A Busca da Criatividade escrita por ZodiacAne


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, povo!
História revisada pelo Kareshi (namorado)! =D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/710097/chapter/1

Eu realmente não me lembro do que aconteceu. Só sei que escorreguei e tudo apagou. Não acordei e não tomei consciência de novo. Pode ser que tenha batido a cabeça um pouco forte demais na queda. Só tem uma escuridão em volta de mim. Não sei onde estou, só sei que estou deitada, em algum lugar muito confortável. Parece-me ser uma cama.

E ouço umas vozes. Complicado entender o que elas dizem. Mas, com um pouco mais de atenção, percebo o seguinte diálogo:

—Não fazemos ideia de quando ela vai acordar. E se ela sequer vai acordar.

—O que pode ser feito para isso ser mais rápido?

—Nada, por enquanto. O próprio corpo dela se colocou em coma para evitar algum trauma maior. Não dá ainda para saber se ela terá alguma sequela. Só descobriremos quando acordar.

E seguiu um silêncio estarrecedor, angustiante. E o tudo terminou com:

—Tudo bem! Só podemos esperar pelo melhor.

E as duas pessoas saíram da sala e eu fiquei sozinha novamente.

Como eu cai mesmo? Minha cabeça dói tanto que é difícil de lembrar os detalhes... Ah sim, estávamos brincando no quintal, eu, meu marido e meus filhos. Correndo daqui e de lá. Não prestei atenção em um dos degraus e, pisando em falso, batendo primeiro com a cabeça no chão.

Eu faço um esforço tremendo tentando mexer os meus músculos, tentando abrir os olhos, quase tudo que em vão. Em tom de desistência e exaustão, respiro fundo e persisto uma última vez. Meus olhos finalmente enxergam luz de novo, mas, não estou em um quarto de hospital. Vejo um texto preto e antes dele um teto de vidro. Observo por outros lados e é a mesma coisa.

Consigo me levantar e descer da cama. Tomo um susto. Estou usando um longo vestido negro, com os cabelos longos soltos e pés descalços. Caminhei e logo encontrei o limite de onde estava. Era uma caixa de vidro, só havia uma pequena cama de solteiro.

Procurei por um tempo algo ao redor de onde estava, porém não tinha mais nada além. Ou pelo menos eu achava que não. O que eu vi, na verdade, estava bem distante de onde me encontrava. Eu vi Anelândia, completamente destruída. Fiquei preocupada com os habitantes de lá, será que estavam bem? A visão de alguns se ajudando me acalmou um pouco.

Então, uma voz, que não identifiquei ser de alguém ou de onde vinha me disse, só parecia ser feminina:

—Só eles podem te tirar daqui, com a ajuda do cristal.

—Quê? Como assim?

—Você está presa no seu próprio subconsciente. Apenas os anelandenses podem te tirar daqui, eles são os únicos que podem te alcançar. Mesmo assim, o caminho será difícil para eles.

—Como digo para eles que estou aqui?

—Do mesmo jeito que falou com eles da outra vez: em sonho.

—E quanto ao cristal?

—É o cristal da criatividade. Só com ele vai conseguir desfazer as barreiras que foram construídas a sua volta.

—E depois disso?

—Depois disso é óbvio. Acordarás! E claro, Anelândia se recuperará.

—Mas, como faço para encontrar o cristal?

—Ele também está preso em algum do subconsciente.

E assim, a voz sumiu, a presença sumiu. Pelo menos ela me ajudou com as minhas dúvidas. Algumas delas. A primeira delas é o local onde estar e a segunda é como faço para sair daqui. Mas, acho que isso não vai depender exclusivamente de mim.

Decidi começar a minha busca pelo cristal da criatividade indo me deitar, porque eu precisava dormir para contactar o povo de Anelândia. E por sorte lá também anoitecera. Dimitri, Sabrí, Mark, Robert, Luna e muitos outros magos conseguiram utilizar os materiais dos destroços e com seus poderes de terra, que manipulam também materiais desse tipo, construiu umas casas temporárias para que todos os que moravam próximos ao marco zero, onde fica a mansão principal, que também foi completamente ao chão. Eu só não sabia o que tinha ocorrido ali para ter tudo ficado daquela forma.

