O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *--*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709821/chapter/24

 

Eu demorei quase uma hora para voltar ao apartamento de Katniss. Assim que entrei, ela estava sentada no mesmo lugar, mas a televisão estava ligada. Minha pequena estava absorta, talvez tentando se distrair com o que acontecia no filme que assistia, por isso se assustou quando sentei ao seu lado, depois de trancar a porta.

Logo ela havia se aconchegado em meu peito como antes, porém dessa vez Katniss parecia mais relaxada, soltando alguns risinhos para a comédia que ela havia escolhido.

Ficamos completamente em silêncio durante o tempo que se seguiu, até o filme acabar, e ela se colocar de pé, dizendo que ia tentar dormir.

Quando perguntei se ela havia ligado para sua irmã e seu melhor amigo, ela apenas afirmou com a cabeça, antes de sumir corredor a dentro, e voltar minutos depois com um travesseiro e uma coberta pra mim. Em seguida ela se recolheu para seu quarto, deixando-me sozinho, assistindo televisão.

Eu sabia que seria difícil dormir. Katniss parecia melhor, mas eu ainda estava preocupado.

Claro que o beijo também havia me deixado agitado. Tinha sido ótimo, e quando eu disse sobre ela me beijar quantas vezes quisesse, eu falava sério. Contudo, aquilo martelava em minha cabeça.

Teria sido apenas sua fragilidade ou no fundo, Katniss sentia algo por mim?

As horas se passaram, e meus olhos não haviam se fechado em nenhum momento. Passos chamaram minha atenção, e eu acabei sentando no sofá para enxergar o corredor.

— Não consigo dormir. – Katniss murmurou quando me viu.

Dei um meio sorriso, e a observei por breves segundos.

— Por que não deita comigo? – convidei, voltando a deitar.

Me movi para o canto do sofá, e deitei de lado. Meu coração passou a bater rápido no peito, e meus olhos não conseguiam desgrudar de Katniss. Talvez fosse a expectativa de tê-la tão perto novamente, entre o medo dela se sentir constrangida demais e voltar para seu quarto.

Ela analisou meu pedido por alguns instantes, antes de morder, timidamente, o canto direito da boca e caminhar até mim. Katniss sentou na beirada do sofá, e respirou fundo. Seu corpo se moveu de forma lenta, enquanto ela deitava, até que estivesse confortável ao meu lado.

Katniss ainda usava as mesmas roupas, o que me fazia pensar que talvez ela realmente gostasse da minha jaqueta. Cedi espaço também no travesseiro, sendo assim ela se moveu, e acabou ficando de frente pra mim. Eu a cobri com o cobertor e lhe lancei meu melhor sorriso.

— Você não está sozinha. – sussurrei.

Katniss olhou em meus olhos, e eu podia sentir sua respiração quente e levemente pesada bater em meu rosto.

— Eu sei. – ela sussurrou de volta, fechando os olhos. – Obrigada.

Me aproximei devagar, e beijei sua testa, antes de voltar a me afastar e fechar os meus próprios olhos.

 

~||~

 

Não sei quanto tempo dormimos, mas fui acordado com batidas fortes na porta do apartamento. Abri meus olhos, sentindo Katniss se mexer, e só então percebi que havíamos mudado de posição durante a noite. Ela estava com a cabeça sobre meu peito, e seu braço descansava sobre meu abdômen, enquanto eu, completamente inconsciente, havia a acolhido, com o braço embaixo e ao redor de seu corpo.

Sorri observando-a dormir tão serena, sentindo o perfume de seus cabelos em meu nariz, até mais batidas fortes soarem na porta, fazendo com que Katniss abrisse os olhos assustada.

Abra a porta, Niss. — a voz de Annie fez minha pequena sentar com pressa no sofá.

— Já vou. – resmungou, esfregando os olhos infantilmente com os nós dos dedos.

— Você acorda tão linda. – falei baixinho.

Katniss pareceu se dar conta, apenas naquele momento, que não estava sozinha. Logo suas bochechas coraram, mas um sorriso surgiu em seus lábios.

— Você também. – falou mais baixo do que eu, e levantou. – Abre pra Annie, por favor. Eu vou me trocar e escovar os dentes.

— Tudo bem. – coloquei-me de pé, vendo-a sumir pelo corredor e entrar em seu quarto.

Caminhei descalço pela sala, e espreguicei, antes de virar a chave, e escancarar a porta.

Annabelle estava acompanhada do marido, e franziu as sobrancelhas ao me ver.

