O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 64
Capítulo 63


Notas iniciais do capítulo

Bom... Vocês já sabem como anda minha criatividade, então, tudo o que posso fazer, é me desculpar kk
Espero que gostem...
Boa leitura ♥



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Katniss

Minha respiração estava tão densa, que eu sentia dificuldade em fazer o oxigênio circular por meus pulmões. Meu coração batia alto, e parecia que a qualquer momento estouraria meus tímpanos. Meus passos, apesar de firmes, eram lentos, apenas para evitar que eu tropeçasse, e fizesse papel de idiota na frente da mulher, que me dissecava com os olhos, a poucos metros de mim.

Johanna me observava com extrema atenção, enquanto eu me aproximava, e eu conseguia distinguir uma ponta de tédio, pela forma que ela me olhava.

Toda a confiança que eu havia sentido, quando a enxerguei no gramado dos Mellarks, havia ruído... Ou ido embora com Peeta, para dentro da casa.

A verdade, é que eu não fazia nem ideia, de por onde deveria começar aquela conversa, e talvez, esse também fosse um dos motivos da minha caminhada demorada.

Eu poderia muito bem desistir, correr pra dentro, e deixar que Peeta resolvesse esse assunto, mas uma pequena parte de mim, continuava a me empurrar para aquela direção, como se fosse uma obrigação minha. E eu não costumava deixar de lado, as minhas obrigações.

Quando parei em frente a Johanna Mason, eu sentia meu interior apertado, como se o nervosismo comprimisse meus órgãos.

Respirei fundo, e soltei o ar pela boca lentamente, torcendo para que aquele ato me acalmasse de alguma forma.

Porém, aquilo serviu apenas para me deixar mais inquieta.

Johanna me analisou mais uma vez, depois da minha longa inspirada, com um sorriso debochado no rosto, como se pudesse ler cada pensamento inseguro, que se passava por minha cabeça.

— Por que está tão nervosa? – questionou ela. – Sua primeira conversa com um adulto? – cutucou, ainda sorrindo.

Eu sentia uma pequena pressão na cabeça, e meu rosto fervia, com certeza, corado. A pulsação estava forte em todos os pontos principais do meu corpo, e era como se meu coração estivesse na garganta, pronto para pular para fora.

Definitivamente, eu estava pronta para entrar em pânico.

Engoli a saliva, com certa dificuldade, sacudi levemente a cabeça, tentando espantar meus pensamentos vacilantes, e acabei sorrindo de volta, da melhor maneira possível.

— Antes que comecemos essa conversa, quero dizer que você não me ofende, ao se referir a mim, como uma adolescente – falei, sentindo o coração mais acelerado. – Você ofende a si mesma, por dizer, mesmo sem perceber, que apesar da pouca diferença de idade, pareço bem mais jovem. Isso significa que estou bem melhor do que você – retruquei.

— Tem certeza que quer revidar? – perguntou Johanna. – Porque, não sei se você percebeu, sou ótima em trocar farpas.

— Sim. Eu notei. Seu veneno ficou evidente – dei um meio sorriso. – E, não sei se você percebeu, mas eu apenas fiz um comentário, sobre sua tentativa de insulto. Eu estou aqui para ter uma conversa séria. Não para perder tempo.

A testa de Johanna estava mais franzida, quando terminei de falar, mas logo ela ergueu a sobrancelha direita, e sorriu.

— Interessante. Você me parece menos sonsa agora – comentou ela. – E então. O que quer conversar comigo?

— Certo – respirei devagar, e elevei levemente o rosto, fazendo meu nariz empinar, quase imperceptivelmente. – O que você quer para acabar com essa palhaçada?

— Você veio aqui para negociar comigo? – Johanna riu.

— Sim – soltei, com seriedade. – Me diga o que você quer para deixar Peeta, em paz.

 

Peeta

Eu sabia que poderia muito bem, não ter dado ouvidos a Katniss, e insistido em resolver aquele assunto sozinho, e da minha própria maneira, porém, quando seus olhos cinzentos, praticamente, imploraram por uma chance de tentar ter uma conversa com Johanna, me senti desarmado.

Agora, enquanto eu caminhava de um lado para o outro na sala de estar dos meus pais, eu percebia o quão arrependido eu estava, por ter sido tão mole, e cedido ao seu pedido, com tanta facilidade.

Era insensatez, deixar aquela conversa acontecer. E eu havia chegado naquela conclusão, mais por me lembrar da forma sarcástica e venenosa de Johanna, do que pelo fato de ter minha namorada, conversando com minha ex-mulher.

