Let me know escrita por Loretha


Capítulo 2
Minha Ladybug


Notas iniciais do capítulo

Eu adorei escrever esse capítulo, então, espero que gostem.



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A biblioteca da escola estava quase vazia. Os poucos alunos espalhados pelo lugar estavam distraídos e nenhum deles olhou quando Adrien e Alya sentaram-se numa das mesas mais afastada.

— Não entendo... Como isso chegou pra você? — Alya segurava a folha rosada, olhando a letra delicada da amiga.

— Eu mesmo que não entendo, Alya, mas... Acho que pode ser uma pista. — Adrien desbloqueou o celular e puxou uma pesquisa. — Aqui, eu reconheço a terra na folha, só não lembro de onde.

— Durante todos esses dias choveu, então, parece que manchou um pouco com lama, mas já secou. — Alya virou a folha. — Não foi muita coisa, talvez a pessoa nem tenha percebido quando despachou.

Adrien estava digitando, quando percebeu que Alya estava olhando para ele.

— Tudo bem, que foi? — O garoto perguntou, virando-se para Alya.

— Você leu uma carta da Marinette, em que ela se declara pra você, tecnicamente falando... — A garota deu uma pausa, revirou os olhos e suspirou. — Isso não fez diferença na sua vida ou você está fingindo que não fez?

Adrien sentiu o rosto aquecer. Bloqueou a tela do celular e começou a revirar aparelho nas mãos.

— Olha, não é que não tenha me deixado surpreso, eu fiquei... É que eu não sei como me sentir sobre isso. — Adrien não sabia como começar, preferiu ser o mais sincero que podia. — Eu meio que... Gosto de outra pessoa e não sei como agir agora, sabe?

Alya suspirou novamente. Não fez mais perguntas e isso incomodou Adrien. Alya era melhor amiga de Marinette e era óbvio que sabia da sua paixonite por ele, mas talvez só não quisesse se meter no meio da história.

— Você vai me ajudar mesmo assim? — Perguntou Adrien, folheando distraidamente o livro que tinha nas mãos.

— Claro que sim! É una pista não é? — Alya tomou o livro das mãos de Adrien. — Precisamos de qualquer coisa.

Adrien concordou. Estava feliz por ter alguém que pudesse ajudar. Alya era a mais confiável para aquilo. Claro que se sentia culpado por não contar nada aos pais de Marinette, mas não queria dar esperanças. E se aquilo só fosse uma pista idiota?

— Já ouviu falar no labirinto dos ossos, não é? — Alya mostrou uma página do livro para Adrien. — A terra é meio como essa. É só uma teoria na verdade... Mas, se pensar bem... — Ela parou e leu a página em silêncio.

Adrien já tinha entendido. Quase toda a Paris tinha túneis subterrâneos. As antigas pedreiras, que ocupavam grande parte do subsolo da cidade, agora eram um enorme cemitério, conhecido como Catacumbas de Paris.

— Ninguém pensou em procurar nos túneis? — Adrien se levantou, juntando os livros que tinham pego.

— Aonde você vai? — Alya perguntou, mesmo sabendo a resposta. — Adrien, não pode ir sozinho.

Adrien parou. Ele não podia ir sozinho. Adrien não podia, mas Chat Noir sim.

— Eu não vou. Outra pessoa vai. — Sorriu colocando a mochila no ombro. — Conheço um amigo que pode fazer isso por mim.

— Chat Noir. — Alya concluiu. Ajeitou os óculos e pegou o celular. — Você e Marinette combinam, sabia? Se parecem tanto e ao mesmo tempo não parecem nada. E tem essa de conhecerem Chat Noir e Ladybug.

Adrien não pensou muito nisso. Sua cabeça trabalhava numa forma de entrar nas catacumbas sem ser visto. Era um lugar fechado e ele odiava lugares fechados. Também era provável ter guardas. Se estivessem levando as pessoas para lá, alguém guardava o lugar.

