Let me know escrita por Loretha


Capítulo 13
Calor humano


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. E tô torcendo pra não ficarem com raiva de mim (apesar de pensar que não vão, hehe) Boa leitura!



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Três meses e duas semanas antes.

Ladybug pulou para um prédio mais alto, para que pudesse finalmente avistar a mansão Agreste. Observou os arredores do lugar procurando as pessoas que havia visto mais cedo na padaria de seus pais. A conversa despertou o interesse da garota quando a mulher de saltos extremamente altos falou, aos sussurros com seu companheiro, o sobrenome Agreste.

Não que aquilo fosse incomum. Gabriel Agreste era um estilista de renome. Aquela mulher poderia muito bem apenas estar procurando alguém para desenhar suas roupas chiques e esse alguém era o Sr. Agreste.

O problema havia sido o jeito como o homem reagiu. Fechou a cara enquanto passava o dinheiro para Marinette, que estava no caixa, e pareceu grunhir uma resposta para a mulher, que revirou os olhos e depois sorriu de forma maliciosa. Os dois saíram depois de um sonoro adeus para a garota e um sorriso ensaiado.

Ladybug balançou a cabeça para retornar para o presente. Era fim de tarde. O dia havia sido um pouco mais quente, mas começava a esfriar. A cidade fluía normalmente abaixo, sem ninguém parecer notar o ponto vermelho escondido no alto dos prédios.

O carro preto estacionou duas ruas antes da entrada da mansão, mas dali de cima a garota podia ver claramente algumas ruas antes e depois. Abaixada na borda do prédio, atrás da amurada, ela viu quando o carro do Sr. Agreste saiu da garagem e foi até a rua onde o casal já esperava, ainda dentro do carro.

— Por favor, que seja só uma encomenda do melhor estilista do mundo. — Murmurou Ladybug, torcendo para não ter entendido errado.

E dai que aquele casal tinha jeito de vilão? Nenhum dos dois poderia ser Howk Moth. A mulher era claramente mais baixa e mais magra que seu inimigo e o homem era tão grande quanto Gorila, o motorista de Adrien.

— Só se Howk Moth fosse o Sr. Agreste. — Riu a garota, para si, achando aquilo impossível, enquanto observava a cena.

Apenas a mulher desceu do carro quando o do Sr. Agreste estacionou. Ela olhou ao redor, verificando se não estava sendo observada. Ladybug se abaixou mais ainda contra a amurada do prédio em que estava, temendo que ela a visse, mesmo sabendo ser quase impossível vê-la dali.

Quando olhou novamente para a estranha, percebeu que ela parecia ver exatamente onde ela estava, no prédio. A garota se jogou no chão e contou os segundos. Quase um minuto depois, voltou a se erguer, mas tudo que viu foi uma mão sair pela janela do carro do Sr. Agreste e pegar um embrulho que mulher desconhecida oferecia. Logo depois, ela entrou no carro e saiu na direção oposta ao carro do Sr. Agreste.

Ladybug saiu do esconderijo e procurou o carro do casal, que saia por uma rua mais abaixo.

— O que está acontecendo ali? — Perguntou a si mesma quando voltou os olhos para a mansão.

Antes que perdesse o carro de vista, pulou para o prédio seguinte usando seu ioiô vermelho e o seguiu até que ele se misturou entre os carros na avenida  Champs-Élysées.

Frustrada, refez o caminho para casa. O céu estava púrpura e a Torre Eiffel já estava acesa, brilhante e majestosa diante dos olhos de todos. Pulou de prédio em prédio, olhando para todos os lados, com a estranha sensação de estar sendo seguida. Pensou que fosse apenas uma paranoia de super herói quando uma pena caiu à sua frente, antes que pulasse para o prédio seguinte.

Pegou a pena delicada e olhou para o alto. Não havia nada, além das estrelas que apareciam, uma a uma, com a chegada da noite.

De repente, sentiu um puxão em seu tornozelo e foi jogada no chão. Virou-se de barriga para cima a tempo de ver uma nuvem turquesa se lançar sobre ela. O cheiro doce que tomou seus sentidos antes de tudo se apagar era hipnótico e pareceu anestesiar seu corpo e mente, fazendo-a afundar na escuridão.

                                                   
                                                   ***

Ladybug ainda estava aninhada em seus braços quando a última carga acendeu a pequena luz verde no anel.

A garota fungou e se afastou, passando a mão nos olhos úmidos. O peito subia e descia com a respiração descompassada pelo choro, mas pelo menos agora parecia melhor. Ou pelo menos tentava parecer.

O tempo estava mais frio, mas enquanto Chat Noir estava ali, com ela em seus braços e os dois sentados no chão da Torre Eiffel, com a cidade brilhando logo abaixo, ele não ligava para nada além do calor que o corpo da garota transmitia e para a vontade de poder fazê-la se sentir melhor.

— Você precisa ir. — A voz de Ladybug estava rouca e baixa quando falou. — E eu também. 

Levou os dedos até a orelha, onde a terceira carga descarregada ainda piscava. 

— Eu... Eu não ligo se você souber quem eu sou. — Naquele momento não ligava mesmo.

Seu coração estava apertado e sentia o desespero tomar conta do corpo quando pensava em deixá-la ali num momento em que ela estava tão indefesa e sensível. Chat Noir não ligava se Ladybug soubesse quem ele era. Só queria estar ali.

