Naruto, A Criança Hokage: escrita por Yori Sora


Capítulo 6
Meus Sentimentos Turvos - Parte III:


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado pelos reviews, povo! Tá aí o novo capítulo. ;D



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Eu havia amarrado o hitaiate em minha pequenina testa e, sem saber mais o que fazer, me despedi de todos ali com uma breve curvatura. A minha cabeça ainda estava em transe, era como um genjutsu e eu não sabia mais o que, de fato, deveria pensar – era um fato que o Sandaime estava tentando me ver calmo para então me falar sobre meus pais e sobre a Kyuubi, sobre os Uchiha.

 

Era um fato também que eu não seria tratado como um ninja normal, que o boato de que eu ajudei a espancar uns uchihas já havia se espalhado. Quando eu me virei para sair da Sala Hokage, eis que sinto alguém atrás de mim: me virei e era Itachi, com uma expressão piedosa em seu rosto.

 

— Vou te acompanhar pela vila, Naruto-kun – ele disse. Eu assenti com a cabeça.

 

Andamos até o lado de fora do Palácio do Fogo e não paramos mais de andar, ambos em silêncio. Um silêncio mortal, que eu não ousava quebrar; mas então Itachi o quebrara:

 

— Eu desisti de impedir o meu clã – ele disse, ao meu lado. Olhei de lado para ele.

 

— Como está Sasuke? – perguntei. E depois ri, sem humor. – Você deve me odiar agora, por eu ter matado o seu pai.

 

— Não vejo dessa forma – ele respondeu, calmamente. – É claro que no começo eu senti um pouco de desgosto, mas você apenas se defendeu e eu entendo isso. Você é um ninja incrível – ele continuou. – E sobre Sasuke, ele anda calado ultimamente.

 

Me preocupei. Quando ia perguntar como Sasuke estava se sentindo, eis que sinto um cheiro horrível de cachorro molhado – na verdade, de dois.

 

— Ah! – uma voz gritou, como em uma guerra, e vi uma sombra me atacando. Por reflexo, joguei a pessoa no chão, pisando em seu peito. – Ai! – ela gemeu.

 

— Você é... – eu balbuciei.

 

— Calma aí, seu babaca! – ele gritou. Aquele cheiro, aquelas pinturas rústicas na face e caninos aflorados... era o Kiba!

 

— Babaca é quem chama, Kibaka! – eu retruquei, sem paciência, tirando o meu pé de cima dele. O cachorro de estimação dele, Akamaru, latia bastante para mim. – Calma, Akamaru, ele tá bem – eu disse e o cachorrinho, muito fofo, por sinal, se acalmou.

 

— Humpf! – ele expressou, em arrogância, e se levantou. – De certa forma, é bom ver que você é o mesmo babaca orgulhoso de sempre – ele sorria.

 

Fiquei sem jeito, desviando o olhar. “É mesmo... eu sou um assassino”, eu pensei, com vergonha.

 

— A Hinata deve estar te procurando até agora! Com aquele Byakugan, ela vai achar fácil essa sua cara de idiota – Kiba dizia. Ao ouvir o nome dela, dei alguns passos para trás. Kiba olhou para Itachi, desconfiado. – Quem é esse cara aí? – ele perguntou.

 

— Olá, me chamo Uchiha Itachi – ele disse, cordialmente. – Você é um Inuzuka, certo? – ele sorria.

 

— O mesmo dos boatos... que medo de vocês! – essa última parte, ele disse brincando. – De qualquer forma, a gente vai se encontrar no Clã Akimichi para comemorar a sua alta e é bom você aparecer, até o Shino vai – Kiba finalizou.

 

— Entendo... – eu disse, com um sorriso amarelo nos lábios. – Vocês realmente...

 

— Realmente não queremos ver um amigo idiota ficar sozinho – ele sorria, como se tivesse dito a coisa mais acalentadora do mundo. – E também, a Hinata não para de te procurar, o que a gente ia fazer? – ele virou a cara para o lado, como quem não queria admitir nada. Eu ri.

 

— Eu vou, Kibaka, e... – eu ia terminar de falar, mas...

