Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 28
Chapter 25: Algumas verdades reveladas


Notas iniciais do capítulo

"And all I gave you is gone
Tumbled like it was stone
Thought we built a dynasty that heaven couldn't shake
Thought we built a dynasty, like nothing ever made
Thought we built a dynasty forever couldn't break up"


— Miia (Dynasty)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709638/chapter/28


Brooke Evern

 


  Expirou fundo enquanto apertava o botão do rádio e trocava de canal pela quinta vez. E, também pelo quinta vez, o vampiro atrás do volante ao seu lado trocou novamente para outro canal.

 

— Ah, qual é! Eu odeio jazz! — resmungou Brooke, se virando no banco do passageiro e apertando o cinto de segurança com força.

 

— Meu carro, minhas regras — Alec a olhou pelo retrovisor e ergueu uma sobrancelha. — Além do mais, algo me diz que não é o jazz que está a deixando nervosa e irritável. Então talvez... seja o fato de estar em um carro, sozinha comigo, um vampiro milenar de uma realeza cruel que tem um certo fraco pelo seu sangue, indo para um paradeiro desconhecido?

 

A Evern rolou os olhos antes de fixa-los em Alec e rir fracamente.

 

— Parece que alguém tem síndrome do príncipe — bufou ela. Em seguida suspirou, inclinando a cabeça para trás contra o banco do carro e fechou os olhos, tentando ignorar o desespero no fundo do estômago e o movimento do carro. — Mas você está certo, Alec. Não estou nervosa pelo seu estilo de música favorito. É o trauma do acidente.

 

— Achei que tivesse superado. Você já esteve dentro de um carro outras vezes, Evern. Inclusive comigo.

 

— Nas outras vezes eu estava concentrada esperando você pular na minha jugular ou lidando com a despedida da minha mãe para me preocupar com o trauma. E agora... sinto como se a qualquer momento fosse ser arremessada para fora do carro e reviver tudo de novo. Então não. Não é o jazz ou o charme fatal sobrenatural que você acha que possui que estão me quase me fazendo ter uma síncope.

 

 

Brooke engoliu em seco, sentindo que falou demais. Que não deveria ter surtado daquele jeito. E estava pronta para abrir a boca e tentar se retratar dos últimos segundos, quando ouviu o vampiro ao lado se pronunciar:

 

 

— Ainda acho que sou eu que a deixo afetada desse jeito, mas já que insiste em dizer o contrário... Se jazz não é o seu estilo musical favorito, qual é então?

 

A morena teve que abrir os olhos e fixa-los no Volturi, os estreitando no processo.

 

— Você está mesmo me perguntando que tipo de música eu gosto para tentar me distrair?

 

— Está funcionando? — Alec retrucou, erguendo os cantos da boca em um sorriso torto.

 

Brooke bufou, mas resolveu entrar no jogo porque não tinha nada a perder e talvez aquela fosse realmente uma oportunidade para se distrair do seu trauma e ataque de pânico enquanto seguiam caminho para o lugar que fosse que estavam indo.

 

— Gosto de pop e rock — respondeu ela, sem desviar os olhos do perfil direito dele. — E por que você gosta de jazz?

 

— Porque foi a trilha sonora dos melhores anos da minha existência — ele a olhou novamente pelo retrovisor enquanto fazia uma curva em uma velocidade mais alta do que o recomendado, o que a fez grunhir, ocasionando um sorriso maior nele. — Década de vinte.

 

— A época dos anos loucos, da descoberta do jazz e das melindrosas. Oh, por que não estou surpresa com a sua preferência pela década? — Brooke revirou os olhos, mas riu, algo que achou não ser possível naquele momento de tensão. — Tenho que reconhecer, o estilo cabaret combina muito bem com você, Volturi.

 

Alec rosnou baixinho, fazendo a garota cobrir a boca com as mãos para abafar as risadas, mas ele conseguia ver os ombros dela sacudindo pelo retrovisor.

 

— Desculpa, eu apenas.... — Brooke se interrompeu, comprimindo os lábios em uma linha reta e enxugando os olhos que continham lágrimas de tanto rir. —... imaginei como você seria nessa época. Foi mal, vou parar de rir.

