O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 42
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Desculpa gente.
Altas correrias.
Mas voltei *-*



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— E então? Quando vamos ler seus cartões? – Peeta perguntou, enquanto limpava as pontas dos dedos com um guardanapo de papel.

— Oi?

Ergui meus olhos, – que encaravam a mesa até então – para olha-lo.

Depois de ter tomado um banho suficientemente demorado, acabei sendo obrigada a voltar para a presença de Peeta.

Era óbvio que eu estava envergonhada em níveis extremos, e encarar meu namorado, não me parecia a melhor ideia naquele momento. Principalmente se ele decidisse comentar sobre o ocorrido vergonhoso de mais cedo.

Porém, para minha surpresa, Peeta não havia tocado no assunto, desde que sentamos para terminar nossa pizza. Na verdade, não havíamos conversado sobre nada, até ele falar sobre os cartões que eu havia recebido.

— Seus cartões. Quando vamos lê-los? – questionou novamente.

— Eu... Não sei? – disse na dúvida. – Por que quer ler aquilo?

Peeta se recostou na cadeira, e soltou o guardanapo amassado sobre a mesa.

— Quero cuidar do que é meu.

A resposta veio em sua voz levemente grave, que me fez arrepiar instantaneamente. Senti minhas bochechas ruborizarem, e precisei desviar meu olhar, que estava paralisado em seus olhos azuis, que me analisavam minuciosamente. Notei um sorriso torto surgir em sua boca, o que me deixou mais sem rumo.

Dei um meio sorriso, mesmo sabendo que era tímido, e respirei fundo, tentando acalmar meu coração, que batia forte contra meu peito.

Sem dizer nada, coloquei-me de pé, e lhe dei as costas. Vasculhei a sala com meus olhos, em busca da minha bolsa. Ao encontra-la sobre o sofá, caminhei até ela.

O tapete estava molhado, mas cheirava a produtos de limpeza. Não parecia manchado ou coisa parecida. Peeta havia se ocupado com isso, enquanto eu demorava no banheiro.

— Fique à vontade. – falei em voz baixa, depois de colocar os cartões sobre a mesa, e voltar a sentar na cadeira onde eu estava.

Seus olhos desceram para o pequeno pacote, e voltaram a me olhar.

— Isso não te incomoda? – questionou.

— O quê? – perguntei de volta, franzindo a testa.

— O fato de eu querer ler antes de você. – Peeta respondeu. – Não pareço controlador?

— Você nunca agiu assim, em nenhuma ocasião. Nem passou pela minha cabeça isso. – falei, alcançando meu copo de suco, que estava pela metade.

— Mas é meio invasivo da minha parte, não acha? – perguntou.

Voltei a unir minhas sobrancelhas, parando o copo no meio do caminho.

— Você está se sentindo bem? – indaguei, repousando o copo sobre a mesa.

Peeta deu um pequeno sorriso, e balançou a cabeça em afirmação.

— É que você odeia quando Annie faz isso com você. Sempre invadindo seu espaço, querendo saber de tudo o que acontece em sua vida. – ele respondeu. – Eu realmente queria ler esses cartões, mas assim que você levantou, isso me veio à cabeça. Além de eu parecer mandão, eu estaria tirando toda sua privacidade.

— Sinceramente, depois que você disse “quero cuidar do que é meu”, meu cérebro parou de funcionar. – confessei abrindo um pequeno sorriso, sentindo as bochechas queimarem de vergonha. – Você não é a Annabelle, Peeta. Você pode cuidar de cada parte da minha vida. Eu não me importo.

Algo pareceu se tornar mais intenso no azul de seus olhos, enquanto um sorriso torto aparecia novamente em seus lábios.

— Então vamos ver isso aqui. – Peeta alcançou o pacote de cartões, puxando-o para perto dele.

Sorri brevemente para ele, voltando a pegar meu copo de suco.

— “Mesmo com milhares de sorrisos ao meu redor, me apaixonei pelo seu.” – Peeta leu o primeiro cartão em voz alta, e ergueu os olhos para mim. – Como assim?

— Como assim o quê? – questionei de volta, depois de beber tranquilamente a bebida que já não estava tão gelada.

Pela primeira vez, Peeta rolou os olhos pra mim, o que me fez rir baixo com o ato.

