O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 43
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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— Não acredito que você me obrigou a sair em um encontro duplo no meu primeiro dia dos namorados com um namorado. – murmurei para minha irmã, enquanto Finnick e Peeta estavam mais a frente, tentando conseguir uma boa mesa, para se encaixar com a nossa reserva.

Annabelle me encarou, com as sobrancelhas arqueadas, parecendo alheia demais para me dar atenção.

Franzi o cenho, e elevei uma sobrancelha em seguida.

— No que tanto pensa? – indaguei.

— Nada. – ela deu um sorriso, que me parecia nervoso, e voltou a olhar para frente. – Por que estamos tão longe dos dois?

Rolei os olhos, certamente impaciente com minha irmã.

— Porque eu precisava reclamar da sua insistência com esse jantar. – disse em tom acusatório, ainda olhando em direção a ela.

— Vamos? – ouvi a voz de Peeta, o que me fez olhar para frente. Ele sorria pra mim, com um olhar curioso. – O que tanto cochichavam? – questionou assim que Annie nos deixou, para seguir Finnick.

— Eu não sei você, mas eu estou bem irritada com a insistência desse encontro duplo. – confessei em voz baixa.

O sorriso de Peeta se alargou, e eu pude sentir suas mãos segurarem minha cintura, enquanto seu rosto vinha de encontro ao meu.

— Claro que eu preferia estar a sós com você. – segredou quando seus lábios quase tocaram meu ouvido. Um arrepio subiu por minha espinha, e meu estômago pareceu dar uma cambalhota completa, assim que senti sua respiração descer até meu pescoço. – Mas Finnick e Annie não são tão ruins. E, afinal de contas, minha recompensa por aceitar estar aqui eu já recebi. – ele completou ainda em voz baixa, e se afastou apenas para me analisar dos pés à cabeça descaradamente. – Porque... Desculpe a expressão, mas você está uma delícia. – Peeta murmurou, e mesmo notando que ele segurava o riso, foi inevitável não me sentir envergonhada. – Por que está corada? – perguntou, com um sorriso carregado de falsa inocência.

Eu realmente havia me esforçado para estar bonita para ele, porém não esperava por um comentário tão descarado, por isso, por culpa do meu constrangimento, eu apenas estreitei os olhos, e decidi não repreende-lo em voz alta.

— Vamos pra dentro. – pedi em tom baixo, vendo-o sorrir torto, e afirmar com a cabeça.

Paramos apenas na recepção para nos livrarmos de nossos casacos, e logo voltamos a andar, indo em busca de nossa mesa.

Senti a mão fria de Peeta tocar a minha, enquanto passávamos por entre as mesas, por isso troquei minha bolsa de mão de lado, para segurar a dele, entrelaçando nossos dedos.

— Sua mão está mais quente do que a minha. – ele comentou.

— Eu percebi. – respondi, apertando seus dedos com os meus. – Nada que o secador de mãos do banheiro não resolva. – fiz piada, ouvindo-o rir.

— Eu nunca pensaria nisso. – Peeta disse. – Mas aquele ar quente para se secar é muito bom. Imagina um daquele para o corpo inteiro. Você toma um banho, e para na frente daquilo. Deve ser interessante. – falou, e dessa vez eu que acabei rindo.

— Não sei se existe, mas se não existir, você pode patentear. – respondi assim que nos aproximamos da mesa, onde Finnick e Annie já estavam sentados. – Eu usaria. – pisquei pra ele, que sorriu torto, enquanto puxava a cadeira para mim. – Obrigada. – disse ao me sentar.

Peeta apenas deu um pequeno sorriso em resposta, sentando ao meu lado e de frente para Finnick.

— Do que vocês estavam falando? – meu cunhado perguntou curioso.

Eu e Peeta trocamos um olhar, e soltamos um riso baixo, quase sincronizado, antes de voltarmos a olha-lo.

— Nada que você queira realmente saber. – respondi.

Finn arqueou as sobrancelhas.

— Acho que não quero mesmo. – ele disse, alcançando o cardápio sobre a mesa.

Ri timidamente, e balancei a cabeça.

