O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 35
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Não demorei tanto dessa vez :)
Esse capítulo é completamente baseado em lembranças do Peeta, por isso está todo em Itálico.
Boa leitura *-*



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— Seus pais me odeiam. – Johanna decidiu finalmente dirigir a palavra a mim, assim que entramos em nosso pequeno apartamento.

— Claro que não. – retruquei, tirando o casaco que estava pesado por culpa da chuva que havíamos tomado. – Minha mãe só não aceita muito bem essa história de morarmos juntos.

— Sua mãe não me aceita desde que começamos a namorar, Peeta. – ela soltou em tom irritado, enquanto eu puxava minha camisa para cima, passando a gola pela cabeça. – Eu não sei como mudar isso. Até sua irmã me olha torto. – reclamou, fazendo-me olha-la.

Johanna já estava sem suas roupas de cima, e começava a descer sua calça jeans, que estava encharcada.

— Elas só se preocupam comigo. – tentei argumentar, aproximando-me dela. – Não faça essa cara pra mim. – fingi irritação, ao vê-la olhar pra cima, demonstrando impaciência.

Johanna voltou a me olhar, usando apenas a parte de baixo de sua lingerie preta. Eu a segurei pela cintura, olhando em seus grandes olhos castanhos.

— Você me deixaria por causa da sua família? – perguntou, enfiando as mãos entre nós, para abrir o botão da minha calça.

— Não, Johanna. Você sabe disso. – respondi, sentindo-a abaixar a peça, e eu acabei me afastando, para ajudá-la.

— Então porque não nos casamos? – questionou em um sussurro, voltando a se aproximar. Seus lábios tocaram meu pescoço, e foi impossível segurar um suspiro ao sentir seus dentes em minha pele. – Estamos há tanto tempo juntos. Devíamos casar, sem ninguém saber. – Johanna sussurrou novamente, dessa vez próximo a minha orelha. Segurei sua cintura, pressionando meus dedos e fechei os olhos, enquanto meu corpo se arrepiava em reação. – Tipo fugir, sabe? – ela mordeu o lóbulo da minha orelha.

— O que você quiser. – falei baixo. – Quer ir agora? – perguntei, abrindo os olhos.

Johanna afastou o rosto para me olhar, e sorriu, mordendo o canto da boca de maneira quase indecente.

— Agora está chovendo, e eu tenho algo interessante pra fazer com você aqui. – suas mãos espalmaram em meu peitoral, e deslizaram por minha pele, deixando suas unhas me arranharem. – Mas faremos isso... O mais rápido possível. – ela voltou a sorrir, antes de roçar os lábios contra os meus. – E ai você será somente meu.

 

~||~

 

— Digamos que eu não estava raciocinando muito bem. – murmurei, colocando as mãos em meu rosto e fechando os olhos.

— Você não vem raciocinando bem desde que começou a namorar essa louca, Peeta! – minha irmã exclamou. – A mamãe vai matar você quando souber.

Abaixei os braços, e levantei do sofá da casa de Delly, para encara-la de perto.

— Ela não vai saber sobre isso. – falei baixo. – Ninguém vai, Dell. Só você.

— Eu não acredito que você está me metendo nisso. – minha irmã murmurou, colocando as mãos sobre sua barriga de quatro meses e fechando seus olhos azuis. – Eu te odeio, Peeta.

— Não é pra tanto. – voltei a me jogar no sofá. – Faz tempo que eu e Johanna namoramos. Faz alguns meses que estamos morando juntos. O que muda agora? Nada. É só um papel.

Delly abriu os olhos, e os revirou pra mim.

— Se não muda nada, por que ninguém pode saber? – indagou.

— Porque não quero ninguém no meu pé. – respondi, passando a mão em meus cabelos.

— E você vai esconder isso até quando? – voltou a perguntar.

— Só até a dona Abby se acostumar com minha esposa. – disse, me recostando no sofá.

— Ou seja, nunca. – Delly retrucou. – Você é louco! – ela exclamou novamente, começando a andar de um lado para o outro. – Você precisa focar na sua faculdade, não em um casamento que tem tudo pra dar errado.

Estreitei os olhos e voltei a levantar.

— Eu a amo. Não vai ser você falando isso, que vai destruir o que nós temos. – soltei com raiva, e entre dentes.

A porta da entrada bateu, obrigando-me a me afastar da minha irmã.