— Essa história de alguém se apaixonar pelo seu sorriso. Tudo bem, que não tem como não se apaixonar, mas... Que merda é essa? – ele falou, voltando a passar os olhos pelo cartão, analisando até mesmo o verso da cartolina. – Nem tem nome nisso aqui. – Peeta o jogou sobre a mesa, longe dos outros vinte e seis.

— Acho que é normal alguns alunos não se identificarem. – comentei, enquanto eu o via pegar o próximo cartão.

Coloquei o copo vazio sobre a mesa, esperando pela próxima reação de Peeta.

— “1 universo, 8 planetas, 204 países, 809 ilhas, 7 mares, 7 bilhões de pessoas. E a única pessoa que eu preciso para ser feliz é você!” – ele fez uma careta ao terminar de ler. – Até citação de Bob Marley tem aqui.

Dei um meio sorriso, mas não o respondi. Peeta jogou o cartão junto ao outro, pegando o próximo.

A cada careta de desgosto que ele fazia, eu precisava segurar o riso, para não demonstrar o quanto eu estava me divertindo com seu ciúmes bobo.

Peeta leu o décimo primeiro cartão em silêncio, e, de supetão, ele empurrou a cadeira para trás com seu próprio corpo, e se colocou de pé, jogando o pedaço de cartolina sobre a mesa.

— Isso aqui já é demais. – Peeta soltou nervoso. – Não vou ler mais nada.

Arqueei as sobrancelhas, confusa com sua reação. Alcancei o último cartão que ele havia lido, e passei meus olhos rapidamente pela letra preta gravada no papel vermelho.

“Não sei o que é mais sensual. O seu olhar de mulher fatal ou este sorriso de menina. – Cato L.”

Arregalei os olhos, e soltei o cartão, como se tivesse me queimado com ele. Meus olhos foram parar em Peeta, que começou a se movimentar com pressa pela cozinha, juntando o que estava sobre a mesa, ignorando apenas os corações.

— Peeta. – eu o chamei, levantando da cadeira.

Ele continuou a se movimentar, colocando o suco e a caixa de pizza na geladeira.

Suspirei, e olhei em direção a mesa. Algo veio em minha mente, por isso comecei a juntar todos os cartões.

— Isso não significa nada. – falei, olhando na direção de Peeta, que parecia começar a lavar os copos sujos, completamente em silêncio.

Rolei os olhos, e balancei a cabeça devagar, antes de decidir deixa-lo na cozinha.

— Onde você vai? – perguntou.

Não o respondi, mas pude ouvir seus passos logo atrás de mim. Ainda em silêncio, parei em frente a lareira.

— Katniss... Você não precisa... – Peeta parou de falar, assim que joguei cuidadosamente metade dos cartões no fogo.

— Nada do que está escrito aqui, importa pra mim. – respondi. – Então não preciso deles. – conclui, jogando a outra metade na lareira.

Eu os observei queimar por alguns segundos, antes de virar para olha-lo. Peeta encarava as chamas em silêncio, com a testa franzida e os lábios em linha reta. Suspirei baixo, e meneei a cabeça. Segurei seu pulso e o puxei, obrigando-o a ficar de frente pra mim. Sua feição ainda era a mesma, mas seus olhos estavam em meu rosto.

— Deixa de bobeira. – soltei em voz baixa, abraçando-o pela cintura. – São apenas alunos.

Peeta analisou minha face devagar, antes de suspirar.

— Desculpa. – ele murmurou, envolvendo-me em seus braços. – Meu problema é com o Cato. Por mais que eu tenha certeza absoluta de que não significa nada pra você... – senti a pressão de suas mãos em minhas costas, como se tentasse se conter de alguma forma. – Eu sinto vontade de acabar com aquele filho da pu... – sua voz saiu baixa e com uma ponta de raiva.

— Sem palavrões, querido. – o interrompi.

Peeta estava com a boca aberta, por parar de falar no meio da frase. Ele me analisou ainda sério, com o cenho franzido. Sua feição se transformou em diversão no segundo seguinte, talvez pela forma que eu havia o interrompido. Então, ele soltou um riso curto e baixo, balançando a cabeça em negação.

— Desculpa. – Peeta disse novamente. – Você é uma dama. Não merece ouvir essas coisas. – ele me apertou contra seu corpo carinhosamente.

