O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 57
Capítulo 56


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, mas aqui está ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709821/chapter/57

— Hey, baixinha— disse Peeta, ao entrar na minha frente, obrigando-me a parar de andar.

— Me chamou de quê? – questionei, irritada.

— De baixinha – ele deu um sorriso torto, e eu rolei os olhos. Peeta enfiou as mãos nos bolsos de sua calça. – Como você está?

— Viva – retruquei. – Agora, com licença – falei, passando por ele, e esbarrando em seu braço.

— Não vai perguntar como eu estou? – questionou, já alcançando meu lado direito.

— Já vi que está melhor. Não preciso perguntar – rebati secamente, apertando meus passos em direção ao prédio escolar.

— Você está com raiva de mim? – perguntou, despreocupadamente.

Raiva? Não exatamente. Chateada por ele ter ido embora antes que eu acordasse, no sábado. Por ele não ter aparecido no domingo. Por não ter nem, ao menos, ligado pra mim. Irritada por ele chegar com a cara mais lavada em plena manhã de segunda-feira, pra perguntar como eu estava, depois do sumiço do fim de semana, e ainda por cima, por me chamar de “baixinha”. E, claro, eu estava enciumada.

Eu tinha passado a noite de sábado, e o dia de domingo inteiro, lembrando-me da cena dele com a professora de Álgebra. Teria Peeta, cuidado de seu rosto machucado, sozinho, ou havia precisado da ajuda de Cashmere?

Meu estômago se contorceu ao pensar na possibilidade.

— Katniss? – Peeta chamou minha atenção.

— Eu não pedi pra você me deixar em paz? – perguntei, parando de andar, e virando o rosto para olha-lo.

— Seu pedido não é mais válido, desde sexta-feira – ele deu um sorriso esperto. – E, convenhamos, que essa “sua paz”, você só vai encontrar em meus braços, pequena— Peeta quase sussurrou o apelido, fazendo um arrepio subir pela minha espinha. – É só você dar o braço a torcer, e voltar pra mim, que eu te ajudo a ficar em paz com muitos beijos, e...

— Cala a boca – soltei nervosa, e constrangida, fazendo-o parar de falar. – Eu vou é usar o meu braço pra terminar o serviço do Gale, se você não parar de ser tão... Cara de pau.

Peeta riu, divertindo-se com minha ameaça.

— Eu adoraria assistir essas mãos pequenas tentando me machucar – provocou, umedecendo os lábios com a ponta da língua. – Quer começar agora, ou entre quatro paredes?

Meus movimentos foram tão rápidos, e tão impensados, que quando eu fui perceber, eu já estava estapeando os braços, os ombros, e até o peito de Peeta. Ele ria, enquanto se encolhia levemente com a minha tentativa de agressão.

Quando parei, eu estava levemente ofegante, e sentia o rosto fervendo. Peeta arrumou a postura, e sustentava um sorriso genuíno em seus lábios que, especialmente, pareciam chamativos naquele momento.

Constrangida com o pensamento, eu mexi em meus cabelos, e respirei fundo, tentando me recompor.

— Você nem vai perguntar sobre meus exames? – indaguei, tentando esconder meu tom magoado, enquanto voltava a andar.

— Eu já sei sobre os seus exames – respondeu ele, acompanhando-me.

Arqueei as sobrancelhas.

— Como? – questionei, assistindo-o empurrar a porta, para que eu entrasse.

— Tenho meus meios, pequena – respondeu Peeta, entrando logo depois de mim, escondendo novamente, as mãos nos bolsos da calça.

— Então você sabe que...?

— Te indicaram um terapeuta? – completou ele, e mais uma vez, eu estava corada.

Sim. Isso mesmo. Meus exames não tinham dado em nada, e precisei ouvir do médico que cuidava do meu caso, que meus problemas físicos, eram resultados de muito estresse acumulado.

Madge não pareceu concordar em um todo, mas afirmou que poderia ter a ver com meu psicológico, considerando tudo o que vinha acontecendo em minha vida desde a morte do meu pai. Então, antes do doutor me liberar no domingo à tarde, ele me deu um papel, encaminhando-me para um psicólogo, que, depois descobrimos, cobrava U$500,00 a hora, e que não estava incluído em meu plano de saúde.

