O Sol em meio à tempestade escrita por nsbenzo


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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— Eu vou entrar sim, e não vai ser você quem vai me impedir! – exclamei para Annabelle que havia me barrado antes que eu chegasse a porta do quarto de hospital que nosso pai estava. – Saia da minha frente. – dei um passo em sua direção, mas ela estendeu as mãos apoiando-as em meus ombros que estavam descobertos por culpa do vestido que eu ainda usava.

— Mantenha a calma, Katniss. – Annie falou baixo. – Ele está sedado há algum tempo. – ela ainda me mantinha parada por suas mãos.

— Solte ela, Annie. – a voz de Peeta me fez lembrar de sua presença, deixando-me levemente constrangida com meu estresse. – Não vai adiantar segura-la. Mesmo que Jared esteja dormindo, deixe-a entrar. – ele interviu, e pela primeira vez não me incomodei ao tê-lo tentando cuidar de mim.

Annabelle o encarou sobre meu ombro direito, e devagar, abaixou as mãos.

— Vá. – ela murmurou, saindo do caminho.

Passei com pressa por minha irmã, abrindo a porta, e entrando de supetão.

Meus olhos percorreram o quarto, procurando sobre as macas, e apenas depois de olhar três delas, que encontrei meu pai dormindo com uma feição tranquila.

Meu coração se contraiu, e uma dor em minha garganta subia devagar, anunciando que havia choro para sair, mas que eu não permitiria que acontecesse.

Respirei fundo, enquanto caminhava até sua maca. Estendi a mão direita, tocando sua bochecha levemente fria, com as pontas dos dedos.

— O senhor não pode me assustar assim. – murmurei, curvando-me minimamente em sua direção. – O senhor sabe que eu enlouqueceria se me deixasse. – falei mais baixo, como se contasse um segredo a alguém. – Eu preciso que fique bem, pai. – meus olhos começaram a lacrimejar, e eu precisei fechar os mesmos, para que as lágrimas não caíssem. – Eu preciso... – mordi o lábio inferior com força exagerada, voltando a encara-lo com a vista ligeiramente turva. – Por favor. – subi a mão, alcançando seus cabelos castanhos com uma ponta de ruivo, acariciando o topo de sua cabeça.

Voltei a fechar os olhos, enquanto eu tentava manter minha respiração uniforme.

— Você parece uma princesa. – sua voz fraca me fez abrir os olhos rapidamente para olha-lo. Meu pai tinha os olhos semiabertos, e um sorriso no canto de sua boca. – O que faz aqui vestida desse jeito, filha?

— Eu estava na festa de Halloween do colégio quando Annabelle me ligou. – expliquei afastando a mão de sua cabeça, para alcançar a mão dele que tinha uma agulha no dorso, enviando medicamentos ao seu corpo. – Como se sente?

— Além de sonolento, me sinto um pouco traído. – falou com a voz rouca, me fazendo franzir o cenho. – Eu disse para Annie não chamar você, enquanto você estivesse com Peeta.

Elevei a sobrancelha esquerda, soltando sua mão e arrumando minha postura.

— Como assim? – questionei baixo.

— Annabelle devia te avisar apenas quando você chegasse em casa e não me encontrasse lá. – explicou. – Não queria preocupar você, e muito menos te tirar da festa.

— Eu não acredito que estou ouvindo isso, pai. – resmunguei negando com a cabeça. – Tem sido praticamente eu e o senhor durante esses últimos três anos, como poderia pensar em me deixar saber dessa forma? – falei baixo levemente ofendida. – Nada é mais importante do que a sua saúde. Eu deixaria qualquer coisa de lado para vir até aqui.

Outro sorriso surgiu no canto de sua boca.

— Eu sei, anjinho. Venha cá. – ele pediu em voz baixa.

Respirei devagar, me aproximando novamente, curvando meu corpo em sua direção.

— Eu quero que lembre-se que eu te amo. – meu pai alcançou minha bochecha com certo esforço. – E que eu quero que você seja feliz.

— Por que está falando desse jeito? – indaguei, sentindo o choro se formar novamente em minha garganta.

Ele riu sem muita vontade e quase sem som.

— É só pra você se lembrar que tudo o que faço e falo, é para o seu bem. – explicou, me fazendo relaxar minimamente.

— Eu sei, papai. Eu também te amo. – soltei baixo, sentindo as lágrimas voltarem aos meus olhos. – E o senhor é tudo pra mim. – murmurei. – Por isso trate de ficar bem logo, para eu te levar pra casa. Aquele apartamento sempre fica chato quando o senhor não está.