— Exatamente. – respondi, sorrindo pra ele. – E você não vai acabar com ninguém. Ele ainda é nosso aluno. Vamos apenas ignora-lo, tudo bem?

Recebi seu sorriso torto e uma afirmação com a cabeça, antes de vê-lo enfiar a mão direita no bolso dianteiro de sua calça jeans com dificuldade, por não me soltar do abraço.

— Você quer ler? – perguntou, erguendo alguns cartões de coração.

Eu o soltei do abraço, e dei meio passo pra trás, apenas para pega-los. Tinha pelo menos uns dez cartões ou mais, o que não me surpreendia em nada. Afinal de contas, ele era Peeta Mellark.

Dei um pequeno sorriso com o pensamento, e voltei a olha-lo.

— Acho melhor não. – respondi, devolvendo os corações para ele. – Já sinto ciúmes sem motivos. Se eu ler esses cartões, talvez eu fique paranoica com todas as mulheres do colégio.

Peeta sorriu, e olhou para a lareira. Eu acompanhei seu olhar, e sem dizer nada, ele jogou todos os cartões, fazendo-os esparramarem sobre a falsa lenha, feita de fibra cerâmica.

Os cartões começaram a queimar, e silenciosamente, eu continuei a observa-los tornando-se cinzas.

Meu coração pareceu falhar uma ou duas batidas, ao ver um pedaço vermelho de cartolina escrito “Cashm”. Virei a cabeça para olhar para Peeta, sentindo a tensão atravessar todo o meu corpo.

— Você leu os cartões? – perguntei, recebendo seus olhos azuis sobre mim.

— Não. – ele deu de ombros. – Eu também não me importo com nada que tenha ali.

Em seu olhar eu pude ler a sinceridade de suas palavras, por isso, fechei os olhos, tentando me concentrar apenas em minha respiração acelerada, resultado do meu nervosismo, que havia contraído cada músculo do meu corpo.

“Não teria porque ele esconder algo assim de mim, sendo que ele mesmo havia me oferecido para ler seus cartões”, pensei. E foi esse pensamento que decidi repassar algumas vezes em minha cabeça, como uma tentativa de acalmar meus ânimos.

— Katniss. – a voz de Peeta soou preocupada em meus ouvidos, obrigando-me a abrir os olhos. – Você está bem?

Sua face estava carregada de preocupação, e sem que eu percebesse, suas mãos seguravam minha cintura.

— Sim. – dei um sorriso fraco, erguendo as mãos para tocar seus ombros. – Só vi algo naqueles cartões que não me agradou.

— O quê? – ele perguntou parecendo confuso.

— Foi apenas um pedaço... Estava escrito Cashm. – falei, esperando pela próxima reação de Peeta.

Sua testa enrugou mais do que já estava, fazendo-o parecer mais confuso.

— Certeza? – questionou, olhando para a lareira.

O fogo já havia consumido todos os cartões, deixando apenas as cinzas.

— Sim. – respondi. – Mas você me diria se soubesse disso, certo?

Peeta voltou a me olhar.

— Claro, pequena. Eu não fazia ideia de que teria algo da Cashmere ali. – ele negou com a cabeça, e voltou a encarar o fogo. – Achei que ela me deixaria em paz.

— Eu também achei. – comentei, voltando meus olhos para as chamas.

Senti as mãos de Peeta segurarem minha cabeça pelas laterais, o que me obrigou a olha-lo.

— Acho que empatamos. – ele disse dando um pequeno sorriso.

Suspirei, apoiando as mãos próximas as laterais de suas costelas.

— Talvez. – dei levemente de ombros. – Somos maravilhosos demais. Temos que conviver com isso.

Peeta riu, antes de curvar a cabeça na direção da minha, enquanto eu dava um pequeno sorriso para ele.

— Você que é maravilhosa demais. – sua voz saiu baixa. – Se eu, que sou seu namorado, não resisto a você, posso imaginar como os outros caras se sentem, não podendo ter seus beijos.

Com certeza eu estava corada, mas não tive tempo de responder. Seus lábios se uniram gentilmente aos meus, e a única coisa que me lembrei de fazer foi fechar os olhos.

