O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 60
Capítulo 59


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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Peeta

— Você é um idiota – Katniss soltou de supetão, me fazendo arquear as sobrancelhas.

Alguma coisa eu devia ter feito para fazê-la chegar ao seu limite. Katniss não viria até a porta da minha casa, para me insultar gratuitamente. Ou viria? Será que ela tinha guardado essa frase a semana toda?

— Hum... Obrigado? – falei, em dúvida, de cenho franzido.

Ela mordeu o lábio inferior, e suas bochechas coraram.

— Você está agradecendo por ser chamado de idiota? – indagou, confusa.

— Até que você me diga o que eu fiz, irei considerar como elogio – respondi, coçando a nuca. – E então? O que eu fiz? – questionei, cruzando os braços.

Suas sobrancelhas arquearam em surpresa, e sua mão direita agarrou com força, as alças da bolsa em seu ombro. Sua face avermelhava mais, e o ar escapava por sua boca, que estava entre aberta. Os olhos cinzentos de Katniss começaram a se agitar, enquanto ela fitava meu rosto, completamente calada.

— Katniss. Se eu disse alguma coisa que te deixou realmente chateada, eu sinto muito – disse suavemente, descruzando os braços, para esfregar as mãos na calça jeans. – Apenas me diga o que te deixou aborrecida, e eu prometo que não falarei mais, tudo bem?

Seus olhos se encheram com lágrimas, fazendo meu coração se apertar no peito. O que raios eu tinha feito?

— Pequena. Me diga porque eu sou um idiota, por favor – implorei, dando um passo em sua direção.

— V-Você não é um idiota – sussurrou Katniss, voltando sua face para o chão, enquanto dava meio passo pra trás, levemente cambaleante.

Entortei a cabeça para a esquerda, e fui inclinando meu tronco, em uma tentativa de enxergar seu rosto. Katniss derramava algumas lágrimas silenciosas, mesmo de olhos fechados.

— O que está acontecendo? – perguntei em voz baixa, apreensivo com seu estado emocional.

Da última vez que Katniss chorou em minha presença, ela desmaiou em meus braços, e foi parar no hospital. Sinceramente, eu não gostaria que acontecesse novamente.

— Não me faça te abraçar sem seu consentimento – soltei, em uma tentativa de brincadeira, mas eu estava tão preocupado, que eu pude sentir a tensão em minha voz.

Katniss ergueu a cabeça, e me fitou com seus olhos vermelhos e chorosos. Arrumei minha postura, enquanto ela piscava algumas vezes, como se estivesse tentando se livrar das lágrimas.

Era nítido, na forma que Katniss me encarava, que ela estava tentando decidir alguma coisa, por isso, eu continuei a olha-la, em silêncio.

— A frase “você é um idiota”, não significa o que você acha que significa – disse por fim, me fazendo franzir as sobrancelhas. – Significa que... – hesitou Katniss, mordendo o lábio inferior, e balançando a cabeça. – E-Eu não c-consigo dizer – gaguejou, fechando os olhos.

— Você está assim por minha causa? – questionei.

— Eu estou assim, porque... Eu sou muito teimosa, e não quero aceitar que preciso de você – sussurrou, voltando a abaixar a cabeça, enquanto passava as mãos por suas bochechas, tentando seca-las.

Arqueei as sobrancelhas, e continuei a encara-la, surpreso demais, para conseguir dizer alguma coisa.

Katniss estava deixando claro que precisava de mim. E agora? O que eu devia fazer? Beija-la? Abraça-la? Continuar parado, feito um retardado, assistindo-a chorar?

— Eu vim aqui com a intenção de apenas te ver, e quem sabe acalmar meu coração. Eu viria aqui, passaria um tempo com você, te ouvindo falar coisas que me deixariam constrangida, mas que eu sabia que me fariam esquecer da visita de Manoela – soltou rapidamente, e mesmo com vontade de questionar sobre sua mãe, eu me mantive quieto, deixando-a prosseguir: – Mas assim que te ouvi tão preocupado, só por ver meu estado, eu soube que eu estava sendo egoísta. Você também está sofrendo, por vários motivos, e eu... Simplesmente não tenho me importado, deixando você se humilhar, só pra tentar me reconquistar, e isso faz de mim uma pessoa horrível, porque... Insegura ou não, eu jamais precisaria se reconquistada por você. Você... Me tem desde que nos conhecemos no corredor da escola, e isso, nunca vai mudar – disse tudo quase em um fôlego só, para apenas no fim erguer a cabeça. Seus olhos ainda estavam vermelhos, mas com as lágrimas presas neles. – “Você é um idiota”, é a minha maneira distorcida de dizer que eu te amo, e que eu preciso de você – confessou, constrangida.