Consegui entrar em apenas algumas mentes para mandar a minha mensagem, especificamente daqueles que protagonizaram as suas histórias originais. Porém, não estavam todos ali. Uns moravam perto, outros em terras mais distantes. Normalmente, eu seria capaz de aparecer no sonho de todos, mas tinha algo estranho comigo, parecia que estava com apenas um pouco dos meus poderes de Deusa. Talvez seja essa caixa que está fazendo isso. Não sei!

Bem, consegui entrar no sonho de cinco, o que já é um grande avanço. Esses podem espalhar aos outros. Não estou disposta a fazer maratona de sonhos com eles. Os cinco escolhidos: Anelise, Camilly, Joenize, Susi e Dimitri. Acho que eles podem muito bem liderar essa viagem ao subconsciente e a procura do cristal. Espero que não achem que eu estou louca.

E também lhes dei um completo breu com umas “estrelinhas” mixurucas de cenário. Tô na bad, me deem um desconto.

Os cinco despertaram ali, sem entender nada. Trocaram uns olhares  e se identificaram, apesar da luz péssima que estava. Ai, eu apareci, talvez igual um fantasma, porque eles deram um grito ensurdecedor e que fez um eco absurdo.

—Quem é? – perguntaram as meninas apavoradas, gaguejando e agarrando o Dimitri, sendo duas penduradas em cada braço dele.

Dimitri tratou logo de fazer um círculo de fogo em volta de mim. Como ele acertou? Cara, ele é o grande elemental. Claro, que a Anelise também faria algo parecido, por ser uma youkai elemental também, mas ela tá com tanto cagaço. Aliás, todo mundo aqui manipula algum elemento. E no segundo seguinte, ele me reconheceu:

—Deusa? O que faz aqui? – as que estavam atrás dele relaxaram

—Eu preciso da ajuda de vocês.

—Acho que somos nós que precisamos de ajuda. Um terremoto abalou Anelândia hoje e tudo desabou. – Camilly começou

—E por sorte conseguimos um lugar decente para dormir. – Susi completou

—Puxa, não sabia que tinha sido algo tão terrível. Como estão todos?

—O melhor na medida do possível. – Joenize respondeu, cabisbaixa

—Não só Anelândia passa por um momento ruim. Eu também estou.

—O que aconteceu? – em coro

—Me acidentei. Bati a cabeça um pouco forte demais e agora estou presa dentro do meu corpo, no meu subconsciente. E só tem um jeito de sair, mas precisarei da ajuda de vocês.

—Explique melhor. – Dimitri disse

—Só um tal Cristal da Criatividade pode me tirar de onde estou, mas ele também está perdido em algum lugar do subconsciente.

—Então, quer que vamos até ai, achemos esse tal cristal e te libertemos? – Anelise indagou

—É um pedido. E junto disso, Anelândia será completamente reconstruída.

—E se não conseguirmos? – Camilly falou

—Eu não sei e nem quero descobrir. - soltei, suspirando — Espero que me ajudem.

—Faremos isso sim. – Anelise concluiu

—Por seu bem e pelo bem de todos nós. – Dimitri completou

—Não precisam seguir em grande número. E peçam ajuda para achar o caminho do subconsciente. Eu nem faço ideia de onde fica.

—É bem depois do limite das terras de Anelândia, passando pelo consciente e pela terra dos sentimentos. –Joenize explicou

—Isso é longe. – Susi soltou – Será que conseguiremos?

—Eu acredito em vocês! E estarei de olho em vocês durante a jornada.

—Agradecemos, Deusa. – disseram em uníssono

E assim todos nós despertamos. E imediatamente, já os observando novamente, os vi se levantarem, assustados, mas uma simples troca de olhares foi o suficiente para saber que tudo daquilo tinha sido real e que eles tinham uma missão a cumprir. Não coube orgulho em mim quando assisti a isso.

***

Quando amanheceu e todos se juntaram para comer, aqueles que tiveram o sonho sentaram juntos para conversar sobre. Eles ainda pensaram que era algo muito louco para realmente ter acontecido.

Todos confirmaram os detalhes e diálogos do sonho e constataram que provavelmente não era maluquice deles.

—Mas e se for mentira? – disse Susi – As informações batem, mas pode ser só uma coincidência muito maluca.

—Olha, Susi, a Deusa já falou comigo em sonho e eu acreditei nela. Farei isso de novo. - afirmou Anelise

—E eu estou com você. – Dimitri reforçou – Vou ajudar a salvar o nosso lar.

