O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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— Temos alguns minutos livres, e meu conteúdo do dia acabou. – falei recebendo o olhar atencioso dos alunos do primeiro ano. – Alguém tem ideia do que podemos fazer? – perguntei.

— Acho que seria legal se nos apresentássemos. – uma garota loira que sentava na primeira carteira sugeriu.

— É uma ótima ideia. – sorri gentilmente.

Na primeira semana de aula, eu não tinha turmas definidas ainda. Porém, na segunda semana, recebi meu horário completo, o que me proporcionou a oportunidade de conhecer os alunos de quatorze e quinze anos, que pareceram atentos desde quando entrei até minhas últimas palavras sobre autores americanos.

Era a primeira vez que eu os via, por isso, a ideia de nos conhecermos não parecia tão má.

— Quem começa? – perguntei passando os olhos pela sala.

— Começa a senhora. – um garoto de cabelos negros pediu.

Abri um novo sorriso.

— Tudo bem. – apoiei meu quadril na beirada da mesa, segurando a borda com as mãos. – Vocês já sabem meu nome. – comecei pensativa. – O que querem saber?

— Quantos anos tem? – a garota loira perguntou.

— Vinte e dois. – respondi, podendo notar alguns semblantes surpresos com a informação. – Me formei há poucos meses. Vocês são a segunda turma que dou aula.

— A senhora é muito nova. – um garoto falou no fundo da sala.

— Espero que isso seja um elogio. – bati as pontas dos dedos na madeira sorrindo brevemente. – E vocês podem me chamar de Katniss. Acho que senhora é muito chato. – pedi olhando-os atentamente. – Quem é o próximo?

A garota da primeira carteira ergueu a mão.

— Qual seu nome? – perguntei.

— Primrose. – ela sorrio. – Mas pode me chamar de Prim.

— É um prazer, Prim. – sorri de volta. – E você? – apontei a garota atrás de Prim.

— Eu sou Rue. – a garota respondeu timidamente.

— É um prazer, Rue. – sorri pra ela também.

Consegui conhecer apenas duas fileiras de alunos, e até onde pude ver, todos eram bem educados, diferente da turma do segundo ano que eu enfrentaria em seguida.

O sinal bateu avisando que eu deveria correr, por isso juntei minhas coisas, e me preparei pra sair.

— Nos vemos amanhã. – falei já sumindo porta a fora.

Em questão de poucos minutos eu havia entrado na sala, e colocado minhas coisas sobre a mesa.

Assim como no primeiro dia, a bagunça perdurou durante a semana. Sempre que eu entrava, precisava de longos minutos até que eles cansassem e aquietassem em seus lugares.

— A professora gostosa chegou. – alguém gritou no fundo quando encostei na lateral da mesa, esperando que me notassem.

Permaneci imóvel, evitando que minha timidez falasse mais alto.

Com o primeiro ano havia sido fácil. Eles me ouviam, e eu não precisei impor nada. Porém o segundo ano queria me obrigar a agir como uma professora autoritária, que os mandaria calar a boca, e mandaria alguém pra fora caso não me dessem ouvidos, contudo, eu não conseguia nem ao menos me imaginar agindo dessa forma.

— Ei, delicia. Tem namorado? – outro rapaz perguntou.

As piadas idiotas sempre vinham, e eu não as respondia, porém sentia-me incomodada a ponto de querer sair da sala, e deixá-los ali.

— Isso não diz respeito a você, Marvel. – a voz grossa de Peeta, se sobressaiu em meio ao barulho, fazendo-me olhar em direção a porta dos fundos da sala.

Ele usava pela primeira vez a roupa de professor, desde a quadra de basquetes. Calça esportiva, o apito no pescoço e dessa vez uma regata branca que vestia seu tronco, o que me fazia questionar como ele não estava com frio. A diferença é que seus cabelos estavam completamente desalinhados e pareciam úmidos.

Assim que meus olhos realmente repararam no físico de Peeta, em minha mente vieram as perguntas que fizeram-me no jantar em família, o que com certeza havia me feito corar feito uma idiota.