A determinação de Katniss, com certeza, havia me surpreendido, e muito. Assim como sua tranquilidade, e sua língua afiada, para retrucar as provocações de Johanna, mas eu sabia, que aquilo não era o suficiente para estar no nível baixo dela.

Não dava para saber, o quanto havia se passado. Eu só sabia que eu caminhava há um bom tempo pela sala, sem conseguir dar atenção alguma aos outros, que pareciam conversar, ao meu redor.

— Você me ouviu, Peeta?!

A voz elevada de Annie, me fez finalmente parar, e virar para encara-la no sofá de dois lugares, onde ela estava com Finnick.

— Não – respondi, soltando um longo suspiro, e passando as mãos por meus cabelos, já bagunçados. – Sinceramente, não tenho ouvido nada, desde que entramos – confessei, antes de virar a cabeça para fitar a porta fechada, da entrada da casa.

— Annabelle quer saber mais sobre você e Johanna – explicou Madge, chamando minha atenção para ela, que estava sentada em uma das poltronas. – Acho justo...

Assenti lentamente, esfregando o maxilar.

— É justo... – concordei, vagamente. – Eu só... Eu não vou conseguir detalhar nada agora – soltei devagar, voltando a encarar a entrada.

— Ao menos pode me dizer se acha seguro Katniss e Johanna sozinhas? – Annie perguntou. – Porque, pelo que eu lembro, Mason não costumava ser uma pessoa fina para conversas... – comentou. – Ou pra qualquer coisa – ela disse mais baixo, a última frase.

— É isso o que me preocupa – falei, voltando a escorregar a mão por meus cabelos.

Com os olhos ainda grudados na porta, assisti Delly aparecer a minha frente, ao terminar de descer a escada, silenciosamente.

Andei devagar até ela, parando na entrada da sala.

— Como o Pietro está? – questionei, quando ela se aproximou.

— Agitado – respondeu minha irmã, suspirando baixo. – Cheio de perguntas, mas o pai conseguiu distrai-lo. A mãe pediu pra eu descer, e ver como estavam as coisas por aqui – explicou Delly, enquanto olhava por sobre meu ombro. De cenho franzido, ela voltou a me fitar, soltando, em seguida, a pergunta: – Katniss ainda não entrou?

— Não. Estou pensando seriamente, em ir até ela – fechei as mãos em punhos, ao lado do corpo, apertando meus dedos com força.

— Não acha melhor que eu vá? – questionou.

— Não. Se você for, precisarei ir logo depois, pra te arrancar de cima da Johanna – murmurei, olhando para a porta.

— Como se eu fosse uma louca, descontrolada – minha irmã fez piada, mas nem ela mesma riu de verdade, talvez imaginando, que eu não estava tão errado.

Balancei a cabeça devagar, e inspirei lentamente.

— Não sei o que elas tanto tinham pra falar – comentei, sentindo meu coração se apertar. – Acho melhor eu ver o que está acontecendo – falei, em seguida, pronto para me mover, e passar por Delly.

— Se eu fosse você, ficaria por aqui mesmo, Peeta – disse Gale, me fazendo desistir, e virar para procura-lo.

Era a primeira vez que ele se manifestava, desde que entramos, por isso, eu nem havia notado, até aquele momento, a tranquilidade em sua feição, enquanto massageava os ombros de Madge.

Gale estava parado atrás da poltrona, e parecia relaxado demais.

— Talvez você não tenha entendido a gravidade da situação – soltei, de testa franzida.

— Entendi sim – respondeu ele, erguendo o olhar para mim. – Mas Katniss nunca gostou de ninguém envolvido em seus problemas.

— Johanna é problema meu, não dela – disse, passando as mãos, novamente, por meus cabelos.

— Tarde demais, para dizer isso – Gale parou de massagear os ombros de Madge, dando-me mais atenção. – Se Katniss está lá fora, é porque ela tomou esse problema, para si. E se você for lá agora, correrá o risco de deixa-la irritada, e chateada, por parecer que não confia nela.

— Mas...

— Katniss é sensata – ele me interrompeu. – Se ela achar que não dá conta, provavelmente correrá pra dentro, no mesmo instante – Gale afirmou, sem hesitar.

Soltei um suspiro derrotado, e assenti levemente, apenas uma vez.

— Darei mais cinco minutos – avisei, ao encarar o relógio de madeira dos meus pais, e constatar que não havia se passado tanto tempo.

— Dará mais cinco minutos a quem?

Virei rapidamente, e senti um pequeno alivio surgir em meu peito, ao ver um sorriso desenhar os lábios de Katniss.

Ela estava parada logo atrás de Delly, que acabou virando de lado, para olha-la também, então, sendo assim, minha irmã acabara deixando o caminho livre, para que eu me aproximasse, sem nenhuma dificuldade.