—Apostar numa ideia maluca dessa. Só vocês mesmo! – Tom, marido de Susi se meteu, todos estavam na mesma mesa – Susi está certa.

—Tom sempre muito cético. – Ikki falou

—Sério que vocês vão acreditar em mais um sonho? Olhe só como estamos aqui. A Deusa consegue muito bem se virar sozinha. - ele continuou incisivo

—Não significa que todos tem que ir, podemos ir só nós cinco…. – Camilly disse – Ou só quatro.

—Sabe que o caminho para o subconsciente é bem longe não é? – Yui soltou – Vocês vão precisar de mais gente.

—E não se preocupem, quem ficar vai tomar conta de tudo por aqui. – Seiya concordou, sorrindo – Ela realmente deve precisar de nós. - pegou na mão da esposa, Anelise

—Bem, eu quero ir! - Joenize levantou a mão - Quem mais?

Poucas mãos se levantaram, incluindo os que haviam sonhado, com exceção de Susi, estavam Sabri, Mark e Seiyus.

—Acho que para começarmos está bom. - Dimitri começou - Acho que mais se juntarão a nossa jornada no caminho.

—Será que os habitantes de outras áreas também estão sofrendo por conta desse terremoto? - Joenize indagou preocupada

—Só saberemos se formos lá. E para chegar ao nosso destino temos que percorrer toda a Anelândia primeiro.

—Quando partiremos? - Mark perguntou

—Amanhã mesmo. - Camilly respondeu

—Boa sorte para vocês. - Tom soltou irônico

—Agradecemos profundamente. - responderam em coro

Mais tarde, enquanto quem participaria da expedição arrumava malas apenas com extremo necessário, Susi se aproximou e logo foi notada:

—Vai com a gente, Susi? - Sabrí questionou

—Acho que não. O Tom não parece gostar muito dessa ideia, ele acha loucura se arriscar tanto para salvar alguém que a gente praticamente viu uma vez só.

—Mas é um alguém que nos ama incondicionalmente.  - Joenize argumentou

—E alias, é sua opinião e não da Tom. Então, diga, por você mesma: Vai com a gente ou não?

—Mas e todas essas pessoas que vão ficar aqui?

—Já disseram que vão ficar bem. Já falaram isso!

—Está bem, eu vou. - sorriu

—Isso mesmo! Tem parar de deixar o Tom te dizer o que fazer ou não.

Então, Susi foi animada arrumar suas coisas.

***

Quando o dia seguinte amanheceu, um comboio com dois carros abastecidos, tanto de gente quanto de combustível partiria, abraços e beijos nos cônjuges e parentes, um clima agradável, mas sem antes termos um show do Tom.

—Susi, eu lhe disse que não iria. Esqueceu?

—Não esqueci, mas tem um detalhe, quem vai sou eu e eu realmente quero ir. - disse se virando para entrar no veículo

—Você sabe que sua presença será inútil, não é? - pegou-a pelo braço

—Querido, não se esqueça que eu já salvei o mundo duas vezes. E alias, numa delas, salvei você. Eu sei me cuidar sozinha. E também estou com minhas amigas. - ela se desvencilhou da prisão dele - Apesar da sua teimosia: Eu amo você.

—Também te amo! - respondeu sem reação - Eu esqueço que você é uma mulher forte. Desculpe!

—Desde que pare com isso, está tudo bem.

Assim, eles seguiram pela estrada que passava por todos as maiores localidades de Anelândia. As cidade menores ficavam para o lado oposto. E o primeiro no caminho, após as terras dos que habitavam mais próximos ao centro, era o Reino de Skinir I, onde os leigos chamariam apenas de as terras de A Filha do Conselho.

E a primeira coisa que eles viram ao chegar também foi um local bem destruído, especialmente o palácio, que poderia ser facilmente chamado de ruína.

E eles encontraram duas pessoas de guarda no que deveria ser portão do palácio: Caterine e Will, os melhores guerreiros daquela região. Todos desceram dos carros e foram falar com eles.

Caterine ouviu os passos vindos e tanto ela quanto o marido ja estavam prontos para enfrentar o que viesse.

—Ah, são vocês. Me assustaram! - disse Will - O que fazem aqui?

—Em missão. - Anelise respondeu

—O que houve aqui? - Dimitri perguntou

—Não fazemos ideia. Só começou tudo a tremer e as estruturas de todas as casas e até o castelo não suportaram e ruíram.