— Não é nada demais. – Peeta quem o respondeu, pegando o cardápio a sua frente. – O que vamos pedir? – perguntou, abrindo-o bem no nosso meio para que eu pudesse lê-lo também.

— Vamos fazer igual no ano novo. Você escolhe. – sugeri, virando o rosto para olha-lo.

Ele manteve o cardápio aberto, escondendo nós dois atrás dele, e virou a cabeça, olhando-me de volta.

Peeta sorriu pra mim.

— Isso tudo é preguiça de ver suas opções? – questionou divertido.

— Claro. – respondi sem pestanejar, e me aproximei. – E eu confio no seu bom gosto. Afinal de contas, você me escolheu como namorada. – sussurrei a última parte, com um sorriso travesso nos lábios.

Ele riu, não parecendo mais surpreso com a forma que eu imitava suas falas, e sem que eu esperasse, Peeta roubou um beijo rápido de mim, antes de se afastar e abaixar o cardápio.

— Contra fatos não há argumentos. – ele respondeu divertido. – Você está certa. Tenho muito bom gosto. – Peeta piscou pra mim, fazendo-me corar. – Por isso aceito escolher nosso jantar.

 

~||~

 

Fazia alguns minutos que uma pequena banda havia começado a tocar ao vivo no fundo do restaurante, sempre com músicas mais românticas, que Peeta insistia em me chamar para dançar, mas eu negava timidamente, enquanto esperávamos por nossa sobremesa.

O jantar havia sido melhor do que eu esperava. Finnick estava animado e comunicativo, fazendo piadas e entrando em assuntos variados comigo e com Peeta. Estranhamente, eu não podia dizer o mesmo de Annie, que apesar de tentar se envolver em nossas conversas, parecia tensa, sempre olhando em direção a porta do restaurante. Eu a convidei para irmos ao banheiro, em determinado momento da noite, porém, ela se recusou, talvez sabendo que eu queria conversar sobre o que tanto a incomodava.

Um toque instrumental suave começou a tomar conta do ambiente de novo, assim que deixei de lado meu prato de torta de chocolate vazio.

Algo me impulsionou a fitar meu namorado, e só então pude perceber que ele já me olhava.

— Eu conheço essa música. – soltei a frase, franzindo o cenho, tentando me lembrar.

I could stay awake just to hear you breathing, Watch you smile while you are sleeping... — a voz do cantor começou a soar entre os instrumentos de forma doce.

Um sorriso surgiu em meus lábios, quando Peeta sorriu pra mim.

Meu cérebro finalmente captou de qual música se tratava. A banda estava tocando I Don't Want To Miss A Thing. A mesma música que eu e Peeta havíamos dançado na festa de Halloween.

— Nossa música. – ele murmurou, estendendo a mão pra mim. – Não me negue isso, pequena. – disse com um olhar pidão.

Mordi o canto do lábio inferior, e sem pensar na vergonha de receber os olhares de todos ao nosso redor, que ainda aproveitavam de um jantar romântico, e ignoravam completamente a pequena pista de danças, coloquei-me de pé, e segurei a mão de Peeta, que deu um sorriso largo, guiando-me para perto da banda.

Don't wanna close my eyes, I don't wanna fall asleep, 'Cause I'd miss you, baby, and I don't wanna miss a thing. — o cantor continuou a cantar, enquanto começávamos a dançar.

Peeta olhava-me nos olhos, e um sorriso realmente sincero contornava seus lábios. Seus braços envolviam minha cintura, permitindo que suas mãos tocassem acima do meu quadril. Minha mãos descansaram em seus ombros, enquanto eu tentava acompanhar seus passos tranquilos.

— Por que essa é a nossa música? – perguntei.

— Porque foi a primeira e única música que dançamos. – respondeu. – E apesar de não ter te beijado, agora eu consigo perceber que seus olhos realmente estavam diferentes quando você me olhava naquela noite. – ele sorriu novamente. – Se eu soubesse que não queria meu beijo só pelo lugar em que estávamos, com certeza eu te levaria para uma das salas da escola. – seu sorriso tornou-se torto, fazendo-me corar.

— Para de ser assim, Peeta. – resmunguei envergonhada. – Tudo para me deixar sem graça.

