O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 54
Capítulo 53


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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— Por que a Katniss não veio? – a pergunta foi feita assim que nos acomodamos em nossa mesa privada do restaurante.

Suspirei pesadamente.

— A senhora quer mesmo falar sobre isso agora? – perguntei para minha mãe, que já havia se distraído com o cardápio.

Ela abaixou levemente o cardápio, e me olhou por cima dele. Meu pai tinha deixado de lado a carta de vinhos para me dar atenção.

— Katniss está bem? – ele perguntou com a testa franzida, parecendo preocupado.

Respirei fundo e devagar, enquanto esfregava a palma das mãos, que estavam suadas, em minha calça jeans escura.

— Nós precisamos conversar. – falei tentando soar tranquilo. – Na verdade... Eu preciso contar algumas coisas a vocês, e peço que só falem quando eu terminar, ou eu acabarei perdendo a coragem.

Meu pai arqueou as sobrancelhas, e minha mãe finalmente repousou o cardápio sobre a mesa.

— Pode falar, filho. – meu pai me encorajou.

Corri a mão direita por meus fios de cabelo, sentindo meu penteado desmanchar. Respirei fundo, e com os olhos vidrados no enfeite sobre a mesa redonda, comecei a falar:

— Eu e Johanna Mason nunca nos divorciamos.

Dei uma pausa, ainda com os olhos longe do olhar dos dois, esperando que se manifestassem, e como eles não fizeram, decidi prosseguir:

— Johanna foi embora, quando percebeu minhas intenções de me livrar dela, e eu estou preso em um casamento fracassado desde então. Apenas com cinco anos completos com a ausência dela, eu conseguiria alegar o abandono de lar, o que é um absurdo, já que isso é tempo demais. – murmurei a última parte, e suspirei, para logo aumentar o tom, e continuar meu relato: –Eu menti pra vocês, pra não preocupa-los, já que Johanna foi embora, impedindo-me de ficar livre dela, e ainda por cima, sujou o meu nome por ter estourado cartões adicionais vinculados a minha conta bancária. Agora, depois de um pouco mais de três anos, ela voltou. Katniss não sabia nem que eu havia me casado, muito menos que eu não havia me divorciado, por isso, quando Johanna se apresentou como minha esposa na porta da minha casa, há alguns dias, Katniss terminou comigo, e com razão, depois de eu omitir algo tão grande, e magoa-la por ter quebrado sua confiança. Agora eu estou sem a mulher que eu amo, e isso está me matando.

Quando me calei, deixei o oxigênio invadir meus pulmões em uma respiração longa, que eu soltei lentamente pelo nariz em seguida. Meus pais sustentaram o meu silêncio, e por mais que eu quisesse ver a reação dos dois, meus olhos não conseguiam subir para encara-los naquele momento.

Minhas mãos estavam mais suadas, mesmo que durante toda a história, eu tenha as esfregado constantemente contra o tecido grosso da calça. Fechei os olhos, sentindo minha têmpora começar a pulsar.

— Como você está se sentindo com isso? – questionou meu pai, com um tom de preocupação.

Abri os olhos devagar, e levantei a cabeça, com o cenho franzido.

— Vocês não estão chateados por eu ter mentido? – perguntei de volta, olhando de meu pai para minha mãe.

Dona Abby me fitava, com as mãos unidas sobre a mesa. Seus olhos azuis estavam marejados, e em sua boca tinha um sorriso triste.

— Estou decepcionada por não ter nos contado – minha mãe suspirou, e desviou o olhar do meu –, mas faz tempo que você não é um adolescente, Peeta – ela pigarreou levemente, e voltou a me olhar. – Você tomou decisões por conta própria, e tenho certeza de que tentou fazer o melhor para as pessoas ao seu redor, e não pra você – minha mãe sorriu brevemente, e estendeu a mão para coloca-la sobre a minha. – Isso me deixa orgulhosa, apesar de achar suas decisões um pouco duvidosas. – ela apertou minha mão.