—Também sofremos com algo semelhante. Imaginamos que fosse só na nossa área, mas pelo visto não. - Camilly concluiu

—E afinal, o que essa missão de vocês? - Eric, filho de Caterine e Will apareceu, e indagou

—A Deusa precisa de nossa ajuda. Ela está presa no subconsciente e vamos tirá-la de lá. - Seiyus falou

—Uma pena não podermos ir com vocês, temos que ajudar o Skinir e a Julie a cuidar do reino. Mas, acho que o Eric pode ir com vocês. - ela sorriu para garoto

—Vai lá, filho. Boa sorte! - Will bateu nas costas dele

Então, Skinir I e sua rainha, Julie apareceram.

—Ora, ora. Se não os cavaleiros das terras do marco zero de Anelândia.

—Majestades! - cumprimentaram todos

—Eles estão apenas de passagem. - Caterine já respondeu a pergunta antes dela sequer ser feita - Estão num caminho rumo ao subconsciente, para salvar a Deusa.

—Só não me diga que foi ela quem nos colocou nessa situação? - Julie questionou

—Acreditamos que foi ela sim, porém não intencionalmente. - Joenize disse

—E não podermos perder tempo. - Mark soltou

—Compreendemos. Desejamos sorte em sua jornada.

—Agradecemos! - todos se curvaram e logo saíram, acompanhados pelo jovem Eric

Ele ficou receoso de entrar no carro, pois lhe era um objeto estranho e pensou até ser um bicho.

Assim, a viagem continuou, passando por outras terras, com as mesmas perguntas vindas dos residentes e as mesmas respostas dos viajantes. E mais personagens foram se juntando a aventura, pelo menos um de cada local. Foram eles:

Jimmy: As Aventuras de Jimmy Wayn;

Mutsu Ike e Kosaka Ane: Mutsu Ike;

Guinevere, Gabriela, Shigure e Agata: Super Gata;

Sasaki, Mitsuki, Atsuko: Sasaki, a mulher samurai

Chikayo Asai e Hiryu Shinto: Minha Tsundere é uma agente;

Niels e Shayera: Guilty Angels;

Annica e Rinmark: As princesas gêmeas.

Obviamente, tiveram que arrumar mais um carro ou dois para colocar todo esse povo.

Então, eles chegaram no gigantesco portão, que sempre acaba indo mais para frente porque só aumenta, determinador dos limites de Anelândia. Todos desceram dos seus transportes e pararam diante do portão.

—Tá, e o que a gente faz agora? - indagou Dimitri

—Não sei! Abra-te sésamo? - Guinevere ironizou

—Nunca precisei usar esse portão. - Annica disse

—Acho que nenhum de nós! E agora? - Jimmy completou

Então, Anelise caminhou em direção ao grande portal de ferro e apenas tocou nele. Ouvi-se um rangido que ecoou por tudo e ela começou a se abrir devagar, revelando uma forte luz que impedia de ver qualquer coisa do outro lado.

—Agora seguimos a pé? - Joenize perguntou

—Parece que sim! - Camilly respondeu - Pelo pouco que sei, na Terra dos Sentimentos e da Consciência não tem estradas.

—Só depois de passar por lá é que chegaremos no subconsciente. - Mark falou

—Ainda é um longo caminho então. Ainda bem que sou andarilho como meus pais. - Eric soltou

***

E eu aqui ainda trancafiada nessa caixa de vidro. Mal enxergo um palmo a minha frente. Tem uma luz bem fraca em um dos cantos. Mas, pouco me importa isso, estou esperando-os chegar e assistindo a sua jornada enquanto isso.

Novamente aquela voz me chama:

—Eles estão a caminho?

—Sim! Chegando ao Vale das Emoções.

—É a Central de Controle. O subconsciente não fica tão longe.

—Afinal, quem é você? - indaguei

—Logo vai descobrir.

—E o que esse tal Cristal da Criatividade faz?

—O nome é autoexplicativo. O pouco que sei é que só existe um dele por aqui e também é muito antigo, de acordo com a nossa contagem de tempo. Ele que faz e desfaz as amarras do consciente e subconsciente. Capaz de construir, destruir e consertar coisas conforme as vontades do usuário. Poder infinito. Coisas assim!

—Entendi. - falei, meio indiferente - Algo mais que precise saber sobre ele?

—Ele brilha. E muito.

—Isso já era um detalhe meio óbvio. - ri e ela também

—Só podemos esperar que eles cheguem logo.