— Vem, vou com você até lá fora. — Alya levantou e esfregou os olhos por baixo dos óculos. — Por favor, não deixa de me atualizar sobre qualquer avanço do Chat Noir, ok?

— Tudo bem. Ele mesmo pode fazer isso. — Adrien parou na frente de Alya quando chegaram a escadaria da escola. — Alya, sobre a carta...

— Eu entendi, Adrien. A Mari não precisa saber que você leu. — Ela bocejou. — Eu não vou contar, mas preciso da carta. Vou guardar com as outras.

— Existem outras? — Perguntou Adrien curioso.

Alya arregalou os olhos, desviando o olhar e tossiu para disfarçar. Adrien não perguntou de novo, é claro que tinham outras. A própria Marinette escrevera algo assim.

— Aqui. — Entregou o papel para Alya. — Obrigado.

***

Já era noite quando Chat Noir pulou para o telhado da mansão Agreste. A lua estava quase toda coberta por nuvens densas, mas isso não era problema. Chat estava decidido a ir. Desceu para andares mais baixo até chegar ao muro. As câmeras estavam temporariamente desativadas. Tinha alguns segundos até que religassem automaticamente.

O gato preto viu quando os sistemas foram religados. As câmeras procuraram possíveis invasores, mas Chat já estava fora de vista. Não olhou para trás quando começou a correr.

Entrou em uma rua fechada e começou a escalar a parede aos pulos para chegar nos telhados. Lá de cima ele olhou para o horizonte. A Torre Eiffel reluzia na noite nublada. Luzes de casas e prédios davam cor a opacidade do tempo. O vento não era forte, mas ameaçava trazer uma tempestade que vinha ao longe.

A corrida até a entrada das Catacumbas de Paris foi rápida. Chat Noir queria respostas, queria descobrir o paradeiro dos desaparecidos. E queria, acima de tudo, achar Ladybug.

— Vamos ver o que temos aqui — Chat falou enquanto descia pela lateral da pequena entrada das catacumbas.

Era estranho não ter guardas ali, pelo menos do lado de fora não havia sinal de segurança.

Chat forçou a porta. A tranca destravou sem muito esforço. O gato entrou olhando ao redor procurando guardas, mas ali também não havia ninguém. Quando fechou a porta atrás de si, o silêncio era assustador. Não havia mais som do trânsito, nem de pessoas. Não havia nada além do som de sua respiração.

O gato observou o lugar com mais atenção. Uma luz fraca iluminava o espaço. Era abafado ali. O ar parecia pesado e o cheiro de terra era forte. Chat sentiu outro cheiro que não identificou, mas vinha de um corredor escuro que ficava atrás de uma mesa de madeira escura, a recepção. Sobre a mesa, uma xícara fumegava com o líquido quente.

Ao mesmo tempo que reparou isso, ouviu vozes vindas de outro cômodo. Dois homens se aproximavam. Ao longe Chat viu os dois aparecem na luz. Eram guardas de aparência cansada, mas ainda assim, rudes. Um deles tinha um bigode esquisito e o outro olhos pequenos e assustadores.

— E quando encontrei, ela estava de cabeça para baix... — Falava o homem de bigode, mas parou quando reparou o garoto no meio da sala.

— Olá, está aberto à visitação? — Chat Noir falou, sorrindo sarcástico para os dois seguranças, enquanto girava o bastão nas mãos.

Antes que pudessem reagir as palavras do gato, Chat Noir avançou. O guarda de olhos pequenos se preparou para o ataque mais rápido que o outro que caiu apagado quando Chat Noir acertou sua cabeça com o bastão.

— Essa foi fácil. — Debochou, usando a parede para impulsionar o salto para o centro da sala — Sua vez!

Chat Noir estava agachado no lugar do pouso. Esperou, com um sorriso no rosto, o cara de olhos pequenos se aproximar. O homem segurava uma arma de choque. Chat não queria saber a sensação daquela arma, então se esquivou quando o homem disparou.

— Quem contratou vocês deve ser meio idiota, não? Pelo visto não conseguem se livrar de um gato. — Chat sorria quando o homem se virou.