 

— Imagino que seja a coisa certa a fazer — resmungou ele, estabelecendo um silêncio incômodo em seguida no interior do carro, sem tirar os olhos da estrada. Quando aquilo se tornou insuportável para ele, acrescentou depois de um tempo: — Se você estivesse lá naquela época, teria gostado. Era um outro mundo, quero dizer. Noites de diversão, salões cheios de pessoas se divertindo, muita música, dança, vida. A revolução da sua espécie começava e tudo o que eu fazia era apreciar um delicioso bourbon e apreciar o jazz que a banda local tocava todas as noites. Esses eram os anos loucos, Evern.

 

Havia certo fascínio nas palavras dele. O encarando de onde estava, Brooke perscrutou atentamente cada traço do rosto de Alec, notando os riscos em sua testa franzida e na cadência de suas últimas palavras, como se ele estivesse relembrando aquela época.

E pela forma como as feições de seu rosto pétreo estavam torcidas, o vampiro parecia sentir saudade, algo que fez o coração da morena apertar dentro do peito.

 

— Bem, depois de ouvir você falando desse jeito, não me resta nada além de querer conhecer os anos 20 — comentou ela, depois de um tempo, cruzando os braços em cima do peito. — Uma pena que eu tenha nascido sete décadas depois.

 

A risada de Alec preencheu o carro ao mesmo tempo que ele a fitava pelo retrovisor, pela terceira vez no dia. E, pela primeira vez desde que entraram naquele carro, ele desviou os olhos da estrada e os direcionou na direção dela.

Um olhar intenso, acompanhado pelo fantasma de um sorriso característico dele, que fez o estômago de Brooke sentir o típico friozinho que antecede as borboletas, enquanto ela lembrava das palavras dele de meia hora atrás:

Eu senti medo. Medo de perder algo que não era meu... Você.
Fiquei com medo de perder você, Brooke Evern.

Lembrar daquelas palavras a fazia se sentir quente. E emocionada, alterando as batidas do seu coração (e tirando a recuperação da parada cardíaca, o outro ponto negativo disso era que o responsável por aquilo estar ouvindo) e a fazendo abrir um questionário mentalmente.
O que aquilo queria dizer?
Por que Alec Volturi a diria algo do tipo?
Era verdade?
Por que ela sentia-se tão... feliz em saber daquilo?

Infelizmente, seu questionário não tinha resposta e continuaria assim, pois a morena não ousaria procura- lá. Pelo menos não no momento. E, como se o emaranhado de pensamentos e sentimentos que ela estava não fosse o suficiente, outras lembranças a atingiram enquanto o Jaguar cruzava os limites de Port Angeles.
As lembranças da noite no clube.
A maneira como as coisas naquela noite caminharam para um desfecho impensável para Brooke. Quando Alec e ela cruzaram a linha que separava o que sentiam em relação um ao outro e o que precisavam fazer, juntos.

 As lembranças a acertaram com total força: o toque das bocas se buscando, o atrito dos corpos se movimentando pelo pequeno quarto, os comentários provocativos enquanto passavam dos limites em direção à um caminho sem volta que os levaram até ali...
 Ela sentiu-se arrepiar por inteiro. Abriu os olhos que nem percebeu que fechara e encontrou com o olhar carmesim do vampiro cravado nela (as lentes de contato haviam dissolvido), a fazendo ruborizar e virar o rosto para o lado, observando a paisagem além do vidro da janela, tentando disfarçar a vergonha por aqueles pensamentos fora de hora.

E assim a viagem se seguiu.

Brooke só descobriu o destino da terceira tarefa quando viu de relance a placa que demarcava os limites territoriais de Forks. E então entendeu. Eles estavam voltando.

 

— Por que estamos voltando? — perguntou, levada pela curiosa.

 

— Porque é aqui que faremos a última tarefa do dia, Evern — respondeu Alec, tranquilamente. Dessa vez sem desviar os olhos para a encarar, pelo retrovisor ou não.