— Eu e sua mãe não ficaríamos chateados por isso. – meu pai se manifestou. – Você é nosso filho, e te apoiaremos nesse momento que tenho certeza de que está sendo difícil.

Continuei estático no lugar, deixando apenas meus olhos se moverem.

— Agora nos diga como você está com tudo isso. – meu pai insistiu.

Voltei a suspirar, relaxando levemente em meu assento.

— Como se eu tivesse lutado boxe por vários dias seguidos. – respondi, desviando o olhar para o enfeite sobre a mesa.

— Quebrado? – meu pai perguntou em tom de compreensão.

— Acho que é uma boa palavra. – concordei.

— E Katniss? – minha mãe perguntou.

— Ela foi racional. – dei um sorriso sem vontade. – Nós nem chegamos a discutir. Mas quando ela terminou comigo, Katniss deixou claro que eu tinha a magoado por quebrar a confiança que tanto demorei para conquistar. – olhei em direção a minha mãe, que estava atenta em minhas palavras. – Delly acredita que Katniss vai me perdoar em algum momento, mas eu... Eu não me sinto com esperanças. – confessei. – Sinto como se não tivesse uma maneira de consertar o que quebrou entre nós dois... – passei a mão por meus cabelos.

— Você só está se culpando demais, filho – minha mãe afirmou com certo carinho em sua voz. – Claro que é compreensível a reação de Katniss. Esconder coisas de quem você ama não é uma boa opção... – ela sorriu brevemente –, mas você não deve se sentir tão mal por ter escolhido não contar a verdade. Você fez o que achou ser melhor pra ela, e no fundo, Katniss sabe que nunca foi sua intenção magoa-la. Delly está certa. Katniss vai te perdoar em algum momento. Ela é uma ótima garota, e é sensata. Logo perceberá que você também é um ótimo rapaz, e que a ama de verdade.

Assenti devagar, mas não pensei em responder, já que vi Delly vindo em nossa direção.

— Oi, família. – minha irmã lançou um sorriso culpado pra mim, com certeza pela sua demora. – Não pediram o jantar ainda? – perguntou, beijando nosso pai, depois nossa mãe. – Como está indo? – perguntou em um sussurro ao me cumprimentar com um beijo na bochecha.

— Contei a eles. – sussurrei de volta antes que ela se afastasse.

— Peeta estava nos contando algumas coisas antes de chegarmos ao jantar. – minha mãe explicou. – Quer se juntar a nós, filha?

— Eu já jantei... – Delly respondeu sorrindo pra ela. – Vim me certificar que minha família seria bem servida, antes de ir para a boate. Chamarei um garçom pra cuidar de vocês, e deixarei avisado que é por minha conta.

— Não é necessário, querida. – minha mãe se manifestou.

— Claro que é. – minha irmã sorriu novamente. – Vamos escolher um bom vinho, Peeta. – ela segurou meu blazer cinza na altura do ombro, e puxou, fazendo-me levantar.

— Já volto. – sorri brevemente para nossos pais, e saí atrás de Delly.

Caminhamos em silêncio, até estarmos na cozinha.

— E então? – ela perguntou, parando de frente pra mim.

— Eles estão sendo solidários. – respondi, dando levemente de ombros. – Ao menos estou vivo.

— Isso deu pra perceber. – Delly debochou. – Eu disse que eles não te matariam. Não precisava pirar com isso.

— Ei, Mellark.

Virei em busca do dono da voz, e encontrei Finnick, que usava sua dólmã preta, com botões brancos, que iam desde o pescoço até a cintura. Um chapéu, também preto, de chef estava em sua cabeça, e uma faca grande em sua mão direita.

Arqueei as sobrancelhas ao notar o quão afiada parecia aquela faca.

— Quanto tempo, cara. – ele sorriu pra mim, enquanto eu continuava apreensivo.

Finnick repousou a faca sobre a tábua, que estava lotada com legumes picados, e andou até mim, limpando as mãos em um pano branco.

— Soube sobre o término com a minha cunhada. Sinto muito – e para minha surpresa, ele me abraçou, dando dois tapinhas rápidos em minhas costas.

— Como soube? – perguntei, depois que ele me soltou.