— Boa tarde. – David apareceu em minha vista. Ele tirou a bolsa transversal que ele usava, e jogou sobre a poltrona. – Oi, amor. – ele se colocou entre nós dois para beijar os lábios da minha irmã, e logo estava ao lado dela. – O que traz meu querido cunhado até aqui? – questionou, estendendo a mão pra mim.

Aceitei o cumprimento, apertando a dele.

— Uma pequena visita a minha irmã, e ao bebê. – respondi. – Já estava de saída.

— Não quer ficar para o jantar? – perguntou. – Eu aprendi uma nova receita com o chef do restaurante.

Sorri para meu cunhado.

— Fica para a próxima. Delly aproveitará por mim. – dei dois tapinhas em seu braço, e me aproximei da minha irmã. – Qualquer coisa eu te ligo. – beijei sua testa, e dei um passo pra trás. – E se precisarem de mim, sabem onde me encontrar.

— Infelizmente, eu sei. – Delly disse, mas decidi ignorar.

— Até outra hora. – falei, dando as costas para os dois.

 

~||~

 

— Você não pode fugir de uma conversa séria, tentando me fazer te levar pra cama! – alterei o tom de voz, dando a volta na mesa da cozinha.

— Sempre funcionou, Peeta. – Johanna semicerrou os olhos. – Achou algo melhor naquela escolinha de merda?

— Como assim? – franzi o cenho, e elevei a sobrancelha esquerda. – Está sugerindo o quê?

— Que desde quando você começou a dar aula, você tem se afastado de mim. – acusou, apoiando as mãos na guarda da cadeira. – Me diga o nome dela. – Johanna entortou a cabeça na diagonal, desafiando-me com os olhos.

— Não tem ninguém. Você está inventando história, para encobrir as merdas que você sempre faz. – rebati. – A diferença é que agora não vou permitir que você continue me fazendo de trouxa.

— Não sei do que está falando. – ela soltou a cadeira e cruzou os braços abaixo dos seios.

— Você está nos afundando em dividas, usando meu dinheiro para fazer o que bem quer. Até com jogos ilegais você anda gastando. – falei em tom acusatório, revelando minha descoberta, e dessa vez, Johanna não retrucou. – Faz quanto tempo que usa meu dinheiro pra essas merdas? – questionei.

— Achei que o dinheiro era nosso. Somos casados, esqueceu? – Johanna ergueu a mão esquerda, e apontou a fina aliança dourada em seu dedo anelar. – O que é seu, é meu, e vice-versa. – ela abaixo os braços, e caminhou até mim. – Está escrito no papel. – um pequeno sorriso apareceu em seus lábios. – Você quis assim, Peeta.

— Eu me lembro bem disso. – respondi, e parei para observar suas mãos espalmarem em meu peitoral.

— Então, meu bem. Não tem porque você estar fazendo esse escândalo todo. – seus olhos analisavam meu rosto constantemente, enquanto suas mãos subiam até meus ombros, depois minha nuca, até alcançar a parte de trás da minha cabeça. – Não estamos afundando em dividas. Só deixamos de pagar algumas contas. Nada demais. – ela alargou seu sorriso. – Agora para de se preocupar com isso. Nós vamos ficar bem. – seus olhos pararam em minha boca. – Sempre ficamos.

 

~||~

 

— Ela é louca. – murmurei, fechando os olhos. – Não sei mais o que fazer.

— Devia ter me dado ouvidos antes. – Delly falou em tom acusatório.

— Ou a mim. – minha mãe se manifestou. – Uma mãe nunca se engana, Peeta. Você devia saber.

Suspirei, abrindo os olhos para encarar as duas.

— Como demorou todos esses anos para ver isso? – Dell questionou. – Estava na cara.

— Pra mim não estava. – falei com impaciência. – E eu não preciso que me digam o quanto fui burro. – esfreguei o rosto com as duas mãos. – O que eu faço? – questionei, depois de abaixar as mãos.

— Divórcio é a melhor saída. – minha mãe disse, olhando pra minha irmã, e depois pra mim. – Não há muito o que fazer além disso, filho.

— Eu posso dar uns tapas naquela cara de dissimulada dela, se quiser. – Delly falou, me fazendo arquear as sobrancelhas. – Sempre quis fazer isso.

— Você tem um filho. Não pode sair por ai fazendo barraco. – minha mãe a repreendeu. – Peça o divórcio, Peeta. É o melhor pra você.

— Se ele pedir o divórcio, terá que dividir todos os bens com ela, mãe. – Delly rolou os olhos, enquanto falava. – Podemos matá-la.