 

A morena assentiu, intrigada. Não havia muito a ser feito em Forks.
Contudo, não manifestou seu pensamento em voz alta. Esperou paciente e atenta enquanto Alec cruzava ruas e virava esquinas, entrando em uma rota desconhecida da cidade, para ela. O cenário de sempre da vegetação abastecida foi diminuindo, se transformando em uma estrada de terra batida, até o carro parar defronte a um portão de ferro com aspecto enferrujado, rodeado de capim.

 

— Alec? — Chamou Brooke, com o cenho franzido, o olhando desligar o carro. — É aqui?

 

— Sim — respondeu ele, colocando a chave dentro do bolso do sobretudo.

 

— É que tipo de lugar é?

 

Levou alguns segundos para que o vampiro louro-acastanhado se movesse e a olhasse. O tipo de olhar que a garota nunca vira explícito nos olhos dele.

 

— Um cemitério... — retorquiu Alec. — ... para você visitar sua amiga. Amália Young.

 

Acanhado era o tipo de olhar que Alec Volturi carregava no momento. E isso, somado as suas últimas palavras, fizeram Brooke arregalar os olhos e arquejar.
Ela abriu a boca, mas nada saiu. Não conseguiu, estava surpresa demais. E ele percebeu.

 

— Bom, obviamente eu tenho uma razão específica para isso... Enquanto você estava no hospital se recuperando, Edward leu sua mente e descobriu que você sonhava, mesmo hospitalizada daquele jeito. E bem, haviam dois sonhos que eram mais frequentes. Seu reencontro com sua mãe e a despedida que você nunca teve com sua amiga — disse Alec, rápido e baixo, desviando os olhos para qualquer lugar que não fosse o rosto de Brooke. Ele pigarreou: — Por isso estamos aqui. É o cemitério de Forks. Achei que você não conhecesse o caminho... e que já estivesse pronta para fazer isso. Já passou da hora e eu... pensei que seria mais fácil fazer isso não estando sozinha. — Ele meio que suspirou, meio que bufou. Em seguida, moveu a mão bruscamente e abriu a porta do carro ao seu lado, saindo por ela. — É melhor descer logo.

 


 Brooke precisou de dois minutos inteiros, imóvel e com a boca ainda aberta, para aceitar a sugestão. Ela bateu a porta do automóvel e caminhou vagarosamente sentindo as pernas tremerem, até alcançar Alec, que empurrava o portão de ferro e adentrava o cemitério com um passo apressado e elegante. Ela se aproximou dele, se esforçando para acompanha-lo a cada vez que ele dava um passo duas vezes maior do que as pernas dela podiam conduzir e, ao perceber isso, o Volturi diminuiu o passo, a deixando ficar ao seu lado, e assim, a permitindo fazer a pergunta que queria.
 Porém, Brooke não perguntou. Não o questionou sobre o porquê estar fazendo aquilo por ela. Muito menos o confrontou para saber o que significava aquele gesto gentil. Ao invés disso, a morena andou ao seu lado, surpreendentemente quieta, o lançando olhares pelo canto dos olhos, se concentrando para não tropeçar pelo caminho de pequenas pedras por onde seguiram, sentindo a brisa forte golpear suas bochechas e levantar seu cabelo, a causando um arrepio estranho que desceu pela coluna.
 A Evern se encolheu, girando a cabeça para trás, com a estranha sensação incômoda de estar sendo observada. Mas não encontrou nada, apenas o caminho que tinha percorrido e se afastava. Ela voltou a olhar para frente e ouviu o grasnado de um pássaro, em algum lugar ali perto.

 

— Está se sentindo mal? — Ouviu a pergunta de Alec e piscou, o encarando sobressaltada.

 

— Hum, não. Eu só... estou nervosa, acho — murmurou de volta, fazendo uma careta para dissipar a sensação ruim que a assolava.

 

O Volturi ergueu a sobrancelha, mas não falou nada. Em seguida, voltaram a andar no silêncio, cada um submerso em seu pensamento.
Uma pilastra de concreto surgiu e eles a contornaram, descobrindo uma imensidão de lápides distribuídas pela extensão restante daquele lugar.

 

— É aqui — disse Alec, dando um passo para trás. — A lápide da sua amiga é a sétima da quarta fileira, à direita. — Pausou, levantando a mão na direção do ombro de Brooke, parecendo que ia falar algo mais, mas desistiu no último instante. Então voltou a abaixar a mão e virou as costas, se afastando silenciosamente.

