Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 6
Chapter 5: Os mensageiros designados


Notas iniciais do capítulo

All my friends are heathens, take it slow
Wait for them to ask you who you know
Please don't make any sudden moves
You don't know the half of the abuse
All my friends are heathens, take it slow
Wait for them to ask you who you know
Please don't make any sudden moves
You don't know the half of the abuse

- Twenty One Pilots (Heathens)



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Edward Cullen

 

— ... Ela é um pouco estranha, Jake. Mas parece ser legal. Um pouco tímida também, mas é boa em biologia, e coitadinha! Ainda deve ter lembranças terríveis do tal acidente que se sofreu, lembra? Estava escrito no dossiê dela...

 

Edward ouvia tudo o que a filha falava no andar de baixo com Jacob. Sua audição mais aguçada do que nunca, ele monitorava Renesmee com mais afinco agora. Se preocupava muito com os ataques da cidade, e não conseguia parar de pensar caso algo acontecesse a filha. Os Volturi hospedados na cidade também não o acalmavam em nada. Entrementes, não era só aquilo que o fazia ficar alerta, era a mais nova curiosidade e tentativas da ruiva em fazer amizade com a garota nova, a Evern, que servia de assunto para o jantar todas as noites. Renesmee simplesmente não conseguia parar de tentar se aproximar da garota, e ainda com todos avisos e proibições que ele deu, nada adiantava.

Edward só a achava estranha. Estranha e muito suspeita, ainda que mais ninguém da família concordasse com ele. Andara a observando na escola, e tinha que reafirmar sua opinião: Brooke era realmente esquisita. Diferente. E nisso, o resto concordava.
Deixou os olhos vagarem pelo quarto que mesmo decorado pelo gosto excêntrico e fashionista de Alice, ainda assim tinha um toque a lá do estilo de Bella. Sorriu pensando na esposa, ele sabia que ela estava na sala, vigiando Jacob e Renesmee a seu pedido, já que pelo que parecia, os livros de Bella eram melhores do que suas pergunta que a filha considerava "constrangedoras e indesejáveis."
 Revirou os olhos. Sentia tanto carinho pela filha que as vezes extrapolava na proteção, tinha que reconhecer, mas só queria que sua menininha fosse feliz.

"Ah, Nessie." A voz do Black soou dentro de sua cabeça e Edward travou os dentes desejando que aquele lobo fedorento parasse de suspirar em pensamento por sua filha. Sabia que era inevitável para Jacob se sentir daquela forma, mas não gostava nada daquela situação. Renesmee ainda não sabia sobre o Imprinting de Jacob por ela, em sua cabeça, eles eram apenas melhores amigos, mas Edward sabia que no coração da garota, o sentimento era diferente. Ela só não tinha consciência disso ainda. Portanto, só desejava que quando a verdade fosse a tona, não causasse grandes estragos para ambos.

Deixou o corpo rolar pela cama de casal, se sentando na beirada, e seus olhos escurecidos caíram na janela aberta do chalé em que viviam. O crepúsculo já tomava espaço no céu, e ele viu a metros e metros de distância pela janela, uma gaivota levantar voo de um galho de árvore, o que fez sua garganta arder. Fazia algum tempo desde da última vez que caçara, não tivera tempo com todos os planos traçados e as vigias feitas. Então suas preocupações voltaram, e o vampiro passou a mão pelos cabelos, bagunçando o clássico topete. Mortes. Desaparecimentos. Volturi. A garota nova.
 

Edward afundou no colchão, frustrado. No andar de baixo, conseguia distinguir as risadas do som da televisão, e não muito tempo depois, ouviu passos subindo a escada, e logo o agradável cheiro de Bella, o invadiu. Sentiu as mãos pequenas e agora da mesa temperatura que as suas, escorregarem por suas costas, e um sorriso involuntário cresceu em seus lábios quando levantou a cabeça e encontrou o belo rosto de sua mulher o encarando.

 

— Olá - Bella sussurrou começando a se inclinar em sua direção.

 

— Olá - ele respondeu antes de puxá - la para si e colar ambas as bocas em um beijo apaixonado e voraz.

 

Edward enfiou os dedos entre os caracóis escuros de Isabella e a deitou na cama, a cobrindo com seu corpo. Tentaram não fazer muito barulho, e ainda que fosse bom estar com a mulher que amava, não conseguiu distrair os pensamentos do fluxo que tomavam. Em sua mente, somente uma certeza martelava: iria investigar Brooke Evern e descobrir se sua intuição estava certa.

 

 

 

Alec Volturi

 

 

A sensação de prazer e poder explodia em seu sistema ao sentir o sangue doce e quente escorrendo por sua garganta. A endorfina proporcionada o distraía dos gritos suplicantes e histéricos da garota imobilizada em seus braços. Não gostava das que gritavam. E lentamente, os gritos cessaram, o beco escuro voltou a ficar silencioso e a loira em seus braços parou de se debater. Afinal, acabara de sugar a última gota.
 

Alec levantou o rosto do pescoço da vítima e em um só movimento, o quebrou, tirando um isqueiro do bolso e ateando fogo no corpo da garota em seguida. Estava satisfeito. Olhou para as chamas alguns instantes e passou a manga da camisa pela boca, limpando os últimos vestígios de sangue. Um barulho de algo como uma mariposa aterrissando encheu seus ouvidos e ele se virou, contemplando o grande sorriso que a vampira loira exibia nos lábios.

 

— Satisfeito, irmão? - a melodiosa voz de Jane ecoou pela escuridão. Seus olhos correram para as chamas e um ar de agrado estampou suas feições. - Vejo que sim.