Seus olhos lacrimejaram quando eu beijei sua bochecha, fazendo algo ruim se agitar em meu peito.

— Por que o Peeta não entrou? – questionou segundos depois.

— Como sabe que ele está aqui? – repliquei.

— Eu apenas sinto que ele não permitiria que você viesse pra cá sozinha. – meu pai deu um sorrisinho. – Peça para ele entrar, por favor.

— Por quê? – perguntei confusa.

— Peça para que Peeta entre, Katniss. – ele disse um pouco mais sério. – E nos deixe a sós.

Suspirei, lhe dando as costas, e caminhando até a porta.

— Filha. – meu pai chamou quando segurei a maçaneta. Virei o rosto para olha-lo. – Peeta é um bom rapaz. Não o deixe escapar. – pediu. Desviei o olhar, e assenti com a cabeça. – É sério, Katniss.

— Pare de me aconselhar como se não fosse mais fazer isso. – voltei a encara-lo com certa agitação.

Ele voltou a sorrir.

— Vá chama-lo, por favor.

Abri a porta, e assim que apareci no corredor, recebi os olhares de Annie e Finnick sobre mim.

— Onde está o Peeta? – questionei, olhando para o outro lado e voltando a encara-los.

— Foi limpar o rosto. – Annabelle respondeu.

Olhei para a frente, completamente em silêncio. Logo passos preencheram o corredor, me fazendo virar o rosto em busca do dono deles.

Peeta estava sem a máscara e com o rosto quase totalmente limpo, se não fosse por pequenas manchas que restavam.

— Meu pai acordou. – falei a ele que me olhou mais atentamente. Ouvi alguém se mover do outro lado, por isso olhei Annie e Finnick, notando que minha irmã quem tinha se movido pronta para ir até nosso pai. – Não. – falei fazendo-a parar. – Papai quer falar com Peeta primeiro. – disse a ela, voltando a encarar Peeta. – E ele quer falar com você a sós.

— Sério? – perguntou, passando a mão direita por seus cabelos. – Então eu vou lá.

Afirmei devagar com a cabeça, acompanhando seus passos, até ele parar ao meu lado.

— Use isso. – Peeta tirou sua jaqueta e a colocou sobre meus ombros. Seus olhos azuis me analisaram por um breve momento, e ele se aproximou. – Eu volto já, pequena. – Peeta beijou o alto da minha cabeça, e se afastou, passando por mim e entrando no quarto do meu pai, fechando a porta atrás de si.

Inspirei devagar, passando os braços pelas mangas de sua jaqueta, enquanto caminhava até a cadeira mais próxima.

— Por que ele quer falar com Peeta? – Annie questionou, me fazendo olha-la.

— Não sei. – respondi baixo, fazendo um coque desajeitado em meus cabelos.

O perfume de Peeta atingiu minhas narinas, enquanto eu me ajeitava em meu assento, por culpa de sua jaqueta em meu corpo. Em minha memória vinha sua voz quase sussurrada recitando Aerosmith, seu hálito quente e que cheirava a hortelã batendo em meu rosto, meu corpo se chocando contra o dele quando ele me puxou pra mais perto enquanto dançávamos, e seus lábios, que pareciam tão mais chamativos naquele momento.

Suspirei baixo, fechando os olhos. Eu era uma imbecil. Por que eu sempre pensava demais? Ou melhor. Como eu conseguia pensar sentindo o toque carinhoso porém firme de sua mão em minha cintura, com os dedos de sua outra mão quase tocando meu ombro, com seus olhos azuis me analisando e deixando-me completamente frágil? Como eu podia manda-lo não me beijar? Eu queria aquilo, e desde a noite anterior eu tinha certeza de que mesmo que eu me sentisse confusa sobre sentimentos, não podia negar que tê-lo tão perto acabava com minha vontade de afastar-me de vez, para tentar fugir do que eu sentia.