—Por quê? Está presa também?

—Tão num cubículo quanto você. - e rimos de novo

—Gostei de você, me lembra eu.

—Pois é, você também me lembra eu.

***

Eis que, saindo daquela luz saiu uma sombra, que logo se revelou a eles. Parecida comigo, mas trajando roupas de maga e com um cajado.

—Olá, anelandenses. Esperávamos ansiosamente a sua chegada. Eu sou a Determinação. E sejam bem-vindos a Terra dos Sentimentos e da Consciência. Sigam-me!

Mesmo sem entender o que diabos era aquela Determinação, eles a seguiram. Chegaram a um local que antes era verde, mas parecia ser inverno ali, todas as árvores apenas com seus galhos e o chão só com terra batida.

—Este é o Vale dos Sentimentos. Costuma ser um lugar bonito, mas com a situação da Deusa, ele ficou assim.

—Como assim "Situação da Deusa"? - questionou Anelise

—Ele está em coma e me parece presa no subconsciente. Uma guerra se instaurou entre os sentimentos bons e ruins. Nós, os bons, queremos que ela acorde. Enquanto os ruins querem que ela continue dormindo. Eles estão de guarda na sala de controle e na porta de entrada da subconsciência. Já tentamos de tudo, mas é uma luta difícil.

—A Deusa disse que só a Cristal da Criatividade pode salvá-la. Isso é verdade?

—É sim! Mas, ele também foi trancado lá. E as coisas praticamente se perdem depois de passar por aquela porta.

—E por que nós? - perguntou Eric

—Vocês são os heróis que dão muita força a nossa Deusa e tem essa mesma força dentro de si. Só vocês são capazes, além dela, de derrotar os sentimentos ruins e libertá-la.

Então, mais duas parecidas comigo chegaram. Uma trajava calça jeans, tênis e uma camisa escrita "Eu amo Anime e Yaoi". Já a outra, usava uma camisa diferente, com diversas fotos de cantores, atores e outros autores que sou fã. (E com a Chihara Minori bem grande no meio.)

—Ah, vocês apareceram. Pessoal, estas são a Otaku Fujoshi - apontou a de camisa "Anime" - e a Fã Surtada.

Então, a Fujoshi olhou para Mark e Dimitri e ficou imóvel, piscando várias vezes seguidas. Ninguém entendeu nada, até que ela falou:

—Ah, Mark, Dimitri. Ahhh... Meu Shipp! Tão canônico. - e saiu um fio de sangue escorreu de uma das suas narinas

—Ela sempre faz isso! - a Fã reclamou, pegando um lenço no bolso e dando a ela - Limpa logo isso, garota.

—Vou precisar de uma transfusão depois disso. - falou limpando-se

—Não vai. Não aconteceu nada. Eles estão só parados na sua frente. - e foi a vez dela - Ah, caramba! Olha só. As quatro melhores agentes do mundo bem na minha frente. - pulinhos e apertos de mãos em sequência - Que prazer conhecer vocês!

—Viu? Não sou só eu a maluca aqui!

—Fã surtada, pare. Chega! - Determinação colocou a mão na testa - Eu não aguento vocês duas. Eu vou ficar doida um dia com esses fangirling attacks.

—Miga, sua louca. Apenas pare! - Otaku puxou a outra para perto de si

—Desculpem por isso. - Determinação completou - Enfim, coloca-los-ei a par de tudo. Os sentimentos ruins dominaram as áreas da Sala de Controle e da Ladeira que leva ao Subconsciente. Estão de guarda na porta para qualquer um de nós não possa atravessar e buscá-la.

—E o que nós temos que fazer?

—Primeiro, nós ajudar a tomar tudo de volta, restaurar a harmonia entre os sentimentos. Bem, para isso, nós marcamos uma reunião com eles. Tentaremos um acordo.

—Onde será? - indagou Camilly

—Em frente a entrada da Sala de Controle. E já está bem na hora. Vamos!

Então, a caminho do local, eles foram se encontrando com outros sentimentos, como a Paciência, o Amor, a Caridade. E estes foram se juntando ao grupo.

Não demoro a chegarem ao lugar marcado e lá estavam, mais um monte de sentimentos parecidos comigo, só que góticos e trevosos. Três sentimentos de cada lado tomaram a frente. Eram, do lado bom: Paciência, Amor e Determinação. Do lado ruim: Raiva, Autocrítica e Julgamento Alheio.