 

Alec deu um leve sacudir de ombros, enfiando as mãos dentro dos bolsos do pesado sobretudo que trajava e observou o rosto de sua irmã tão parecido com o seu, esquecendo do corpo sendo devorado pelas chamas, da garota de algumas horas atrás com que se divertira. A luz da lua refletia no rosto anguloso de Jane, o banhando em um tom de cinza - perolado e o deixando mais pálido do que o natural.  Ele podia ver o contorno repuxado para cima dos cantos da boca da irmã, o nariz pequeno e perfeitamente reto, mas foram os olhos que chamaram - no a atenção. As pupilas totalmente dilatadas e a cor profunda escarlate aparentava crueldade, mas Alec viu, com um misto de surpresa e preocupação, a mescla de tristeza e irritação muito bem escondidas. Exceto para ele.

 

— O que aconteceu, Jane?

 

Ela pareceu ser pega de surpresa, pois piscou brevemente, encarando o irmão com a testa franzida. Um claro sinal de que realmente havia algo de errado ela.

 

— Do que está falando?

 

— Desse seu olhar - ele se manteve firme no questionamento. - O que aconteceu?

 

 

A vampira nada respondeu, apenas ficou o encarando, a testa voltando ao normal aos poucos. Jane ainda abriu a boca duas vezes para falar algo, mas desistiu no mesmo instante e virou as costas, começando a caminhar como uma humana faria, para longe. Alec praguejou alto, odiava aquela atitude nela, e no momento seguinte já estava ao lado da irmã, diminuindo seus passos e dispensando a velocidade de vampiro.

 

 

— Vamos Jane, diga - me o que foi - ordenou assumindo o mesmo tom autoritário que assumia quando se dirigia ao resto da guarda em dias de treinamento, e se odiou por isso, pois lembrou que a irmã também odiava quando ele falava com ela assim. - Ou então tente...

 

 

Calou - se no momento em que a loira parou de caminhar, virando abruptamente para encara - lo nos olhos. Então Alec percebeu, em choque, o jeito que os ombros de Jane se sacudiam, e o chiado estranho que saia do fundo de sua garganta quando ela entreabriu a boca.

Ela chorava. Chorava sem lágrimas, chorava no estilo de um vampiro congelado na eternidade.

 

— Demetri - foi tudo o que falou, para então, se jogar em seus braços, que a receberam mecanicamente.

 

 

Alec contemplou a situação com uma careta involuntária no rosto. Às vezes se esquecia como a verdadeira Jane era de verdade. Sem a casca grossa e as torturas que fazia mais por distração do que diversão. Esquecia o quão sensível a irmã podia ser, ainda que fosse bem lá no fundo e que não deixasse ninguém saber que a garotinha assustada e doce de quase um milênio atrás ainda existia... Escondida em algum lugar... Traumatizada demais para sair do esconderijo...
 Deixou - se retribuir o abraço e aconchegou Jane em seu peito, sentindo a cabeça dela afundar em seu pescoço enquanto ele criava mil e um modos de punir Demetri por deixá - la naquele estado.

 

 

— O que ele fez, exatamente? - murmurou com cautela, esperando um acesso de raiva da vampira.

 

Mas ele não veio.

 

— Eu o convidei para caçar com a gente, passar um tempo fora daquele hotel... Mas ele rejeitou o meu convite e disse que ficaria fazendo companhia a Felix, e então... - ela murmurava com a voz abafada parecendo envergonhada do que estava contando. - Eu o vi a dez minutos atrás se atracando com uma humana imunda em um beco como este!

 

E lá estava a raiva reprimida na voz melodiosa que Alec nunca subestimava. Ficou em silêncio por alguns segundos, deixando ela lidar com os sentimentos, e enquanto fitava o caminho deserto cercado por arvoredos desfolhados fora da estreita viela onde estavam, entendeu o ponto de vista da irmã. Ela gostava de Demetri, sempre gostou, e não era da forma indiferente e descompromissada que deixava transparecer.

 

— Você gosta dele, não é?

 

— Mas do que deveria - Jane fungou em seu pescoço. - E eu me odeio por isso.

 

 

Um divertido sorriso apareceu nos lábios do vampiro, que achava aquela situação toda da irmã improvável. Jane apaixonada, aquilo sim merecia a preocupação de Alec mais do que a missão designada por Aro. O que chegava ser terrivelmente cômico. Ele então retirou os braços em volta da irmã, a afastando de modo que conseguisse a olhar, e com um suspiro alto, soube que deveria a aconselhar.

 

— Não deveria se odiar - retrucou Alec. - Você gosta de Demetri, e daí? Sabe que eu não acredito nessa baboseira de amor e sentimentos Jane, e que fomos ensinados a não tê - los, mas acho que se você quer muito uma coisa, não deve parar por nada até consegui - lá. Somos vampiros da realeza, lembra? Sempre temos o que queremos, irmã. Somos Volturi. Não damos uma segunda chance, pois então acho melhor você ter o que quer na primeira.

 

— Acha mesmo isso? - ela o olhou atentamente, o fantasma de um sorriso chegando aos olhos escarlates iluminados.

 

— Acho. E se Demetri não souber reconhecer isso, ficarei feliz em contribuir na tortura que você terá passe livre para fazer.

 

— Ah, Alec! - exclamou Jane voltando a se atirar nos braços do irmão rindo suavemente. - Obrigada.