Mas eu sempre escolhia o lado racional das coisas. Estávamos em nosso local de trabalho, no meio de uma grande quantia de alunos, sendo observados, talvez, por Effie e Haymitch que tanto insistiram para que fossemos dançar. Quando eu pedi para que Peeta não me beijasse, não falava de um todo. Eu estava completamente entregue a Peeta desde que fui recebida por ele na entrada do baile. Eu queria ser beijada por ele. Queria sentir seus braços ao meu redor, enquanto seus lábios se encaixavam tão perfeitamente nos meus. Queria perder o ar, e a noção de tempo assim que sentisse meu estomago revirar em excitação por senti-lo tão colado a mim. Eu realmente queria, mas não ali. Não com tantas pessoas ao redor. Porém quando Peeta disse que nunca mais o faria, meu peito tornou-se dolorido, e meu coração pareceu reduzir-se a míseros milímetros, deixando de lado toda a ansiedade de pensar quando ele tentaria de novo. Como meu pai me disse uma vez: “Nunca mais é muito tempo”. Analisando a situação, realmente era. E por mais que a dúvida tenha ficado sobre ele me beijar apenas por sentir vontade, e não por sentir algo por mim, eu gostaria que ele retirasse aquela promessa.

— Ei, Katniss. – sua voz sussurrada me assustou, fazendo-me abrir os olhos rapidamente. Peeta estava agachado para ficar na mesma altura que eu, mantendo um sorriso torto nos lábios. – Estava dormindo sentada, baby?

— O novo apelido é alguma referência a minha altura ou minha cara de criança? – perguntei baixo na defensiva.

Peeta riu e negou com a cabeça, apoiando sua mão em meu joelho esquerdo sobre o vestido. Engoli em seco, mas mantive-me impassível, encarando seus olhos azuis.

— Não. É apenas um apelido. – ele deu de ombros. – Você está bem? – questionou.

Olhei para o lado notando que Annie e Finnick haviam sumido.

— Cadê os dois? – ignorei sua pergunta fazendo outra, voltando a encara-lo.

— Seu pai pediu para falar com eles. – seus dedos se esticaram tocando levemente minha coxa. Prendi a respiração, sentindo minha pele formigar, e notando que minha voz não sairia para manda-lo se afastar. – Você não respondeu minha pergunta.

Levantei-me com pressa, quase derrubando Peeta, que por sua agilidade e por seus reflexos, mesmo tendo se desequilibrado, apoiou as mãos no chão, colocando-se em pé também.

— O que meu pai queria com você? – questionei cruzando os braços desviando novamente de sua pergunta, depois de segundos sendo encarada por Peeta que parecia confuso com minha reação.

— Não posso dizer agora. – ele deu um meio sorriso, passando a mão direita por seus cabelos. – Mas no momento certo eu poderei te contar.

— Isso é alguma piada? – perguntei em tom irritado. – Porque se for, não estou vendo graça.

Peeta me analisou com seus olhos azuis, e um sorriso torto surgiu em seus lábios.

— Isso é você irritada de verdade? – replicou arqueando uma sobrancelha. Minhas bochechas esquentaram, e acabei descruzando os braços. – Minhas aulas estão dando certo. Não acredito. – falou soltando uma risada, mas algo me dizia que não era um riso sincero.

— Você é um idiota. – soltei sem querer.

Um som de irritação saiu da minha boca, enquanto eu lhe dava as costas, decidida a perguntar ao meu próprio pai o que eles haviam conversado.

— Ei. – Peeta me alcançou, segurando meu pulso. – Eu vou te levar pra casa. – ele disse ao me fazer virar.

— Eu não vou pra casa. – desvencilhei-me de sua mão. – Mas acho que você devia ir.

— Você vai. Seu pai pediu para que eu te levasse. – Peeta cruzou os braços, me fazendo notar que a camisa preta que ele usava, parecia deixar seus braços mais em evidência.

— Eu não vou a lugar nenhum. – retruquei.

— Vai sim, Kat. – a voz de Finnick me fez virar para olha-lo. Ele havia acabado de sair pela porta do quarto, fechando-a em seguida. – Annie ficará com seu pai esta noite. Não será necessário mais de uma pessoa.

Franzi as sobrancelhas confusa.

— Ficará com meu pai? – questionei atordoada. – Por que hoje alguém precisará ficar com ele? – me aproximei de Finn que parecia perdido, e tinha seu olhar se alternando entre mim e Peeta. – Responde. – pedi com a voz alterada. – O que houve dessa vez? Por que ninguém quis me contar desde que cheguei?

Meu cunhado pareceu murchar, enquanto suspirava.

— Quando eu e sua irmã chegamos no apartamento de vocês, seu pai estava largado no sofá com o telefone na mão. Jared teve um enfarto grave, Katniss, e ele não quer nos dizer o que causou isso. – finalmente me respondeu, fazendo meu corpo congelar e minha boca se entre abrir. – Há chances dele não se recuperar. O coração dele está fraco. – Finnick concluiu com pesar nos olhos.