Pisquei várias vezes, completamente atônito. Talvez fosse a primeira vez que eu estivesse totalmente sem palavras.

Era pra eu estar exultante, e eu sabia que eu ficaria, assim que a minha ficha caísse.

Poucas vezes eu ouvi Katniss dizer que me amava, e agora, ela estava ali, dizendo aquela frase, que eu cheguei a acreditar que demoraria muito mais tempo para ouvir. O que eu devia fazer?

Minha razão me mandava ir com calma, e tentar conversar civilizadamente, sem assusta-la, mas a saudade de Katniss era tanta, que eu sentia toda a minha pele amortecida, por culpa do meu corpo que estava louco para entrar em contato com o dela, e por culpa do meu coração, que batia forte e descompassado, chegando até a secar minha garganta.

— Peeta – chamou ela, fazendo-me focar o olhar em seu rosto corado. – Você... Não vai dizer nada? – questionou baixinho, parecendo pronta pra sair correndo da minha varanda.

— Não – respondi, e Katniss arregalou os olhos. – Por mais curioso que eu esteja sobre o assunto “Manoela”, e queira conversar sobre nós dois, eu não vou conseguir agora – disse quase em um sussurro, aproximando-me dela. – Eu preciso fazer algo antes disso.

 

Katniss

Eu não tive tempo para responde-lo. Quando pensei em abrir a boca, Peeta já havia esmagado meus lábios com os dele. Seus braços passaram ao redor da minha cintura, e me apertaram contra seu tronco, no mesmo momento em que ele, facilmente, me fez ceder espaço para sua língua, que procurou a minha com avidez.

Ergui as mãos, e alcancei sua nuca, deixando minhas unhas o arranharem. Peeta se arrepiou, e enquanto me beijava com mais pressa, ele me puxava pra dentro de sua casa, para bater à porta.

Assim que eu soltei a bendita frase, eu senti toda a minha determinação entrar pelo cano. Agora, porque eu havia a soltado, eu não fazia ideia. Era como se meu cérebro tivesse em curto circuito, e entrado em conflito com tudo o que eu achava ser minha razão.

Minha boca se abriu, e pronto: Lá estava eu, entregue de bandeja para Peeta.

O que me surpreendia, era que tudo o que eu havia dito a ele, fazia muito mais sentido do que eu dizia a mim mesma, nas vezes que eu tentava pontuar meus motivos para continuar a mantê-lo, de certa forma, fora da minha vida.

— Você... Quer que eu pare? – a pergunta rouca de Peeta, que foi feita quase contra a minha boca, me fez abrir os olhos, para fita-lo.

Estávamos, praticamente, grudados um no outro, por culpa de seu abraço forte ao redor da minha cintura, e eu sentia sua respiração quente e levemente descompassada contra o meu rosto.

Eu queria que ele parasse? Eu me arrependeria se dissesse que sim? Ou me arrependeria se dissesse que não?

Minha cabeça ainda estava confusa, tratando-se dos meus sentimentos e vontades. Era difícil chegar a alguma conclusão, tendo total certeza do que eu queria.

Eu o amava. Isso estava claro pra mim. E eu não tinha como duvidar dos sentimentos de Peeta. Era impossível pensar que ele não me amava.

Mas também era impossível acreditar que ele havia mentido pra mim.

Fechei os olhos bem apertados, e mordi o lábio inferior.

— Pequena... Quer que eu te solte? – indagou, afrouxando o aperto do abraço.

Abri os olhos rapidamente, e olhei em seus olhos, que me fitavam, carregados de expectativas.

— Preciso que você me prometa algo – falei, em voz baixa.

— O que você quiser – respondeu, ansioso.

— Nós temos algumas coisas pra conversar, mas... Nossa conversa não é tão importante quanto isso que eu vou te pedir – avisei.

Ele apenas assentiu com a cabeça, sem desviar o olhar do meu, aguardando que eu voltasse a falar.

— Quero que prometa que nunca mais vai mentir pra mim – disse devagar.

Peeta suspirou, parecendo aliviado, e sorriu brevemente.

— Eu prometo que tudo o que eu disser, será de extrema sinceridade – afirmou, olhando em meus olhos. – Algo mais? – questionou, inquieto.