 

 

Ele deixou ser abraçado outra vez. Era raro receber um gesto de afeto como aquele, a única pessoa que o abraçava ou tinha autorização para tal coisa era Jane, e ele não negaria isso a ela.
Percebeu que a irmã precisava daquilo, não só do abraço, mas sim desabafar, e sentiu um leve incômodo por não poder se abrir com ela como a mesma fez. Jane costumava falar sobre o que a aborrecia e preocupava para ele, garotos estavam inclusos; mas Alec não conseguia fazer o mesmo. Se abrir. Contar o que o perturbava. Revelar seus pontos fracos. Não conseguia se imaginar fazendo um absurdo daquele, ainda que se visse desejando por aquilo. O que teria para falar com a irmã caso o fizesse? De suas preocupações? De sua frustração e irritabilidade pelo fracasso da missão que estavam tendo até agora? Do medo que rastejava, ainda por lugares sombrios e invisíveis, dentro de si caso falhasse? Do fato de não terem nada mais do que meras suposições e teorias que em suma, iam de mal a pior?
 

Não. Alec não poderia falar sobre isso com a irmã, seria fraqueza demais.
Desistiu da ideia que corria livre em seus pensamentos no momento em que sentiu Jane se afastar, o observando silenciosa.

 

 

— Sei o que está pensando - ela murmurou cruzando os braços de frente para ele. - Sobre não conseguir me contar as coisas... E não ouse dizer que não é isso! Eu te conheço Alec, somos irmãos gêmeos. Mas tudo bem, eu o entendo. Não precisa se pressionar para isso, apenas... Apenas se abra quando achar que deve fazer isso. Eu estarei esperando para devolver os conselhos que você me dá.

 

Alec quase sorriu encarando a irmã, que o encarava esperando ser desafiada. Mas ele apenas preferiu balançar a cabeça, assentindo. Sabia que aquilo bastaria.

 

— Se você diz - se limitou a encolher os ombros e um pensamento o ocorreu. - Mas vamos encerrar essa conversa porque estamos parecendo com os idiotas sentimentais dos Culllens.

 

Jane fez uma careta de repugnância.

 

— Oh, nem me fale! Acho que aí sim me odiaria eternamente se virasse uma Isabella-patética-Cullen!

 

— E teria que se tornar "vegetariana."

 

— Um verdadeiro disparate!

 

— Sem a menor sombra de dúvidas - concordou Alec. - Mas que tal uma sobremesa para esquecer o assunto?

 

 

As sobrancelhas claras de Jane se levantaram em interesse ao mesmo que um sorriso maquiavélico nasceu em seu rosto angelical.
 E Alec soube que o assunto se encerrara ali. Ajeitou a capa negra por cima do sobretudo da mesma cor e se posicionou ao lado da irmã, fitando a rua deserta e absorta na penumbra do céu deserto de estrelas.

 

— Corrida?

 

— Não - cantarolou ela. - Aposta de quem comer a sobremesa primeiro?

 

— Fechado - respondeu ele, e no segundo seguinte, a vampira loira já desaparecera do seu lado, correndo a toda velocidade do beco escuro.

 

 

Alec riu entre os dentes. Deu uma vantagem de dez segundos, e então disparou na direção em que sabia que Jane fora, engolido pelas trevas, achando divertido o modo como aquela noite de caçada terminara, ou melhor, começara. Ainda havia uma aposta para ganhar e uma vítima deliciosa como sobremesa o esperando. E o melhor de tudo era sentir o vento frio e o sereno da noite batendo em seu rosto, as sombras o protegendo de olhos mundanos. Esqueceu por um período curto de tempo de todas as coisas que tinha para resolver, se concentrando apenas no poder de matar para saciar sua sede, seu desejo, sua vontade.

 

 

                ***

 

 

Quando a contagem dos dias em Forks alcançou um mês, tudo pareceu miseravelmente ridículo. Um mês longe do castelo, um mês longe de seu lugar por direito, um mês de fracasso atrás de fracasso e um mês na repugnante companhia do clã Cullen e até de lobos fedorentos - que querendo ou não, não conseguiam se afastar do território por muito mais do que três dias. Black era um exemplo disso.
 Mas, quando todo aquele pesadelo completou um mês, os Volturi começaram a expor seu verdadeiro desagrado por aquela missão. Demetri se tornara rabugento com todos, e até a mínima coisa que se falava, já era motivo para discussões; Félix não saia mais da frente da televisão, tomando todo o estoque de bolsas de sangue que conseguira arranjar sabe - se lá onde enquanto produzia sons irritantes; mas Jane era a pior. Haviam momentos que sua raiva e frustração eram tão grandes, que nos melhores momentos ela torturava o primeiro que aparecesse a sua frente - Félix era sempre o alvo -, e nos piores, atirava quem fosse pela janela do terraço - Demetri já voara umas cinco vezes pelos andares contra vontade.

Alec era o único que ainda não parecia estar a ponto de arrancar tufos de cabelos. Não aprovava o comportamento dos outros, pois sabia que manter o foco e a calma era indispensável, mas também não tentou dizer isso a eles para não provocar maior tormento. Só precisavam colocar a cabeça no lugar.
E enquanto faziam isso, ele pensava. Na maioria das vezes se isolava de todos no quarto, uma garrafa de tequila ao lado e todas as planilhas enquanto dava voltas e voltas ao redor do quadro de observações que montara.

Ficava trancafiado no quarto por dois dias consecutivos, sempre exigindo para que ninguém o incomodasse. Não houve objeções. Nem mesmo se preocupara em aparecer nas reuniões que os Cullens convocavam, seguia em frente, concentrado em suas pesquisas. Trabalhava em cima das teorias, das poucas pistas do quebra - cabeça que tinham para montar e de um pouco de palpite, ainda que nada o levasse a alguma direção. Foi então, por estar cansado de ficar com os braços cruzados, que resolveu entrar em ação quando os raios de sol bateram em sua janela, em uma manhã.

 

 

— Então é isso? Você quer que a gente saia bisbilhotando a vida alheia de toda a cidade? - perguntou Emmet, enquanto todos permaneciam em profundo silêncio na sala de visitas da mansão.

 

— Monitorar seria a palavra adequada - Alec corrigiu, recebendo todas as atenções. - E não será preciso todos de vocês, uns três já será o suficiente junto com três de nós.

 

 

Ele viu o Cullen rosnar recuando. O resto anuiu. Sabia que todos pensavam a mesmo ali: Era a única coisa que tinham por hora. Não haviam ideias, nem planos sendo colocados em prática, por isso era pegar ou largar a incerteza de descobrirem algo. E isso, ninguém podia discordar.

 

 

— Está certo - ouviu Edward cerrar os dentes enquanto lia sua mente. - Estamos dentro.

 

Todos os Cullens concordaram. Pelo canto do olho, Alec viu a irmã abrir um sorriso petulante ao empinar o nariz. Quase não conseguiu segurar o seu.

 

— Ótimo - olhou para todos os vampiros de olhos dourados do outro lado da sala. Seu indicador se levantou. - Jasper, Rosalie e Edward virão conosco.

 

Ninguém se moveu.

 

— O que? Esses são os seus nomes, não? - ele deixou as sobrancelhas se elevarem a ironia.

 

Os três Cullens rosnaram.

 

— Alec, por favor - murmurou Carlisle, apreensivo.

 

— Certo - replicou indiferente. - Já estão avisados. Começaremos por aqui, depois pegaremos a estrada.

 

— E nós?

 

Sua cabeça se virou para a híbrida espremida no abraço de Esme. Seu rosto estava corado como sempre, e seus olhos possuíam um leve fugor de ansiedade que ele já vira antes. Alec piscou lentamente os olhos, já começando a virar as costas.

 

 

— O resto de vocês pode ficar aqui sentado inutilmente. Algo me diz que é o que fazem de melhor - disse antes de desaparecer de vistas sendo acompanhado pelos outros três Volturi.

 

Os rosnados reverberaram em uníssono pela sala.

 

 

 

Somente quando a escuridão chegou de madrugada, foi que eles colocaram o plano em prática. Parados na estrada, encostados á um Jaguar preto e reluzente, os três vultos encapuzados esperavam pelos outros três vampiros que segundos depois, apareceram com os faróis ligados do Volvo prata, na penumbra envolvida por prédios. Os dois homens tinham expressões neutras nos rostos, enquanto a mulher loira, dirigia um olhar de desagrado e repulsa aos Volturi. O ar gélido ao redor se tornou mais cortante, e a noite em volta, mais sombria com os olhares trocados.

 

— Estamos atrás de vocês - disse Edward, seco.

 

Alec, que tinha os braços cruzados e estava encostado na porta ao lado onde o motorista ficava, se limitou a um pequeno assentir de cabeça. Ele lançou um olhar significativo para Demetri e Jane que estavam a espera de instruções, e, girando a chave do carro na mão, abriu a porta e saltou para o banco atrás do volante, sendo imitado pela irmã e o amigo. Antes de girar a chave, ele ergueu os olhos para o retrovisor do carro, e vislumbrou o lampejo que eram os olhos dourados dos Cullens no volvo, atrás do Jaguar. Alec abriu um sorriso mordaz.

 

 

— Primeira parada: Pontos comerciais daqui de Forks. Vocês devem conhecer bem, por isso conduzam o caminho...

 

— Ou comam poeira... - a voz melodiosa e com um quê de desafio de Jane, cantarolou.

 

Ela então se deslocou do banco do carona e moveu o pé até o acelerador, onde pisou fundo, forçando Alec a agarrar o volante e arrancar com o carro fazendo ruídos com os pneus deslizando pelo asfalto. Um grunhido de "Fala sério" foi tudo que Alec ouviu sendo deixado para trás antes da risada histérica de Demetri romper o ar e ele lançar um olhar censurador para a irmã, que devolveu com um encolher de ombros e um ronronar dizendo algo do tipo "Acelera aí, maninho!", antes de jogar as mãos para o alto e fechar os olhos.


 O vampiro balançou a cabeça, se perguntando aonde é que estava a cautela e a experiência das missões da irmã. Mas foi só dar uma olhada no retrovisor, e ver o Volvo prateado avançando furiosamente atrás deles, que a pergunta sumiu de sua mente. Afinal, desafiar os Cullens e ter o prazer de os fazer comer poeira, era algo que melhorava e muito a expectativa para aquela noite.
Alec afundou o pé no acelerador e fez uma curva, o carro derrapou desviando de uma mini van e ele sentiu o corpo sacudir, mas não parou quando a luz do semáforo mudou para vermelha...

 

 

A primeira parada que fizeram aquela noite foi em uma loja de conveniência. Forks não era a cidade mais ampla e a melhor com pontos comercias, por isso os seis vampiros entraram em um acordo de monitoramento em apenas três locais prováveis para um vampiro visitar, e onde a maioria das mortes aconteceram: a loja de conveniência, o posto de gasolina e um bar imundo que encontraram graças aos relatórios da polícia local.

Alec e Edward preferiram estacionar os carros algumas ruas antes dos locais que iam, para não chamar atenção. Se separaram em pares para a vigilância dos três lugares - Jasper e Rosalie, Demetri e Jane, e Alec e Edward -, e quando voltaram a se encontrar, com o dia já amanhecendo, nenhum tinha obtido sucesso algum.

 

 

— Iremos à Seattle - declarou Alec determinado, quando todos chegaram no local marcado para o reencontro, às oito em ponto da manhã.

 

 

Não houve objeções de nenhuma parte. Jasper, Rosalie e Edward apenas entraram no volvo e partiram pela estrada deserta assim que os Volturi arrancaram, todos em silêncio mortal.
Já no Jaguar, a conversa fluía levemente entre o casal as costas de Alec, como se não tivessem falhado na primeira tentativa. Aquilo o irritou, e quando ele percebeu, seus dedos seguravam com tanta força o volante que os nós já estavam translúcidos, e ele poderia se assustar com a falta de sangue, se não soubesse que não o tinha.  Virou uma esquina bruscamente, fazendo os dois nos bancos de trás reclamarem, mas Alec não se importou. Em algum lugar dentro de deus bolsos, seu telefone vibrou e ele franziu a testa se perguntando quem o ligaria aquela hora.

Pensou em não atender, ele nunca atendia chamadas em uma missão, mas mudou de ideia quando o pensamento de que poderia ser Aro, o atingiu. Puxou então, do bolso da calça, o celular que continuava tocando estridentemente. Não se importou em desviar os olhos da estrada.
A decepção o invadiu quando o nome Heidi apareceu na tela, brilhante e irritante, o fazendo deslizar o dedo pela tela, rejeitando a chamada. A pressão no volante aumentou, e ele usou todo o auto controle que aprendera a ter para manter a expressão impassível, longe de vestígios de cólera com a vampira que não largava mais de seu pé.

Atrás de si, Alec ouviu o som de saliva sendo trocada e virou mais uma curva, provocando solavancos no carro.

 

 

                   (...)

 

 

— O nome dela é Mandy e trabalha no departamento administrativo federal.

 

— E conseguiu alguma coisa? - perguntou Demetri.

 

— Claro que consegui - respondeu Alec, mostrando um cartão com um número de telefone e um envelope pardo recheado. - A garota me confidenciou algumas investigações que a polícia daqui de Seattle anda fazendo. Não é muito diferente da de Forks, mas ainda acreditam que as mortes são provocadas por animais, porém como Mandy contou, algumas pessoas começam a discordar disso. Ela vai me ligar se souber de mais alguma coisa.

 

— E como foi que você conseguiu arrancar isso dela? - Rosalie questionou, as mãos na cintura.

 

— Charme - Alec encolheu os ombros, afastando os cabelos da testa displicentemente.

 

 

  Demetri riu, Jane sorriu pomposamente. O resto dos vampiros bufou. Estavam no estacionamento subterrâneo de uma das delegacias de Seattle, a última que restara. Passaram toda a manhã observando o movimento da cidade, se espalhando pelas calçadas e ruas, agindo como humanos indefesos em busca de alguma atividade anormal por perto. Mas o vampiro assassino em série não aparecera ali naquele dia. Não que tivessem percebido. Já era tarde, e todos tinham o mesmo espírito cansado presente na voz e talvez nas expressões; não pararam de procurar e correr a estrada desde que saíram da mansão Cullen, no dia anterior.


 Rosalie era a que mais reclamava, embora fosse Jane que Alec tinha que ouvir se queixando dentro do carro. Os outros pareciam conformados com o tempo gasto até ali, ainda que trocassem afrontas com uma frequência elevada.

 

— Que seja - disse Edward, impaciente. - Vamos voltar para casa, não há mais nada aqui para procurar.

 

 

Ele trocou um olhar profundo e demorado com Alec, que por fim, concordou sem entusiasmo. Em silêncio mórbido, os dois clãs entraram em seus carros e os conduziram para fora do estacionamento subterrâneo, pegando a estrada de volta para Forks. A viagem pareceu mais curta, porém deu tempo suficiente a Alec para pensar.
 Suas expectativas não foram suprimidas ao todo, mas pelo menos não voltaram de mãos abanando. Conseguira informações e o número de celular de Mandy, e ter uma pessoa por dentro das investigações policiais mais aprofundadas, era sempre o primeiro passo para melhores informações.

Seus músculos relaxaram no banco, e em algum lugar de sua mente, como uma névoa sorrateira, a direção de seus pensamentos mudaram para mais um de seus questionamentos: quem era a garota que Renesmee Cullen tanto falava e que tinha o nome familiar aos seus ouvidos? A pergunta vinha em sua cabeça sempre que ficava distraído, sem planos para elaborar ou discussões para interromper; e na maioria das vezes, isso o deixava aborrecido. Alec balançou a cabeça, espantando o pensamento.

As temperaturas baixaram a medida que ia dirigindo o carro, o ruído dos ventos e dos pneus em contato com a estrada entravam e saiam de sua audição e só quando a massa escura e pesada de nuvens disformes apareceu no céu, foi que soube que tinham retornado a Forks.
Tudo o que mais queria depois daquelas vinte e quatro horas de estrada com os três cullens era um banho quente e a cama que o esperava no hotel, porém, quando Edward fez sinal com os faróis do carro na direção da entrada da floresta onde abria caminho para a mansão, Alec soube que tinha que colocar os outros a par de tudo. Então girou o volante, seguindo atrás do volvo pela estrada que ladeava a floresta.

A noite já caíra, estava escuro e tudo que se via era a mata abundante e as copas das árvores que cobriam a maior parte do caminho, comprimindo a estrada para uma fileira de asfalto. O céu acima não possuía nenhuma estrela, nem continha o brilho da lua que não apareceria naquela noite, e só quando o gemido aborrecido de Jane soou, foi que Alec visualizou as luzes da fachada da mansão Cullen a metros em frente.
Ele estacionou o Jaguar ao lado do Volvo de Edward, que acompanhado de Jasper e Rosalie, saltaram do carro se diantando sem esperar para dentro da casa. Jane e Demetri trocaram um olhar desaprovador e seguiram no encalço dos três, rumando para a porta.

Alec ficou por último, e enquanto ia subindo os degrauzinhos da escadinha que levava até a fachada da mansão, ouviu um barulho estranho ao redor. Ele parou de súbito, os olhos esquadrinhando o local, os ouvidos aprimorados atentos, e se focou nas moitas que circundavam em torno da casa. Esperou ouvir mais alguma coisa, mas nada aconteceu. Talvez fosse só o farfalhar das folhas provocado pelo vento, pensou e virou as costas, seguindo até a porta.
 A recepção de boas vindas que encontrou do lado de dentro, o desconcertou. Amontoados no meio da sala, em um grande abraço coletivo, se encontrava todos os Cullens, com o lobo fedorento como bônus, murmurando coisas para Edward, Jasper e Rosalie. À parte disso tudo, seus dois amigos e sua irmã estavam parados, no hall de entrada, observando a cena se desenrolar com os rostos inflexíveis.

Alec se sentiu mais aliviado por eles estarem ali, e caminhando o mais silencioso que pode, foi se juntar aos três que o encararam parecendo satisfeito por poderem pôr os olhos em outra coisa que não fosse a troca de afeto dos vampiros de olhos dourados. A comoção durou mais ou menos uns dois segundos até todos se soltarem e perceberem que os Volturi estavam ali.

 

— E então, como foi? - Carlisle foi o primeiro a perguntar, desencadeando uma enxurrada de perguntas afoitas que eram feitas ao mesmo tempo.

 

— Conseguiram alguma coisa?

 

— Encontraram o vampiro?

 

— Minhas visões não estão funcionando! Não consigo ver nada! - exclamava Alice, histérica - Tentei ver vocês por diversas vezes, mas tudo que alcançava era um clarão, por isso desisti na metade do dia... E então?

 

Ele nem piscou, e dirigiu um olhar paciente a Edward, que tinha uma careta estranha no rosto. Pendurada em seu braço direito estava Renesmee, e no esquerdo, Bella. Alec ergueu as sobrancelhas para ele, esperando.

 

— Conseguimos alguma coisa, sim - o Cullen comentou.

 

— Na verdade, foi eu - Alec corrigiu, cruzando as mãos em frente ao corpo.

 

  O vampiro o lançou um olhar fulminante.

 

— Tanto faz - decretou. - O importante é que temos as informações, e começaremos a trabalhar nelas.

 

— Tudo bem, querido - Esme disse com bondade sorrindo para o filho adotivo.

 

  Alec viu Félix limpando as unhas enquanto ignorava a conversa. Teve vontade de fazer o mesmo.

 

— Ótimo trabalho, pessoal - tornou Carlisle balançando a cabeça, e sorriu para os quatro Volturi. - Onde é que está o material que conseguiram? Quero começar a ler.

 

— Está comigo - Alec respondeu começando a tirar o envelope pardo do bolso. Então aconteceu.

 

 

Os vidros das janelas e portas explodiram, atirando cacos para todos os lados. Todos gritaram se abaixando. Alec fechou os olhos por conta dos estilhaços, mas ouviu quando alguém passou voando por si, atirado para o alto pela força da explosão. Não pensou muito, só fechou a mão em torno do pulso de quem quer que fosse e o ajudou a continuar de pé, sentindo o cheiro de sangue impregnar suas narinas.

Então abriu os olhos, e quando fez isso, se deparou com os claros da híbrida o encarando assustada, sustentada apenas por sua mão. Ele observou o filete de sangue que escorria da testa de Renesmee por conta do estilhaço que estava fincado ali, e percebeu a maneira tonta que ela bambeava nas pernas, e praguejou alto por isso enquanto tentava entender o que acontecera. Ouviu rosnados e sons de pancadaria, e imediatamente entendeu quando olhou pelas aberturas livres que costumava ser a porta e as janelas: figuras de pessoas pulavam para dentro de casa, eram sete ao todo.

Quatro homens e três  mulheres. Os olhos extremamentes vermelhos, as bocas abertas em um rasgão com os caninos a mostra e a força sobre-humana tirando os obstáculos que eram os móveis da frente, indicavam a Alec que se tratavam de vampiros. Malditos vampiros.

Ele olhou em volta, ainda segurando Renesmee e percebeu que o restante que estava na casa na hora da explosão dos vidros, estavam tão aturdidos como ele, se levantando e olhando ao redor enquanto recuavam se juntando. Alec pensou rápido, surpreendido pelo ataque e confuso com as razões, ao mesmo tempo que seu instinto de general da guarda se manifestou, o levando a perceber que sabia bem o que fazer.

Ele olhou mais uma vez ao redor, procurando por algum Cullen que estivesse mais perto, no exato momento em que um dos sofás voou na direção de Renesmee e na sua. Alec desviou por centímetros, tirando a ruiva do caminho e a jogando por trás de si quando um dos vampiros não convidados apareceu em sua frente, a boca aberta, o cabelo negro e crespo e os olhos vidrados no sangue que escorria da testa da híbrida com uma expressão sedenta. Recém - criados, sem dúvida. Ele xingou alto por cima dos ruídos da invasão, amaldiçoando.

 

 

— Edward! - berrou sem saber se fora ouvido, no instante que o grandalhão avançou em direção a ruiva atrás de si.

 

 

Alec empurrou Renesmee mais para trás, sem saber por que fazia aquilo, sentindo que era o certo a se fazer já que os pais dela não estavam por perto para a protege - lá. Ele se adiantou no ataque, e sabendo tudo o que sabia sobre recém -  criados, não se deu ao trabalho de estender a luta.

O recém-  criado ergueu o punho, e o rosto contorcido foi tudo o que Alec viu antes de em um movimento rápido e bem calculado, desviar do caminho e torcer o pescoço assim que chegou perto o suficiente, sem dar chance ao oponente de tocá - lo. O corpo caiu em um baque sonoro no chão cheio de cacos, e o Volturi voltou a posição de ataque.

Deu mais uma olhada ao redor, agora todos estavam em combate, e como eram treze contra sete - agora seis -, soube que a luta já estava ganha.
Ele observou com mais atenção a sua volta, e viu no outro lado da sala, Isabella correndo aflita em direção a filha atrás dele, com Jacob em seu encalço transformado em um lobo gigantesco; no lugar onde ficavam as janelas, Jasper e Edward terminavam de derrubar outro recém-  criado, maior e mais parecido com um trator do que com o que ele lutara; á sua direita, Alice e Rosalie se levantavam cambaleantes do golpe que outro vampiro as dera; perto da entrada da cozinha, Félix arremessava uma das vampiras recém - criadas; a outra ele viu fugindo pela porta arrombada, Emmett saiu atrás, desaparecendo de vista. Então ele soube que os Cullens haviam perdido o jeito de lutar, e aquilo o fez revirar os olhos. Santos Cullens!

Ele procurou ver se achava Jane, mas seu campo de visão estava sendo bloqueado pelo adversário de Alice e Rosálie, que não estavam obtendo sucesso em derrotá - lo. Alec soltou inúmeros palavrões quando se deu ao trabalho de dominar o recém- criado com sua névoa paralisante, tempo suficiente para as duas vampiras darem um jeito nele. Ele não esperou pelos agradecimentos e foi logo se virando, dando de cara com Isabella arrastando Renesmee da luta, a garota aos berros protestando para ficar.
 

Alec balançou a cabeça, e de relance viu parte do que outrora fora a estante, voar pelos ares, deixando de o atingir por pouco. Ele se virou na direção de origem do arremesso, irritado, e vislumbrou Carlisle estupefado, que atirara o pedaço do móvel com intenção de atingir a última vampira recém - criada que pelo visto machucara Esme, jogada no chão.

 

— Desculpe! - ouviu o Cullen mais velho gritar, mas ignorou e voltou a se virar.

 

Só faltava mais um vampiro para eliminar, disso ele tinha certeza. E, quando percorreu a sala com o olhar, encontrou o inimigo perto das escadas que levavam para o segundo andar da casa, lutando contra Demetri. Alec viu o relance de algo dourado balançar e então percebeu que era o cabelo de Jane, que como o esperado, estava ao lado de Demetri, o ajudando a liquidar o recém-  criado o fazendo mergulhar nas fagulhas de dor que ela provocava enquanto o outro Volturi quebrava o pescoço do adversário.

Alec ficou aliviado ao ver que estava tudo bem com a irmã, e já estava virando as costas para as escadas quando viu: a vampira alta e esguia que atacara Esme e lutava com Carlisle atravessou em uma rapidez incomum a extensão do cômodo, decidida a ajudar o companheiro imóvel no chão, e agarrou Janett pelas vestes, a levantando no ar pelo pescoço enquanto chutava Demetri para longe em um chute certeiro.


  Ele viu a irmã arregalar os olhos surpresa, e entendeu o que aconteceria; Jane morreria, pois não era uma guerreira, ela não lutava corpo a corpo como o restante da guarda. E aquilo o desesperou na mesma intensidade que o enfureceu.
Então, quando percebeu, já estava pulando como um felino pronto para o bote, em direção as escadas. Alec pousou já agachado, em formação de ataque, na frente da vampira recém - criada, e seus olhos viajaram para os da irmã gêmea apavorados.

 

— Não mexa com a minha irmã! - rosnou fazendo a vampira o olhar.

 

Ela abriu a boca em outra rosnado e largou Jane que caiu mole no chão, e rodopiou o corpo para ficar de frente para Alec. Se encararam por uma fração de segundos. Ele ergueu o braço e ela avançou, os dentes para fora enquanto tentava o morder.

Alec desviou por centímetros e jogou o corpo para trás, retrocedendo e voltando a avançar com mais força, fechando a mão em um punho. A recém - criada se abaixou e ele golpeou o ar, o que o só deixou mais encolerizado. Alec sentiu as mãos ásperas dela em seus ombros, o puxando para ela, gingando pela sala, e mais incentivado do que nunca, jogou um dos braços para trás, envolvendo a cabeça da vampira e a puxando com toda a força que tinha, a arrancando corpo a fora em um estrépito.

Alguma coisa pegajosa e gosmenta esguichou para todos os lados, fazendo alguém gritar chocado. O grito poderia ter irrompido dele próprio, Alec não sabia dizer, mas não conseguiu mover nenhum músculo quando se deu conta do que era a coisa pegajosa e gosmenta que o sujava. Sangue. Sangue de vampiro. Mas como era possível se vampiros não possuíam sangue próprio, tirando híbridos? Mas aqueles vampiros não eram híbridos, com certeza que não.


 A cabeça separada do corpo caiu de suas mãos, rolando ocamente pelo chão cheio de fragmentos, e então o silêncio se estabeleceu. Alec levantou a cabeça, percebendo que a luta já tinha acabado.

Os corpos dos inimigos jaziam no chão, imóveis, o que uma hora atrás fora a sala de estar, agora era só pó e destroços dos móveis, e ele sabia que um vinco enorme estava em sua testa enquanto os Cullens o encaravam, tão abismados quanto ele próprio. Seus olhos voltaram para o sangue derramado em suas roupas e em suas mãos, e naquele momento tudo parecia estranho demais. Sem sentido.  Uma parte de seu cérebro tentava processar o que havia acontecido ali e o que significava aquilo; a outra tentava entender o que o burburinho a sua volta estava dizendo.


  Alec piscou duas vezes para recobrar o controle de seu cérebro. Engoliu todos os questionamentos e virou a cabeça na direção onde Jane estava encolhida no chão, as mãos massageando o pescoço de maneira nervosa. Ele se ajoelhou em frente a irmã e tocou no braço dela, a fazendo erguer os olhos que continham aquele brilho estranho e desestabilizado.

