O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 33
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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— Caramba, Katniss. – Peeta resmungou assim que eu desci do carro e bati a porta.

Eu havia acabado de estacionar em minha vaga costumeira, e meus olhos já o buscavam ansiosamente antes mesmo que eu tirasse a chave do contato.

Madge havia conseguido nos separar na noite anterior, alegando que queria um Peeta surpreso quando me visse, por isso o obrigou a ir cortar os cabelos em outro lugar, e permitiu que ele apenas deixasse minhas sacolas em seu apartamento mais tarde.

Em todo caso, vê-lo também tinha me surpreendido. Ele estava lindo com sua nova jaqueta de couro, porém seus cabelos que haviam me chamado mais atenção. Eles estavam curtos, e raspados nas laterais, combinando com sua barba que também estava curta, aparecendo mais ao redor de seu maxilar.

— O que foi? – perguntei timidamente ao me aproximar.

Seu rosto se retorceu em uma careta, enquanto seus olhos desciam vagarosamente por meu corpo. Peeta havia colocado as duas mãos na nuca, deixando seus cotovelos alinhados na altura de seu queixo.

— Eu não devia ter apoiado isso. – ele negou com a cabeça, subindo seus olhos devagar por onde já haviam passado, até parar em meu rosto. – Merda. – murmurou, abaixando as mãos, deixando seus braços descansarem ao lado do corpo.

— O que tem de errado aqui? – olhei pra baixo, analisando minhas roupas, e voltei a erguer os olhos pra ele. – Ficou ruim?

— Não. Completamente ao contrário. – Peeta agarrou os poucos cabelos do alto de sua cabeça. – Eu preciso... – ele olhou no relógio em seu pulso, depois olhou ao redor, antes de caminhar em minha direção. – Eu preciso... – repetiu, segurando minha cintura.

Acabei ofegando assim que Peeta me empurrou, fazendo minhas costas se chocarem levemente contra a lataria do meu carro.

— Você precisa de quê? – questionei em um sussurro.

Sua resposta veio em seguida, quando seus lábios se chocaram contra os meus, fazendo a bolsa que eu segurava ao lado do corpo, ir ao chão rapidamente.

Seus dedos em minha cintura, faziam-me suspirar a cada apertão que Peeta dava, enquanto pedia passagem com sua língua sedenta, que buscava a minha com certo desespero. Meus olhos haviam se fechado em algum momento, e apesar de ter sido pega de surpresa, eu tentava acompanha-lo, deixando minhas mãos alcançarem sua nuca. Os pequenos saltos em meus pés me ajudavam a beija-lo sem muito esforço, o que pra mim não era bom no momento, já que isso apenas me impulsionava a querer mais da minha boca na dele, que era quente e tinha um leve sabor de café.

Seus braços passaram ao redor de minha cintura, afastando-me do carro, para me abraçar com força contra seu corpo, enquanto seus lábios ainda tinham os meus em posse, e sua língua brincava com a minha, deixando-me quase tonta, e completamente sem ar.

Com o fio de razão que me restava, minhas mãos alcançaram seus ombros, e eu o empurrei delicadamente, afastando a cabeça para trás. Abri os olhos, recebendo suas íris azuis escuras cheias de interrogação em troca.

— Você não pode me beijar desse jeito aqui. – reclamei tentando respirar.

Peeta ainda me mantinha em seus braços, e tentava normalizar sua respiração. Sua feição era séria, e seus olhos estavam nos meus, como se me analisasse.

— Desculpa. Eu não consegui segurar. – finalmente respondeu, encostando a testa na minha. – Você está perfeita, pequena. – ele disse baixo, dando um sorriso torto.

Respirei fundo, e sorri de volta, movendo minha cabeça devagar para que a ponta do meu nariz esfregasse levemente contra o dele.

— Você também está. – falei no mesmo tom que Peeta havia usado.

— E isso também foi por ter me chamado de gay ontem. – ele riu baixo.

— Desnecessário. – sussurrei sorrindo, subindo a mão esquerda, até alcançar a lateral de sua cabeça. – Por que decidiu raspar aqui? – questionei, passando os dedos por seus fios de cabelo mais curtos.

— Achei que seria diferente. – ele deu de ombros.

— Eu gostei. É bom de acariciar. – continuei a mover minha mão, vendo-o sorrir. – Acho que eu poderia dormir fácil, fazendo isso.

— Faremos o teste hoje à noite. – comentou. – Ninguém vai me tirar de perto de você de novo.

Abri um sorriso bobo.