—Precisamos libertá-la do limbo da subconsciência. Caso contrário, todos nós estaremos perdidos.

—Pelo visto, trouxeram reforços. - Julgamento ironizou - Não consegue mesmo fazer nada sozinha, não é, Determinação?

—Admitir que precisa de ajuda é um ótimo ato e não te faz menor do que ninguém. - Caridade falou, lá de trás

—Então, o que eles fazem aqui? - Raiva perguntou

—Ela os chamou. São os únicos capazes de alcançá-la seja onde estiver lá dentro.

—Peraí, vocês tentaram entrar lá? - questionou Susi

—Acha que não, garota? Não se enxerga um palmo a frente naquele lugar, nos perderíamos também. - Raiva gritou

—Alias, com ela dormindo é mais difícil ainda ter contato com ela e alcançá-la. Somos sentimentos e temos necessidade de ser sentidos, quem está dormindo não tem isso. - Paciência completou

—E por que nós? - Eric dessa vez

—O tipo de ligação que tem com ela é bem mais forte. Até mais do que comigo. - Amor respondeu - Alguns de vocês surgiram de sonhos e habitam nela mesmo durante o sono, é por isso.

—Ora, ora. Mas que prepotência! Claro que os personagens dos livros vão ao resgate dela. Que coisa mais maluca e doida. Que erva andou fumando? - Autocrítica opinou

—É a única opção que temos. Ou isso, ou todos nós estamos condenados.

—Que seja! Depois não reclamem se a Tristeza, a Raiva e a Frustração tiverem outro ataque por conta de comentários negativos. - Autocrítica novamente

—Partimos agora mesmo. Deem passagem, por favor! - Amor disse

—Posso ir com vocês? - Tristeza cutucou em paciência

—Mas é claro, querida. - abraçou-a

—Boa sorte. - a Esperança soltou

Seria uma outra caminhada nem tão longa assim. E algumas dúvidas ainda tinham que ser respondidas.

—Como que as coisas aconteceram aqui? - indagou Joenize

—Como assim? - Amor respondeu

—É que em Anelândia tivemos um terremoto, que acabou com a maioria das nossas casas.

—Estava tudo funcionando normal como sempre. Até que tivemos um apagão e não vimos mais elas.

—Elas? - Anelise falou

—Sim. Consciência e Inconsciência. Gêmeas. Uma enquanto está acordada e a outra enquanto dorme. Acho que o choque da queda as arrastou para a prisão depois desta ladeira.

—Para mim, era apenas uma. - disse Dimitri

—Uma delas pediu ajuda. Inconsciência obviamente. Estamos na regência dela.

—Isso é mais confuso do que imaginava. - Seiyus soltou

—Logo se acostuma. - Tristeza falou

Finalmente chegaram ao grande portão que levava ao Subconsciente.

—E agora? - Hiryu arqueou uma sobrancelha

—Deem-me suas mãos. - ordenou Determinação, dando seu cajado para que Paciência e Tristeza segurassem, Amor deu a mão para ela - Façamos uma roda e pensemos nela. Com todo nosso amor e determinação de salvá-la e de restaurar tudo ao normal. Fechem os olhos para tal.

Então, as energias foram se juntar e aumentando. E logo foram capazes de abrir o selo das portas. Elas eram grandes e parecidas com pedras, que se uniam a montanha que era a subconsciência. Elas rangeram e se arrastaram para fora, revelando apenas uma escuridão enorme do outro lado.

—Precisa ter um bom motivo para adentrar aqui. Aqui é o local onde habitam medos, traumas, coisas a serem esquecidas e ideias que nunca alcançaram a luz. - Determinação explicou

—Agora devem seguir sozinhos. Boa sorte! - Amor completou

Tristeza fez apenas um sinal de positivo com a mão direita. Era a melhor forma dela de demonstrar apoio.

E assim, Anelise, Dimitri, Mark e Seiyus usaram seus poderes de fogo para irem iluminando o caminho e os arredores do grupo, sendo que dois foram na frente e dois atrás. O grupo adentrou e pouco via ali. Decidiram fazer o óbvio: me chamar!

***

A minha companheira de cárcere ouviu primeiro que eu.

—Acho que eles finalmente chegaram.

Atentei-me e percebi os gritos pareciam mais próximos. Eu e a outra começamos a responder e obtivemos resultado.