— Desculpa, pequena. – ele riu baixo, e curvou seu tronco. Com sua proximidade, fui obrigada a fechar os olhos, e para minha surpresa, senti seus lábios tocarem levemente minhas pálpebras. Olho esquerdo, depois o direito. – Then I kiss your eyes and thank God we're together, And I just want to stay with you In this moment forever, forever and ever. — Peeta cantou junto com a banda.

 (Então beijo seus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos. E eu só quero ficar com você, neste momento para sempre, para todo o sempre).

Abri os olhos quando o senti se afastar, lhe lançando um sorriso bobo.

— Você devia cantar mais vezes pra mim. – comentei ao notar que ele não cantaria mais. – Sua voz é linda. – elogiei.

— Obrigado. – Peeta sorriu torto. – Eu nunca te ouvi cantar. – ele pressionou levemente suas mãos em minhas costas.

Senti que minhas bochechas estavam mais quentes, apenas por pensar no que viria em seguida.

— Que tal cantar agora? Como presente de dia dos namorados. – sugeriu.

— Era exatamente o que eu temia. – murmurei.

— Só um pedacinho, pequena. – insistiu, fazendo-me suspirar e fechar os olhos novamente.

— Eu realmente não consigo negar nada pra você. – resmunguei, abaixando a cabeça, e mordi o canto do lábio inferior.

Peeta havia ficado silencioso, apenas me balançando conforme o ritmo, com certeza esperando que eu cantasse alguma coisa.

Comecei a focar meus pensamentos apenas na voz do cantor, e na letra da música.

Don't wanna close my eyes, I don't wanna fall asleep, 'Cause I'd miss you, baby, and I don't wanna miss a thing. — comecei a cantar baixo.

— Eu não estou te ouvindo. – Peeta disse quase em um sussurro.

Respirei fundo, e abri os olhos, erguendo a cabeça para olha-lo.

'Cause even when I dream of you. – continuei a cantar, focando meus olhos nos dele, enquanto tentava ignorar as batidas frenéticas do meu coração. – The sweetest dream will never do. I'd still miss you, babe, and I don't wanna miss a thing.

(Não quero fechar meus olhos, não quero pegar no sono, porque eu sentiria a sua falta, baby, e eu não quero perder nada. Porque mesmo quando eu sonho com você, o sonho mais doce nunca vai ser suficiente. Eu ainda sentiria a sua falta, baby, e eu não quero perder nada).

Peeta sorria pra mim, enquanto eu cantava, e ao invés de dizer alguma coisa quando eu me calei, com seus olhos brilhando, ele voltou a curvar seu tronco em minha direção, dessa vez, deixando sua boca encontrar a minha.

Permiti que Peeta intensificasse o beijo, assim que senti a ponta de sua língua tocar o pequeno espaço dos meus lábios entre abertos. Nós ainda dançávamos, porém um pouco mais lentos, simplesmente deixando nosso beijo como foco de nossos pensamentos naquele momento.

Subi uma das mãos para a parte de trás de sua cabeça, enterrando meus dedos em seus fios escuros, que já estavam maiores desde que ele havia cortado. Peeta conduzia o beijo, e eu apenas permitia que sua língua provocasse a minha.

Nós nos afastamos somente quando a banda parou de tocar.

Meu peito subia e descia com certa rapidez, forçando o oxigênio a voltar a circular por meus pulmões. Olhei nos olhos azuis escuros de Peeta, que apesar de estar levemente ofegante, sorria pra mim, com os lábios levemente avermelhados.

— Isso foi para me dizer que eu canto bem? – perguntei, descendo a mão, que ainda bagunçava seus cabelos, até parar em sua nuca.

— Com certeza é a voz mais linda que eu já ouvi. – disse, soltando um suspiro. – Eu nunca ouvi um anjo cantar, mas tenho certeza que deve ser com a mesma suavidade que só você tem.

Rolei os olhos, mas apenas para tentar esconder a vergonha.

— Você é muito bobo. – murmurei, passando a ponta das unhas por sua nuca, notando sua pele se arrepiar. Sorri pra ele, sem nenhum motivo concreto, porém recebi seu sorriso em resposta. – Sobre o cargo de treinador... – voltei a falar, enquanto Peeta voltava a me balançar assim que a banda começou a tocar outra música. – É sério a história de aceitar apenas com meu consentimento? – perguntei.

