Unnatural Rosemary escrita por A Borralheira


Capítulo 6
Capítulo V - Ain’t No Rest For The Wicked – Part 1




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1 – What Is And Should Never Be

Após saírem da casa de Rosemary os irmãos Winchester voltaram ao Blue Dallas Hotel exasperados. Não disseram uma palavra durante todo o trajeto e um silêncio fúnebre se apoderou do carro. Em todos esses anos de estrada, o “baby” de Dean fora testemunha de momentos alegres e trágicos. Guardava em seu interior todos os segredos que circundavam a família Winchester, mesmo antes de ela estar inteiramente formada. Dean sabia que, onde quer que John tenha ido e o quer que tenha feito, o Impala estava ao seu lado, servindo-lhe de guardião e de casa. Por isso, pressionava o volante com violência. Queria arrancar de seu valente companheiro de viagem as verdades sobre Rosemary. 

Ao se aproximar do letreiro piscando em um azul neon que ia ficando perceptível com o pôr do sol, Dean parou o Impala e esperou que Sam descesse antes de forçar o motor com fúria em direção ao estacionamento.

Assim que entrou no quarto, Sam sentou na beira da cama e deu um suspiro cansado. Qualquer que fosse a relação entre Rosemary Lessa Brown e John Winchester, o caçula dos Winchesters não se importava muito. Podiam ter só se esbarrado em uma caçada, ou tido um conhecido em comum. Não fazia diferença. Sam estava consternado era com a aparente incapacidade de lidarem com um rastro de mortes que vinha se alastrando desde o Kansas.

Sam sabia que Dean estava em outro patamar de tensão. Já chegara a Princeton com os nervos aflorados e Rosemary só aumentara a crise. Sam percebera os olhares furtivos que os dois trocaram durante o jantar e compreendia que, quanto mais o tempo passava, mais Dean estava emocionalmente envolvido naquela incógnita. Qualquer um que reagisse à morte de John como Rosemary reagiu, cativaria sua atenção para sempre.

Sam ficara admirado de conhecer uma doutora com tão pouca idade e de tão atraente aparência. Era difícil não pousar os olhos nela por mais tempo que o necessário. Ele se perguntava se ela sabia do efeito que causava e tirava proveito disso. Mas o que mais chamava a atenção de Sam era a vida que agora rebrotava em seus pensamentos. Saber do mundo sobrenatural e conviver com a existência de seres malignos, não impedira Rosemary de ter uma vida aparentemente normal. Sam se imaginou casado com Jéssica, formado em Direito e conferindo todos “pontos de pureza” espalhados pela casa. Talvez a vida não precisasse ser ou uma coisa ou outra, como John os havia ensinado. Talvez se pudesse dormir tranquilo à noite, mesmo sabendo o que há lá dentro da escuridão. Para ele e para Dean, só havia a escuridão.

Sam sorriu diante da possibilidade e então decidiu levantar e começar a fazer a mala, antes que Dean voltasse. Estava terminando de organizar seus papéis e guardar seu notebook quando sentiu o celular vibrar no bolso da jaqueta.

— Alô?

— Me dê uma hora, então vocês podem ir.

— Rosemary?

Mas a ligação terminou antes que houvesse resposta.

2 – Dream a Little Dream of Me

Dean estava parado fazendo hora no estacionamento, tentando colocar os pensamentos em ordem. Não queria falar sobre nada o que tinha acontecido desde que chegaram e não queria que Sammy desse uma de terapeuta para cima dele. Tinha aprendido a lidar com as coisas de seu jeito, sem se expor muito.

Fora o pesar nos olhos de Rosemary que o prendera. Ele reconhecera nela não só um enorme sentimento de devoção a John, como o peso que carregava em sua alma. É verdade, ela dera um tiro em seu braço, mas ele não teria feito o mesmo se encontrasse alguém em sua casa naquelas circunstâncias? Além disso, estar sentado na mesa jantando com ela e com Sam, o fez ter uma breve recordação de como é ter uma família. Dean sentia seu estômago revirar. Acabara de conhecê-la. Então, porque sentia tanto medo de perdê-la de vista?

Dean abriu o porta-luvas e pegou o celular de seu pai. Nenhuma ligação perdida. Nenhum dos contatos de seu pai tinha alguma resposta a lhe dar. Precisava voltar para Brookeville e descobrir o que estava acontecendo sozinho.

Decidiu ligar para Bobby, mas pelo visto a procura por Jimmy Yellow estava ocupando todo o seu tempo. Fazia dias que Bobby não atendia ligações e seu último sinal de vida foi um recado malcriado na caixa postal de Sam: “Parem de ligar pra mim, idiotas”.

Dean voltou para o quarto trazendo duas latas de cerveja e algumas barras de Snickers.

— Trouxe açúcar – anunciou.

— Dean, Rose ligou.

— Uma hora?! – Quis saber Dean quando ouviu o relato de Sammy – Porque diabos ela precisa de uma hora?

— Eu não sei Dean. Ela não disse. Talvez nos diga alguma coisa sobre o caso.

— E porque ela não disse antes?

— Talvez ela realmente não soubesse e está indo atrás de alguma coisa. Nós viemos até aqui para termos uma resposta dela, então vamos esperar.

— Ela tem uma hora exatamente. Depois disso, vamos embora – disse Dean, tentando disfarçar uma ponta de excitação em sua voz. 

3 – Devil May Care

As pernas de Rose ainda estavam bambas.  As palavras de Dean a atingiram como socos no estômago. Sentia vontade de vomitar. Era verdade, fazia anos que queria saber do paradeiro de Amadi, Zubayda e Farih, mas o medo a impedia de procurar notícias deles. Naquele momento, Rosemary odiava Dean Winchester muito mais do que quando ele gritara em seu escritório ou do que quando o encontrou em sua cozinha. O que diabos ele sabia sobre ela?!

Por um breve segundo, Rose se arrependeu de não ter envenenado a comida do Winchester mais velho. No entanto, a menção de John a fez lembrar-se do dia em que o viu pela primeira vez, estacionado em frente ao prédio abandonado de sua escola. Sam e Dean podiam ser burros, inconsequentes e desesperados para morrer, mas eram filhos de John e isso os tornava um problema dela.

L’ Brown respirou fundo três vezes, engolindo o choro. Precisava pensar rápido, precisava agir rápido. Precisa de uma resposta pronta e urgente. “Tempos desesperadores, pedem medidas desesperadas”. Com esse pensamento, uma caixinha inquieta se abriu na mente de Rose. Ela então tentaria uma manobra arriscada, remexendo em um ponto de seu passado que preferia manter absolutamente intacto e esquecido.

Rosemary se levantou, forçou as pernas a pararem de tremer e discou o número de Sam em seu celular. 

4 – Thin Man

“Uma hora? Porque diabos eu disse uma hora?!”

 Rose dirigia seu carro em alta velocidade. Não precisava de GPS, nem endereço escrito. Sabia muito bem em que direção precisava lançar as rodas de seu Chevrolet Cruze. Fazia anos que o acompanhava à distância e, enquanto carregasse consigo um rastreador no tornozelo esquerdo, Bruno não iria a lugar algum.  


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