— Delly! – minha mãe exclamou, e eu acabei rindo silenciosamente.

Eu estava na merda, mas nada como minha irmã caçula para ser o alivio cômico. Não que eu duvidasse da ira de Delly, tratando-se de Johanna, porém era muito mais fácil tratar sua sugestão como uma piada, do que como um possível homicídio.

— Tudo bem. – ela deu de ombros levemente. – Peça o divórcio. – Delly concordou sem muita vontade. – Dê a metade de tudo pra Johanna, e faça ela sumir de vista, antes que eu esbarre com aquela va...

— Mamãe. – a voz de Pietro interrompeu Delly, que virou rapidamente, em busca do garoto com os olhos.

Ele caminhava com certa dificuldade, com os bracinhos estendidos, parecendo um pequeno robô.

— Alguém segura esse garoto. – David surgiu logo depois, o que fez meu sobrinho correr desajeitadamente até mim, que estava mais perto dele.

— E ai, campeão. – falei ao pega-lo no colo.

— Desculpa interromper vocês. – meu cunhado falou, parando onde estava. – Pietro simplesmente deixou eu e o Thomas pra correr pra cá. – explicou. – Acho que ele não gosta de cuidar da churrasqueira. – ele deu um sorriso para minha irmã, e logo olhou pra mim. – Cadê sua esposa? – perguntou.

David era uma ótima pessoa. Vivia com um sorriso, mesmo que tudo estivesse ruim. Ele era o ponto de equilíbrio de Delly. Ele quem trazia paz para os momentos de loucura dela. Talvez fosse por isso, que minha irmã o amava tanto. E era por ele ser tão pra cima, que o poupávamos dos meus problemas.

— Ela foi visitar os pais. – menti.

Na verdade, Johanna havia preferido não me acompanhar, alegando que não queria se estressar com minha família. Pela primeira vez, em anos, eu decidi deixa-la pra trás e segui sozinho para a casa dos meus pais.

— Leve o Pietro, amor. Nós já vamos, tudo bem? – Delly disse com um sorriso delicado para o marido, que não hesitou em atender seu pedido, pegando o garoto de mim.

— Esperamos no quintal. – David avisou, já saindo de vista.

— Eu queria isso pra mim. – comentei segundos depois, recebendo o olhar curioso da minha mãe e da minha irmã. – Um casamento feliz. – expliquei.

— Você tem tudo para ter um casamento feliz. – dona Abby disse. – Menos a mulher certa. – completou. – Por isso você precisa pedir o divórcio, e procurar outra pessoa que seja o que você precisa.

 

~||~

 

— Já tentou entrar em contato com os familiares dela? – Delly perguntou.

— Sim. Ninguém sabe da Johanna. – respondi, suspirando frustrado. – Logo agora que eu tinha conseguido um advogado... – balancei a cabeça devagar. – Eu ia pedir pra ela assinar os papéis até o final de semana.

Minha irmã deu um meio sorriso.

— Melhor que nada. – comentou. – Você informou seu advogado sobre o sumiço dela? – questionou, e eu apenas afirmei com a cabeça. – O que ele disse?

Soltei outro suspiro, lembrando-me de cada palavra proferida por meu advogado sobre o assunto.

— Cada lugar tem uma lei diferente. Segundo a lei de Detroit, eu preciso esperar cinco anos, para ser considerado abandono de lar. Até lá, eu continuo casado, caso ela não volte. – respondi sem muita vontade.

— Cinco anos?! – Delly questionou alarmada. – Por que tudo isso? Abandono é abandono. – ela começou a andar por minha sala. – Por que ela faria isso, deixando tudo pra você? – indagou, franzindo o cenho, parecendo tentar raciocinar.

— Eu não sei. Não tenho nenhuma explicação. – peguei meu celular, e disquei o número de Johanna novamente. – Ela não atende o celular, não responde minhas mensagens. – falei, colocando o aparelho na orelha. – Apenas juntou suas roupas, e me deixou um bilhete sem nenhuma informação.

A três dias atrás eu havia encontrado o maldito pedaço de papel, depois de chegar do colégio. Ele estava rabiscado com a letra fina e desajeitada de Johanna, preso a geladeira, com a seguinte frase: “Fui embora, e não pretendo voltar”.

— Talvez ela tenha enlouquecido de vez. – Delly comentou. – Já contou pra nossa mãe? – perguntou.