Assenti para a pergunta de Peeta.

— E você pretende...?

— Não – respondi, cruzando os braços.

— Mas isso poderia te ajudar, Katniss – disse ele, em tom preocupado.

— Como isso me ajudaria? Você entende como ajuda, pagar 500 dólares para uma pessoa, só pra ela ouvir meus problemas mais “profundos”? Eu não faço isso nem de graça, desde que...  – minha voz morreu, e meu corpo ficou tenso.

Eu não estava muito afim de falar sobre o assunto, por isso, decidi não tentar completar a frase.

Com a minha visão periférica, notei que Peeta me olhava.

— Desde que nós dois terminamos? – perguntou, deixando a culpa transparecer em sua voz.

O sinal bateu, fazendo-me relaxar instantaneamente.

— Falei sério sobre me deixar em paz – disse em voz alta, aumentando a velocidade dos meus passos, para me afastar dele.

— E eu já te falei como você vai conseguir sua paz, Katniss! – Peeta rebateu, quase gritando, fazendo-me receber muitos olhares sobre mim.

— Idiota – murmurei, constrangida, atravessando o mar de alunos, com a cabeça baixa.

 

~||~

 

— Vocês brigaram? – questionei.

Madge fechou seus olhos extremamente azuis, e abaixou a cabeça, assentindo silenciosamente.

— Quer me contar? – perguntei, segurando sua mão.

Ela, simplesmente, negou vagarosamente, enquanto algumas lágrimas escapavam dos cantos de seus olhos.

De repente, eu estava com mais raiva de Gale.

Ele estava sendo um completo babaca desde nossa briga. Não tinha ido me ver no hospital, não perguntou de mim pra Madge, nem veio me ver, quando cheguei em casa, e agora, estava brigado com ela também.

— Madge... Me deixa ajudar – pedi, apertando sua mão. – Me conta o que aconteceu entre vocês dois.

— Não, Kat – ela ergueu a cabeça, e abriu os olhos, usando a mão livre pra esfrega-los. – Você já tem coisas o suficiente pra se preocupar – Mad deu um sorriso sem vontade. – Eu só precisava chorar.

Mordi o lábio inferior com força, e a puxei, cedendo-lhe meu ombro para sua cabeça descansar. As lágrimas de Madge caíam, molhando meu braço, e sua mão apertava a minha com certo desespero.

Ali, daquele jeito, ficamos por um bom tempo, até que alguém bateu em minha porta.

— Eu vou atender, tudo bem? – perguntei, e ela se afastou, para que eu pudesse levantar. – Você só pode estar de brincadeira comigo – falei desacreditada, ao abrir a porta. – O que você está fazendo aqui?

— Depois que você fugiu de mim, eu fiquei pensando “será que ela está de TPM?” – Peeta começou a explicar, e eu senti o rosto começar a esquentar. – Pela forma que me bateu, e pelos meus cálculos, acredito que estou certo, então – ele inclinou levemente a sacola de papel em minha direção, para que eu enxergasse seu interior –, eu trouxe muito chocolate, e – Peeta olhou por sobre meu ombro, e sorriu abertamente – sorvete. Oi, Madge – ele passou por mim, e entrou descaradamente em meu apartamento.

— Oi, Peeta – senti que minha amiga sorria, quando o cumprimentou.

Fechei a porta de má vontade, e virei, enxergando-o já em minha cozinha.

— Eu preciso ir – disse Madge, se levantando, depois de passar as mãos pelo rosto.

— Não. Você não precisa – falei, com certo desespero.

Já que eu sabia que não conseguiria mandar Peeta embora, era melhor que não ficássemos sozinhos.

Ouvi uma risada divertida, vinda da cozinha, o que me fez estreitar os olhos, e encara-lo. Peeta estava com a minha geladeira aberta, e guardava o sorvete no congelador.

— Fique, Mad – disse ele. – Eu trouxe um filme para assistirmos, e vou fazer pipoca.

