Let me know escrita por Loretha


Capítulo 27
Solícita


Notas iniciais do capítulo

O.k. Eu demorei muito! Eu quero mesmo me desculpar, mas o que posso fazer para isso, desse tempo pra cá, é atualizar e continuar o que comecei com tanto amor. Eu quero agradecer muito a cada um de vocês que leu e que continuou esperando e pedindo atualização e, principalmente, comentando. O meu agradecimento mais que especial vai para a Carol-ine-VN, que comentou hoje e, como num passe de mágica, me desbloqueou e conseguiu me fazer escrever esse capítulo. Não foi fácil, eu ando num período terrível de bloqueio, eu não conseguia ler ou escrever nada por causa da faculdade, mas de uns dias pra cá, com essa quarentena, tenho me desafiado a escrever nem que seja uma linha de qualquer coisa e hoje, com o comentário dessa leitora maravilhosa, eu abri os arquivos de miraculous e escrevi. Vocês não imaginam como eu estou feliz com isso, por poder finalmente continuar essa ideia que tive há uns dois anos!



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CAPÍTULO 27

Gabriel Agreste entrou na mansão seguido de Natalie. O cheiro de fumaça, misturado aos produtos de limpeza que os empregados usavam, era forte e confuso. Dois homens limpavam a escadaria, uma senhora espanava os móveis, duas mulheres estavam numa escada alta, recolocando novas lâmpadas no lustre. As paredes já haviam sido repintadas daquele branco frio e parte das pinturas estavam restauradas.

— Os andares superiores foram os mais afetados pelas chamas — Natalie disse, analisando rapidamente o tablet que tinha em mãos. Ela ajeitou os óculos sobre o nariz e passeou os olhos pelo lugar.

— O subsolo? — Gabriel perguntou, os olhos no alto da escadaria. A imagem da pintura destruída ainda era fresca em sua memória.

— Intacto. Não sei como conseguiram entrar aqui, mas por sorte, só a pintura foi movida — Respondeu Natalie, lançando uma olhadela para o homem imponente ao seu lado — Ninguém encontrou o esconderijo.

Em suas passadas longas, Gabriel dirigiu-se para a sala onde ficava seu ateliê. Natalie o seguiu sem pronunciar uma palavra, ficada em como os passos faziam barulhos secos no chão e, mesmo com todos os funcionários trabalhando sem parar, aquele parecia ser o único som. Entraram no cômodo impecável, totalmente silencioso. As cortinas já haviam sido postas no lugar, todas escondendo as enormes janelas que impendiam a entrada da luz natural no ambiente.

Gabriel andou até o lugar onde a pintura costumava ficar. O cofre, escondido sob o papel de parede, não parecia ter sido tocado. Quem quer que tenha entrado na mansão, não descobriu os segredos de Gabriel. Pelo menos era com isso que ele contava.

— Quando tudo ficará pronto para nosso regresso? — Perguntou o homem, olhando friamente para o espaço que a pintura dourada costumava ocupar.

— Hoje mesmo, se preferir. Tudo estará finalizado até o meio-dia.

— Ficarei trabalhando aqui. Avise ao Adrien sobre a volta e diga que Gorila não tire os olhos dele — Gabriel voltou-se para Natalie, que viu a faísca de raiva se ascender nas íris tempestuosos — Paris não vai estar segura.

Natalie assentiu séria, segurando seu tablet com mais força do que deveria. Pensou em tentar acalmar o que via borbulhar na superfície de Gabriel, mas sabia que suas palavras não fariam diferença se tentasse mudar o que ele estava planejando.

— Se quiser, eu posso ajudar — Disse ela por fim, determinada, quando não pensou em nada que o fizesse recuar nos planos para aquela noite.

Gabriel balançou a cabeça, cruzou os braços e olhou para a parede vazia de novo.

— Não posso colocá-la em perigo por uma coisa que eu posso fazer sozinho — Sua voz, tão fria quanto os olhos, pareceu cortar Natalie como adagas de gelo.

Com um aceno de cabeça desnorteado, que torceu para ele não ter notado, Natalie saiu do ateliê, deixando-o sozinho. No caminho de volta para o hall de entrada verificou todos os cômodos e o trabalho dos empregados. Quando chegou no salão, viu que o lustre estava perfeitamente pendurado em seu devido lugar. Subiu a escada, marcando no aparelho digital o que havia sido concluído.