Pisquei devagar, enquanto eu tentava mandar oxigênio para os meus pulmões, mas era uma tarefa impossível considerando que nada parecia querer passar por minhas vias respiratórias.

Minha vista escureceu brevemente, e eu não tinha certeza se eu tinha dado algum sinal de que não estava nada bem, porém mesmo assim, mãos fortes me seguraram pela cintura, fazendo-me agradecer mentalmente quem quer que fosse por não permitir que minhas pernas falhassem.

Peeta apareceu a minha frente, mantendo as mãos firmes em mim, com os olhos parecendo preocupados.

— Eu vou te levar embora daqui, e você não vai se opor. – ele disse sério.

— Eu não... Eu não posso ir embora. Eu tenho que ficar com meu pai. – tentei me desvencilhar de seu toque, mas Peeta apertou-me mais. – Me solta! – exclamei estapeando seus ombros.

— Seu pai me implorou para te levar embora. – Peeta disse ignorando minha agressão.

— Vocês não podem me privar disso! – gritei com os olhos agitados, olhando entre Peeta e Finnick, sentindo as lágrimas voltando com força total.

Annabelle saiu com pressa do quarto, seus olhos vermelhos e com lágrimas escorrendo por suas bochechas.

— Preciso de um médico. – soltou em desespero, passando por nós três.

Meu coração se contraiu no peito, e tudo à minha volta pareceu sumir enquanto eu me desvencilhava de Peeta e corria em direção ao quarto.

A máquina que media os batimentos cardíacos de meu pai apitava alto, deixando-me zonza. Quase me joguei sobre seu corpo, ao vê-lo com os olhos fechados e completamente imóvel.

Meu coração parecia aumentar suas batidas gradativamente, quando finalmente as lágrimas caíram de meus olhos. Eu fui puxada para trás, enquanto a equipe médica invadia o quarto. A pessoa que me segurava me permitiu ficar no quarto.

— Não. – balancei a cabeça em negativa. – O senhor não pode me deixar assim. – tentei escapar do aperto dos braços ao meu redor. – Não, não, não. – forcei meu corpo pra frente, soluçando em seguida.

A equipe tentava ressuscitá-lo, mas não parecia obter sucesso.

— O que você pensa que está fazendo? – um enfermeiro gritou olhando em minha direção, mas eu tinha quase certeza de que não era comigo que ele falava. – Leve-a para fora daqui.

Fui arrastada em direção ao corredor, mas não antes de notar o médico tentar uma última vez com o desfibrilador, e depois negar com a cabeça segundos depois, olhando o relógio em seu pulso.

Um grito desesperado rasgou minha garganta, e me debati fazendo meus cabelos se soltarem completamente, enquanto eu tentava voltar para o quarto, porém a pessoa que me segurava por trás impedia-me de andar.

— Me solta! – gritei tentando me livrar de seja lá quem fosse.

O choro que eu segurei durante todos os anos simplesmente saía torrencialmente por meus olhos. A pessoa que ainda me segurava virou meu corpo, e então pude notar que Peeta quem fazia o trabalho de manter-me longe.

Tentei acerta-lo com mais tapas, mas ele segurou meus pulsos. O encarei com raiva, porém ela pareceu diluir ao ver que ele também tinha seus olhos cobertos de lágrimas, que já escorriam por suas bochechas.

Sem dizer nada, Peeta me abraçou tão forte, que foi impossível tentar escapar. Eu apenas escondi meu rosto em seu ombro, e agarrei sua camisa, deixando minhas lágrimas encharcarem o tecido.

— Vai ficar tudo bem. Eu prometo. – ele sussurrou, apertando-me contra seu corpo. – Eu não vou te deixar sozinha, pequena. Eu vou estar com você.

Seus braços me ninavam devagar, enquanto eu soluçava audivelmente.

— Eu não vou aguentar. – foi o que consegui dizer em meio ao choro, com a voz abafada.

— Vai sim. Vai ficar tudo bem. – Peeta repetiu. – Eu prometo. Vou cuidar de você.


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Notas finais do capítulo

Não me matem. Eu sofri muito para escrever esse capítulo. Tipo, de chorar horrores mesmo ;-;
Mas foi necessário para o desenvolvimento do relacionamento Peetniss ♥
Beijos amores.



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