— Céus. Como você... – rosnei baixinho, irritada com o atrevimento de Peeta. – Quer saber? Eu devia ligar para o Gale.

Madge soltou um resmungo baixo, mas Peeta riu novamente, enquanto mexia em meus armários.

— Ele me bateu, porque eu não quis revidar, Katniss – ele virou em minha direção. – Você sabe muito bem, que força, eu tenho de sobra.

O tom carregado de malícia, acompanhado de seu sorriso torto, fez um buraco se formar em meu estômago, meu coração passou a bater mais depressa, e meu rosto todo começou a pegar fogo de vergonha.

— Sério mesmo, gente. Eu devia ir embora – insistiu Madge.

— Não! – quase gritei, sentindo-me realmente em pânico, e virei o rosto para encara-la. – Você... Você vai assistir filme conosco – falei, torcendo para que o meu pedido de socorro estivesse em letras garrafais em minha testa.

Peeta voltou a rir despreocupadamente, e eu estava tão sem rumo, que não consegui me irritar com seu divertimento as minhas custas.

Madge coçou a bochecha direita, parecendo sem graça.

— Eu... Eu não vou conseguir ficar muito tempo sentada, Kat – comentou timidamente.

— Ai – resmunguei. – Nem um pouquinho? – questionei quase em um sussurro.

Ela me analisou, e desviou o olhar em direção a Peeta. Eu fiz o mesmo, notando-o distraído em minha cozinha.

O suspiro de Madge, me fez voltar a olha-la.

— Tudo bem – murmurou, por fim. – Posso ao menos tomar um banho? – perguntou.

Eu a olhei nos olhos, e pude perceber que ela ainda tinha algumas lágrimas para derramar, e provavelmente, não queria que Peeta as visse.

— Claro – disse suavemente, e ela sorriu agradecida. – Apenas não demore... Por favor – sussurrei quando Madge passou ao meu lado.

— Serei rápida. Prometo – disse ela, sumindo logo pela porta.

— E então? Cadê meu beijo? – perguntou Peeta, de costas pra mim, e de frente para o fogão, enquanto eu caminhava em direção ao balcão de mármore.

Rolei os olhos.

— Você vai ver a minha mão beijar a sua cara, já já – ameacei, sentando em um dos banquinhos altos.

Seu corpo tremeu em uma risada, chamando a minha atenção para suas costas, que estavam cobertas por uma simples camisa branca, e que pareciam mais largas do que antes.

Mordi o lábio inferior, lembrando-me de quando ele me carregou na ilha, de quantas vezes minhas mãos subiram até suas costas quando ele me abraçava só por abraçar, e, principalmente, das vezes que minhas unhas haviam arranhado sua pele, enquanto nos amávamos em sua cama.

Como eu sentia falta, de dormir com a cabeça sobre seu peitoral, sendo embalada por sua respiração. De acordar, e ver seus olhos azuis, tão fascinantes, velando pelo meu sono. De seus beijos, sempre carregados de carinho e segundas intenções. Do homem que eu amava, ao meu lado quase 24 horas por dia, cuidando de mim.

Fechei os olhos com força, sentindo as lágrimas subirem até eles. Soltei o lábio devagar, e xinguei-me mentalmente, por eu mesma, ter me levado até aqueles pensamentos dolorosos.

Por mais que eu o amasse, ceder a ele, estava fora de questão. Meu coração não estava em condições de se arriscar com alguém que mentiu pra mim, e minha cabeça estava confusa com toda a situação. Principalmente com a forma que ele estava agindo desde cedo, deixando de lado o cara inseguro, que apanhou de Gale, para dar lugar a uma versão muito mais ousada do Peeta que eu havia conhecido a meses atrás.

— Planeta terra, chamando Katniss – ele fez uma voz engraçada, obrigando-me a abaixar a cabeça, para esfregar os olhos, antes que eu os abrisse, e mostrasse as lágrimas alojadas. – Você está bem? – perguntou, de repente tornando sua voz séria.

— Não. Estou incomodada com sua presença – soltei, levantando a cabeça, e abri os olhos

Dei de cara com Peeta, que estava a minha frente, debruçado sobre o balcão, com os braços cruzados, e repousados sobre o mármore, com o rosto a centímetros do meu.