No segundo andar, se direcionou para seu quarto. Tão impecável quanto os outros espaços da mansão, parecia quase inabitado. Para Natalie, tudo poderia ser impessoal que não faria diferença. Nunca tinha sido o tipo de pessoa que mantem nada de forma íntima, fossem coisas ou pessoas. Isso até se ver apegada a família Agreste como não tinha sido nem com a sua própria.

Havia estudado com a Emilie quando mais nova, na mesma escola que Adrien estudava agora. Não eram próximas, mas também não eram desconhecidas uma a outra. Anos mais tarde, quando Natalie se mudou para outra cidade, ouviu sobre o casamento com Gabriel Agreste. Tudo o que soube por um tempo, havia sido por revistas ou através dos antigos colegas da escola: a ascensão da família ao mundo da fama, a suposta gravidez, a utopia que viviam.

Voltou para Paris com dificuldades financeiras e problemas na família e tamanha foi a surpresa quando recebeu um convite de Emilie para trabalhar como sua secretária. O trabalho era suficiente para viver sozinha em seu apartamento simples. Tinha o que precisava e isso bastava. Alguns anos depois, Emilie Agreste adoeceu. Foi quando Natalie conheceu Adrien e se tornou governanta da casa. Ajudava no que podia e, com tempo, ganhou também a confiança de Gabriel.

Emilie não melhorou e então tudo naquela mansão começou a mudar. O subsolo, antes o jardim secreto do casal, tornou-se o que seria o ambiente que manteria a Sra. Agreste viva, mas inconsciente. Encontrar uma cura para a mulher se tornou a obsessão de Gabriel, focado na busca para achar os misteriosos miraculous e o poder absoluto. E acima de todos os segredos que precisa, para Natalie, o mais difícil havia sido esconder de Adrien o estado de sua mãe ou seu paradeiro.

Agora, sendo a pessoa que Gabriel mais confiava no mundo, Natalie sentia que eles eram sua única família. A única que ela poderia amar e proteger de verdade, mesmo com todos os problemas e todos os segredos que guardavam.

O tablet vibrou em sua mão, a tirando das lembranças. A mensagem na tela piscava, avisando que havia um pedido de acesso no portão da frente. Abriu o aplicativo das câmeras de vigilância, franzindo o cenho para o carro desconhecido.

— Identificação, por favor — Natalie falou, fechando a porta de seu quarto, sem dar muita atenção para as imagens das câmera de segurança na tela do aparelho.

Sou Tomoe Tsurugi. Tenho assuntos a tratar com o sr. Agreste — Respondeu uma voz.

Natalie parou no corredor, olhando o tablet. A janela do carro subia e não era mais possível ver o rosto que pertencia a voz, mas ela reconheceu de imediato aquela autoridade implícita no tom das palavras. Com uma respiração pesada e impaciente, Natalie liberou o portão e em seguida deu meia volta, seguindo para o ateliê.

Para sua surpresa, Gabriel não havia se movido. Mantinha a mesma expressão dura que havia posto no rosto pouco antes dela sair. As mãos estavam atrás das costas e ele analisava o vazio na parede na esperança de que isso pudesse restituir o que tinha sido tirado dali.

— Sr. Agreste, desculpe incomodar — Começou, depois de bater na porta — Tomoe Tsurugi está aqui para vê-lo.

Gabriel assentiu devagar, por fim desviando os olhos e voltando-se para Natalie. Não havia nada em suas feições que indicasse o sentia, mas ela o conhecia bem o suficiente para saber.

— Ótimo, leve-a para a sala de visitas enquanto eu termino o que vim fazer aqui — Respondeu, acionando o botão que abria a entrada secreta.

A governanta se retirou mais uma vez, saindo em direção a entrada principal, onde Tomoe Tsurugi esperava impaciente. Enquanto descia as escadas, enviou uma mensagem para que Gorila trouxesse Adrien.

— O sr. Agreste logo estará presente, sra. Tsurugi — Natalie anunciou, parando diante da mulher de postura firme — Vou leva-las a sala de visitas.

Tomoe Tsurugi fez um leve som com a garganta e bateu seu bokken no chão. Uma menina, tão séria quanto, atravessou as portas e se postou ao seu lado. Usava um uniforme colegial feito sob medida e trazia no ombro uma bolsa vermelha. Encarou Natalie com uma carranca severa que não abalou a governanta.

— Muito bem — Tomoe assentiu, andando logo atrás de Natalie, com a filha em seu encalço — Kyoko, grave bem cada detalhe, essa será sua casa por um tempo.