Mesmo sem ter tido nenhum pesadelo durante a noite, eu não consegui dormir. Eu tinha quase certeza que era a falta do corpo de Peeta ao meu lado que havia me deixado agitada, revirando na cama cheia de pensamentos dolorosos. Durante a madrugada, a saudade de meu pai também havia me atingido com força, como um baque em meu estômago, e pela primeira vez, desde que eu havia permitido a aproximação de Peeta a semanas atrás, eu me senti completamente sozinha. Não pelo apartamento vazio, mas sim pelo buraco em meu peito que apenas a presença de Peeta conseguia tampar, não permitindo que eu me afundasse.

Precisei ocupar minha mente tentando montar algumas aulas, para evitar que minhas mãos alcançassem meu celular, e eu pedisse socorro ao meu namorado, que talvez estivesse dormindo profundamente as quatro horas da madrugada. Talvez por isso eu estivesse tão ansiosa para vê-lo logo cedo. E assim que senti seus lábios nos meus, foi como se toda a angustia se dissipasse, e sumisse do meu interior.

Peeta tinha esse efeito sobre mim, e algo me dizia que se eu tivesse o acordado de madrugada para me fazer companhia, ele teria feito sem nenhum problema. Talvez até desobedecesse Madge, e fosse bater em minha porta.

— Eu também não deixaria. – finalmente respondi, selando nossos lábios antes de Peeta me soltar, e abaixar para pegar minha bolsa.

— Então eu poderei dormir em seu apartamento hoje? – questionou começando a andar ao meu lado.

— Desde quando você pede permissão? – rebati, olhando-o rapidamente, e rindo da sua cara de ofendido. – Deixa que eu levo a bolsa. – estendi a mão, mas Peeta apenas a empurrou pra baixo.

— Eu levo, pequena. – ele ofereceu o braço para mim, com um sorriso doce em seus lábios.

Sorri de volta, e sem pestanejar, eu enganchei o meu braço no dele.

— Estou pensando em te levar para um encontro. – comentou, enquanto andávamos para dentro do colégio.

— Um encontro igual a pizza e ao bar da sua irmã? – questionei divertida, ouvindo-o rir. – Agora você pode confessar.

— Não era um encontro. – rebateu, empurrando a porta, permitindo que eu entrasse na frente, sem me desgrudar dele.

— Ok. – dei de ombros levemente, soltando um riso silencioso. – Onde pretende me levar, senhor Mellark? – indaguei olhando-o.

— Vou pensar em algo, pequena. – Peeta sorrio.

Andamos silenciosamente, nos aproveitando dos corredores vazios para caminharmos sem pressa.

— Na verdade, eu queria te perguntar uma coisa. – ele disse um tempo depois.

— Pergunte. – falei curiosa.

Entramos na cantina que também estava completamente vazia.

— Como costuma passar o feriado de Ação de Graças? – questionou ao pararmos em frente ao balcão.

Meus olhos tornaram-se agitados, e percorreram seu rosto quando o olhei.

— Depende. Parte dela com Annie, Finnick, Gale e Madge. – comecei a explicar. – Depois... Finn leva Annabelle para casa de sua família, e Gale leva Madge para casa da família dele. Ficávamos apenas eu e meu pai depois de certa hora. – concluí, sentindo um aperto em meu peito, mas tentei ignorar, agarrando-me mais ao braço de Peeta.

Eu era boa em esconder sentimentos, e era isso o que eu precisava fazer agora, antes que eu o preocupasse por estar pensando no quanto seria triste passar o primeiro feriado sem meu pai. Porém os olhos azuis de Peeta estavam atentos, analisando-me cuidadosamente. Ele suspirou, e virou para Mags, que havia acabado de se aproximar.

— Dois cafés puros, e...

— Dois bolos. – completei em seu lugar.

Mags sorrio pra nós dois.

— Volto já. – avisou, antes de nos dar as costas.

— E o sanduiche? – Peeta voltou a me olhar curioso.

— Eu como toda manhã. Vou comer o seu preferido hoje. – dei um pequeno sorriso.

Peeta sorrio. E céus, que sorriso lindo ele tinha.

— Então... Estávamos falando sobre Ação de Graças. – voltei ao assunto, tentando disfarçar o incomodo. – Por que a pergunta?

