Let me know escrita por Loretha


Capítulo 14
Soma


Notas iniciais do capítulo

Ê, olá! Eu não sabia como continuar os acontecimentos, mas eis que surge uma ideia e outro personagem importante acontece! Espero que gostem, boa leitura!
Ah, queria agradecer aos anjos que sempre comentam e me inspiram a continuar! Obrigada, turminha! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709909/chapter/14

 

Adrien arregalou os olhos, surpreso com a investida de Chloe, mas segundos depois, quando o leve roçar dos lábios da garota fez seus sentidos despertarem, ele retribuiu. Pelo menos até sentir um beliscão na costela. Plagg se moveu inquieto e novamente beliscou o garoto.

Chloe se afastou quando sentiu que Adrien não retribuía mais. Os olhos ainda presos nos dele faziam perguntas que as palavras não conseguiriam expressar.

— Desculpa, eu... — Adrien murmurou. Sentia seu rosto queimar como brasa e seu cérebro parecia estar fora do ar.

Chloe assentiu, voltando para seu lugar no sofá. Seu rosto também tinha um rosado evidente e ela mantinha os lábios apertados numa linha fina. Adrien não sabia o que se passava na cabeça dela, mas temia estar em algo entre a rejeição e a dúvida do que ele podia ter sentido. Sinceramente, ele não sabia como estava, mas algo parecia errado no que os dois haviam feito, por mais inocente que tivesse sido.

— Eu... Preciso ir. — Chloe levantou-se do sofá de um pulo e praticamente correu até a porta. 

— Chloe, volta aqui! — Adrien chamou, indo atrás dela. Não conseguia pensar direito e tinha medo, mas se Chloe estava magoada, ele tinha que se desculpar. — Chloe! 

Mas ela não parou. Abriu a porta e saiu, deixando Adrien estático no lugar, com apenas os pensamentos confusos embaralhados em sua cabeça e no meio deles uma pergunta parecia se sobressair: por que aquilo pareceu tão errado?

***

Chloe não esperou o elevador. Com o coração martelando em suas costelas, desceu as escadas correndo. Sua visão estava enevoada e as lágrimas, decididas a molhar suas bochechas afogueadas, caiam mesmo que ela tentasse segurar o choro. O beijo era só um teste, mas ainda assim, sentiu algo quando Adrien parou de corresponder. 

Quando chegou ao saguão do hotel, se assustou quando viu a multidão na entrada. Tentou secar as lágrimas o melhor que pôde, mas desistiu quando um soluço rompeu por sua garganta. "Droga, Chloe, pare de chorar!", brigou consigo mesma, irritada.

Respirou fundo e seguiu para a saída sem se importar com as pessoas que empurrava de seu caminho.

— Chloe! — A voz de Sabrina soou acima da gritaria. — Ei, Jagged Stone chegou! Chloe!

Ignorando a amiga, acelerou a caminhada. Olhou por cima do ombro para ver se Sabrina a seguia, mas já não avistou mais os cabelos arruivados em meio as pessoas espalhadas no saguão.

Um impacto abrupto tirou o ar de seus pulmões quando ela caiu estatelada no chão. Então tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Viu o garoto que havia esbarrado nela sentado no chão com a mão na cabeça e olhando para cima com uma careta esquisita e também viu os olhares das pessoas ao redor seguir o mesmo rumo que o dele. Quando levantou a cabeça, foi apenas para ver o pote de tinta sob o poder da gravidade caindo.

Chloe gritou quando sentiu a tinta escorrer pelo seu rosto e ombros. Piscou algumas vezes e passou as mãos nos olhos para limpar a visão. Vermelho. Tinha que ser vermelho.

Fechou os olhos com força, tentando ignorar as risadas e sussurros que ouvia vindo de todos os lados. 

— Desculpa, Chloe! Eu juro que não vi você. — Ouviu o garoto dizer. 

Sentiu braços a puxarem para cima. Abriu os olhos e fungou. Nathaniel Kurtzberg tinha o semblante preocupado.

Todos os olhares agora estavam nela. Até mesmo Jagged Stone a olhava de longe com uma careta.

— Vermelho combina mais com a Ladybug, Bourgeois! — Alguém gritou do meio dos desconhecidos e então uma profusão de risadas explodiu pelo lugar.

Com os punhos fechados com força ao lado do corpo, a garota endireitou os ombros e virou furiosa para Nathaniel.

— Obrigada, seu grande idiota! — Murmurou, com uma fúria controlada, antes de correr de volta para as escadas. 

Entrou no quarto deixando manchas de tinta vermelha no tapete caro e foi direto para o banheiro. Parou em frente ao espelho e encarou seu reflexo. Seu cabelo, suas roupas e seu rosto estavam tingidos de vermelho. Parecia mais Carrie, a estranha, do que Chloe Bourgeois, a filha do prefeito e preferida de todos. Pelo menos ela pensava que gostassem dela até aquela noite, mas, diante de todos aqueles olhares, Chloe percebeu quem realmente era para todos.

E não gostou um pouco do sentimento que tomou seu coração.

Ouviu uma batida na porta, mas ficou no mesmo lugar, encarando seu rosto manchado de tinta e lágrimas. 

— Entrega para a senhorita Bourgeois. — A voz abafada pela porta fechada não era do rapaz das entregas. 

Curiosa, a garota saiu do banheiro e abriu a porta, mas apenas viu as costas de um senhor pequeno virar o corredor.

A caixa dourada que estava aos seus pés tinha um laço bonito e bem elaborado. Chloe a pegou e trouxe para dentro. Colocou a caixa sobre a cama e puxou o pequeno bilhete.

