasmado. Ela tirou da sacola um gato de pelúcia, cinza e com as patinhas abertas.
— Gatinho – Ela falou quase de uma maneira infantil. E ele sorriu.
— Um gatinho, que atenciosa – Ele se inclinou para frente, encostando o peito na mesa.
Ela ficou satisfeita com a reação dele, colocou o gato na mesa e pegou o gravador. Como ele não obteve nenhuma reação contraria, ela o ligou.
— Bom, já que eu fiz algo que você pediu... Quero te pedir algo – Ela sorria, e colocou o rosto entre as mãos, apoiada pelos cotovelos na mesa.
— O que você quiser Puddin – Ele tentou fazer uma expressão de carinho.
Ela ficou estranhamente feliz com o apelido que recebeu. Não sabia se havia sido no acaso ou se ele sabia que ela gostava de pudim. Mesmo sabendo que a segunda opção seria quase impossível.
— Me fale de você – Ela ajeitou os óculos num gesto automático, o coringa se ajeitou na cadeira e suspirou impaciente. Mas se lembrou de que precisava dela.
— Você já teve um dia ruim, Doc.? – Ele a olhou, parecendo frustrado. Não esperou ela responder. – Eu já tive muitos.
— Qual foi o dia ruim que deu inicio a isso? – Ela estava muito interessada na história.
— Meu pai era uma pessoa violenta. Batia tanto na minha mãe que conseguiu mata-la. E depois que isso aconteceu, eu passei a ser seu alvo. – Ele começou, embora não demonstrasse nenhum sentimento ela começou a sentir pena dele – E então um belo dia, depois de apanhar muito, tive uma brilhante ideia.
Ele fez uma pausa dramática, pois percebeu que ela estava curiosa.
— O que você fez senhor C.? – Ela cruzou as pernas.
— Enquanto ele dormia eu coloquei fogo na casa – Ele abriu um sorriso – Você já teve a oportunidade ver um corpo queimando? É uma obra de arte – E ao terminar a frase, soltou uma gargalhada.
A doutora ficou perplexa com a confissão. Ao mesmo tempo em que queria abraça-lo e dizer que tudo havia acabado também queria sair correndo.
— Algum problema, Doc.? – Ele se inclinou novamente.
— Não nenhum eu... Eu... – Ela procurava palavras, mas não as encontrava. Inclinou-se também na direção dele, ao ponto de poder sentir sua respiração. – Eu sinto muito – Ela sussurrou.
— Me sinto tão bem falando com você, Puddin. – Ele se aproximou um pouco mais. – Por que não me diz seu nome? – Ele sorriu. Eventualmente o olho esquerdo dele tremia, enfatizando seu desequilíbrio mental.
— É Harleen... Harleen Quinzel – Ela respondeu automaticamente, hipnotizada.
— É um código – Ele se afastou subitamente. E ela pareceu confusa.
— O que?
— Seu nome... Harleen Quinzel... Harley Quinn... Arlequim – Ainda matinha o sorriso – Igual o palhaço.
— Ah sim... – Ela sorriu com a comparação.
— Parece que não somos diferentes, não é Doc.? – Ele inclinou a cabeça.
E então ela fechou o sorriso. Entendeu o que ele quis dizer com não serem diferentes... E não falava apenas do palhaço figurativo.
— Nossa sessão acabou por hoje, senhor C. – Desligou o gravador e começou a se levantar.
— Vou ficar com saudades... – Ele respondeu, olhando no fundo dos olhos dela. – Harley Quinn.
Ela ignorou e saiu da sala com pressa. Deu uma ultima olhada quando fechava a segunda grade e pode vê-lo sorrir e sussurrar “bye bye”.

Correu até sua sala e fechou a porta com força ficando encostada na mesma. Respirou fundo e fechou os olhos. Sentia suas pernas tremerem. Era o segundo dia de sessão e ela já estava se sentindo estranha, como se o coringa fosse capaz de sugar toda sua energia. Lembrou-se dos olhos esmeraldas e da boca cor de marfim no momento em que ele pronunciou as palavras.
“Parece que não somos diferentes, não é Doc.?”
Ela balançou a cabeça negativamente, tentando afastar aquela imagem. Teve um ataque de riso compulsivo, pensando como aquilo era ridículo. Conseguiu se recompor e decidiu comer alguma coisa; foi até o restaurante e pediu o de sempre.
“o que quiser Puddin” a voz dele novamente invadia sua mente quando ela encarou o doce no prato. Não pode conter um sorriso ao lembrar, mas se repreendeu no mesmo instante.
Decidiu tirar o resto da tarde de folga, Gordon entenderia no dia seguinte. Foi embora sem ao menos olhar para trás.

Naquela noite sonhou com ele.

Abriu os olhos e estava em um quarto fechado. Os desenhos na parede logo acusaram que se tratava da cela dele... Tentou se mexer e percebeu que estava presa em uma camisa de força, com os pés acorrentados.
Me tirem daqui! ... Isso é um engano! Gritava e se debatia, em vão.
Gordon... Diz a eles que isso é um engano! Sentia a garganta arder, e a voz sumir. Ouviu o barulho da grade abrindo, e olhou para trás.
Era ele.
Estava usando a calça preta de Arkham e um sobretudo roxo. Os cabelos estavam penteados para trás, impecáveis. Tinha um cedro em sua mão, e na ponta uma pequena estatueta de palhaço.
Senhor C... Por favor, diz a eles que isso esta errado Ela implorava, sentia o desespero na própria voz.
O coringa agachou para poder encara-la frente a frente. O sorriso de prata dele a deixou tranquila, não soube por que.
O que esta errado? Ele questionou confuso.
Eu não sou louca... Não deveria estar aqui.
Tem razão Ele se levantou Não deveria estar presa. Não com todo o potencial que tem para mostrar.
Ela o olhou confusa.
Ãn? Inclinou a cabeça para o lado. E no mesmo instante ele bateu com o cedro no chão e o cenário mudou. Viu-se no meio de Gotham, numa noite movimentada. Estava segurando uma metralhadora e ao seu lado Coringa estava com duas pistolas, uma em cada mão.
Esta pronta amor? Ele sorriu, e engatilhou a arma.
Ela concordou com um sorriso macabro no rosto, e como se não pudesse controlar os próprios movimentos engatilhou a arma e começou a atirar em tudo e em todos que apareciam pela frente.
A risada insana do Coringa cobriu todo o barulho de tiros, pessoas gritando e corpos caindo no chão.

Acordou de súbito, com o corpo suado. Olhou em direção da janela e viu ele. Estava com a mesma roupa do sonho, parado na escada de emergência. Ela esfregou os próprios olhos sentindo um calafrio, e quando olhou de novo não havia nada além de uma noite silenciosa. 


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Notas finais do capítulo

Leitores fantasmas, eu to vendo vocês ai... Favoritem e acompanhem para não perder o próximo capítulo.
Queria dizer que talvez não sei se irei continuar postando todos os dias, o que vocês preferem?
Até a próxima, beijinhos



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