— O que faz aqui desse jeito? – perguntou me olhando dos pés à cabeça.

Cocei acima da nuca, bocejando.

— É óbvio que Peeta dormiu por aqui. – Madge apareceu com Gale, vindo do apartamento ao lado.

Decidi usar o método de Katniss, e não os respondi.

— Bom dia pra você também. – Annie falou.

— Bom dia. – sorri, finalmente falando alguma coisa. – Katniss foi escovar os dentes.

— Então você dormiu com ela? – Mad perguntou.

— Para de ser curiosa. – Gale a repreendeu.

Caminhei pela sala, ignorando a curiosidade deles, e pesquei meu par de tênis ao lado do sofá, antes de sentar no mesmo, que ainda estava uma bagunça, com o cobertor amontoado mais o travesseiro. Todos ficamos em silêncio, enquanto eu calçava meus tênis, até que Annie decidiu falar.

— Obrigada. – ela murmurou, me fazendo olha-la com as sobrancelhas ligeiramente unidas. – Por cuidar dela quando eu não consegui. – Annabelle disse parecendo chateada.

— Eu gosto de vocês. – falei olhando os quatro. – Mas eu faço por ela. – sorri, voltando a dar atenção para meu tênis esquerdo, dando um nó no cadarço.

— Você gosta da Katniss? – Finnick perguntou.

Ergui a cabeça, olhando em direção ao corredor, e voltei a encara-los.

— Tem como não gostar? Ela é uma pessoa adorável, sensível, tem inocência naqueles olhos, em sua fala. Seu coração é bondoso, e mesmo sem falar sobre sentimentos, ela tem de sobra. – respondi, abrindo um pequeno sorriso. – Aquele jeito dela... – contive um suspiro. – Ela não faz ideia do efeito que causa. – coloquei-me de pé, pegando minha mochila, que tinha algumas coisas de uso pessoal.

— Estou impressionada pelo quanto você a conhece. – Annie voltou a falar.

Sorri e afirmei com a cabeça.

— Nem eu sabia que a conhecia tão bem, até falar dela.

— Falar de quem? – a voz de Katniss me fez olhar para o corredor.

Ela havia parado bem na entrada, e tinha quase um sorriso desenhado em seus lindos lábios.

Annabelle não permitiu que eu respondesse. Apenas cortou o contato visual que eu e Katniss tínhamos, enquanto entrava na frente da minha pequena, e a tomava em um abraço apertado.

De imediato, Katniss retribuiu, balançando a cabeça devagar, no momento em que sua irmã começou a sussurrar algo para ela.

Eu conseguia enxergar as lágrimas caírem dos olhos de Katniss, o que me dava vontade de interrompe-las, para abraça-la, mas me mantive no lugar, apenas atento as duas.

— Eu sinto muito. – Katniss murmurou ao se soltar de Annie, que parou ao seu lado, olhando em direção aos outros três. – Eu sei que eu preocupei vocês. Eu... – um soluço escapou de sua boca, causando-me um incomodo no peito. – Eu... – ela negou com a cabeça devagar, e passou a encarar seus próprios pés.

Recebi um olhar estranho de Gale, que me fez franzir o cenho. Ele movimentou os olhos, indicando Katniss, e logo Madge me encarava também.

Cocei a nuca, antes de me aproximar dela.

— Ei, pequena. – falei baixo, fazendo-a erguer os olhos em minha direção. – Está tudo bem. – estendi a mão até alcançar seu rosto, e usei meu polegar para tentar secar as lágrimas que escorriam por suas bochechas. – Eles amam você, e tenho certeza de que só querem o seu bem. – continuei falando no mesmo tom, mesmo sabendo que era possível que todos estivessem ouvindo.

— Eu... Eu não mereço o cuidado que vocês tem comigo. – ela negou com a cabeça novamente. – Eu sou horrível, Peeta.

Uni minhas sobrancelhas, confuso com suas palavras, mas decidi não fazer perguntas.

— Eu não conheço ninguém que mereça mais do que você. – falei suavemente, e a tomei em meus braços, aconchegando seu corpo em um abraço. – E eu vou repetir isso, até que você tenha convicção de que estou sendo sincero. – beijei seus cabelos.

Senti seus braços passarem ao redor da minha cintura, enquanto meus braços estavam sobre seus ombros. Desci minha cabeça, até minha boca estar próxima do seu ouvido.