— O que quer aqui, gato? — Sua voz era quase tão esquisita quanto o bigode do companheiro.

— Só quero visitar esse ponto turístico, sabe como é, essa cidade ainda tem muitos segredos — Chat deu de ombros. — E não sei, ouvi dizer que aqui tem uma ossada legal, é verdade?

Chat sentiu ser puxado para trás. Algo havia agarrado sua calda e o derrubado no chão. O homem de bigodes sorriu quando ergueu sua arma de choque para o garoto, mas Chat Noir era mais rápido. Deslizou por debaixo de suas pernas e impulsionou os pés no chão para dar um salto. Deu um giro sobre a cabeça do guarda e o derrubou.

— Péssimos, terríveis... — Debochou, encolhendo o bastão — Próximo?

O outro guarda atacou. Chat sorriu quando desviou de um golpe. Acertou o queixo do homem de olhos pequenos, que urrou. Bigodes atacou por trás mais uma vez e Chat Noir estava preparado dessa vez. Os dois se guardas pareciam maiores, erguidos sobre o garoto com fúria nos olhos.

— Vocês nunca reparam nos detalhes? — Chat perguntou olhando os dois, uma inocência fingida.

Ele ergueu a mão que segurava o bastão e o expandiu. Os guardas foram arremessados em lados opostos quando a ponta de cada extremidade atingiu-os no peito.

— Parte dois — Chat Noir deu um salto e se pôs de pé. — A mais fácil.

Com os guardas inconscientes, Chat Noir entrou pelo corredor escuro. Seus olhos se ajustaram à escuridão. Ossos decoravam as paredes, formando uma estante com souvenires de uma Paris quase desconhecida.

Um estrondo se seguiu pelo longo corredor e o teto pareceu querer desabar. Chat Noir concluiu que poderia ser isso mesmo quando terra escorreu pelas paredes e pequenas pedras caíram em sua cabeça, deslizando por seus ombros e indo direto para o chão em ruídos quase inaudíveis.

Continuou andando com o passo acelerado. O chão se tornava íngreme, o lugar tornava-se mais escuro, mesmo quando as paredes se abriram em corredores mais amplos. Ainda assim, Chat Noir sentia o peso do subterrâneo e estava se sentindo cada vez mais claustrofóbico.

Ouviu mais barulhos ecoando nas paredes. Os crânios pareciam olhar cada passo seu, atentos no intruso que perturbava seu sono eterno. Aquele tinha que ser o lugar.

Chat Noir percebeu que estava certo, que tinha encontrado o cativeiro dos amigos, quando sentiu um impacto quando esbarrou com algo e foi jogado contra o chão. Mas não era algo, ele havia colidido com alguém.

— NÃO! Me deixa sair! — Uma voz conhecida gritou sobre ele, enquanto se debatia nos braços do garoto.

— Ladybug? — Chat Noir continuou segurando a amiga em seus braços, ainda digerindo que ela estava mesmo ali.

A garota parecia sem forças, cada soco que ela desferia contra o peito de Chat Noir era mais fraco que o anterior. Ele se sentou e a segurou pelos ombros, olhando seu rosto.

Mesmo no escuro ele via os danos.

— Sou eu, my lady. — Chat Noir falou enquanto ela continuou se debatendo em seus braços, chorando desesperada, sem sinal de reconhecimento, apenas puro desespero e medo.

Um pequeno som fez Chat olhar o Miraculous de Ladybug no momento que a última carga apagou.

— My lady? — Chamou, sentindo a voz falhar.

Acompanhou o traje se desfazer numa luz delicada e mesmo querendo, não conseguia tirar os olhos. Viu quando Ladybug já não era Ladybug. Viu a roupa vermelha virar uma camisa branca sem mangas e jeans comuns. E viu quando o rosto de Marinette se escondeu em seu peito no momento em que ela desmaiou.

— Marinette... — Ele sussurrou, aninhando o corpo desacordado da garota contra seu peito, sentindo seu calor. — My lady.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!!