Suas mãos desceram rapidamente, e logo já estavam em minha cintura. Peeta a apertou, arrancando um suspiro abafado de mim, enquanto eu subia as minhas mãos por seus braços, para repousa-las sobre seus ombros.

Não pude aproveitar muito de seus lábios, já que poucos momentos depois, meu celular começou a tocar em minha bolsa.

— Precisa mesmo atender? – Peeta murmurou contra minha boca, me mantendo presa entre seus braços.

Mordi levemente seu lábio inferior, e abri os olhos, afastando a cabeça para olha-lo em seguida.

— Preciso. – sorri brevemente pra ele, fazendo-o me soltar sem muita vontade.

Caminhei até o sofá, e vasculhei minha bolsa com pressa, até puxar o celular pra fora.

Olhei para o visor, e acabei rolando os olhos.

— Só podia ser você. – resmunguei, depois de atender e colocar o aparelho na orelha. – O que foi, Annie? – questionei, jogando-me sentada no sofá.

É só para ter certeza de que você e Peeta vão sair com a gente hoje. — minha irmã respondeu.

Enquanto Annabelle me respondia, eu assisti meu namorado se aproximar, e se jogar sentado ao meu lado.

— Tem certeza de que não dá pra mudar o dia? – perguntei, observando Peeta se movimentar.

Seus olhos analisaram minha face, e um sorriso travesso apareceu em seus lábios.

Não, Katniss. Precisa ser hoje. — minha irmã respondeu, parecendo nervosa.

Antes que eu pudesse me afastar, senti o nariz de Peeta passear contra a pele sensível do meu pescoço. Fechei os olhos, enquanto todo o meu corpo se arrepiava, e minhas pernas amoleciam levemente, impedindo-me de levantar.

Katniss? — Annie chamou.

Senti os dentes de Peeta rasparem em minha pele, fazendo-me estremecer. Meu estomago parecia dar várias cambalhotas, e minha respiração já não estava normal.

Katniss?! — Annabelle insistiu quase gritando.

Abri os olhos com pressa, e dei um pulo, colocando-me em pé.

Apesar de sentir vontade de censurar Peeta com os olhos, permaneci de costas para ele.

— Estou aqui. – respondi, depois de respirar fundo. – Por que essa insistência toda, Annabelle? – indaguei.

Porque... É importante pra mim que você vá. Simples. — ela respondeu. – Nos vemos logo.

Annie não esperou minha resposta. Apenas desligou na minha cara.

— Você é muito abusado. – reclamei, virando-me para encarar Peeta.

Ele havia deitado no sofá, e sorria abertamente pra mim.

— Te provocar é sempre bom. Você nunca sabe como reagir.

Meu rosto estava quente, e com certeza, ainda ruborizado.

— Um dia você vai me pagar por isso. – guardei o aparelho na bolsa. – Preciso ir pra casa.

— Por quê? – perguntou, sentando-se rapidamente.

— As roupas que tenho aqui não dão pra usar em um jantar. Preciso de algo que me deixe linda para o meu namorado. – pisquei com o olho direito para ele.

Peeta sorriu, e levantou, enquanto eu vestia o meu sobretudo.

— Seu namorado te acha linda de qualquer jeito. – ele deu um beijo casto em meus lábios. – Quer que eu vá pra lá com você? – perguntou.

— Não precisa, querido. – respondi, sorrindo pra ele. – Meu carro está estacionado na sua garagem há um bom tempo. Acho que preciso fazê-lo funcionar um pouco. – falei, arrumando a bolsa em meu ombro, e alcançando o buquê sobre a mesa de centro. – Mas vamos jantar as oito. Até as sete e meia, eu já estou pronta.

— Então te pego lá. – Peeta disse, dando um pequeno sorriso de lado.

— Ok. – selei nossos lábios, antes de lhe dar as costas, e caminhar em direção a saída.

Apesar de ainda sentir minha cabeça levemente pesada ao lembrar do cartão, que tinha tudo para ser de Cashmere, eu sabia que, talvez pela primeira vez, eu não usaria meu tempo sozinha para encher minha cabeça com possibilidades, paranoias e inseguranças.

Eu realmente queria estar bonita para Peeta naquela noite, e não seriam cartões, ou encontros duplos, que me fariam desistir de ter um ótimo dia dos namorados.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