— Eu vou te abraçar, até que seus pedaços estejam juntos novamente, lembra? – sussurrei, subindo a mão para a parte de trás da sua cabeça, quando senti que Katniss escondia o rosto em meu peito. – Eu vou cuidar de você, pequena. – prometi ainda sussurrando.

Seu corpo, que estava trêmulo desde que eu notei que ela havia começado a chorar, parecia se acalmar, conforme eu acariciava seus cabelos. Suas mãos, que haviam agarrado a parte de trás da minha camisa, começaram a afrouxar o aperto, até que estivessem apenas espalmadas em minhas costas.

Eu sabia que tínhamos quatro pares de olhos sobre nós, mas eu pouco me importava. E Katniss parecia alheia demais, para lembrar que não estávamos sozinhos.

— Se sente melhor? – perguntei ao vê-la erguer a cabeça.

Ela afirmou silenciosamente, e antes que suas mãos alcançassem seu rosto para secar as lágrimas, eu a soltei do abraço, e usei minha mão direita para fazer esse serviço.

— Abraço em grupo! – Finnick exclamou quando eu me afastei de Katniss.

Em seguida todos a cercavam em um abraço, que a fazia soltar algumas risadas, e me fazia sorrir.

— Eu tô com fome. – pude ouvi-la murmurar abafado, já que os quatro ainda a apertavam no meio deles.

— Vamos fazer um café da manhã caprichado. – Madge falou assim que soltaram Katniss.

— Precisamos comprar algumas coisas. – comentei. – A geladeira está quase vazia.

— Quem vai? – Annie perguntou, arrastando a irmã pela mão, e se jogou no sofá, obrigando Katniss a fazer o mesmo. – Porque eu não vou.

— Nem eu. – Katniss murmurou.

— Vamos, Mad. – Gale estendeu a mão para a namorada, que a segurou rapidamente. – Se importa de vir com a gente, Peeta? – questionou.

Olhei para Katniss, que havia nos encarado.

— Tudo bem. – respondi e me aproximei de Katniss. – Eu já volto. – falei baixo ao me curvar para beijar sua testa.

— Não demora. – Katniss falou no mesmo tom que eu havia usado, antes que eu me afastasse.

— Não vou. – dei um sorriso torto antes de alcançar minha mochila. – Só vou escovar os dentes. – avisei o casal, indo em direção ao banheiro.

 

~||~

 

— E então, Peeta? Como conseguiu? – Madge perguntou, enquanto eu olhava algumas comidas congeladas.

— O quê? – a olhei confuso, segurando uma caixa de lasanha.

— Entrar no apartamento. – Gale quem respondeu.

— Ah. Bati bastante na porta. – dei levemente de ombros, colocando a caixa no lugar.

Ficamos em silêncio, enquanto andávamos pelos corredores do supermercado, enchendo o carrinho que Madge insistira para empurrar.

— Você sabia que você foi a primeira pessoa, tirando Jared, que conseguiu acalmar um choro de Katniss? – Gale voltou a falar, me fazendo olha-lo.

— Não. – respondi franzindo as sobrancelhas.

— Então saiba agora. Faz anos que não a vejo chorar de verdade. Cheguei a pensar que ela não pararia tão fácil, mas você conseguiu isso. – ele alcançou alguns pacotes de macarrão. – Katniss confia em você, Peeta. – Gale me encarou. – Mais do que já confiou em mim ou em Annie.

— Por que acha isso? – indaguei.

— Porque quando eu a vi naquele corredor, antes de Annabelle abraça-la, pude notar que ela parecia mais leve, o que era estranho, já que Katniss estava sofrendo. – começou a explicar. – Mas ai eu fiz o teste. Te dei o sinal para falar com ela, e logo ela estava mais calma. Foi quando eu soube que Katniss havia conversado com você.

Afirmei devagar com a cabeça.

— A Kat gosta realmente de você, Peeta. – Madge falou. – E você? O quanto gosta dela?

Analisei sua pergunta, com o cenho franzido, alternando meu olhar de Mad para Gale.

— Isso precisa ficar entre nós três. – comecei a falar. – Mas eu daria minha vida por ela. – falei sem pestanejar.

O casal se entreolhou, para depois voltar a me encarar.

— Você a ama? – Mad perguntou.

— Sim. Eu a amo. – confessei.

— E por que ela não pode saber? – Madge voltou a empurrar o carrinho, quando voltei a andar.