Num gesto delicado, ela segurou a mão do garoto, que retribuiu o gesto segurando seus dedos nos dele tentando mostrar que estaria com ela para tudo que  precisasse.

— Obrigada, Chat Noir. — Disse, erguendo os olhos para os dele, ainda segurando sua mão. Os olhos tão cheios de segredos já demonstravam como ela estava grata e isso era suficiente. — Obrigada por estar aqui.

O gato sorriu e balançou a cabeça, um sorriso típico seu no rosto.

— Sempre que precisar, Bugaboo. — Falou, ficando de pé sem soltar a mão da garota e logo em seguida a puxando junto.

Ladybug sorriu, deixando a mão de Chat Noir livre. Balançando a cabeça,  pôs as suas mãos na cintura, fingindo estar irritada.

— Ainda não gosto que me chame de Bugaboo, Chato Noir. — Disse empinando o nariz para o ar.

— My lady. — Chat Noir se curvou. Em seguida pegou o bastão e acenou, sorrindo, antes de saltar da torre.

Com o coração a mil, tanto pela corrida quanto por ter estado tão perto de Ladybug, Chat Noir aterrissou no chão do terraço no momento que a transformação acabou.

— Estou ficando com raiva de você, Adrien. — Plagg bufou. — Um queijinho e eu ficaria ótimo.

Adrien riu e olhou para o kwami, verificando se estava tudo bem com seu amigo.

— Vem, vamos descansar. — Adrien viu a careta que Plagg fez ao ter que se esconder sob sua camisa desabotoada. — Vamos pedir uns queijos. 

Plagg não reclamou, até o queijo demorar a chegar. Depois da quarta ou quinta reclamação do kwami, a bandeja de queijo e a janta que Adrien havia pedido chegou.

— Essa demora valeu a pena! — Plagg falou quando o cheiro do queijo camembert se espalhou pelo quarto.

Adrien franziu o nariz, detestando o cheiro, mas sorriu ao ver Plagg devorando cada centímetro de todo o queijo. Pelo menos agora ele estava bem.

Depois de ter apagado, seu kwami parecia não lembrar de nada, exceto de um vazio, como se tivesse perdido Adrien e voltado para a proteção do miraculous. Alguma coisa estava errada, os dois sentiam, mas não sabiam dizer o que era.

— Acha que sua relação com a Marinette vai mudar? — Plagg perguntou depois de comer outro pedaço de queijo.

— Como assim?

— Agora que você sabe sobre ela. — O kwami lançou um olhar de esguelha para o garoto e esboçou um sorriso. — Sobre as duas coisas.

Adrien olhou para o prato vazio à sua frente. Ainda estava com fome. Pegando um pedaço de queijo sob os protestos de Plagg, Adrien se curvou na cadeira.

— Não sei. — Deu de ombros e soltou um suspiro pesado. — Estou pensando em simplesmente manter as coisas como estão. Focar no que está acontecendo com a cidade e todos esses desaparecimentos.

Plagg apenas fez uma careta e arrotou, fazendo Adrien revirar os olhos e rir.

Um leve bater na porta fez o kwami se esconder sob a camisa de Adrien levando junto o que restava do queijo.

— Adrien, posso entrar? — Chloe perguntou, ainda do lado de fora. 

— Oi, Chloe. — Respondeu abrindo a porta, depois de verificar se Plagg estava bem escondido.

O perfume de Chloe Bourgois se infiltrou no quarto de forma doce quando ela entrou. Era um cheiro muito melhor que o queijo fedido de Plagg, mas fez o nariz de Adrien pinicar. 

— Tudo bem com você? — Perguntou, olhando Adrien com o cenho franzido. — Olha essas olheiras.

— Eu... Ahn... Sinto falta do meu quarto. — O garoto respondeu, inventando a primeira desculpa que parecia cabível. 

Chloe balançou a cabeça e empinou o nariz no ar, fazendo uma careta.

— Que cheiro horrível é esse? 

— Queijo camembert. 

Dando de ombros, Chloe sentou-se no sofá confortável e cruzou as pernas. Adrien se acomodou ao seu lado e ligou a televisão. 

— Parece que sua amiga Marinette vai voltar à escola logo, logo. — Começou ela, olhando sem interesses algum para os clipes na tela plana.

— Acho que sim, mas talvez demore, ela nem recebeu alta ainda. 

Chloe riu. 

— É, você deve mesmo saber, está tão amigo dela. — Sua voz denunciou uma ponta de ciúme, pelo menos foi o que Adrien achou.

Quando percebeu isso, sua nuca começou a esquentar. Talvez não fosse ciúme. Estava com a cabeça tão cheia ultimamente que não conseguia pensar direito.

— Que cara é essa, Adrikins? Seu rosto está vermelho. — Ela apertou os olhos, encarando Adrien pensativa, então piscou e sorriu.

— Não é nada. Talvez só calor mesmo. — Respondeu o garoto, virando os olhos para o chão. Sentiu o rosto em chamas.

— Calor mesmo, não? — A voz de Chloe perto do seu ouvido o fez erguer a cabeça.

Chloe estava perto. Perto demais. Os olhos azuis tão próximos aos seus que Adrien podia ver seu reflexo. O cheiro do perfume da garota fez cócegas em seu nariz com mais intensidade.

Antes que Adrien entendesse o que viria a seguir, ela se inclinou e pressionou seus lábios nos dele.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Vejo vocês no próximo, bjs.



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