— Você está bem? – murmurei, estudando seu rosto, enquanto segurava seus ombros.

— Eu estou ótima, querido – ela voltou a sorrir, mas algo naquele sorriso, fez o alivio, simplesmente, evaporar.

— Onde está Johanna? – perguntei, apreensivo, olhando de Katniss para a porta.

— Foi embora – respondeu, fazendo-me olha-la novamente. – E acho que deveríamos fazer o mesmo.

— Não vai nos contar sobre a conversa? – Annie quem perguntou, por isso, saí do caminho, para deixar Katniss aparecer na visão dos outros.

Ela se aproximou, parando ao meu lado, antes de responder a irmã:

— Não há nada para contar a vocês – disse Katniss, com uma tranquilidade absurda, e que me deixara mais desconfiado. – Nós apenas chegamos a um acordo.

— Que seria...? – questionou Delly, logo atrás.

Ela soltou um riso delicado, e balançou a cabeça.

— O que vocês precisam saber, é que Johanna não incomodará por algum tempo – afirmou.

— Você bateu nela? – minha irmã perguntou, passando por nós dois, até estar a nossa frente.

Katniss voltou a rir, e negou silenciosamente.

— E como conseguiu se livrar daquele encosto? – Delly insistiu.

Minha pequena estudou Dell por alguns segundos, deu um meio sorriso, e virou o rosto para me olhar.

— Eu estava falando sério sobre irmos embora – disse ela, ignorando a pergunta da minha irmã. – Estou cansada, e precisamos acordar cedo, amanhã.

Franzi o cenho, mas assenti com a cabeça, decidido a não questionar nada, na frente dos outros.

— Sério? Vai embora sem nos contar nadinha? – perguntou Annie, parecendo aborrecida.

— Contei o necessário – respondeu Katniss, dessa vez com uma expressão séria, ao encarar Annabelle. – Sei que você quer saber várias coisas, principalmente, pelo fato de estar por fora do assunto, e prometo que te contarei o básico. Mas, agora, eu só quero ir pra casa – insistiu, voltando a me olhar, com um suave sorriso. – Podemos fazer isso, querido? – pediu.

— Claro... O que você quiser.

 

~||~

 

— Ela não me pediu pra desovar nenhum corpo – Katniss repetiu o que eu havia pedido, soltando um risinho, no final da frase. – Para de ser insistente – ela fingiu ralhar comigo, enquanto passava a cabeça pela gola de uma das minhas camisas velhas, que ela gostava de usar como pijama. – Não pretendo contar a ninguém sobre isso. Pelo menos, por enquanto.

— Mas eu sou uma das partes interessadas nesse acordo. Não posso ser considerado como “ninguém” – reclamei, e ela voltou a rir, se aproximando de onde eu estava, de braços cruzados, observando-a desde que saiu do banho.

— Você não pode apenas se contentar com o fato de que consegui ter uma conversa séria com Johanna? – perguntou, forçando meus braços pra baixo, para descruza-los, e eu cedi facilmente. – Só preciso que você confie em mim, e que acredite que fiz uma boa negociação.

— Só me responda uma coisa, e eu prometo me esforçar, para não fazer mais perguntas – pedi, estendendo as mãos para segurar sua cintura.

— Responderei, se achar necessário que você saiba a resposta – avisou, com um meio sorriso, apoiando as mãos em meu peito descoberto.

Revirei os olhos, e soltei um suspiro impaciente, o que a fez sorrir mais ainda.

— Você não meteu nosso relacionamento nesse acordo, não é? – questionei, me sentindo um idiota, ao terminar a frase.

Ela riu, e subiu as mãos até para-las em meus ombros.

— Nós não fazemos parte de um livro de romance, meu bem – debochou, e eu franzi a testa. – Se fizéssemos, eu poderia até ter prometido a Johanna, que nos separaríamos, ou coisa parecida – suas mãos alcançaram minha nuca, e seus dedos se embrenharam em meus fios úmidos. – Mas, mesmo que eu tenha tido essa conversa com ela, visando seu bem estar, eu sou egoísta demais, para negociar minha maior felicidade, em troca do seu divórcio. Então, não meti nosso relacionamento nisso.

— Isso não é egoísmo. Não no meu ponto de vista. Mas se você acha que é, continue sendo esse tipo de egoísta – pedi, abraçando-a pela cintura com força, fazendo-a sorrir. – Porque não adiantaria de nada, eu receber o divórcio, e ficar sem você.

— Isso não vai acontecer, então fique tranquilo – ela ficou na ponta dos pés, e selou nossos lábios. – Algo mais que queira tentar saber? – Katniss deu um meio sorriso.