Eu não conseguia compreender o que Peeta tinha visto em mim.

Desde o momento em que ele me beijou pela primeira vez, eu tinha essa dúvida, e eu não sabia se um dia teria uma resposta convincente.

Peeta era um homem feito, com mais problemas do que eu imaginava. Era maduro, decidido, e isso não tirava sua doçura e romantismo. Já eu, tinha meus problemas também, mas não os resolvia com maturidade. Eu costumava fugir, e me trancar em meu mundo. Era infantil, e as vezes, eu me via até como uma garota mimada de quase 24 anos. Meu primeiro “eu te amo” pra ele, foi com aquela frase, que também foi solta sem querer, bem no meio do meu quarto, depois de quase ser beijada pela segunda vez por ele, então, definitivamente, eu também não podia colocar “sou romântica”, em minha lista.

Eu me sentia completamente o oposto de Peeta, e, mesmo que ele quem tenha causado nosso término, eu começava a acreditar, que eu quem jamais o mereceria.

— Katniss – ele chamou minha atenção.

Meus olhos focaram em seu rosto, e pude perceber apreensão em seus olhos azuis. Peeta umedeceu os lábios, e franziu o cenho.

— Eu prometo o que você quiser, e juro que darei tudo de mim para cumprir essas promessas. Apenas... Me dê essa segunda chance – implorou. – Não vou precisar de uma terceira. Eu só quero cumprir a promessa que fiz ao seu pai, e fiz a mim mesmo.

— Que seria...? – perguntei, sentindo os olhos lacrimejarem.

— Que eu cuidaria de você. Quero estar ao seu lado pra tudo. Quero saber o que a Manoela te fez, e quero xinga-la se for preciso, porque ninguém mexe com a minha pequena – disse Peeta, com pressa.

Acabei sorrindo.

Definitivamente, eu não o merecia. Mas ele insistia em permanecer em minha vida, e eu... Eu precisava demais, de tudo o que Peeta era e o que ele significava, para continuar a lutar contra suas tentativas de consertar nosso relacionamento.

E, afinal de contas, depois de ter sido beijada de forma tão arrebatadora, eu já nem tinha mais forças para rejeita-lo.

— Se você quiser, eu...

Eu o interrompi, beijando-o quase de maneira desesperada. Senti seu sorriso contra meus lábios, antes que Peeta tomasse as rédeas da situação, e tornasse a envolver minha língua com a dele, enquanto voltava a me apertar entre seus braços.

Quando deslizei a mão direita – que havia ficado parada em sua nuca o tempo todo –, para passear com ela por seu ombro, seus braços me soltaram, só pra sua mão alcançar minha bolsa – que já começava a escorregar pelo meu braço –, e solta-la no chão, para logo ele voltar a me abraçar com força contra seu próprio corpo.

Meus dedos da mão esquerda começaram a se embrenhar com os fios de cabelo dele, que estavam bem mais cumpridos desde a última vez que eu havia os tocado, enquanto minha mão direita subia novamente, alcançando a lateral de seu pescoço. A mão esquerda de Peeta subiu por minhas costas, e só parou quando já estava em minha nuca, enquanto a mão direita, deslizou até a base da minha coluna, passando a, praticamente, massagear aquele ponto com a ponta dos dedos, arrancando-me suspiros de aprovação em meio ao beijo.

Suas mãos deslizaram de onde estavam, para alcançarem minha cintura, e sem gentileza, seus dedos apertaram o local. Peeta aproveitou do fato de ainda estar no controle, e me empurrou contra algo sólido, para me esmagar com o seu corpo, enquanto nossas línguas se enroscavam com pressa.

Meu corpo estava entorpecido demais com seu toque carinhoso, firme e possessivo, que tirava toda a firmeza das minhas pernas – de um jeito gostoso –, por isso, eu pouco me importava, naquele momento, no quanto tínhamos pra conversar, ou no quanto eu havia ficado desolada com a visita de Manoela.

Eu permitia que apenas um pensamento ficasse em evidencia em minha mente. Pela primeira vez, em semanas, eu começava a me sentir completa ao estar nos braços dele. Era como se tudo a minha volta começasse a fazer sentido novamente. Então, deixando-me ser guiada por Peeta, que caminhava comigo devagar, enquanto mordiscava meu lábio inferior, eu empurrei todas as perguntas, dúvidas e incertezas para o fundo do meu cérebro, e gemi baixinho, ao ser apertada novamente contra seu corpo.