— Claro, pequena. – ele sorriu.

— Então... – mordi o canto do lábio inferior. – Eu quero que aceite. – falei, parando de me mover, obrigando-o a parar comigo. – Mas tenho uma condição.

— Qual? – questionou curioso.

— Que eu possa assistir ao treino, pelo menos uma vez por semana. – eu disse, fazendo as sobrancelhas de Peeta arquearem. – De preferência quando você for mostrar algumas jogadas para eles. Sempre quis te ver jogar.

Para minha surpresa, Peeta riu, parecendo sem graça.

— Qual é, baby? Eu sou ruim nisso. – ele soltou, fazendo-me franzir o cenho.

— Você era capitão do time. Duvido muito dessa informação. – Peeta abriu a boca para falar, mas eu fui mais rápida. – A não ser que você não queira minha presença.

— Claro que eu quero. – ele me apertou entre seus braços, e curvou seu tronco em minha direção, encostando a testa contra a minha. – Eu só sou inseguro com o basquete, porque... Você sabe. Perdi uma bolsa.

— Porque você não estava jogando. – eu o lembrei. Peeta suspirou. – Ser inseguro não faz parte de você. E afinal de contas, quem vai me ensinar a acertar algumas cestas depois do treino? – perguntei, sorrindo suavemente para Peeta.

Ele me analisou, antes de dar um sorriso torto, e deixar seus ombros caírem levemente.

— Tudo bem. – Peeta concordou. – Mas se eu jogar mal, você precisará me dizer.

— Eu não entendo nada de basquete, Peeta. – confessei, e nós dois acabamos rindo.

Ele voltou a me balançar devagar, e eu apenas passei a acompanha-lo novamente.

— Tenho uma confissão a fazer. – falei baixo, depois de olhar em seus olhos por alguns segundos.

— O quê? – Peeta perguntou.

— Você fica uma delícia de paletó. – soltei quase em um sussurro.

Sua risada foi silenciosa, enquanto seus braços me apertavam contra seu corpo. Abri um sorriso, ao ver o sorriso torto dele aparecer.

— Você é demais, Katniss. – ele meneou a cabeça.

— O que eu fiz? – perguntei com falsa inocência.

— Você me disse uma vez que não era vingativa. – Peeta me lembrou.

Sorri de novo, e balancei a cabeça em negativa.

— E não sou mesmo. Mas como eu disse da outra vez, acho justo. – pisquei pra Peeta.

Ele riu baixo.

— Realmente é. – Peeta disse. Ele olhou ao nosso redor, e voltou a me olhar em seguida. – Vamos para nossa mesa. – ele sugeriu, parando de dançar. – Se Annie e Finnick concordarem, talvez possamos ir embora.

Nem cheguei a responde-lo. Eu apenas segurei sua mão, e passei a puxa-lo de volta para nosso lugar.

— Vocês dois parecem um romance do Nicholas Sparks. – Annie disse assim que sentamos em nossas cadeiras. – Ao mesmo tempo que dá vontade de suspirar, dá vontade de vomitar, de tão fofos. – ela provocou.

— Isso é inveja. – retruquei. – Só porque você não estava dançando.

— E a culpa não é minha. – Finnick se defendeu. – Eu a convidei para dançar, mas ela não quis.

— É que eu precisava... – Annie deu uma pausa, olhando para algo atrás de mim, e logo voltou a olhar seu prato com metade de um Cheesecake. – Terminar de comer. – completou, pegando sua colher de sobremesa.

— Não me parece que você está muito a fim de comer. – observei.

Annie me olhou, e pareceu murchar, talvez ao perceber que meu olhar para ela não era um dos melhores.

Minha irmã estava estranha, e eu precisava saber o porquê.

— Tudo bem. – ela acabou dando um sorrisinho, repousando novamente a colher sobre o prato. Seus olhos se voltaram para Finnick. – Acho que vou contar a eles.

Ele uniu levemente suas sobrancelhas.