— Por que você não vai embora? – indaguei baixo.

Ele deixou seu olhar passear lentamente por meu rosto, até parar em meus olhos. Peeta franziu o cenho, e tombou a cabeça, levemente para a direita.

— Eu só vou embora, se você me disser que realmente me quer fora do seu apartamento – disse ele, quase sussurrando, deslizando seu olhar até a minha boca. – Mas quero que diga com todas as letras, olhando em meus olhos – completou, voltando a olhar os meus.

— Eu que... – parei de falar, quando Peeta se aproximou um pouco mais, permitindo-me sentir sua respiração quente e controlada bater contra meu rosto. – Eu quero q-que – gaguejei, quando ele imitou meu gesto, ao segurar o canto esquerdo do lábio inferior entre os dentes de uma forma lenta e sedutora. Meu rosto estava quente. – Euqueroquevocêváembora – soltei com tanta pressa, que ele acabou rindo de mim.

— Não, pequena. Seja mais convincente – disse ele, com a voz levemente rouca.

— Para com isso – resmunguei. – Apenas vá embora de uma vez – disparei, irritada.

— Não – Peeta deu um sorriso torto. – Vou ficar aqui. Assistirei um filme com você e Madge, e depois... – seu sorriso tornou-se malicioso. – Bom... Depois a gente vê o que faz – sussurrou.

Abri a boca para reclamar, mas ouvi a porta do apartamento ser aberta.

— Voltei o mais rápido que pude – disse Madge.

Antes que eu saltasse do banco, para me afastar dele, Peeta fez um movimento rápido, chocando, levemente, seus lábios contra os meus, e, em seguida, ele mesmo se afastou, com um sorriso satisfeito.

— Tudo bem, Mad. Estávamos esperando você – disse ele, me dando as costas, enquanto eu continuei imóvel, com o coração quase saindo pela boca, e os lábios formigando, pelo simples contato com os dele.

— Você está bem? – perguntou Madge em voz baixa, ao parar do meu lado, enquanto Peeta mexia novamente em meus armários.

Pisquei algumas vezes, e virei o rosto para olha-la.

— Não faço a menor ideia – sussurrei, completamente perdida.

 

~||~

 

— É uma pena ela ter ido embora – comentou Peeta, assim que Madge fechou a porta.

— É. Eu lamento mais do que você – rebati, fitando a televisão, que ainda rodava o filme que ele havia escolhido.

— Quanto mau humor, baixinha — provocou, e eu senti um pequeno bico de irritação se formar em meus lábios. Peeta riu. – Como você é linda. Meu Deus. Assim você me quebra, Katniss.

Alcancei o controle bruscamente, e pausei o filme para encara-lo na poltrona. Peeta sustentava um sorriso torto na boca, e um olhar atencioso era dado em minha direção.

— Não sei quais são suas intenções, sendo tão... Insuportável, mas eu estou louca pra te bater de novo – falei, e ele continuou a sorrir, elevando a sobrancelha direita. – Talvez um soco no olho esquerdo, pra combinar com o roxo do direito – sugeri com sarcasmo.

— Pare de me ameaçar – disse Peeta, recostando-se na poltrona. – Apenas bata.

Franzi o cenho, e cruzei os braços.

— O que, exatamente, você quer aqui, Peeta? – indaguei, nervosa.

Ele voltou a sorrir.

— Você – soltou, umedecendo os lábios com a língua.

— Para com isso! – falei, irritada e, mais uma vez, constrangida.

Peeta riu baixo.

— Tudo bem. Eu quero cuidar de você – ele refez sua resposta.

— Não preciso dos seus cuidados – retruquei. – Muito menos com esse seu jeito tão... Descarado.

Peeta deu levemente de ombros.

— Querer cuidar de você, não me tira a vontade de matar toda a saudade que eu sinto de te ter em meus braços – disse com naturalidade, repousando seus braços nos braços da poltrona, enquanto eu corava novamente. – Mas eu ainda respeito você. Senão respeitasse, já teria te beijado de verdade, na primeira oportunidade. E algo me diz que você teria correspondido apaixonadamente – ele sorriu presunçoso.