— Não. E nem vou. – respondi, desligando a chamada que não havia caído na caixa postal, já que eu havia a enchido com mensagens nos últimos dias. – A resposta para o sumiço dela, será que eu pedi o divórcio, e ela foi embora.

Minha irmã parou de andar, e virou o rosto em minha direção. Seus olhos haviam se estreitado, e seus lábios estavam franzidos.

— Você demorou a contar sobre seu casamento, e agora pretende esconder o não divórcio? – questionou com incredulidade.

— Dona Abby vai enlouquecer se souber disso, Delly. Não fará diferença, estar casado ou não. Johanna foi embora. Isso é o que importa. De certa forma, estou livre. – dei um sorrisinho. – Se ela aparecer, eu entro com divórcio. Senão, cinco anos passam rápido.

— Não passam não. – Dell murmurou. – E se você conhecer alguém? – questionou.

— Não estou pensando nisso agora. Eu tenho que focar na minha carreira. – respondi.

— Mas... E se aparecer a garota certa pra você? – insistiu.

Balancei levemente a cabeça.

— Isso não vai acontecer, Delly.

 

~||~

 

— Ela estourou meus cartões! – exclamei.

— Johanna Mason conseguiu te ferrar, mesmo depois de ir embora? Que surpresa. – minha irmã falou com sarcasmo sem erguer os olhos do papel que ela usava para escrever com um lápis curto, e quase sem ponta. – Faz um mês que ela sumiu, e você não pensou em bloquear os cartões, seu gênio? – indagou, começando a apertar alguns números na calculadora que também estava sobre a mesa da cozinha. – Estou decepcionada, irmãozinho. Esperava mais de você.

— Eu tinha esquecido que ela tinha cartões adicionais. – passei as mãos por meus cabelos. – As faturas chegaram ontem, e eu quase enfartei. – puxei a cadeira, e sentei de frente para Delly, que ainda estava concentrada. – Eu os bloqueei assim que abri aqueles envelopes, mas a merda está feita, e eu não posso reclamar com a empresa de cartões. Ela ainda é a minha esposa.

— Onde estão as faturas? – Delly levantou a cabeça para me olhar.

Respirei fundo, enquanto puxava os papeis do bolso da jaqueta. Minha irmã pegou, assim que eu estendi em sua direção, e puxou outro papel do caderno ao seu lado. Em silêncio, ela começou a fazer algumas anotações, e contas. Suas sobrancelhas claras estavam unidas, causando uma pequena ruga em sua testa.

— Isso vai demorar um bom tempo pra você pagar, Peeta. – Delly disse minutos depois. – Johanna gastou muito além do limite. Enquanto isso não acabar, acredito que seu nome estará na lista negra de muitas lojas e empresas de cartões. – ela ergueu os olhos em minha direção, quando notou que eu não responderia. – Quando vocês casaram, eu dei graças a Deus, dela ter continuado com o nome de solteira. Mas ainda assim ela conseguiu sujar o nome Mellark com essa porcaria. O pai e a mãe precisam saber disso.

— Não. – disse firme, balançando a cabeça. – Eles não precisam saber sobre a merda que eu estou passando. – levantei da cadeira, pegando as faturas que estavam em frente a Delly. – Obrigado por me ouvir, mas isso vai continuar sendo um segredo. – guardei os papeis no bolso. – Eu já decepcionei nossa mãe ao me casar com Johanna. Deixe-a pensar que sem ela, agora está tudo bem. – suspirei ao ver o olhar acusatório de Delly. – Esse segredo é meu. Você só vai guarda-lo pra mim.

— Estou cansada de você me meter nessas coisas. – ela retrucou com certa raiva.

— Prometo que será a última vez que você me ouvirá falar sobre Johanna Mason. – disse com convicção.

Apesar das empresas de cartões de crédito, conseguirem me dar a lista dos locais que Johanna havia usado cada um deles, ao saber que ela estava em Nova Iorque, toda esperança de arrasta-la de volta para Detroit, e faze-la assinar os papeis do divórcio, havia se esvaído. Além dela estar na maior cidade do país, eu tinha uma pequena ideia, de que Johanna não permaneceria lá por muito tempo.

Foi assim que eu soube que eu tentaria cumprir a promessa de não tocar mais no nome dela. Eu tinha em mente que não havia mais nada que eu pudesse fazer. Por isso, era melhor deixar Johanna no passado, enquanto de alguma maneira eu tentava reconstruir tudo o que ela havia conseguido destruir.


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥



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