— Ah sim. – Peeta soltou meu braço, e se moveu, até ficar de frente pra mim. – Meus pais sempre fazem algo. Pensei em reunir todos na casa deles. Annie, Finnick, Gale, Madge, Delly, Pietro, meus pais... – ele deu uma pausa, dando um pequeno sorriso. – Eu... – Peeta se aproximou. – Você. – ele disse baixo. – Nossa primeira Ação de Graças juntos. – sussurrou olhando-me nos olhos.

Abri um pequeno sorriso, e mordi o canto do lábio inferior.

— O que me diz, pequena? – perguntou. – Quer conhecer minha família?

— Aqui está. – Mags disse ao voltar, disponibilizando a bandeja sobre o balcão.

— Obrigado. – Peeta sorrio, e pegou nosso café da manhã, seguindo para a mesa que costumávamos sentar.

Eu o segui em silêncio, tentando pensar em sua proposta.

Meu coração estava acelerado, com a mistura do nervosismo e da ansiedade.

E se eles não gostassem de mim?

— Katniss. – ele me chamou.

Só então fui perceber que Peeta já estava sentado, enquanto eu estava parada em frente ao banco que eu costumava sentar, com certeza, com cara de idiota.

— Oi? – falei, finalmente me movendo.

Sentei a sua frente, notando seu olhar atento sobre mim novamente.

— Você não quer ir? – perguntou, franzindo o cenho.

— Não é muito cedo? – questionei insegura.

Ele entortou a cabeça levemente na diagonal.

— Cedo? – falou duvidoso. – A gente costuma jantar as oito.

Soltei uma risada baixa e levemente sem graça, enquanto Peeta não tirava os olhos de mim, e dispunha a minha frente um copo de café e o bolo.

— Nós estamos juntos há poucos dias. Não sei se estou pronta. – falei baixo, o que fez sua expressão relaxar, e um sorriso torto aparecer em seus lábios.

— Meus pais não sabem sobre nós dois. – Peeta disse, e dessa vez meu cenho que estava franzido. – Você não parecia a favor de contar aos outros. Achei que isso incluía todo mundo, e não apenas Annie, Gale e Finnick. – justificou, fazendo-me desunir as sobrancelhas.

— Claro. – murmurei sem graça.

— Delly sabe. – contou segundos depois. – Eu não consigo esconder nada dela. – Peeta coçou a nuca. – Em todo caso, continuaremos encenando a parte de apenas amigos, se você quiser. – ele abaixou a mão e deu um pequeno sorriso. – Não quero que fique nervosa, por causa dos meus pais.

Afirmei silenciosamente com a cabeça.                     

— Ei, pequena. – a voz de Peeta soou carinhosa, o que acabou agitando meu coração. – Eu te conheço bem o suficiente para dizer que está incomodada. – ele pegou seu copo e o balançou devagar. – O que foi?

— Você não parece gostar da ideia de nos escondermos. – soltei, encarando o bolo a minha frente. – Você sempre age como um cara perfeito, e eu sei que você jamais reclamaria disso. – minhas bochechas ruborizaram, mas ainda assim eu ergui a cabeça para olha-lo. – Mas também acho que te conheço bem o suficiente para dizer que você queria que todo mundo soubesse sobre a gente.

Peeta deu um sorriso largo, e levantou, dando a volta na mesa. Logo ele estava sentado ao meu lado, me puxando para ficar na diagonal e olha-lo de perto.

— Claro que eu gostaria que todos soubessem. Sou o cara mais sortudo do mundo. – Peeta suspirou, alcançando minhas mãos, e as segurou com as dele. – Mas isso não é tudo, Katniss. Caso você aceite o convite, vamos estar juntos de qualquer maneira, e isso é o que importa pra mim.

— Pra mim também. – suspirei. – Não quero continuar a nos esconder, se isso te incomoda. – falei, olhando em seus olhos. – Mas também fico nervosa, só de pensar em ter tanta atenção sobre mim, quando todos souberem. Não me sinto preparada, entende?

— Quando foi que eu não te entendi, pequena? – respondeu com outra pergunta, fazendo-me esboçar um sorriso. – Não se preocupe com isso. Apenas me diga que iremos estar juntos nesse feriado. – seus olhos tornaram-se pidões, o que acabou me amolecendo no mesmo instante.

— Tudo bem. – falei em voz baixa. – Estaremos juntos.

 

~||~

 

— Qual é a frase? – Peeta perguntou ao pararmos em frente a sala do segundo ano.

Respirei devagar, apertando a alça da minha bolsa com tanta força, que podia sentir minha mão tremer. O barulho era terrível, e eu começava a pensar em como ninguém havia reclamado para o diretor sobre minha turma.