— Porque Katniss não tem facilidade para lidar com sentimentos, e eu não posso, nem quero assusta-la com o assunto. – expliquei. – Mas eu estou disposto a ocupar cada minuto do meu dia, para cuidar dela e fazê-la sorrir. – olhei os dois, depois de colocar uma caixa de chocolates entre as outras coisas que estavam no carrinho. – E eu não quero nada em troca, entendem? – acabei sorrindo ao lembrar do sorriso sincero que as vezes surgia nos lábios de Katniss, soltando um suspiro em seguida. – Eu só quero que ela seja feliz.

— Meu Deus. – Madge falou baixo, me fazendo voltar a encara-la. – Eu nunca vi isso.

— Nem eu. – Gale concordou com a namorada. – Quero dizer... Eu e Madge estamos juntos há um tempinho, e nos amamos. Eu realmente faria qualquer coisa por ela, mas a forma que você fala, cara. É estranho, mas é bonito. – ele riu balançando a cabeça. – Eu ouvi você dizer que não conhece ninguém que mereça mais cuidados do que Katniss, e eu concordo. Apesar de ser tão fechada, ela é uma ótima pessoa. Eu sempre disse isso. Ela merece tudo de bom, e fico feliz que você esteja disposto a ser o que ela precisa.

Sorri para o melhor amigo de Katniss, e afirmei com a cabeça.

— Eu estou sim. – concordei.

 

~||~

 

— Quanta comida. – Katniss falou quando entramos no apartamento carregado de sacolas. – Pra que tudo isso? Eu mal como.

— Mas nós comemos. – Gale respondeu. – Jantaremos aqui a semana inteira. – explicou. Katniss abriu a boca para falar. – Não reclame. – ele a cortou.

— Eu não ia. – ela torceu o nariz.

Colocamos tudo sobre a mesa, enquanto Annie e Finnick chegavam até a cozinha para começar a guardar.

— Eu não tenho dinheiro pra pagar tudo isso. – Katniss murmurou, deixando a timidez transparecer em sua voz, e em suas bochechas coradas.

— Como vamos comer por aqui, nós vamos dividir a compra entre nós cinco. – Madge respondeu. – E se reclamar, nós compraremos em dobro.

— Eu não ia. – falou novamente, e me olhou. – E você tem a ver com esse complô?

— Eu sou o quinto elemento que pagará as compras, e não você. – respondi, me aproximando. – Antes que pense em reclamar comigo, eu estarei por aqui para jantar... Todos os dias. – falei baixo, abraçando-a pela cintura, e repousei meus lábios sobre sua testa. – A não ser que você não queira que eu venha. – afastei o rosto para olha-la.

Katniss olhou em direção a cozinha, e eu fiz o mesmo, notando que os quatro estavam distraídos com o que faziam, mais com alguma piada que Finnick fazia sobre termos comprado o supermercado inteiro.

Senti a mão de Katniss tocar minha bochecha, fazendo-me olha-la. Ela abriu um pequeno sorriso.

— Você poderia ficar além do jantar. – suas bochechas coraram quando sua voz saiu baixa. – Quero dizer... Eu não me importo se você ficar por aqui. – sua voz abaixou mais na última frase.

— Quer que eu acampe em sua sala? – perguntei divertido.

Ela afirmou com a cabeça, deixando a maciez de sua mão me acariciar de maneira lenta, passando sobre minha barba. Meu coração estava feliz, como nunca havia ficado antes, pulando no peito de modo que me deixava quase eufórico.

Katniss olhou em direção a cozinha novamente, antes de ficar nas pontas dos pés, e beijou meu maxilar.

Uni as sobrancelhas, elevando a esquerda, dando um sorriso.

— Isso é segredo? – perguntei.

— Por quê? – perguntou de volta, parecendo confusa.

— Você olhou pra ver se tinha alguém olhando, para depois me beijar. – respondi.

— Não sei do que você está falando. – ela sorrio, com a face corada, antes de abaixar a mão. – Vamos fazer algo para comer. – sugeriu.

— Claro. – eu a soltei, acompanhando-a com os olhos, quando Katniss seguiu para a cozinha.

Ela queria que eu ficasse por ali. E eu ficaria. O tempo que ela pedisse para eu ficar, eu ficaria. E talvez quando Katniss me mandasse embora, eu insistiria para ficar. Porque meu coração já estava com ela há muito tempo, só me faltava enxergar que nada poderia mudar o amor que crescia em mim. Agora eu via, via claramente. E nada me faria ir embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Sol em meio à tempestade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.