— Ela e Annie se acertaram faz alguns dias. – Finnick explicou.

Acabei dando um sorriso ao ouvir a informação.

— Fico feliz por saber disso. – disse sincero. – E... Katniss? Como ela está? – decidi perguntar.

— Bom. Eu a vi rapidamente ontem. A semana de recesso escolar, trouxe bastante movimento pra cá. – Finnick sorriu animado. – Mas sobre Katniss – ele voltou a ficar sério –, tirando a gripe que está acabando com ela, parece que está bem. É difícil saber. O que pode ser um efeito da gripe, pode ser também um efeito da tristeza.

— Você acha que ela está triste? – perguntei, sentindo meu coração se comprimir.

— Vocês terminaram, cara. É claro que ela está triste. – Finnick disse como se fosse óbvio. – Preciso continuar com o trabalho. – ele andou até a pia, e lavou as mãos. – Boa sorte com tudo isso. – Finnick alcançou a faca, e voltou a cortar os legumes sobre a tábua.

Virei para minha irmã, que pareceu permanecer atenta a toda conversa.

— Ele está certo. Katniss está doente, mas não é apenas por isso que ela está mal. – Delly afirmou com convicção.

— Como sabe disso? – perguntei desconfiado.

Ela sorriu. Um sorriso torto, muito parecido com o meu, e deu levemente de ombros.

— Algo me diz que você vai descobrir como eu sei. Agora – prosseguiu minha irmã, antes que eu questionasse novamente – nós vamos encontrar um bom vinho, e você vai voltar para a mesa. E tente não falar mais sobre o assunto, ou então, você vai enlouquecer.

— Como se fosse possível fugir disso, agora que contei tudo a eles. – disse com desanimo.

— Por isso eu disse para tentar.

 

~||~

 

O jantar não tinha sido tão ruim, principalmente depois de eu pedir para não falarmos mais sobre todo o desastre que estava a minha vida, alegando que quando eu me sentisse melhor, daria todos os detalhes que os dois quisessem.

Meus pais chegaram a sugerir que eu passasse um tempo em meu antigo quarto, se eu achasse que estivesse me sentindo sozinho demais em minha casa, porém, eu agradeci o gesto, mas neguei a oferta, por alguns motivos.

A poltrona que Katniss usava ainda estava no mesmo lugar, e era nela que eu passava a maior parte das minhas noites quando a insônia me pegava. Talvez fosse considerado tortura, mas nada em meu quarto poderia ser considerado menos que isso.

Minha cama tinha seu perfume, mesmo depois de trocar os lençóis e fronhas dos travesseiros. Suas coisas ainda estavam em minha cômoda, e em quase metade do meu guarda roupa. Tinha alguns produtos de higiene pessoal em meu banheiro, como sua escova de cabelo, e até mesmo um creme hidratante que eu a presenteei sem nenhum motivo, há um pouco mais de um mês. Por isso, sentar na poltrona que ela havia adotado como dela, não era nada, comparado ao tanto que tinha de Katniss espalhado pelo ambiente. E mesmo que fosse considerado tortura, era o que me restava dela, naquele momento.

E por falar em poltrona, era exatamente nela onde eu estava largado desde que cheguei do restaurante. Os sapatos sociais estavam caídos de qualquer jeito no chão, depois de eu empurra-los pelo calcanhar com meus próprios pés. O cinto que prendia minha calça estava aberto, mas ainda ao redor da minha cintura. Meus cabelos estavam completamente fora do lugar. Meu olhar estava perdido na rua do lado de fora, enquanto eu apertava meu celular com a mão direita.

Katniss ainda não havia me respondido, e desde minha conversa franca com meus pais, e as palavras de Finnick, comecei a me sentir mais confuso em relação ao que estava acontecendo com minha vida. Minha cabeça dizia que eu deveria acatar todos os conselhos que me guiavam até a parte em que eu dava um tempo para ela, porém, meu coração teimoso, me obrigava a enviar mensagens para saber sobre seu bem estar, mesmo que eu não acreditasse em nenhuma de suas respostas.

