P.O.V. Doutor Stein.

O caso das gêmeas Modern era... incrível! Elas se uniram a nível microcelular. E apesar da união as células delas estavam em constante estado de fluxo o que as permitia ter aparências diferentes uma da outra.

—Consegue nos separar? 

—Vocês querem ser separadas?

—Sim. Loretta quer ser bailarina, mas ela não pode porque eu tenho labirintite, eu sou asmática e ela tem medo de lugares fechados e a gente mora no décimo andar. Eu quero ser física, cientista, médica e a Loretta tem discalculia.

—Bom, dado o nível de união é quase impossível uma separação.

—Como isso aconteceu com a gente doutor? Porque?

—Onde estava sua mãe quando o acelerador explodiu?

—Ela disse que estava a três passos do senhor, que ia lhe pedir um autógrafo porque ela é sua maior fã. 

Loretta assumiu o comando.

—É verdade seu Doutor. Ela era tipo assim, obcecada pelo senhor, ela tinha todos os seus livros, trabalhos, tem fotos suas, sua biografia que ela sabia de cor cada palavra. Ela era a diretora do seu fã clube da internet. Ela pegou um metrô de Chicago até Central City naquele dia correndo o risco de ter algum problema na gravidez só pra conhecer você. Mas, dai o negócio científico explodiu ela foi parar no hospital e até hoje que ela não acordou. Tiveram que fazer um parto daqueles que cortam a barriga pra poder tirar a gente e os médicos nunca entenderam a gente.

—O que quer dizer?

Samantha assumiu o controle.

—Nossa mãe ficou em coma naquele dia. E ela está numa cama de hospital a dezessete anos Doutor, vão desligar os aparelhos dela na segunda. Passamos a vida sozinhas, nós fomos criadas pela nossa tia e quando eu contei pra ela que eu tinha outra pessoa dentro de mim, ela me levou pra uma instituição psiquiátrica, eles nos deixavam tão dopadas que a gente não conseguia nem segurar uma colher. Então, a gente conseguiu fugir quando tinha cinco e depois de muito sufoco a gente achou a nossa mãe, as coisas dela, o nosso quarto com dois berços, descobrimos nossas verdadeiras identidades e que a gente não era louca ou esquizofrênica, mas que éramos gêmeas e começamos a desenvolver nossos poderes. Viemos aqui na esperança que o senhor pudesse nos ajudar, porque no diário da mamãe o senhor é o homem mais inteligente que ela já viu.

Naquele momento, naquele exato momento olhando nos olhos lacrimejantes daquela ou daquelas meninas eu compreendi que transformar duas coisas em uma só podia ser um desastre. Aquelas meninas sofreram a vida toda, foram taxadas de loucas e tudo por minha causa. Era minha culpa.

—Você vai ajudar a gente não vai? Por favor.

—Eu sinto muito meninas, isso que aconteceu com vocês foi minha culpa. Aconteceu comigo também. Só que conseguimos nos separar embora ainda estamos conectados.

—Então há esperança doutor?

—Eu prometo Samantha e Loretta que vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudá-las.

—Não foi sua culpa a gente ter nascido assim Doutor.

—Foi sim. Quando o acelerador explodiu, eu estava com uma maleta cheia de matéria negra e foi a matéria negra que uniu vocês desse jeito.

—O que?! Não! Cretino! Destruiu a nossa vida!

Samantha me deu um tapa na cara e fugiu correndo.

—Ai. O que foi isso Doutor?

—Eu fui o responsável. Devemos encontrá-las e dar um jeito de separá-las sem matá-las a mãe delas só estava em Central City naquele dia por minha causa e a matéria negra combinada com a radiação da nuvem do acelerador de partículas interferiu na divisão celular das duas, alterou suas moléculas.

—Temos que trazê-las de volta e dar um jeito de desfazer o que foi feito.

Depois de recuperarmos as gêmeas Modern e salvar a mãe delas começamos a trabalhar num protótipo de separação molecular que é mais potente do que o que usamos para me separar de Ronald.

—Amanhã, podemos testar. Mas, eu devo avisar que há o risco de não funcionar e o risco de vocês duas morrerem no processo.

—Temos que fazer isso Loretta. Vai funcionar, tenha fé no intelecto dele.

—O que é intelecto?

—Inteligência.

—E porque não disse logo!