— Isso que está te deixando nervosa? – perguntou.

— Não exatamente isso. – Annie olhou pra baixo, antes de virar a cabeça para voltar a nos olhar. – Eu e Finnick descobrimos sexta feira passada que eu estou grávida. – ela soltou a frase rapidamente.

Arqueei as sobrancelhas e abri um sorriso sincero para minha irmã.

— Parabéns! – exclamei animada. – Estou realmente feliz por vocês.

Finnick sorriu abertamente pra mim.

— Obrigado. Eu também estou feliz por nós dois. – ele disse rindo, fazendo eu e Peeta rirmos com ele.

— Parabéns. – Peeta disse em seguida, mais contido do que eu. – Agora que Gale e Madge descobriram que o bebê deles é um menino, vamos torcer para que o de vocês seja uma menina, ai já teremos um novo casal no futuro.

Para mim era nítido o tom de brincadeira na frase de Peeta, porém para Finnick pareceu ser a coisa mais absurda que alguém poderia dizer, pois seus olhos se arregalaram no mesmo instante.

— Não queira me arranjar dor de cabeça tão cedo, cara. – meu cunhado resmungou, fazendo meu namorado rir.

Ri silenciosamente, e balancei a cabeça, até que algo acendeu em minha mente.

— Se você não estava nervosa por nos contar sobre o bebê, o que aconteceu então? – questionei, dirigindo-me a minha irmã.

Annabelle tornou-se mais séria.

— Você precisa prometer que não vai pirar. – pediu.

— Vou pirar se você não disser logo. – soltei com certa irritação e impaciência. – Você insistiu quase a semana toda para que eu não desistisse desse encontro duplo, e ficou esquisita quase o jantar inteiro. Não sou experiente em encontros, muito menos com outro casal, mas algo me diz que o que tivemos hoje, foi um encontro em trio. Eu, Peeta e Finnick, já que você estava dispersa demais para participar.

Annie suspirou, o que também achei estranho, já que eu esperava que ela rolasse os olhos pra mim.

— Tudo bem, Katniss. – ela disse. – Eu estou nervosa, porque digamos que eu estou esperando alguém. – ela disse analisando-me cuidadosamente. – Apesar de me prometer que viria, não tenho certeza se essa pessoa realmente irá aparecer.

Franzi o cenho, claramente confusa, e olhei para Finnick, que parecia tão perdido quanto eu.

— Explique melhor. – pedi, voltando a olha-la.

Annabelle apoiou as mãos na beirada da mesa, e respirou fundo, antes de me olhar com mais atenção.

— Depois de muito tempo, eu consegui entrar em contato com essa pessoa, há quase três semanas. – ela começou a falar, e por algum motivo meu coração reagiu a sua história, passando a bater mais depressa. – Nós passamos a nos comunicar, e a trocar informações do que vinha acontecendo nos últimos anos. Estranhamente, ela parecia interessada. Eu tentei encontra-la, mas ela não parecia pronta pra isso, até eu contar sobre minha gravidez. Então, ela pediu para nos ver, por isso estamos aqui.

Minha irmã falou tudo com muita pressa, e quase sem nexo algum, porém, uma pessoa do singular havia me chamado atenção o suficiente, para que eu não pedisse para ela explicasse melhor e com mais calma.

— Quem seria “ela”, Annabelle? – questionei em voz baixa, temendo a resposta.

Minha irmã respirou fundo, e abriu a boca para voltar a falar, porém seus olhos foram parar em algo atrás de mim, e toda a cor de seu rosto simplesmente pareceu sumir.

Eu estava petrificada em meu lugar, apenas sentindo que meu coração batia tão rápido, que era possível que fosse parar. Eu não era tão ingênua. Só tinha uma pessoa que se encaixaria nessa história.

— Como vocês estão lindas. – a voz feminina desceu por meus ouvidos, e escorregou até alcançar meu peito, tornando-o dolorido.

Meus olhos encheram-se com lágrimas, mas eu as impedi de caírem. Apenas respirei fundo, antes de direcionar meus olhos para a dona da voz.

— Mãe? – minha irmã soltou a palavra que eu achei que nunca mais a ouviria usar daquela maneira.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