Sim. Ele era forte. Muito forte.

Toda a turma se calou, enquanto ele caminhava por entre as carteiras.

Permaneci em silêncio, parada no mesmo lugar, apenas observando-o andar.

Seu semblante era sério. Suas mãos estavam fechadas ao lado do corpo, fazendo algumas veias saltarem e ficarem a mostra sob a pele branca de seus braços.

Peeta andou até mim, e ficou ao meu lado.

— Que porcaria vocês pensam que estão fazendo? – questionou com a voz alta e levemente autoritária. – Onde está o respeito com os professores? E a educação com uma moça tão delicada quanto a professora Everdeen? – ele cruzou os braços em frente ao peito.

— Peeta. Você não precisa fazer isso. – sussurrei só para que ele me ouvisse.

Ele permaneceu imóvel, com as sobrancelhas e os lábios levemente franzidos.

— Ou vocês calam a boca, e participam da aula como seres humanos civilizados, ou eu mesmo colocarei a turma toda na detenção. – ameaçou.

Todos permaneceram em silêncio encarando Peeta, que continuou impassível.

Poucos segundos se passaram, até que ele me encarou.

— Dê sua aula, professora Everdeen. Se precisar é só chamar, e eu voltarei aqui. – ele disse, e antes mesmo que eu pudesse responder, Peeta se afastava, soltando os braços ao lado do corpo, e saindo da sala.

Apoiei a mão sobre a mesa, observando a turma, que ainda estava quieta.

Talvez agora eu conseguisse dar aula de verdade.

 

~||~

 

— E eles simplesmente assistiram a aula, quietinhos. Foi quase cômico. – falei, sentando na cadeira que Peeta havia puxado pra mim.

— Só agem bem sobre pressão. – ele sorrio, sentando-se a minha frente. – Mas vamos ver o quanto dura isso. – Peeta deu atenção para o pequeno cardápio que ele havia pego no balcão.

— Espero que para sempre. – falei baixo, ouvindo-o rir. – Nunca imaginei que veria você tão bravo como quando entrou na sala.

— Raramente fico nervoso. – Peeta disse me olhando rapidamente. – Mas quando fico... Bom. Aquilo não foi nada.

— Devo ter medo? – questionei.

Ele abriu um pequeno sorriso.

— Você? Nunca. – Peeta voltou a olhar o cardápio.

Ficamos em silêncio, enquanto ele lia atentamente.

A praça de alimentação do shopping estava movimentada, o que me distraia vendo tantas pessoas no mesmo lugar. Eu não fazia ideia de quando havia sido a última vez que eu estivera ali, muito menos quando cheguei a comer na praça de alimentação.

Na verdade, eu não tinha grana nenhuma para estar ali naquele momento, porém quando fiz menção de desmarcar com Peeta na porta do colégio, ele insistiu tanto que precisei ser sincera sobre porque não iria.

Como ele sempre fazia, simplesmente abriu um enorme sorriso, me arrastando até o seu carro, deixando o meu estacionado no mesmo lugar, afirmando que dinheiro não era problema, se esse era o motivo de não querer comer com ele.

Obviamente minha vergonha chegou ao nível máximo, mas Peeta sabia ser insistente, e praticamente me amarrou no banco do carona com o cinto de segurança, que ele mesmo havia passado em frente ao meu corpo.

— Gosta de qual pizza? – perguntou voltando sua atenção para mim.

— De todas. – falei rindo. – Peça o que você quiser. Eu vou comer mesmo assim.

— Assim que eu gosto. – Peeta sorrio. – Está começando a ter liberdade comigo, Katniss. Apenas não chegue ao ponto em que disse que me bateria. – ele se colocou em pé. – Vou pedir.

— Ok. – dei um pequeno sorriso, vendo-o se afastar e sumir no meio das pessoas.

Voltei a me distrair olhando as pessoas por algum tempo, até que uma cabeleira ruiva entrou em minha frente, fazendo-me arregalar os olhos.

— O que faz aqui sozinha, Niss? – minha irmã perguntou franzindo o cenho.

— Eu não...