 

— Ei, isso é sério?! – ouvi a voz de outra pessoa. – É sério que isso é um hitaiate de Konoha?! – podia notar a surpresa em sua voz.

 

Ele surgia em passos lentos e com as mãos no bolso, atrás de Kiba. Era Shikamaru, Nara Shikamaru.

 

— Vim te convidar pro churrasco de noite, mas parece que o Kiba já deu conta do recado e eu vim à toa... complicado – ele dizia, com voz de cansado.

 

— É MESMO! – Kiba gritou e eu tapei os ouvidos. – Como que esse idiota tá com um hitaiate da vila?!

 

— Um idiota que virou gennin; e para de gritar! – eu respondia, irritado.

 

“Esse cheiro...”, eu pensei, sentindo de longe o cheiro adocicado que se aproximava cada vez mais rápido.

 

— Pessoal, mais tarde eu apareço! Lá pelas sete da noite! – eu gritei, dando um salto enorme para trás, com um mortal, e indo parar em cima de uma casa. Sete da noite costumava ser o horário dos churrascos dos Akimichi.

 

Bem, eu sai dali o mais rápido possível e em menos de dois minutos, estava de frente ao meu apartamento. Apesar de Hinata sempre me procurar, eu sabia que ela não iria, simplesmente, bater na porta da minha casa, ela era tímida demais pra isso.

 

Quando destranquei e abri a porta, Itachi também estava ali, tocando o meu ombro. Me virei para vê-lo e ele sorria.

 

— Você deve se tornar forte por eles, Naruto-kun – ele dizia.

 

— Como assim? – perguntei.

 

— Bem... – ele continuou. – Um ninja, com o tempo, consegue muito poder, Ninjutsu é sobre ter cada vez mais poder, mas se o seu poder não for compartilhado pelo bem de alguém, trata-se de um poder inútil – ele concluiu.

 

— Seria como ser milionário e passar a vida gastando o dinheiro só comigo... as pessoas não iam nem lembrar que eu existi depois de eu morrer – eu concluí de volta.

 

— Exatamente – ele proferiu. – Pense nisso e se divirta no churrasco – ele sorria largamente dessa vez. E, então, sumiu em um sunshin de fumaça.

 

Eu fiquei, de fato, pensativo;  mas depois entrei para o apartamento.

...

 

Só para não perder o hábito, decidi treinar pelo tempo perdido. Exercícios de tensão muscular usando pesos que drenavam boa parte do meu chakra, forçando o meu corpo a produzir mais e a produzir mais músculos devida a parte física do chakra; treinamento de mnemônica – técnicas de memorização – para decorar alguns jutsus rank A de Fuuton que eu havia aprendido de diversas fontes e a criação de um kage bunshin para cada grupo de técnica, para que eles as treinassem e, depois de desfeito, o conhecimento voltasse para mim.

 

Isso tudo deu em algumas poucas horas de treinamento, o que deve ter aumentado o meu poder de combate em 20%.

 

As palavras de Itachi ficaram na minha cabeça até eu ver que eram seis e vinte da tarde e que, portanto, eu estava horrivelmente atrasado – para você ver como eu fiquei horas divagando. – Corri para o banho e escolhi um bunshin para cuidar das roupas.

 

...

 

Uma camisa social laranja com uma gravata azul, cabelos bagunçados com o hitaiate no braço direito, uma calça preta e sapatos. Estava tudo bem, eu até que me arrumei rápido e gostei do que vi. Os meus cabelos são loiros e arrepiados, eles bagunçados ficam até com estilo. Sorri e fui rapidamente para o Clã Akimichi, correndo – dá para se notar que o meu humor havia melhorado naquela tarde, talvez por causa do Kibaka e do Shikamaru e do Itachi.

 

Mas, assim que cheguei ali em frente ao clã, em que os dois guardas me saudaram animadamente (eu sempre fui amigo dos Akimichi, eles são uns gordinhos simpáticos e muito companheiros) – e eu os saudei de volta –, um pensamento forte com um sentimento mais forte ainda brotou em minha alma: eu estava com o coração batendo forte e apertado, eu estava com medo e ansioso para ver a Hinata, sabia que ela iria!

 

O que eu faria? Como conversaria com ela?!