Ainda em uma tentativa de normalizar nossas respirações, ao invés de Peeta voltar a envolver meus lábios com os dele, ele passou a fazer uma trilha de beijos e mordidas, até alcançar meu pescoço. Minhas mãos, que já estavam por baixo de sua camisa, arranharam suas costas, quando recebi uma mordida, próxima a clavícula. Meu corpo estava completamente arrepiado, por conta de sua barba, que estava bem mais grossa do que de costume, e que me arranhava a cada movimento que Peeta fazia com a cabeça, para beijar onde alcançava, sem que precisasse se afastar de mim.

Senti um empurrão, e acabei caindo com tudo sobre algo macio. Finalmente abri os olhos, e só então fui notar que Peeta – em meio a tantos beijos, mordidas, carícias e apertões –, havia nos guiado até seu quarto.

Sentei no colchão, impaciente pelo fato dele ainda estar em pé em frente a cama, apenas me observando, e estiquei os braços, para alcançar os passadores de cinto de sua calça jeans, com os dedos, puxando-o ao meu encontro.

Peeta fez menção de ceder, mas parou, para tirar sua camisa, dando-me a bela visão de seu corpo forte. Ele sorriu, talvez ao notar meu olhar sobre ele, o que me fez corar, mas não a ponto de desistir de puxa-lo novamente. Peeta veio ao meu encontro, e curvou seu corpo em minha direção, o que foi a oportunidade perfeita para que eu voltasse a beija-lo. Minhas mãos já estavam em sua nuca, enquanto ele nos deitava com afobação, usando suas mãos como apoio, para não soltar seu peso sobre o meu corpo. Usei meus pés contra o colchão, para empurrar a mim mesma mais para cima, e Peeta me acompanhou, sem desgrudar os lábios dos meus.

— Eu preciso de você, Katniss – sussurrou ele, com a voz rouca em meu ouvido, poucos minutos depois, quando sua mão esquerda se enfiou por baixo da minha blusa.

Acabei sorrindo, sentindo meu corpo arrepiar da cabeça aos pés.

— Eu estou aqui – sussurrei de volta.

Abri os olhos ao sentir que Peeta havia parado tudo o que estava fazendo, e tinha, até mesmo, afastado o rosto do meu. Meus olhos encontraram os dele. Azuis escuros, desejosos, saudosos, e famintos.

Ele sorriu torto, e começou a erguer minha blusa. Depois de um esforço imenso para se livrar da peça, sem precisar sair de cima de mim, Peeta voltou a aproximar o rosto do meu, e me olhou nos olhos.

— Espero que você saiba que nunca mais vou te deixar ir embora – disse ele, em tom baixo.

— Acho que eu não quero ir embora – respondi, com um meio sorriso.

Seus olhos passearam rapidamente pelo meu rosto.

— Nem que você queira, pequena – afirmou, voltando a sorrir. – Eu vou te amarrar aqui, se for necessário. Entendeu? – sussurrou, divertido, e eu assenti, dando outro sorriso idiota. – Ótimo. Menos uma coisa para discutirmos depois.

Antes que eu pudesse fazer algum comentário, Peeta já havia voltado a me beijar, dessa vez com mais suavidade, o que me fez desistir de falar.

Minha fragilidade podia ser a responsável pela forma fácil que eu havia cedido? Eu sabia que sim, mas não seria uma desculpa para que eu me arrependesse depois.

Eu pertencia a ele, e algo, enquanto Peeta me tocava, e me admirava com seus olhos brilhantes, me fez ter a certeza de que ele também, jamais pertenceria a outra pessoa, a não ser a mim, então, por que eu me importaria, justamente agora, com os outros problemas? Nós podíamos resolve-los de uma maneira muito mais fácil, se estivéssemos juntos, certo?

Certo. Nós podíamos fazer isso. Eu podia fazer isso. Eu podia aprender a ser madura, e resolver os problemas, encarando-os de frente. Peeta estaria ali para me dar alguns empurrõezinhos.

Sorri, enquanto ele me beijava mais uma vez.

Peeta estaria ali pra mim. E eu estaria ali para ele, mesmo que pra isso, eu tivesse que lutar contra meus próprios medos e inseguranças.

Estava cansada de nadar contra a correnteza, que era o efeito de Peeta em minha vida. Eu me deixaria ser levada por ele, e tentaria aproveitar ao máximo cada segundo.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