Antes eu acreditava que meu coração sabia o que estava fazendo. Agora, eu chegava a pensar que um coração triste poderia se tornar desesperado e insensato.

Suspirei profundamente, e deslizei levemente minhas costas pelo encosto da poltrona.

Minha pequena precisava desse tempo longe de mim, e pela primeira vez desde que eu a conheci, eu cheguei à conclusão de que eu não estava fazendo o melhor para ela. Eu estava tentando acalmar meus sentimentos, obrigando-a a me responder. Pela primeira vez, senti que estava sendo egoísta com ela.

Desbloqueei a tela do celular, e abri minha conversa com Katniss. As últimas mensagens que estavam lá, ainda com dois tracinhos cinzas, eram minhas:

 

Bom dia. Melhorou da gripe? [10:42 AM]

Você está aí? [11:02 AM]

Katniss? [02:23 PM]

 

Com certeza, eu estava abusando dos limites que ela havia imposto.

Eu tinha toda a conversa com ela, desde que começamos a conversar por mensagens a meses atrás, por isso, acabei me pegando relendo algumas coisas, que só serviram pra me deixar mais pra baixo. Passei tanto tempo me torturando com aquilo, que não percebi quando Katniss ficou online, e muito menos que havia uma notificação indicando uma nova mensagem. Quando notei, meu coração deu um salto no peito, como sempre fazia ao receber suas respostas, e mais do que depressa, desci as mensagens.

 

Estou bem [10:12 PM]

 

Suspirei, e passei a mão em meus cabelos.

Era sempre a mesma resposta.

 

E você? [10:13 PM]

 

E então fui surpreendido com a pergunta.

Me ajeitei melhor na poltrona, sentindo o coração voltar a bater rápido.

 

Delly esteve aqui mais cedo [10:13 PM]

Me contou que vc veria seus pais e que contaria... Algumas coisas aos dois [10:13 PM]

Confesso que me preocupei quando Delly disse que vc estava com medo de dizer a eles [10:14 PM]

E me surpreendi com o fato deles não saberem de nada [10:14 PM]

 

Nem sei por onde começar... [10:14 PM]

Ela não me disse que esteve ai [10:14 PM]

 

Ela disse que vc deveria saber disso, apenas se eu decidisse perguntar se vc estava bem [10:15 PM]

 

Minha irmã, e suas jogadas kk sinto muito por preocupar vc. Eu estou bem [10:15 PM]

 

Katniss começou a digitar, e eu fiquei ali, encarando meu celular, esperando por sua resposta. Longos minutos se passaram, até que ela parou de digitar. Esperei alguns segundos, até que ela voltou a escrever, e finalmente me enviou:

 

Não acredito em vc. Posso te ligar? Estou com problemas pra digitar [10:19 PM]

 

Arqueei as sobrancelhas, mas foi impossível evitar um sorriso.

 

Claro [10:19 PM]

 

Não demorou nada, e sua foto apareceu em minha tela, anunciando sua chamada.

— Oi... – falei quando atendi.

Ei...— a voz fraca do outro lado fez meu coração doer. – Me diga com toda a sinceridade do mundo: Como você está?

— Acho que seu estado é mais preocupante que o meu. – comentei com preocupação.

Não quero falar sobre mim. — Katniss disse em um tom levemente repreensivo.

— Por que se preocupou tanto a ponto de decidir me ligar? – questionei.

Sua irmã disse que você...— ela hesitou, e eu franzi o cenho. Pude ouvi-la suspirar, antes de voltar a falar: – Delly apenas disse que você estava com medo de que os dois te olhassem com outros olhos. Eu não conseguiria ficar em paz, sem saber como você se saiu com essa conversa.

Sorri levemente, e me recostei na poltrona.

— Até que me saí bem. Meus pais foram compreensivos, e solidários. Minha mãe acha que eu devo continuar a ter esperanças de que você vai voltar pra mim.

Ouvi um ruído do outro lado quando acabei de falar, como se Katniss tivesse se movido. Em seguida, tudo ficou silencioso, a não ser pela respiração pesada de Katniss, indicando que sua gripe realmente estava forte.