Shigure e Guinevere, com suas visões felinas e altamente capacitadas para a escuridão logo guiaram os outros ao pequeno ponto de luz onde estou localizada. A junção de todas melhorou e todos pudemos nos ver reciprocamente.

—Deusa, finalmente te encontramos! - Atsuko falou

—É bom ver vocês. - falei e olhei para o lado, fazendo um sinal de positivo para a do meu lado

—Está falando com alguém? - Jimmy indagou

—Tem alguém do meu lado, numa outra caixa de vidro como essa.

—Não tem ninguém do seu lado. - Rinmark respondeu

—Só você pode me ver. - a outra falou

—Então, Deusa, como te tiraremos dai? - Agata perguntou

—Eu não sei, só me disseram que vocês podiam me tirar daqui, mas não como.

—E o que fazemos agora? Se ela não sair daqui, significa que todos nós morreremos junto com ela. -Rinmark comentou

—Por favor, não diga com essas palavras. Não quero nem pensar nisso!

—O que sabemos é que o tal Cristal da Criatividade está perdido em algum lugar por aqui, nessa escuridão. - Nise falou

—Isso também sei. Disseram-me que o acharíamos porque ele tem um brilho característico. - respondi

—Mas parece que esse lugar é infinito e podemos nos perder muito facilmente aqui, conforme a Determinação nos informou. - Dimitri opinou

—Por onde começamos? - Shayera indagou

—Não sei! - foi a resposta de Chikayo

Um silêncio se formou e todos nós nos entreolhamos, sem ter a mínima ideia do que fazer. Qual seria uma solução possível para que eu saísse dali? Ninguém se pronunciou sobre. E então, eu fui a primeira a ter uma reação, mesmo que negativa e desanimada. Senti os olhos marejarem e logo as lágrimas começaram a cair. Ajoelhei-me e baixei a cabeça, ninguém percebeu até que eu começasse a desabafar:

—É inútil! Achei que vocês pudessem me ajudar e mesmo após tudo o que fizeram para chegar aqui não adiantou nada. Não é culpa de vocês. A culpa é minha! Eu que me enfiei nisso e eu mesma quem devia sair. Os coloquei em perigo sem pensar em sua segurança. Não vejo caminho. Não vejo saída. Estamos todos condenados! - e desabei em choro

Só que algo muito estranho aconteceu, senti algo quente no meu peito e todos começaram a gritar, assustados, que tinha algo brilhando dentro de mim. Abri os olhos levemente e a luz me incomodou, tive que fechá-lo novamente. Então, houve o som do vidro rachando, bem devagar e tudo sendo narrado porque geralmente é narrado por mim. Coloquei a mão acima do brilho e apertei o mais forte que pude.

—Tá rachando o vidro!

—Será que vai quebrar?!

E a resposta foi positiva. Com um estrondo, a caixa de vidro se quebrou. Tentei abrir os olhos novamente e então notei que havia algo na minha mão, que emanava luz.

Todos se aproximaram de mim e auxiliaram a levantar. E ficaram tão surpresos quanto eu ao ver o que havia na minha palma quando a abri.

—O que é isso? - indagou Annica

—É o tal "Cristal da Criatividade" que procuravam. - e finalmente a Consciência pode ser vista pelo outros, que fizeram caras mais assustadas ainda

O Cristal tinha formato predominantemente circular em cima e pontudo em baixo. Algo mais como um semicírculo grudado em uma pirâmide. Ele estava com uma fraca energia branca vinda dela. E ainda estava processando o fato do que eu procurava estava justamente comigo. E externei isto a outra:

—Engraçado, ele estava comigo.

—Ás vezes, o que precisamos pode estar dentro de nós mesmos. Só temos que achar o caminho até lá. A resposta que procuramos pode estar em nossos interiores. - ela comentou

—É verdade! - disse Anelise

—Alias, quem é você? - perguntou Mutsu Ike a outra parecida comigo, só que de branco

—Eu sou a consciência e esta é a inconsciência - e apontou para mim - Alias... - ela chegou ao meu lado e se fundiu a mim e minha roupa trocou de cor, para cinza, justamente a mistura de branco e preto e nossos mentes se uniram - nós duas somos uma só. - completei a frase - O choque do acidente fez com que nos separássemos e ficamos presas aqui. Só a parte inconsciente podia fazer algo, era a regência dela. E só uma ajuda externa poderia despertar essa luz que estava presa. E vocês são realmente o maior estímulo que o Cristal da Criatividade precisa para ter sua força máxima. - sorri - Agora vamos sair daqui. Não aguento mais esse bréu!