"Algumas coisas precisam acontecer para que se perceba o quanto outras são importantes".

De dentro da caixa, embrulhado em papel neutro, Chloe tirou um pente delicado. 

O arco em cima e os nove dentes brilhavam em dourado. O desenho da abelha chamou a atenção de Chloe. Alisou as asas que formavam o arco e sentiu a textura das listras pretas e douradas.

Devia ser engano. Não se lembrava de ter encomendado nenhum pente pela internet e ela não costumava receber muitos presentes que não fossem de seu pai. 

Guardou o pente no papel e devolveu-o a caixa. Antes de entrar no banho, Chloe olhou mais uma vez no espelho. Então ergueu o queixo, querendo desafiar o mundo e decidiu ali mesmo, coberta de tinta, tentar ser uma pessoa diferente.

***

Marinette estava deitada na cama, olhando o teto branco do hospital enquanto ouvia Tikki mastigar os biscoitos de chocolate do pote que sua mãe havia trazido mais cedo. As duas estavam cansadas e, mesmo que a garota sentisse seu corpo doer novamente, ela estava feliz.

— Marinette? — Tikki chamou. — Você acha que tem algum motivo para o Mestre Fu ter convocado a Rena Rouge?

A garota sentou-se na cama, ignorando a leve pontada de dor que sentiu, e olhou sua kwami com curiosidade. Aquele era um ponto importante.

Quase um ano antes, depois de lutar com a Volpina akumatizada, Marinette havia conhecido Mestre Fu, o guardião dos miraculous. Nada mais, nada menos que o mesmo senhor que havia lhe dado o miraculous da joaninha.

— Como assim, Tikki?

— Como você sabe, a joaninha e o gato tiveram que voltar porque Hawk Moth apareceu. Você não acha que algo possa estar errado? — Tikki mordeu um pedaço do biscoito. O rostinho mantinha uma expressão tensa e preocupada.

— Não sei, Tikki. É muito difícil entender o que o Mestre Fu quis dizer com... — Marinette fez sinal de aspas com os dedos. — “Um pequeno problema não é um problema, mas um grande somatório de pequenos problemas é um problema muito grande”.

Tikki riu, mas ainda sim parecia preocupada.

— Eu também estou tentando entender isso! Nosso antigo guardião era mais direto. — Tikki sorriu, então balançou a cabeça. — Eu gosto do Mestre Fu.

— Eu sei, Tikki. — Marinette pegou um biscoito e mordeu um pedaço. — Eu vim pensando nisso... Nesse ditado, sabe? Você acha que tem a ver com as pessoas que nos levaram?

A kwami assentiu.

— Eles sabem da gente, Marinette. Isso me preocupa, mas acho que estão planejando algo maior. É a única explicação para não terem feito nada até agora.

Marinette ponderou um segundo antes de falar. Então uma sombra pareceu cobrir seus pensamentos.

— Acha que é isso, Tikki? Todos os problemas somados? Hawk Moth, aquelas pessoas...?

— Não sei, mas tenho medo. Se precisarmos lutar juntos, vamos ter problema, já que não temos todos os miraculous.

A conversa ficou na cabeça de Marinette durante toda a noite, impedindo-a de fechar os olhos. Todas as vezes que tentava dormir, pesadelos se escondiam sob suas pálpebras.

Tentou pensar em algo. As lembranças boas da noite com Chat Noir deram lugar à outra coisa: e se ele também estivesse em perigo, agora que sabiam que ela era Ladybug? Não, não era possível, pelo menos ela torcia para não ser.

***

O desenho infantil no caderno despertou alguma coisa nas lembranças adormecidas de Félix. Ele sabia que aquele desenho não pertencia a ele, mas lembrava de um garotinho loiro muito parecido.

Parecia um sonho distante, mas ele conseguia ver a criança rabiscar as folhas com um sorriso no rosto.

Ei, o que você está desenhando ai?”

O garotinho ergueu os olhos claros. Havia manchas de terra em suas bochechas e testa. O sorriso não estava nem perto de sumir.

“Nossa família e o Rex, meu dinossauro de estimação!”

“Rex? Então ele é aquele dinossauro malvado que assusta os outros?”

Os cabelos loiros da criança se sacudiram quando ele balançou a cabeça, negando.

“Não! O Rex é legal. Ele come só plantas e é amigo de todo mundo! Por isso ele vai morar com a gente.”

“Quando ele chega?”

“Só quando o papai me deixar construir uma caverna no quintal.”

“Era isso que você estava fazendo? Tem terra em todo seu rosto.”

Dando de ombros, agora sério, o garoto voltou a desenhar.

“Bem, se você quiser, eu posso te ajudar com a casa do Rex.”

O garoto virou o rosto, os olhos verdes brilhando como duas esmeraldas.

“Sério, Félix? Faria isso? Você é o melhor irmão do mundo!”

Um tremor fez Félix abrir os olhos assustado. Não tinha percebido que havia dormido, mas pela janela do avião, viu o alvorecer clarear o céu lentamente.

Esticou-se, desconfortável na poltrona do avião. Então se lembrou do livro e começou a procurar no chão quando viu que não estava mais em seu colo. Tateou debaixo do assento e soltou um suspiro aliviado quando sentiu a capa. Puxou o livro e o folheou até a página onde o desenho estava gravado.

Félix não sabia se havia sido um sonho ou uma lembrança, mas aquilo havia mexido com ele de uma forma inimaginável. Se fosse uma lembrança, ele não perdoaria a pessoa que havia tirado aquele garotinho dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nos vemos nos próximos. E pessoal, vou responder os comentários quando atualizar, assim, vocês podem saber quando postei capitulo novo! Beijos ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let me know" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.