Fico feliz que eles tenham entendido. — Katniss fungou, e logo prosseguiu, ignorando o resto da minha frase: – Eu preciso desligar.

— Posso fazer uma pergunta antes?

Por mais que eu sinta que não devesse permitir... Pode.

— Por que sempre mente quando pergunto sobre a gripe?

Ela suspirou, e pigarreou fracamente.

Porque... Os sintomas vão e voltam. Mais cedo eu estava melhor, fazendo o jantar. Faz mais ou menos uma hora que minhas pernas pareceram desistir de me manter em pé, e eu me joguei na cama com dor no corpo. E ainda tem o fato de que... Se eu dissesse que estou mal, você bateria na minha porta... E eu acredito que te olhar nos olhos, ou sentir sua preocupação comigo, só vai acarretar mais tristeza, ao invés de me ajudar em alguma coisa. Na verdade, eu estou me torturando, tendo que ouvir sua voz.

— E se minha presença só ajudar a reafirmar o que realmente sinto por você, e de alguma forma, ajudar a curar seu coração?

Katniss se calou novamente, e eu acabei apertando o celular contra a orelha.

Há várias possibilidades — finalmente ela respondeu –, mas a maioria delas fazem com que eu sinta medo de me machucar mais ainda, então prefiro não arriscar.

Eu quem acabei me calando, e por breves segundos, fiquei apenas ouvindo a respiração dela.

Você está aí? — sua voz saiu mais rouca do outro lado.

Pigarreei levemente, tentando me livrar do pequeno nó na garganta.

— Sim, estou. Desculpa. – murmurei, passando a mão por meus cabelos. – E eu entendo, pequena. – soltei sem querer, e me repreendi mentalmente por usar o apelido. – Antes de você me responder – decidi prosseguir –, eu cheguei à conclusão que eu não estava agindo para o seu próprio bem, mandando tantas mensagens, e sim para tentar me tranquilizar em relação ao seu estado... E como a última coisa que eu quero, é ser egoísta, principalmente com você, eu decidi que não te importunaria mais.

É mesmo? — Katniss pareceu surpresa. – Então se eu não tivesse respondido, não receberia mais mensagens?

— Não. – disse sinceramente. – Eu não estava respeitando o seu pedido para te deixar em paz. Você sabe que eu me preocupo com você, mais do que me preocupo comigo mesmo. E você também sabe que eu estarei disponível pra você, sempre que você precisar. Então eu te deixarei em paz. Dessa vez, de verdade. E se um dia você achar que precisa de mim, não hesite em me procurar. Eu farei qualquer coisa por você.

Katniss voltou a se calar, e por um momento, achei ter ouvido seu choro baixo do outro lado.

Preciso desligar. — ela disse pouco tempo depois, com a voz quase sussurrada. – Obrigada.

A chamada foi desligada antes que eu pudesse responder.

Eu não tinha certeza de quais eram as intenções de Katniss ao me ligar, por isso, eu não conseguia me sentir feliz ao ouvir sua voz, ou por saber sobre sua preocupação comigo. Eu apenas me sentia confuso, perturbado, esgotado e perdido. E não eram sensações novas pra mim. Não, depois de tantos dias me sentindo tão desorientado estando sem Katniss. Eu sabia que aquilo não passaria tão cedo... E eu também sabia que, enquanto ela estivesse magoada comigo, minhas chances de começar a consertar o que havia se quebrado, seriam quase nulas.

Talvez Katniss realmente precisasse de tempo. Quem sabe para tentar se curar da mágoa que eu havia causado.

Ou até mesmo... Para tentar me esquecer.

Travei o maxilar, e fechei os olhos com força.

— O que for melhor pra ela... – murmurei entre dentes.

Ergui as pálpebras, e sem hesitar, joguei meu celular com força contra a parede mais próxima, vendo-o espatifar e se tornar vários pedaços.

Katniss precisava daquilo, e sem me importar com o que seria bom pra mim ou não, eu me obrigaria a atender seu pedido.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