—Como vamos sair daqui? - perguntou Niels

—Basta seguirmos na direção contrária a qual viemos. - respondeu Sasaki

—É muito fácil se perder aqui. - me pronunciei - Eu os guio. Cristal, mostre o caminho de volta a porta do Subconsciente e a Terra dos Sentimentos.

O Cristal saiu de minha mão e como uma estrela foi nos mostrando o caminho.

***

Do outro lado da porta estavam Determinação, Amor, Tristeza e Paciência que sorriram aos nos ver.

—Deusa, finalmente livre. Que bom! - Amor falou

Até a Tristeza ficou alegre e chorou ao me ver. Era a salvação que todos queriam para os seus mundos. Todos ficariam vivos!

Retornamos pelo mesmo caminho com uma conversa animada. Não demorou muito para chegarmos e houve um frenesi quando finalmente nos avisaram no horizonte. Pareceu mesmo uma festa. Até os sentimentos normalmente ruins se permitiram ter uma pontinha de felicidade naquele momento.

—A missão de vocês acabou por aqui. - disse sorrindo aos anelandenses- Muito obrigada por tudo que fizeram por mim e pela terra de vocês. Agora tudo ficará bem!

Eles também me agradeceram, além de ter-lhe proporcionado mais uma grande jornada, que eles tinham certeza que eu logo contaria para o resto do mundo.

—Levá-los-ei de volta ao portão que divide Anelândia e a Terra dos Sentimentos. Hora de voltar para casa.

Seguida das mesmas três que os receberam, fizemos o percurso de volta as fronteiras. E também foi o momento de dizer-lhes mais um até logo, porque a gente sempre se reencontra mesmo. Abracei cada um deles e agradeci mais uma vez.

—E lembrem-se: Tenham determinação. - Determinação falou

Acenos foram trocados até eles entrarem nos carros, fazerem a manobra e sumirem de vista. Sabia que eles chegariam bem em casa.

E então, eu, Determinação, Fã Surtada e Otaku Fujoshi retornamos. O portão foi fechado novamente.

***

Era a hora de finalmente acordar. Não fazia a mínima ideia de quanto tempo passara em coma, mas não queria prolongar ainda mais esse tempo.

Dirigi-me a Sala de Controle, sendo seguida por todos os outros sentimentos. Era uma grande caixa de vidro como a que estava trancada. Havia uma tela enorme num dos cantos e uma cadeira grande do outro. O meio era preenchido por filas de mesas de controle, com muitos botões e uma cadeira atrás de cada uma delas. Subi a escadaria que levava ao meu lugar, que era onde tinha a visão privilegiada de toda a sala.

Cada um dos outros foi em direção aos seus lugares e logo vi a sala repleta de cabeças castanhas.

—Todos prontos? - perguntei

—Sim! - gritaram em uníssono

Aproximei-me da minha mesa de controle, girei uma espécie de chave de ignição e apertei o enorme botão com a legenda: Despertar.

Sabia bem que não seria igual ao acordar de manhã, afinal, era a saída de uma coma, demoraria um pouco.

Os sistemas foram religando devagar. Primeiro vimos todas as luzes daquelas mesas acenderem. Depois vimos o local a nossa voltar voltar a ter cor e vida. Tudo voltara a ser verde, com árvores, flores e uma brisa primaveril. E notei outra coisa, o Cristal começou a brilhar. E a onda de restauração foi se estendendo passando pelas fronteiras e levando a vida a todos os locais de Anelândia. As ruínas voltaram a ser construções e tudo foi se restaurando a como eram antes. Foi uma alegria, principalmente ao grupo de resgate, que foi acompanhando a revitalização durante a sua viagem. E eles resolveram fazer uma festa naquela noite para comemorar a minha volta.

A tela mostrou os olhos começarem a se abrir, sendo atingidos pela luz do quarto do hospital. E minha roupa de cinza, ficou branca.

***

Olhei para o lado e vi o meu marido que estava com misto de surpresa e felicidade em seu rosto porque finalmente eu ter despertado. Ele pegou em minha mão sorriu e eu correspondi.

—Ligue para as crianças e diga que eu acordei. Quero vê-los também. - foi a primeira coisa que falei


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e façam uma autora feliz! =D