— Essa negociação te prejudicará de alguma forma? – questionei.

— Hum... Não – respondeu, com hesitação.

— Katniss... – soltei seu nome, em tom de repreensão. – Não tente mentir pra mim.

Ela estreitou os olhos, enquanto seu rosto corava, e algo me dizia, que não era de vergonha.

— Não estou mentindo – ela pareceu ofendida. – Isso não me prejudicará, Peeta – disse, e pela primeira vez, desde que comecei a questiona-la, ela pareceu realmente irritada. – Eu sei o que estou fazendo. Apenas me deixe cuidar de você, droga.

Katniss desceu as mãos rapidamente, e me empurrou pelo peito, em uma tentativa de se livrar do meu abraço, mas eu não cheguei nem a fazer menção de afrouxar o aperto.

— Você... Está fazendo isso só pra...?

— Cuidar de você – ela completou, me interrompendo. – Eu sou capaz de fazer isso, está bem? – disse, nervosa, ainda tentando se livrar de mim.

— Nunca disse que não era, pequena – esbocei um sorriso, sem ao menos me mover. – Mas estamos em um impasse. Você quer cuidar de mim, tentando resolver meus problemas, e eu quero cuidar de você, por saber que esse problema não é simples, e que você pode se envolver com algo sério.

Katniss suspirou profundamente, e fechou os olhos, desistindo de me empurrar. Suas mãos pressionavam meu peito, mas seus braços não se moviam mais.

— Então me prometa que deixará todo esse assunto comigo – pediu, erguendo as pálpebras devagar, para me fitar. – Prometa que não irá se meter, mesmo que você ache que eu precise de ajuda.

— É o meu divórcio...

— É o nosso futuro – corrigiu. – Prometa – insistiu, com um tom sério, e com os olhos brilhando, encarando os meus.

— Eu não po...

— Pode sim – Katniss voltou a me interromper.

Respirei fundo, e pressionei as mãos em suas costas.

— Prometerei, se me prometer que não se colocará em risco, por causa da Johanna – propus, e sua feição relaxou.

— Eu prometo – disse ela, tranquilamente, e de certa forma, foi o que fez uma nova ponta de alivio, tomar conta do meu peito. – Sua vez.

— Tudo bem. Eu... Prometo – soltei, hesitante, mas Katniss não pareceu se importar, pois acabou abrindo um pequeno sorriso.

— Ótimo – ela se colocou na ponta dos pés mais uma vez. – Então, deixemos esse assunto pra lá.

— Já? Não posso perguntar mais nada? – indaguei, elevando uma sobrancelha.

— Não, senhor. Chega de interrogatório – Katniss abriu mais seu sorriso. – Na verdade, ao invés de me encher de perguntas, você deveria estar orgulhoso, por ver que eu aprendi a não fugir de confrontos.

Um sorriso involuntário apareceu, e eu acabei abaixando a cabeça, para encostar minha testa na dela.

— O fato de você ter saído viva de uma conversa com Johanna, me deixa mais do que orgulhoso – confessei, e ela riu baixinho, ficando vermelha. – Obrigado... Por querer cuidar de mim.

— É assim que funciona um relacionamento de verdade, não é? Uma via de mão dupla... – disse, olhando em meus olhos.

— Acredito que seja. Seria meu primeiro – fiz piada, e ela sorriu. – De qualquer maneira, me parece certo.

— Parece sim, querido. Eu gosto de pensar que posso ajuda-lo, de alguma forma – Katniss sussurrou, com certa timidez.

Analisei seu rosto corado, e uma certa paz, tomou conta do meu coração agitado.

— Lembra que me disse que sou seu sol em meio a tempestade? – perguntei, e ela assentiu quase imperceptivelmente. – Você é o meu também – falei baixo, e assisti seus olhos cinzentos, lacrimejarem.

— Certeza? – questionou, insegura, me fazendo soltar um riso curto e nasal.

— Absoluta – disse com convicção.

O canto direito de sua boca, se ergueu levemente.

— Vou gostar de ser o seu sol – soltou baixinho.

— Então estamos combinados – sorri, apertando-a em meus braços.

— Estamos – Katniss concordou, antes de abrir um sorriso maior, e me beijar carinhosamente.

Eu sabia que me arrependeria por não ter insistido no assunto “Johanna Mason”, mas eu devia isso a Katniss, e se ela queria tomar a dianteira desse problema, eu me esforçaria para manter minha promessa, e a deixaria resolver, como ela bem quisesse.

Bom... Pelo menos, esse era o plano.

Se eu conseguiria colocá-lo em prática, era uma outra história, completamente diferente.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