 

— N-Naruto-kun? – e ouvi sua voz. Ela vinha atrás de mim e me virei, trêmulo e devagar; notei que era a mesma Hinata, de pele alva e corada, com belos olhos perolados.

 

Mas de certa forma, ela estava estonteantemente linda, usando um belo vestido vermelho e levemente maquiada, sem esconder a sua beleza natural, mas apenas a realçando.

 

— Hinata... – eu apenas tentava dizer algo. Notei que ela corou ainda mais.

 

— E-e-es...  – ela tentava dizer, com os olhos tremulando para baixo. Ela deu um longo suspiro, como que para se acalmar. – Está muito bonito hoje, Naruto-kun! – ela continuava, totalmente vermelha.

 

Sorri, brincalhão.

 

— Então nos outros dias eu tô feio, é, coradinha? – eu perguntei num tom de indignação, mas estava brincando. Ela riu.

 

— Olá, Naruto e Hinata – ouvi uma voz vaga dizer e já sabia quem era. Me virei e vi ele saindo de dentro do clã.  – Vocês deveriam entrar.

 

— Ah, oi, Shino! – eu sorria. – Vamos, então! – eu estava levemente aliviado. Apesar de ter agido até bem com Hinata, se eu continuasse ali...

 

Se eu continuasse ouvindo sua graciosa risada, eu entraria em colapso.

 

Entramos, os três, e tinha MUITA gente ali, foi até difícil encontrar meus amigos.

 

Bem, vou resumir: comemos carne, cantamos karaokê, bebemos refrigerante e jogamos alguns jogos que Ino adorava jogar

 

— Ino continuava brincalhona e atirada como sempre, mas notei o seu olhar preocupado sobre mim e fingi não ter visto nada. Sabia que todos estavam preocupados, pois conheceram um Naruto pacifista e, do nada, sai a notícia que ele assassinou um líder de um clã. Nenhum clã ali tinha laços fortes com os Uchiha, que era um clã um tanto “independente”, então não tinha problema eu estar ali.

 

Quando a festa acabou, era cerca das uma da manhã; eu estava sentado na varanda, pronto para me levantar e ir embora, depois de ter comido e me divertido bastante; eu estava com um sorriso na face, eu havia conseguido bons amigos, mas... e se eu não fosse bom o bastante para eles?

 

— Naruto-kun – era a voz dela. Minha primeira companheira. – Todos já estão indo.

 

— Eu sei, Hina... – eu respondo, fragilmente. Eis que, então, sinto algo tocando minhas costas; percebi que era ela encostando as costas dela nas minhas.

 

Toquei sua mão, virando para o outro lado.

 

— Sabia que a lua cheia é bonita? – perguntei. – Mas não se comparam aos seus olhos – essa última parte eu disse para provoca-la, mas era verdade.

 

— Está doendo, Naruto-kun? – ela perguntou, com a voz preocupada.

 

— Não, sua mão é leve e... – eu tentava dizer.

 

— Não, Naruto-kun... eu quero saber se o seu coração dói – ela dizia, serenamente. – Eu sempre vi que você tentava não chorar, mas quero que saiba que eu posso chorar com você – ela prometeu.

 

— Hinata...

 

E ficamos em silêncio até decidirmos sair dali. Eu a levei até o Clã Hyuuga, notando olhares odiosos de algumas pessoas sobre mim.

 

Antes de entrar para o clã dela, Hinata disse:

 

— Eu posso carregar a sua dor, Naruto-kun – ela olhava no fundo dos meus olhos. Eu apenas ergui a face dela e a aproximei da minha, tocando as nossas testas, como há cinco anos atrás.

 

— Obrigado por tudo, Hinata! – eu repeti. – Mas não me sinto digno – continuei.

 

E sumi num sunshin de fumaça, saindo dali rapidamente, mas ainda pude ouvir um sofrido:

 

— Naruto-kun, espere! – ela disse.

 

Eu não podia esperar. Eu não podia suportar um mundo em que ela tivesse que suportar a minha dor e, pelo bem dela, talvez eu não podia sofrer perto dela. Eu estava entrando num mundo que Hinata não deveria fazer parte ainda.


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Notas finais do capítulo

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