— Seja corajosa. – falei baixo, dando um sorriso nervoso para ele.

Eu acabei contando sobre como repeti essa frase mentalmente antes de aceitar seu pedido de namoro, e em algumas situações, Peeta passou a usa-la comigo.

— Seja corajosa. – ele repetiu, sorrindo. – O que você deve fazer? – voltou a questionar.

— Gritar quando necessário. Evitar ser amável por enquanto...

— O que é praticamente impossível, mas tente. – ele me interrompeu, fazendo-me corar. Peeta deu um sorriso torto. – Ameace se for preciso. E nunca abaixe a cabeça para eles. Não aceite comentários imbecis. Se sentir necessidade de sair da sala, não saia. Lute consigo mesma. – ele segurou meus ombros, depois de olhar ao redor. – Eu confio em você, pequena. – disse se aproximando, e beijou a minha testa. – Qualquer coisa que você precise, me mande uma mensagem. – sussurrou a última frase, antes de selar nossos lábios com pressa, e se afastar no segundo seguinte.

— Obrigada. – respirei fundo e devagar, antes de ficar de frente pra porta e colocar a mão na maçaneta.

— Acaba com eles. – falou baixinho, o que me fez encara-lo. – Não no sentido literal. – tentou se explicar, tirando uma risada baixa de mim. Peeta sorrio. – Vai, pequena.

Girei a maçaneta devagar, e empurrei a porta, entrando na sala de aula. Fechei a porta atrás de mim, e caminhei em silêncio, tentando me concentrar em tudo que Peeta havia me dito durante o café da manhã.

“Seja corajosa.”, pensei, e dessa vez eu conseguia ouvir a voz de Peeta em minha cabeça, repetindo a frase.

Coloquei a bolsa sobre a mesa, e parei atrás dela, encarando os alunos que ainda não pareciam ter notado minha presença.

— Que isso hein? Eu com uma dessas nem saio de casa. – a voz já conhecida por mim se sobressaiu em meio ao falatório.

Respirei fundo, espalmei as mãos sobre a madeira e fechei os olhos.

Não posso sair. Não posso ser amável. Não posso ignorar um comentário mal educado.

Não posso.

— Marvel. – falei em voz alta, abrindo os olhos devagar.

A turma se calou ao me ouvir.

— Oi, princesa. – ele sorrio com deboche.

— Levante-se. – tentei soar autoritária, mas eu podia sentir o tremor do meu corpo afetar minha voz.

— E se eu não levantar? – questionou, elevando uma sobrancelha.

Eu devo gritar, se necessário.

— Eu mandei levantar. – tornei minha postura ereta, e saí de trás da mesa, parando ao lado dela.

— Venha aqui me obrigar, delicia. – Marvel riu.

Eu devo gritar, se necessário.

— Agora. – disse com uma ponta de irritação.

Ele não se moveu.

Eu devo gritar, se necessário.

— Agora! – gritei.

Seus olhos se arregalaram levemente, e comecei a ouvir alguns cochichos pela sala, que naquele momento eu havia decidido ignorar.

Marvel se colocou de pé.

Alcancei o pequeno bloco de advertências sobre a mesa, e peguei uma caneta dentro da gaveta. Escrevi rapidamente, puxando o papel. Meu coração batia acelerado, e sentia que minhas pernas fraquejavam levemente. Respirei fundo antes de caminhar até ele, que me encarava parecendo confuso.

— Leve isso ao diretor Snow. – estendi o papel.

Marvel o pegou e leu rapidamente. Logo seus olhos estavam furiosos sobre mim.

— Um dia de suspensão? – questionou incrédulo.

— Eu ia dar dois. – disse séria. – Encare apenas como um aviso.

Não posso fraquejar.

— Eu não...

— Retire-se da minha aula. – ordenei, interrompendo-o, e apontei a porta da frente.

— Mas eu...

— Saia imediatamente. – falei mais firme, abaixando o braço. – Ou eu mesma posso trazer o diretor aqui.

Passei meus olhos rapidamente pelos alunos.

— Seria interessante se o Snow soubesse como vocês são indisciplinados na minha aula. – tentei soar tranquila, mesmo sentindo minhas mãos geladas. – Acho que a detenção do professor Mellark não seria nada comparado ao que o diretor faria. – voltei a encarar Marvel. – Você quer ferrar com seus colegas? Acho que eles não se agradariam com isso.

— Vai logo, cara. – Cato se manifestou.

Cruzei os braços quando Marvel voltou a me encarar. Dei mais um passo em sua direção.