 

Quando se viu sozinha, Brooke soltou todo o ar em seus pulmões, fitando a imensidão de túmulos, hesitante, pensando em como ele pareciam itens macabros de um colecionador obcecado por lápides de concreto com corpos em decomposição enterrados debaixo da terra. A morte era o colecionador.
 A morena balançou a cabeça, olhando para as mãos molhadas de suor. Então percebeu que faltava algo. Flores para os mortos. Quando era criança e o avô morreu, ela se lembrava claramente do dia do enterro e no que Marcy repetia diversas vezes enquanto se arrumava: Um visitante sempre tem algo a oferecer ao anfitrião. Não importa a ocasião. E num enterro, as flores são o melhor presente para o falecido, que por mais morto que esteja, não deixa de ser o dono da festa.
 Ela era a visitante no momento. E precisava de flores.
 Daquele modo, Brooke se moveu e começou a procurar algumas flores que não fossem as deixadas nos túmulos. Encontrou flores de-dente-de-leão próximas a pilastra de concreto, escondidas em meio ao capim que circundava o terreno. Ela arrancou uma por uma, até conseguir formar um buquê decente e voltou para o túmulo de Amélia, depositando as flores ao lado de rosas brancas que pareciam recentes ali, e se ajoelhou de frente à lápide.

 

— Oi, Young — murmurou, retorcendo as mãos, fitando as inscrições no concreto em sua frente: O justo perece, e ninguém se incomoda; os homens de bem são eliminados, e ninguém se importa. Porque o justo é levado antes que venha o mal, para que entre na paz: aquele que procede com sinceridade descansa no seu leito*. Amélia Young: filha, irmã e ser humano que nunca será esquecido. — É um epitáfio muito bonito... — Ela engoliu em seco, olhando ao redor e se encontrando sozinha no meio de túmulos, sem sinal de Alec ou qualquer outra alma viva ou semiviva. Apenas ela... contemplando o túmulo de Amélia, alguém que um dia já fora sua amiga. Foi então que a realidade lhe atingiu e Brooke sentiu a garganta fechar, percebendo que não adiantava mais adiar aquilo. Respirou fundo: — Eu sei que deveria ter vindo antes, eu sei. Mas não consegui, Amélia. Não podia porque achei que não tinha esse direito. Por isso não vim ao seu funeral ou ousei vir visita-la... porque foi minha culpa a sua morte. Ainda é, mas... aqui estou eu. Na verdade, um amigo, por assim dizendo, me trouxe. Ele estava tentando realizar alguns desejos meus, então adivinhe só o tamanho da minha surpresa quando disse que estávamos em um cemitério. Algumas pessoas desejariam uma viagem para Disney, eu me contento em me sentar entre lápides — Brooke soltou uma risada sem humor para tentar deter as lágrimas que se acumularam em seus olhos. Sem sucesso. — Bom, o que eu quero dizer é que sinto muito. Que eu gostaria de pedir perdão por a ter envolvido nesse mundo bizarro que agora faço parte e que acabou te tomando como vítima, e... Deus, isso é t-tão estranho e difícil! — Fungou, com as lágrimas rolando pelas bochechas. — Eu apenas queria poder voltar no tempo e consertar tudo. Impedir que aquela aula de educação física tivesse acontecido e ter te salvado. Eu gostaria que você estivesse aqui, Amélia Young. Porque você foi uma das melhores pessoas que conheci, mesmo com o pouco tempo que passamos juntas. Você foi minha amiga quando todos me viraram as costas e aquela que enxergou meus problemas mesmo tendo os seus próprios. E espero que esteja ouvindo isso de onde quer que esteja, e que seja um bom lugar. Aconteceu tanta coisa desde que você se foi. Eu gostaria de compartilhar com você, mas acho que não tenho muito tempo. Então, apenas saiba que cheguei bem perto de me juntar a você, e que não foi uma experiência muito boa. Eu quase morri e vi escuridão. Espero que você tenha visto a luz, Amélia, porque ela é tudo o que você merece. Eu conheci Lucy e ela é uma garotinha extraordinária, assim como você havia me dito. E não se preocupe, eu ficarei de olho nela e te prometo que não vou deixar nada ruim a acontecer. Eu juro. — Ela sussurrou as últimas palavras, pousando a palma da mão contra o concreto frio da lápide, deixando as últimas lágrimas caírem. — Tenho que ir agora, mas voltarei. Até lá, adeus Amélia.