Mesmo não enxergando, Tomoe caminhou sem hesitar, parecendo conhecer cada parede ou obstáculo da casa. O bokken, ao tocar o chão, não emitia qualquer mínimo barulho. Kyoko, por outro lado, caminhava ereta, mas com descaso, deixando que os pequenos saltos da sandália fizessem eco na casa silenciosa. Natalie quase conseguia ouvir o desagrado na mente da garota.

— Por favor, aguardem aqui — Disse a governanta ao entrarem na sala de visitas.

Os sofás novos poderiam muito bem fazer parte de uma galeria de arte moderna, bem como os quadros e esculturas por toda a sala, esbanjando a riqueza nada discreta da família.

— Espero que Gabriel não me faça esperar muito mais, há outros compromissos que requerem minha atenção — A mulher sentou-se em um dos sofás com a ajuda de Kyoko, que permaneceu em pé a seu lado, sempre indiferente.

Natalie apenas balançou a cabeça, educada como a profissão exigia, e em seguida pediu pelo tablet que alguém trouxesse bebidas. Nenhuma das três era passível de conversas fiadas e, apesar do silêncio, não ficaram incomodadas com a presença uma das outras. Quando a empregada trouxe a bandeja com sucos, chás e biscoitos, apenas Kyoko se adiantou, pegando um macarrone e por fim sentando-se ao lado da mãe.

Gabriel apareceu não muito depois, adentrando a sala como um fantasma faria. Tomoe ergueu o rosto, um sorriso planejado nas feições duras e esperou o homem sentar-se no sofá à sua frente.

— Tomoe, você veio cedo — Gabriel cumprimentou, sem amabilidade alguma.

— Vamos precisar adiantar uma parte do contrato — Disse a mulher, sem rodeios — Kyoko tem que ficar com vocês enquanto eu resolvo alguns... Imprevistos que surgiram no Japão.

Kyoko ergueu os olhos castanhos para a mãe, parecendo surpresa. Se era possível ela fechar mais a expressão, estava feito. A menina largou a metade intocada no macarrone no prato e limpou as mãos.

— Eu não entendo — Gabriel ergueu uma sobrancelha, curvando-se um pouco para frente como se fosse contar um segredo — Não sei se viu as notícias, mas não é um bom momento, Tomoe.

— Temos um acordo assinado, Gabriel.

Natalie, quieta no canto, apenas observou. Ela sabia que acordo era aquele e o que ele implicaria, mas sua opinião era apenas sua e não tinha nada que Gabriel pudesse fazer a não ser aceitar o que lhe era pedido.

— Mãe... Você não... — A menina tropeçou nas palavras, perdendo um pouco a compostura — Não, mãe, você vai me levar junt...

Tomoe Tsurugi ergueu uma das mãos, fazendo a filha calar-se como se sua boca tivesse sido tapada com um feitiço. Afundando no sofá, Kyoko não falou mais nada, quase tão imóvel quanto Gabriel, que taciturno, olhava a mulher

— Espero que não haja recusa, Gabriel — Continuou Tomoe, apoiando as duas mãos no bokken — Eu não queria ter que desfazer um acordo que tem lá suas vantagens tanto para mim, quanto para você e sua família.

Sem falar mais nada, Gabriel acenou para que sua governanta se aproximasse.

— Natalie, prepare um quarto para Kyoko, por favor — Pediu o homem, encarando a mãe da menina.

Enquanto guiava uma adolescente irritada, que parecia carregar uma espada de esgrima, pelos corredores da casa Natalie pensou o quanto Tomoe tinha sorte por não ver o ódio e o rancor explicito nos olhos de Gabriel.

— Esse será o seu quarto — Natalie abriu a porta da imensa suíte. A vista estonteante dos prédios de Paris podia ser vista da janela — Espero que goste, pelo visto você vai ficar muito tempo aqui.

Ela não queria ser maldosa com as palavras, mas não evitou que saíssem e nem se sentiu totalmente mal com o olhar perdido da garota.

— Não espere que eu demonstre gratidão por ser mantida nessa merda — Jogou a bolsa no chão e a arremessou do outro lado do cômodo com um chute.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que tenham gostado do capítulo, ainda que não tenha sido o que (provavelmente) vocês queriam depois de tanto tempo, mas vai ser importante para a história. Eu amo a Kyoko e eu entendo suas atitudes na série, por isso espero também que sejam compreensíveis com ela na fic. Mais adiante vão entender o que está acontecendo e que contrato é esse que a Tomoe tem com o Gabriel, mas por agora, façam suas teorias. Estou ansiosa para finalmente continuar Let me know ❤️



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