Rolei os olhos, e apertei mais os braços cruzados

— E o que te faz pensar que ainda consegue cuidar de mim, depois de tudo o que você causou? – perguntei, com um tom acusatório, que não pareceu abala-lo.

— Vamos ver... – Peeta alcançou a alavanca ao lado da poltrona, e no segundo seguinte, o apoio para as pernas havia se estendido pra frente, fazendo-o, praticamente, deitar. – Você parou de chorar quando te abracei no sábado. Você se irritou, quando soube que te deixei sozinha no hospital...

— Eu nunca disse isso! – retruquei, interrompendo-o.

— Shh! Quietinha, meu amor. Me deixe falar – disse ele, cruzando as pernas na altura dos tornozelos, e fechando os olhos, enquanto eu o encarava com irritação e surpresa. – Ainda tem o fato de você me amar loucamente, mas tem tanto medo disso agora, que tenta me repelir. Que tenta fazer com que você mesma aceite, que me odeia. Mas você não me odeia, Katniss. Não odeia nem um pouco – Peeta afirmou com convicção.

Ele abriu os olhos, e mexeu na alavanca, fazendo a poltrona voltar ao normal, pra me fitar sério dessa vez. Eu estava sem reação, encarando-o, sentindo apenas meu coração martelando contra o peito.

— No fundo, você até já me perdoou pelo o que aconteceu, mas só está insegura, porque tem medo de se arriscar com alguém que quebrou sua confiança – abri a boca pra retrucar, mas ele foi mais rápido: – E eu não preciso que você afirme isso. Então vou colocar as cartas na mesa, Katniss – sua postura se tornou mais séria, quando ele desencostou do encosto da poltrona. – Você querendo ou não, eu ainda faço parte da sua vida, e eu não vou embora, nem que você me implore. Porque eu não vou desistir de você. Não vou desistir de nós dois – Peeta correu a mão direita por seus fios, que estavam bagunçados desde o momento que ele adentrou meu apartamento. – As pessoas costumam dizer que se você ama alguém, quer vê-la feliz, não importa com quem. Mas, mesmo que você me ache presunçoso demais ao fazer esse comentário, eu tenho certeza, de que sua felicidade está comigo, ao meu lado – Peeta levantou, e começou a andar devagar até mim, fazendo meu estômago afundar, ansioso. – Então, você pode espernear, me bater, me xingar, bater o pé, mas você é minha, pequena. E você sabe disso – ele se curvou em minha direção, e sorriu. – Não vou te forçar a ficar comigo. Mas também, não te darei mais folga, até que você mesma perceba, que nós dois ainda temos muito chão para caminharmos juntos – concluiu Peeta, seu discurso, com um beijo demorado em minha testa. – Eu te amo, Katniss – sussurrou. – Lembre-se disso – ele me deu as costas, e começou a se afastar, indo em direção a saída.

— Onde você vai? – perguntei, entorpecida, virando a cabeça para acompanha-lo com os olhos.

— Vou pra casa, amor— respondeu Peeta, olhando em minha direção com um sorriso torto. – Aproveite o sorvete por mim. Nos vemos amanhã – ele me lançou uma piscadela, abriu a porta, e simplesmente sumiu por ela.

A minha vontade era de gritar com ele. Fazê-lo voltar pra dentro daquele apartamento, e negar tudo o que ele havia dito, apenas para me sentir no controle da situação. Mas eu sabia que eu não estava no controle de porcaria nenhuma. Eu não tinha controle nem sobre meus sentimentos, quem diria, ter controle sobre Peeta, e sua determinação de me ter de volta.

E, afinal de contas, eu precisava ficar sozinha com meus pensamentos, que estavam embolados em um grande nó de marinheiro, pedindo socorro. Pedindo que fossem liberados, e organizados com calma.

Com certeza, isso levaria tempo, mas Peeta havia deixado claro, que tempo não era problema pra ele, então, eu faria tudo com calma, sem me precipitar. Enquanto isso, eu resistiria ao atrevimento dele, como se minha vida dependesse disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijos :*