Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 5
Chapter 4: Os Cullens


Notas iniciais do capítulo

OIE! Como sempre, atrasada *-*
Mas, antes de começar o novo capítulo, eu tenho que me desculpar com vocês por esse mega atraso, pois eu estava no período final de provas e adivinhem? ESTOU DE FÉRIAS! E agora se o senhor quiser (que ele queira) atualizarei a fic com mais frequência okay?
Agora, só mais uma coisinha antes do capítulo:

Queria agradecer as seguintes pessoinhas queridas que deixaram comentários tão lindos e incentivadores! Um beijão para elas e saibam que esse capítulo é dedicado a vocês:

♡ Miss Woods
♡ Elizabeth
♡ Terumy M W Lahote
♡ Gaby SPN
♡ Cássia Novaes

AMO VOCÊS!

~ Boa Leitura ~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709638/chapter/5

 

Brooke

 

Cheiro de fumaça... Gritos histéricos e ensurdecedores... As chamas quase lambendo sua pele... Um choro compulsivo... A visão turva... O som de ossos se partindo... Sua mãe berrando... Penny ao seu lado imóvel... A ponta de algo afiado e quente feito brasa pressionando seu rosto... Então tudo voltou a ficar silencioso...

 

Foi dando um salto da cadeira que ela acordou e percebeu que estava na cozinha de casa. Na sua nova casa. Em Forks. Não em Denver. Não no carro. Não no dia do acidente. Fora só um sonho, um terrível sonho que costumava ter nas madrugadas. Entretanto, era dia, sete em ponto da manhã de uma segunda - feira, a segunda dela ali.
Percebeu que estava ofegante pelo recente sonho e respirou fundo, apoiando os dois cotovelos na mesa e afundando o rosto em ambas as mãos, sem saber por que fazia aquilo exatamente. Brooke só se sentia cansada, extremamente cansada. Não era físico, sabia disso, era algo mais puxado para espiritual e mental. Também sabia que aquela sensação já estava se tornando habitual, e ainda que a frustrasse, não podia deixar de sentir. Assim como também não podia deixar de reparar nas mudanças que ocorreram em tão pouco tempo: A menos de um mês atrás, estava conformada em viver na casa e na cidade onde crescera e vira sua irmã mais nova morrer, aguentando firme as paranoias e negações de sua velha e excêntrica mãe. Agora, se encontrava em um cenário completamente diferente e estranho, onde frequentava uma nova escola que virara celebridade por sua fama de recém chegada, ia e voltava pelas ruas úmidas, frias e desertas da cidade pacata, sua mãe não parava mais para lhe dá mais do que cinco minutos de atenção depois que resolveu abrir um novo negócio de vendas, e a nova onda de assassinatos não a deixavam tranquila.

E ainda assim, Brooke se sentia sozinha. Mais sozinha do que nunca. Achava que, mesmo que tudo tivesse mudado, a dor da perda e a inevitável verdade do lugar vazio que Penny houvera deixado, não mudava em nada. O fato ainda continuava ali. E isso a desgastava. Era como estar sentada vendo sua vida passar diante de si sem realmente vive - lá, ainda que fizesse de tudo para se levantar e seguir em frente. Era difícil, muito difícil.

Sacudiu a cabeça abaixando as mãos do rosto e soltou um suspiro pesado quando concluiu que continuar com aquele comportamento depressivo não a levaria em lugar nenhum. Tirou os cotovelos da mesa e fitou os ovos mexidos intocados no prato. Mexeu com a ponta do garfo e torceu o nariz quando percebeu que já estavam frios, o que achou conveniente já há que não tinha apetite para come - los.
Seus olhos recaíram no lugar desocupado á sua frente, onde Marcy deveria estar. Sua mãe... Brooke segurou um novo suspiro ao se dar conta de que poderia contar nos dedos de uma só mão a quantidade de vezes que elas tomaram café da manhã ou qualquer outra refeição juntas nos últimos dias. Era evidente para ela que o fato da mãe ter aberto uma loja de artigos para decoração em Seattle não era só pelo motivo de terem que ter alguma renda financeira para casa, já que Marcy abandonara o emprego de corretora de móveis quando resolvera deixar Denver, e sim principalmente para se manter ocupada, em movimento, com a mente cheia. Era um bom método para não se deixar pensar, se afundar no trabalho, e fora isso que sua mãe fizera. Brooke só esperava que Marcy percebesse o quanto antes que ainda tinha outra filha para fazer o papel de mãe, e que ainda que fosse egoísmo, que ela voltasse logo para si.
Terminou o último gole do suco quando o relógio redondo na parede apitou indicando as sete e meia, e ela soube que já estava na hora de ir para a escola, enfrentar a ascensão de sua pessoa que ainda não havia acabado. Pensou que uma semana depois das pessoas conhece - lá, já se dariam por satisfeitas e parariam de olha - lá e comentar sobre ela, mas se enganou profundamente. Agora, parecia que a etapa que estava enfrentando era a segunda, onde a maioria das pessoas tentavam se aproximar e descobrir mais sobre si, o que certamente, ela dispensava sem pestanejar.

 

Entortou a boca com o pensamento, e sem cerimônias, afastou a cadeira, se levantando em um pulo. Apanhou toda a louça que sujou e levou para a pia, agarrando na mochila no chão e saindo da cozinha em seguida. Ela verificou se todas as janelas e portas da casa estavam trancadas, e quando teve certeza, abriu a porta da entrada, saindo em seguida e a trancando atrás de si com a chave extra que tinha.
O que Brooke encontrou no lado de fora foi o mesmo de sempre: o tempo fechado e as nuvens carregadas de chuva para mais tarde, já não se importava mais com o clima do lugar. Seus olhos se focaram no jornal deixado no tapete abaixo de seus pés ao qual ela pisava. Rápido, Brooke se abaixou e apanhou a fonte de informações, fazendo a mesma careta que fazia ao constatar que ter o jornal entregue na porta de sua casa não era brincadeira ali naquela cidade, ainda que muito amável da parte do entregador. Ela desdobrou o jornal, e já na primeira página, sua atenção se prendeu no título da manchete:


"Assassinatos saíram de moda: Agora desaparecimentos são a nova febre de Forks"

 


 Brooke pestanejou indignada. Sabia sobre os desaparecimentos de pessoas já fazia alguns dias, tinha visto na televisão, mas se perguntava como é que alguém ainda conseguia fazer um título tão trocista como aquele. Seus olhos se abriram bem depois que leu as palavras ali escritas, e pularam rapidamente para o vizinho idoso vestido em um roupão roxo, do outro lado da rua, que a olhava com uma carranca no rosto enquanto apanhava seu próprio jornal em seu tapete. Brooke corou, e tentou um sorriso simpático para o senhor que, ainda carrancudo, virou as costas e entrou dentro de casa, batendo a porta com um estrondo. Ela franziu as sobrancelhas, sabendo que aquele era o tipo de vizinhança que tinha, depois que a conheceu e todos os moradores ali pareceram não ir muito com sua cara e a cara de sua mãe. Felizmente, ela não lamentava.


 A única coisa que lamentava, naquele momento, era olhar para os rostos das imagens distribuídas no jornal, e perceber que eram mais vítimas. Vítimas do inexplicável que acontecia na cidade. Vítimas de alguma alma perturbada e doentia. A verdade era que Brooke estava com medo, não de ser a próxima vítima a morrer, pois não tinha medo da morte, e sim medo do viria depois. Chegou em Forks justamente quando os crimes começaram, e avisou sua mãe sobre aquilo, mas Marcy não lhe deu ouvidos. Disse - lhe que logo achariam o culpado, e tudo ficaria bem, mas Brooke sentia que não ficaria. E, o que veio depois dos assassinatos e ataques, foi os desaparecimentos. Pessoas simplesmente sumiam, assim, do nada. Homens e mulheres saiam de casa e não voltavam mais.

Deixou o jornal no mesmo canto que o encontrara, e sentiu uma agitação crescente dentro de si com os últimos pensamentos. Balançou a cabeça lentamente, querendo expurgar sua mente, e sem mais delongas, saiu para a rua deserta aquela hora da manhã. Brooke olhou para todos os cantos apreensiva, de certo, cuidado nunca era demais. Então tentou relaxar e esquecer o assunto, puxando o capuz negro de seu casaco para cobrir a cabeça do sereno. E enfim, sem querer se atrasar, começou a caminhar na direção onde sabia que a escola ficava.

 

 

 

Cerca de quinze minutos depois, os prédios conjuntos da escola apareceram em seu campo de visão, e com eles, inúmeros rostos que ainda eram desconhecidos para Brooke. Seus passos foram rápidos em direção ao prédio 2, onde teria sua primeira aula do dia, química. Ela avançou circulando o estacionamento, a cabeça baixa e a alça da mochila passada por um de seus ombros. Ainda recebeu alguns dos olhares costumeiros de interrogação quando passou, mas a verdade era que não tinha feito contato com nenhuma pessoa ali.

 

 

— Ei, Brooke!

 

Exceto uma.

 

Ela ouviu o chamado quando entrou pelas portas do prédio. Então parou, procurando localizar o dono da voz que já sabia quem era. E o encontrou andando em sua direção pelo corredor da esquerda, próximo aos armários, um grande sorriso no rosto, o mesmo de semana passada. Logo, a figura de um garoto com a mesma idade que a sua, alto, magro, com a mochila pendendo de um lado, loiro de franjinha jogada na testa, e olhos azuis, cruzou o seu olhar.

Gaz Julions. O carinha fofo da aula de álgebra avançada II. O que havia errado seu nome.

 

— Ah, oi.

 

— Oi! Então, atrasada? - ele levantou a pergunta com um sorriso tímido e animado no rosto, parando de frente á ela.

 


Brooke lutou contra a vontade de erguer a sobrancelha, incomodada. Não sabia como e nem quando, mas só sabia que Gaz se aproximara dela de uma maneira irrefreável. Ela não tinha feito planos para começar uma amizade com ninguém ali, mas, parecia que o garoto não desistia fácil. Não se lembrava de como a interação dos dois começara, só sabia que até o fim da semana passada, eles já estavam conversando durante a aula. A única memória que tinha, era de Gaz correndo atrás de si em seu segundo dia ali na escola, se apresentando devidamente e fazendo pedidos de desculpas repetitivas por ter errado seu nome no outro dia.
E agora ele estava ali, parado de frente a ela, com o sorriso morrendo no rosto a espera de uma resposta.

 

 

— O que... Oh, não - Brooke bateu os cílios, constrangida. - Mas se não me apressar, vou estar. Foi bom te ver, Gaz...

 

 

— Espera! - ele exclamou em um fôlego só, a fazendo parar e o encarar atenta. - Qual aula você tem agora?

 

 

Brooke viu as bochechas do loiro a sua frente se avermelharem, e como sempre, ela o achou fofo.

 

 

— Química.

 

— Achei que diria isso - ele abriu um grande sorriso, e se colocou ao lado dela, a encarando divertidamente. - Porque essa também é a minha, Evern.

 

 

Sua única reação foi fazer uma careta. Não por não gostar da presença do outro, mas sim porque não sabia o que falar. Gaz a fitava a espera de uma reação, e Brooke sabia disso, então por fim, optou por um leve acenar de cabeça e uma batidinha no ombro do rapaz, o que o fez abrir um sorriso maior ainda.

 

 

— Ótimo, Julions. Vamos nessa, então.

 

 

E assim, os dois partiram lado a lado para a primeira aula do dia, engatados em uma conversa supérflua, atraindo alguns olhares especulativos pelos corredores. Brooke não se importou com eles como pensou que se importaria, nem ligou para o fato de estar quebrando o acordo que fizera consigo mesma de não deixar ninguém daquela cidade se aproximar. Gostava de Gaz, ele a fazia rir mesmo que não quisesse, a fazia se lembrar do que já fora um dia, ainda que minimamente, e por enquanto, esqueceria de seus julgamentos com aquela cidade.

 

 


                                  (...)

 

 

 

As risadas de Gaz se misturavam com a voz arranhada do professor no ouvido de Brooke, e a muito custo, a garota segurava o riso dos comentários maldosos que o loiro ao seu lado fazia referente ao velho careca explicando a aula. Foi só quando deixou o riso fluir baixinho, que perdeu a paciência e deu um cutucão no garoto, o fazendo rir mais alto ainda e chamar a atenção do Sr. Finegan, o professor de filosofia, a segunda aula que tinham juntos no dia.

Felizmente, o sinal avisando o intervalo soou e todos se levantaram.

 

 

— Sabe, é um bonito colar - Gus comentou quando passavam pelas portas da sala de aula, apontando para a pequena pedra esverdeada pendente no pescoço de Brooke. O ar de riso ainda estava em seu rosto, e ela não duvidava nada que em seu também.

Coisa que tratou de mudar rapidamente.

 

— Presente da minha mãe - respondeu simplesmente, balançando os ombros enquanto viravam o corredor.

 

— Legal.

 

O silêncio caiu entre os dois, pela primeira vez no dia, e o aproveitando, entraram pelas portas do imenso refeitório, notando a algazarra de sempre. O silêncio se fora, e agora tudo o que Brooke conseguia destacar, era o som de risadinhas e conversas entre os grupos de alunos distribuídos pelas mesas. Ela caminhou ao lado de Gaz como fez na primeira vez que esteve ali na outra semana, e se encaminhou para a fila da comida, puxando uma bandeja prata onde foi ocupada somente por uma maçã.
Os olhos azuis fitaram a fruta na bandeja e se cravaram na morena, erguendo as sobrancelhas em seguida.

 

— O que?

 

— Só isso? Uma maçã? De novo? Sério? - Gaz começou com a testa franzida enquanto apontava para a própria bandeja, ao qual tinha uma boa porção de babatas e frango frito. - Você nunca come não, é?

 

Brooke bufou, saindo da fila e começando a procura de uma mesa pelo refeitório lotado.

 

— Só não estou com fome - murmurou sem parar para observar a cara de indignação do loiro.

 

Como assim, não está com fome? Como é possível? Eu sinto fome a todo momento, a toda hora. Eu preciso de comida para sobreviver, você também. Quem vive sem comida? Ninguém!

 

— Ai, Gaz...

 

Ela continuou ouvindo os argumentos do rapaz por uns bons minutos até que encontrassem uma mesa livre, perto da saída lateral do refeitório. Sentaram - se ainda argumentando, mas quando ela colocou um ponto final na história, Gaz não insistiu e resolveu dar atenção as suas batatas.
Ela apanhou a maçã da bandeja e a encarou, observando os traços da casca da mesma, pensando se realmente estava com fome, o quanto equivaleria as gramas ganhadas daquela simples fruta, se realmente precisava comer...

 

— Eununcatevejodecabelosolto.

 

Brooke piscou.

 

— Quê? - indagou voltando a deixar a maçã na bandeja e se concentrando em Gaz.

 

— Eu disse - ele repetiu terminando de mastigar e engolindo o frango, agora mastigado. - Que nunca te vejo de cabelo solto.

 

— Oh - disse ela quando percebeu que ele estava se referindo ao seu longo cabelo jogado no rosto. Brooke alisou a parte do rosto com a cicatriz e abaixou os olhos da figura de Gaz, pigarreando. - Eu não gosto de prende - lo.

 

Achou que talvez seu tom tivesse saído muito agressivo, porque quando voltou a encarar Gaz, seu rosto assumira novamente aquela vermelhidão e ele começara a remexer com o garfo as batatas, evitando olha - lá.

 

— Hum, certo. É que eu nunca a vi prende - lo.

 

Ótimo, pensou irritada consigo mesma. Não tivera intenção de ter sido grossa com Gaz, era só que aquele era um assunto sensível para se tocar, ainda que ele não soubesse. Sua cicatriz estava ligada ao acidente, e isso não a fazia feliz.
Suspirou baixinho, frustrada consigo mesma, e deixou seus olhos vagarem para qualquer lugar senão a figura do amigo. Brooke viu rostos e mais rostos, expressões contentes e estressadas; observou por um tempo a fila da cantina que ia diminuindo gradativamente e só então, quando já ia se voltando para a maçã em sua bandeja, foi que os viu.

Eram oito, sentados na mesa mais afastada do ambiente, silenciosos e as pessoas mais bonitas que ela já vira na vida. Todos com bandejas de comida imaculadas. Eram quatro garotas, e quatro garotos, todos com as mesmas características impressionantes: pele pálida quase translúcida, olheiras roxas abaixo dos olhos que eram de uma mesma cor âmbar puxada para dourada e uma beleza inumana. Exceto, como viu, o que estava sentado na ponta da mesa, um rapaz com uma expressão risonha e sarcástica no rosto, que diferente dos outros, tinha a pele bronzeada e traços indígenas, o cabelo negro cortado baixo e músculos abençoados.
Brooke ficou em um estado que beirava o fascínio e a intriga com aquilo. Seriam todos irmãos ou algo assim? Mas sua pergunta foi respondida quando a loira que parecia ter saído de alguma capa de revista da Vogue, inclinou - se e beijou o rapaz mais alto do grupo, tão alto que se parecia com um armário ambulante que parecia fazer piada a todo momento. Talvez não fossem da mesma família, assim como pensou.

 

Ela virou o corpo um pouquinho para o lado para ter uma visão melhor e observou, incapaz de não o fazer, um por um naquela mesa. Na outra ponta, entre a garota loira e o rapaz alto que beijara, estava uma figura miúda da segunda garota com um estranho corte de cabelo negro, que tinha uma expressão louca no rosto e que estranhamente se assemelhava com uma fada de histórias infantis. A garota miúda, falava empolgada com um loiro ao seu lado, que mantinha o braço enroscada na cintura da menina, e que sem sombras de dúvida, era o mais estranho ali. Ele lembrava um pouco a loira que talvez fosse modelo da Vogue como Brooke suspeitava, e tirando isso, a única coisa que poderia achar do rapaz, era que ele parecia estar sentindo alguma espécie de dor com aquela expressão sofrida e tensa que tinha no rosto.
Inclinou a cabeça imperceptivelmente para a direita, afim de observar as três pessoas restantes. Agora seus olhos escuros pousavam no mínimo sorriso da terceira garota, direcionado para o cara ao seu lado. Ela tinha cabelos castanhos achocolatados até a altura do busto e traços que eram familiares para Brooke. A garota abriu outro sorriso para o cara ao seu lado e curiosa com isso, ela olhou para o centro da mesa, fitando o rapaz responsável pelos sorrisos. Era muito bonito, realmente. Como todos ali. Mas o que chamava atenção era seu incrível cabelo cor de cobre em um topete, e seus traços que juntamente com os da menina de cabelos achocolatados, faziam Brooke lembrar de alguém...

Seu olhar recaiu na última garota, uma figura espremida ao lado do garoto bronzeado, e por fim, se lembrou de quem. O longo cabelo ruivo cobreado estava ali, assim como as bochechas, que diferente dos demais, eram rosadas. Ela estava rindo de alguma coisa que alguém falara, e não percebera o olhar confuso de Brooke para si.

 

É a garota da minha sala.

 

A constatação do pensamento a pegou de surpresa, assim como o olhar âmbar puxado para o dourado que cruzou com o seu. Quando percebeu, o garoto do topete cor de cobre, a olhava intensamente do outro lado do refeitório, com tanta intensidade que parecia que iria perfurar seus globos oculares. Brooke sentiu o sangue se concentrando em seu rosto, e tratou de virar a cabeça rapidamente para a frente quando mais sete pares de olhos se focaram nela. Não sabendo se morria de vergonha por ter sido apanhada encarando ou de curiosidade por aquelas pessoas.

 


— Quem são eles? - se viu perguntando em voz alta, fazendo Gaz levantar a cabeça e a encarar de boca cheia.

 

— Efes guem? - ele devolveu a pergunta antes de engolir, acabando por deixar escapulir pedaços de frango da boca.

 


Brooke se esticou para frente, ainda sentindo os olhares em si e ainda sentindo o rosto pegar fogo.

 


— Eles ali. Na mesa mais afastada. Os mais bonitos - sussurrou tentando apontar sutilmente para a mesa atrás de si.

 


 Gaz a encarou pensativo por alguns minutos. Em seguida, seguiu a direção do dedo apontado da morena e espiou por cima do ombro dela, prendendo os olhos em um ponto fixo por alguns segundos. Ele só voltou a olha - lá quando conseguiu mastigar e engolir toda a comida que colocara na boca.


— Ah, são os Cullens.

 

— Fale baixo!

 

— Por quê? - O loiro ergueu as sobrancelhas, se inclinando também na mesa. - Eles estão olhando para cá.

 

 
Oh, não... Brooke só queria cavar um buraco e enfiar a cabeça lá pelo resto do dia. Por fim suspirou.

 


— Que seja. Eles são parentes?

 

— São. Menos o moreno e a de cabelo castanho, os dois são irmãos biológicos e ela namora um deles. O Sr. e a Sra. Cullen os adotaram, então é, são tipo isso - Gaz sussurrou para a amiga. - Ainda que não hajam como uma família normal.

 

— Por que você diz isso? - Brooke não conseguiu conter a curiosidade e a cada coisa descoberta, parecia ficar mais fascinada por aquelas pessoas.

 

— Qual é? Não está óbvio, Broo? - um sorriso malicioso ocupara o rosto de Gaz. - Eles vivem juntos e tenho certeza que se pegam! Você acha isso normal?

 


Não. Ela não achava. Mas não teve tempo para responder, pois quando abriu a boca, o amigo já continuava:

 

— Ninguém acha. Mas por mim - deu de ombros arriscando um novo olhar por cima do ombro dela. - Enfim... Se você olhar para o trás vai poder vê - los: da esquerda para a direita, Jasper Hale, Alice Cullen, Rosalie Hale (ela é irmã gêmea de Jasper), Emmet Cullen, Isabella Swan Black, Edward Cullen, Jacob Swan Black e Renesmee Cullen - essa daí faz aula com a gente.

 

Então o sinal tocou, não a dando nem tempo de processar os nomes. A única coisa que Brooke teve certeza foi que agora entendia porque a garota era tão bela: aquela era sua família, e os genes eram bons.
Piscou os olhos lentamente, tentando se livrar da nuvem densa de perguntas que se infiltraram em sua mente, percebendo que metade do refeitório já se ia pelas portas. Viu também aqueles estranhos belos que agora sabia os nomes, se levantarem em sincronia, andando graciosamente com as bandejas de comida intactas nas mãos. Brooke os acompanhou com o olhar, e em minuto nenhum, algum olhou para ela, o que ela agradeceu. Foi só no momento em que os Cullens cruzaram o refeitório, desaparecendo pelas portas, que conseguiu respirar aliviada.
Deixou - se relaxar na cadeira, observando sua maçã intocada. Ouviu quando Gaz arrastou a cadeira e levantou os olhos para ele, que tinha a boca suja de comida.

 


— Terminei. Vamos?

 

E logo, os dois já estavam cruzando a saída também.

 

 

 


  Fazia tempo que seu estômago não reclamava daquele jeito. Talvez ele tivesse perdido o costume, Brooke pensou e no instante seguinte já estava espantando o pensamento para longe. A sua volta, as pessoas causavam uma balbúrdia para sair da sala estreita, visto que o sino anunciando o final das aulas naquele dia, acabara de soar. Esperou pacientemente até que todos tivessem deixado a sala e quando isso aconteceu, levantou recolhendo o material e seguiu para a saída, sozinha. Não sabia onde Gaz estava, não tiveram mais nenhuma aula juntos depois do intervalo, e até ali, seu dia fora entediante. Ela seguiu pelos corredores agora mais vazios e desviou o caminho para o banheiro feminino no primeiro piso, precisava usa - ló rapidamente. Assim que Brooke entrou no sanitário, percebeu estar vazio, e agradeceu não encontrar alguma garota se maquiado de frente ao grande espelho ligado as pias de mármore na parede diagonal. Se apressou a entrar na primeira cabine que achou e jogou a mochila no chão, abrindo o zíper da calça.

 

Demorou menos de dez segundos, e quando ela saiu da cabine, arrastando a mochila pelo chão, ergueu a cabeça para o espelho, tomando um enorme susto que a fez gritar estridentemente. Eram os olhos azuis de Penny que a encaravam.
Brooke piscou e não encontrou nada ali a não ser seu próprio reflexo em pânico a fitando. Deu um passo a frente e tocou o vidro embaçado do espelho, esperando conseguir atravessa - lo com o toque e encontrar a irmã do outro lado. Mas nada aconteceu.
Mas como? Pensara... Pensara ter visto os olhos de Penny... Eles estavam a encarando... Pareciam tão tristes... Como...?

 


— Está tudo bem por aqui? - uma voz melodiosa e suave invadiu o espaço fazendo Brooke pular no lugar.

 

Quando se virou, deu de cara com uma cabeleira ruiva cor de cobre inclinada em sua direção, então lá estava a garota - Renesmee Cullen, pelo que se lembrava - a encarando preocupada e atenta.
Brooke ficou surpresa com a presença radiante da garota ali, mas ainda estava atordoada com o que vira segundos atrás para se concentrar nisso. Procurou a voz por alguns instantes, e quando a achou, abriu a boca, mas voltou a fechar por não saber o que falar. Estava realmente tudo bem? Ela não sabia. Por fim, optou por balançar a cabeça positivamente.

 

— Eu ouvi o seu grito - Renesmee continuou, receosa. - Fiquei preocupada e vim ver o que aconteceu... Mas você disse que está tudo bem - tentou um sorriso fraco ao qual não foi correspondido. - Sou Renesmee Cullen.

 


E lá estava a mão pálida e pequena estendida em sua direção.

Brooke olhou para aquilo e não soube como agir. Ainda estava mexida com o que viu, e se estivesse em seu estado de nervos normal, não sabia se teria estendido a própria mão também.

 

— Brooke Evern - respondeu, e apertou a mão de Renesmee Cullen.

 


— Eu sei. Acho que não há ninguém desta escola que não saiba - e então sorriu docemente, recebendo uma careta da morena pelo comentário. - Desculpe, é que as vezes eu falo demais. Mas olhe, você se parece muito com a minha ma... cunhada. E nós temos muitas aulas juntas, não é? Eu sei porque andei percebendo...

 


E assim a garota continuou a falando. Brooke percebeu que Renesmee gostava de falar, e permitiu que aquela conversa se prolongasse pelos cinco minutos que se seguiram, pois percebeu também que aquilo a distraiu por um tempo. Mas somente por um tempo.

 

— ... Acho que sociologia também temos juntas... ei! - a ruiva pareceu despertar do próprio monólogo e Brooke juntou as sobrancelhas, curiosa com o que viria agora. - É melhor desligar já que não está usando, desperdiçar faz mal para o planeta.

 


O dedo da Cullen se ergueu no ar apontando para trás de Brooke, que se virou e ofegou quando viu. Todas as cinco torneiras das pias atrás de si ligadas, a água escorrendo pelos canos abaixo da tubulação.
Ela não ligara torneira nenhuma, e quando entrou, nenhuma estava ligada. Os olhos castanhos se arregalaram e ela tocou na água, lavando rapidamente as mãos e desligando todas as torneiras. Não tinha como ser possível. Logo, uma estranha sensação de claustrofobia a invadiu, fazendo com que sentisse o ar rarefeito em seus pulmões.

 


— Você tem certeza que está tudo bem? - novamente a voz de Renesmee se fez soar com a mesma pergunta e Brooke achou que não aguentaria muito tempo ali.

 


— S - sim, eu só... Eu só tenho que ir...

 

 


E apanhando a mochila largada no chão e jogando nas costas, Brooke se apressou a deixar o banheiro, passando correndo por Renesmee Cullen ignorando seus gritos e chamados. Ela correu pelos corredores da escola agora vazia, seus olhos se desviando para todos os lados atentos, cautelosos. Encontrou a saída do prédio pouco tempo depois, onde desembocou no estacionamento vazio exceto por sete pessoas ali paradas - sete pessoas que reconheceu ser os parentes de Renesmee. Os Cullens. Chovia forte, e quando percebeu, estava correndo na chuva, pisando em poças de lamas e atraindo os sete olhares ali. Não parou para dar atenção a nenhum, apenas continuou correndo, sem saber para onde, apenas querendo se afastar daquele lugar.

 

Correu, correu e correu. A visão a sua frente era borrada e turva pelas gotas de chuva, e em um determinado tempo, Brooke foi perdendo as forças e o oxigênio. Suas roupas molhadas pela chuva começaram a pesar toneladas, e quando seus pés tropeçaram em uma pedra, ela caiu no chão com as costas batendo em uma árvore. Não sabia o que estava fazendo, não sabia o que sentir. A verdade era que revira Penny pela primeira vez em meses, mesmo que em sua imaginação... Mas se era mesmo sua mente a pregando uma peça, o que queria dizer todas aquelas torneiras ligadas? O que queria dizer tudo aquilo que estava vivendo?

Fizera tantas mudanças. Perdera tantas partes de si. Escolhera mudar. Mas só estava mentindo para si mesma. Nada estava bem, e nunca iria estar. Tanta coisa tinha se quebrado e ido em sua vida, que não sabia mais como levar aquilo. Queria recomeçar por sua mãe, mas toda vez que levantava pela manhã pronta para lutar, sentia que regredia no tempo e perdia a batalha de se estar respirando. E ela só queria ter que parar de lutar, talvez fosse mais fácil.

A primeira lágrima caiu escorrendo por seu rosto e se misturando com a chuva. Sendo seguida por muitas outras. Finalmente, estava chorando, já fazia um bom tempo que não chorava.
Os soluços vieram depois de um tempo, e Brooke ficou ali naquela clareira. Encolhida, com o coração partido e chamando por sua irmã morta enquanto as lágrimas lavavam seu rosto cicatrizado. Naquele momento, só sentia dor.

 

 

Talvez se não estivesse tão absorta em seus martírios, tivesse percebido o par de olhos vermelhos a encarando não muito longe dali, sendo banhado pela chuva. Silencioso, esperando pela hora certa.

 

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

CONSIDERAÇÕES FINAIS E NOTA DA AUTORA: Oláá novamente!! Então, eu fiquei esse tempinho longe, e toda vez que tentava escrever, nada vinha na minha mente. Era a pressão de postar capítulo e não decepcionar vocês de um lado, pressão para dar o máximo de mim nas provas do outro, e assim foi sendo... Mas, quando começaram vir comentários extremamentes fofos e incentivadores, eu resolvi que tinha que dar um jeito. E foi sendo aos pouquinhos, que consegui escrever esse capítulo de quase cinco mil palavras! Sim! E olha que eu queria colocar mais coisinhas nele, mas acabei achando que iria entregar muito da história hahaha!
Enfim, o que eu quero dizer é que comentários são muito importantes, mesmo! Para qualquer autor! E eu espero que com esse capítulo, vocês comentem muito para eu ter uma motivação e ver o que estão gostando e o que não, okay?

Certo. Agora sobre o capítulo: AHH MEU DEUS! Vocês não sabem como partiu meu coração escrever o fim disso! Brooke sempre sofrendo né? (Pena que isso não vai mudar tão cedo o.o)
E o Gaz? Da onde ele surgiu minha gente? Como assim? Eu respondo:: ELE É MEU AMOR! Não sei se vocês se lembram, mas ele apareceu no segundo capítulo narrado pela Brooke, e como eu sou uma autora que ama crushar os personagens, dei um papel maior para ele na história ♥
Gaz vai ser bem importante por aqui, mas não se enganem ok? Eu tenho um destino já selado para ele hehehhehehhe!
E sobre esses olhos vermelhos aí observando? Não digo nada...
Enfim, antes de terminar essa nota gigantesca, eu só queria explicar que a Brooke vai sofrer. Ela é problemática, tem um passado assim, e que sofrer está incluso no pacote. Não pretendo construir uma personagem vitimizada, nem no estilo "Maria das Dores", mas sim alguém que após muita dor, se torne forte. E a Broo é assim.

Okay meus amores? Okay.

Agora até o próximo capítulo que eu não tenho certeza se sairá antes do Natal kspkspksp

BJS! ❤



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eyes On Fire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.