— Não estou mais para piadinhas de mau gosto. – falei baixo apenas para que ele ouvisse.

Marvel passou por mim com passos firmes, e não precisei virar para vê-lo sair, já que o mesmo fez questão de bater à porta ao passar por ela.

Ameace se for preciso. Ameace se for preciso.

— A brincadeira acabou. – voltei a passar os olhos pela turma, descruzando os braços. – Ou nós convivemos numa boa, ou eu reprovo a turma toda em literatura.

Todos permaneceram em silêncio.

— Foi o que pensei. – me virei, caminhando em direção a mesa.

Eu sentia que minha visão estava levemente turva, enquanto eu alcançava a apostila dentro da minha bolsa.

— Façam a atividade da página noventa e dois. – disse firme ao abri-la, e ergui os olhos para encarar a turma que estava em silêncio. – Vou até a sala dos professores buscar mais giz branco. Quando eu voltar, quero pelo menos as três primeiras questões respondidas, ou então alguns de vocês irão fazer companhia ao Marvel. – ameacei novamente, enquanto eles alcançavam suas apostilas e cadernos nas mochilas.

Assim que sai da sala, toda a pose de durona foi embora, dando lugar a um pequeno ataque de pânico. Meu coração passou a bater forte contra o peito, e minha respiração simplesmente se alterou, tornando-se ofegante. Me encostei na madeira, fechei os olhos, e passei a inspirar lentamente algumas vezes até sentir que não desmaiaria.

Um pequeno sorriso brotou em meus lábios ao perceber que minha turma ainda estava em silêncio.

“– Você nunca decepcionará o papai. Ele tem orgulho de você, Niss.”

A frase que minha irmã havia usado em meu primeiro dia de aula, voltou em minha memória, fazendo lágrimas se formarem embaixo das minhas pálpebras.

— Eu vou conseguir, papai. – murmurei, passando as mãos em meu rosto. – Na verdade, acho que estou conseguindo. – soltei um riso silencioso.

— O que faz aqui fora falando sozinha? – a voz de Peeta me fez abrir os olhos com pressa.

Não o respondi, apenas me joguei em seus braços, abraçando-o com força.

— O que aconteceu lá dentro? – perguntou, abraçando-me de volta.

— Eu mandei meu primeiro aluno pra direção. – acabei soltando em tom divertido, afastando o rosto para olhar o dele.

Peeta franziu o cenho.

— Por quê?

— Isso não importa. – falei com pressa. – Eu consegui. – espalmei as mãos em suas costas.

Sua expressão relaxou, e ele acabou sorrindo.

— Eu estou orgulhoso. – disse a frase olhando em meus olhos.

— Obrigada. – falei baixo. – Não teria conseguido sem você.

— Teria sim. – Peeta sorrio.

Sorri de volta, analisando seu rosto, até que finalmente percebi que ele havia aparecido rápido demais.

— Você ficou aqui fora? – questionei, franzindo o cenho.

— Mais ou menos. – confessou, parecendo sem graça. – Eu demorei pra querer te deixar sozinha com eles. Quando eu estava indo, ouvi você gritar. Então eu esperei na sala ao lado. Ouvi quando você saiu, e cá estou. – terminou de falar apreensivo. – Espero que não tenha ficado chateada.

— Claro que não. – sorri pra ele. – Você só está cuidando de mim, como sempre. – apertei sua jaqueta entre os dedos. – Não posso reclamar disso.

Peeta sorrio aliviado, e me apertou levemente entre seus braços.

— Não pode mesmo. – disse piscando pra mim, fazendo-me rir baixo.

— Eu disse que buscaria giz, então não posso mentir. – falei ao me soltar dele. – Você vem comigo?

— Preciso me trocar e arrumar o material esportivo da próxima aula. – Peeta disse, e beijou minha testa. – Nos vemos depois?

— Claro. – sorri pra ele, e olhei ao nosso redor, antes de me aproximar e dar um beijo casto em seus lábios. – Vou assistir sua aula com o segundo ano. – avisei.

— Ótimo. – Peeta deu um sorriso largo, antes de me dar as costas. – Só queria te lembrar que você está linda. – falou em voz alta, enquanto se afastava.

— Peeta! – exclamei, repreendendo-o, sentindo minhas bochechas esquentarem.

Ouvi sua risada gostosa, mas ele não virou para me olhar. Respirei fundo, e acabei sorrindo, balançando a cabeça negativamente.

“Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios.”

— Martin Luther King


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Notas finais do capítulo

Beijos ♥



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