 

 

— Está tudo bem - Alec a confortou enquanto a ajudava a ficar de pé, Jane agarrada a ele.

 

Ele fitou os Cullens que se reuniram no meio da sala, todos atônitos e sem palavras. Faltava só Emmet, que não voltara. Alec viu Renesmee irromper pela cozinha acompanhada de Isabella e do lobo que voltara a forma humana, se atirando nos braços de Edward minutos depois. Félix e Demetri se reuniram ao grupo em seguida, e todos se encararam Sem saber por onde começar, a tensão comprimido o ar.

 

— Quem eram eles? - Carlisle perguntou, claramente incapaz de segurar, ainda que soubesse não haver resposta.

 

— Ninguém percebeu a presença deles... - arfou Bella.

 

Alec balançou a cabeça.

 

— Aquela vampira tinha sangue - apontou para o tingimento escarlate em sua camisa. - E vampiros não possuem sangue.

 

O silêncio em que as respirações  ficaram presas foi engolfante, e o Volturi procurou respostas onde não tinha. Encontrou com os olhos atentos e lacrimosos de Renesmee, e ela abriu um sorriso agradecido que fez Alec virar a cabeça para o lado.

Ninguém falou nada, e a tensão e a incompreensão pairou no ar como uma grande esfera de luz, lampejando todas as mentes confusas da sala. Ninguém queria se mexer e começar a limpeza da sala, pois sabiam que aquilo só traria mais perguntas enquanto estivessem arrastando os corpos para jogar na fogueira, mas não puderam não reagir instintivamente quando ouviram passos se aproximando da casa. Todos os vampiros se colocaram em posição de ataque, e esperaram a silhueta aparecer pelo arco que um dia fora a porta.

 

— Se acalmem, sou eu - a voz familiar de Emmet soou antes dele aparecer.

 

Todos relaxaram e Rosalie foi a primeira a se precipitar e se atirar na direção do grandalhão, o envolvendo em um abraço. Emmett retribuiu o afeto e a largou em seguida, se virando para onde os dois clãs estavam agrupados, permitindo uma ampla visão dos arranhões em seu rosto machucado que começava a cicatrizar.

 

— O que aconteceu com você, Emm? - Alice foi quem perguntou.

 

O Cullen deu um encolher de ombros.

 

— Fui atrás daquela vampira, e vou dizer, ela era louca! Tentei a alcançar, e quase consegui, mas a maldita me escapou por centímetros e ainda arranhou meu rosto todinho - ele bufou enquanto apertava algo nas mãos que parecia ser pequeno. - Mas era louca mesmo. Enquanto fugia de mim não parava de sibilar coisas desconexas... "precisamos enviar a mensagem"... "fomos designados para isso"... "O Senhor das sombras se levantará"... Uma completa louca! E ainda deixou cair isso aqui.

 

  Abrindo a palma da mão, Emmet deixou a mostra um pequeno colar dourado de corrente fina. Pendendo no meio, havia uma pedra esverdeada  simples. As sobrancelhas de Alec se uniram, e ele repassou as palavras recém ditas de Emmet, percebendo não fazerem nenhum sentido.

 

— Foram designados? Mensagem? Colar? O que será que isso quer dizer?

 

— Não sei, e acho que não saberemos já que a vampira fugiu, mas que isso é estranho, isso é...

 

— Espere - murmurou Renesmee, se soltando do pai. - Deixa eu ver esse colar, tio.

 

 

Com a atenção de todos, a híbrida caminhou até Emmet, estendendo a mão. O grandalhão a olhou curioso e entregou o colar, sem fazer questionamentos. Alec esperou, assim como todos na sala, os olhos da ruiva analisarem a joia. Aos poucos segundos, mas quando enfim ela acabou, seu rosto se levantou sem nenhum sinal de cor, e seus olhos se arregalaram assombrados quando falou, para ninguém particularmente:

 

— É o colar que a Brooke usava no começo da semana.

 


  

 


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Notas finais do capítulo

Considerações finais: OLÁ! Estou aqui, como sempre atrasada, para falar um pouquinho sobre o capítulo e explicar o por que da demora.
Bem, para essa última parte, eu só tenho uma coisa a dizer: a vida. A vida e seus imprevistos. E por um milagre, consegui postar o segundo capítulo do mês (O que não iria acontecer). Porém, como eu queria muito dar um presente de Natal (atrasadíssimo) para vocês, e desejar um próspero Ano Novo, tomei vergonha na cara e apareci u. u
Que 2017 nos traga só coisas boas, vibrações positivas e muitas cenas #Broolec! (Para quem for shippar Alec e Brooke sz)

E, voltando ao capítulo: MEU DEUS! A primeira de muitas cenas de ação que ainda acontecerá na fanfiction! Me surgiu uma vontade irrefreável de começar com o suspense e o enigma, então encaixei a luta para ser uma coisa mais "oh meu deus!"
Infelizmente não posso falar muito sobre esses sete vampirinhos do mal que apareceram para iniciar a pancadaria... Mas se eu fosse vocês, focava no aviso nas entrelinhas que quis ser passado, hein!
E Brooke minha gente? O que o meu bebê tem a ver com isso?

Façam suas apostas, e segue em seus forninhos, porque o negócio vai ferver...

Qualquer erro ortográfico que encontrarem no capítulo, não hesitem em me comunicar, pois ele não foi revisado totalmente.
E antes de me despedir, queria dizer que já estamos na marca de vinte e sete acompanhamentos, quase mil visualizações e eu estou muito grata por isso! Amo muito cada um de vocês e fico feliz por estarmos crescendo a cada dia.

Até o próximo... Beijos açucarados! ❤

~ VAMOS COMENTAR ~ *-*



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