— Niss? Gostei do apelido. Talvez eu use. – a voz de Peeta fez Annie olhar para o lado. – Tudo bem? – ele sorrio simpaticamente para ela, estendendo a mão em sua direção. – Peeta Mellark.

Ann segurou a mão dele, e me olhou com a boca levemente aberta.

Eu conhecia aquele maldito olhar.

— Eu sou Annabelle. Irmã da Katniss. – ela voltou a atenção para ele, sacudindo a mão de Peeta levemente antes de soltar.

— Tão linda quanto ela. – ele ainda sorria, enquanto ajeitava a gola do seu casaco cinza.

— Obrigada. – minha irmã sorrio, voltando a me olhar. – Não sabia que viria para cá.

— Peeta insistiu. – falei baixo, torcendo para que Finnick aparecesse e a levasse embora, mas eu não fazia ideia se meu cunhado estava com ela, então apenas mantive-me quase congelada em meu lugar.

— Quer sentar com a gente? Pedi pizza. – Peeta disse tendo a atenção de Annie novamente.

Ele me olhou rapidamente, e eu apenas neguei com a cabeça levemente. Peeta franziu as sobrancelhas, mas voltou a olhar Annabelle que falava algo sobre ter que voltar para o trabalho, e que estava ali apenas pra comprar seu almoço.

— Ah, é uma pena. – Peeta sorrio. – Mas quem sabe outra hora, né?

— Claro. Outra hora podemos sair nós três e meu marido. Comer alguma coisa. O que acha? – Annie desembestou a falar, fazendo-me fechar os olhos com força.

Ela queria um encontro duplo. Eu a conhecia bem. E eu a mataria por isso.

— Acho legal. Assim que der marcamos algo. – abri os olhos para olhar Peeta, que sorria novamente.

— Ótimo. – Annie sorrio e me olhou. – Nos falamos mais tarde, Niss.

— Claro. – murmurei.

— Foi um prazer, Peeta. – Ann apertou a mão dele novamente, antes de voltar a me encarar.

Seus lábios se moveram sem deixar que nenhum som saísse, pronunciando as palavras “pegue ele logo”. Peeta se despediu dela, e ela sumiu por entre as pessoas, deixando-o à vontade para sentar à minha frente.

— Pegue ele logo? – ele questionou divertido.

— Droga. – murmurei, e eu sabia que meu rosto estaria completamente vermelho. – Annie tem me importunado desde o dia que falei da sua simpatia comigo, por me mostrar a escola. – expliquei, tendo seus olhos azuis atentos em mim. – Ela sempre faz isso. Me empurra pra cima dos caras que conheço, achando que tenho algum interesse romântico.

— Mas se tiver algum interesse romântico por mim, não se acanhe. Eu não estranharia. Afinal, olha pra mim né? – ele piscou, fazendo-me rir. – E você não é de se jogar fora. Acho que podíamos dar alguns beijos.

— Cala a boca. – resmunguei ainda rindo.

Ele arregalou os olhos, porém riu em seguida.

— Parece que alguém está ficando mal educada.

— E a culpa é sua. – acusei respirando fundo. – Você me enche tanto a paciência que preciso apelar pra má educação.

— Não te encho tanto assim. Daqui um tempo você vai descobrir que você ama até mesmo as besteiras que eu falo. – ele disse sério.

— Está sugerindo que daqui um tempo vou estar amando você? – ergui uma sobrancelha.

— Todas amam, princesa. Todas amam. – Peeta deu um sorriso torto.

Meus olhos passearam por seu rosto devagar, enquanto meu coração dava uma leve aumentada em seu ritmo.

— Princesa? – questionei envergonhada.

— Sim. Princesa Niss. – disse pensativo. – Gostei.

— Annie vai te matar quando souber que está usando o apelido sem pedir permissão.

— Sua irmã já me ama. – ele riu, erguendo os olhos em direção a placa digital com a numeração do pedido. – Nossa vez. Vou lá buscar. – Peeta começou a caminhar até o balcão.

Eu o observei se afastar, e sem querer acabei dando um sorriso bobo. Isso era preocupante.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥



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