 

Brooke afastou a mão da lápide e ajeitou os dentes-de-Leão, levantando-se em seguida. Ela limpou a parte de trás da calça jeans e passou a manga do casaco no rosto, enxugando o rastro de lágrimas antes de se afastar do túmulo e virar as costas.
 Encontrou Alec encostado na pilastra, a observando de braços cruzados e expressão pensativa enquanto ela se aproximava. Por fim, quando parou de frente à ele, Brooke enfiou as mãos nos bolsos do moletom e desviou o olhar, com plena consciência de seus olhos vermelhos, nariz escorrendo e bochechas molhadas.

 

— Podemos ir — murmurou, tremendo levemente quando uma corrente de vento passou por ela, fazendo seu cabelo se agitar ao redor do rosto.

 

A morena viu pelo canto do olho o exato momento em que o Volturi se distanciou da pilastra e deu um passo na direção dela, parando a poucos centímetros de distância. Ele ergueu a mão e a levou até o rosto de Brooke, a fazendo se sobressaltado ao sentir o toque gélido do vampiro quando ele colocou uma mecha de cabelo rebelde atrás de sua orelha com extrema delicadeza.

 

— O-o que você está fazendo? — a Evern perguntou aos gaguejos, assustada por ele estar agindo daquela maneira com ela. Em um cemitério, ainda por cima.

 

— Ajeitando o seu cabelo — respondeu Alec, a olhando com uma sobrancelha perfeita erguida, mas com o fantasma de um sorriso presente. — Achei que estivesse óbvio.

 

Brooke sentiu as bochechas molhadas pelas lágrimas esquentaram, e a reação não tinha nada a ver com o vento fustigante ou o choro de outrora.

 

— Está! — A voz dela oscilou, a fazendo respirar fundo e encarar Alec diretamente, com total consciência do toque frio dele em sua pele. — Eu deveria te agradecer — disse, se esforçando para manter o tom estável e não perder a linha de raciocínio, porque era isso que acontecia sempre que os dois ficavam tão próximos como estavam naquele momento. — Consegui me despedir de Amélia. Não dá forma correta, mas consegui dizer adeus. Por sua causa...

 

— Você não precisa me agradecer, Evern — Alec a interrompeu rapidamente.

 

— Sim, eu preciso — replicou Brooke, veemente. — Você preparou grandes surpresas hoje para mim, Volturi. Você sabia que eu nunca pude me despedir de Amélia e me trouxe aqui para fazer isso. Sem contar com a ligação para minha mãe, embora eu ache que isso seja obrigação sua já que fizemos um trato há algum tempo atrás e você nunca o cumpriu — Ela cerrou os olhos para ele de forma acusatória, sem poder evitar. — O que estou querendo dizer, é obrigada. E assim como preciso agradecer, preciso fazer uma pergunta.

 

— Pergunte, então.

 

— Por que não me transformou quando me ressuscitou? Sei que poderia ter sido possível, como foi com Bella. Carlisle não ousaria fazer, mas você, Alec... Por que não me mordeu e me fez como você quando teve a oportunidade?

 

Silêncio. Ele a fitou seriamente, como se esperasse que ela desistisse de receber uma resposta direta. Ela não desistiu, e isso o fez suspirar longamente.

 

— Não a transformei porque você não merecia.

 

— O quê? — replicou Brooke, ultrajada, dando um passo para trás. — Viver eternamente? Ter as mesmas habilidade que você? Ser como você? Me acha tão indigna assim, Volturi?

 

— Não é nada disso! — grunhiu Alec, se aproximando um passo, o mesmo que ela havia dado para se afastar. Ele a segurou pelos ombros quando percebeu que ela se afastaria novamente, e a segurou no lugar, buscando a íris acastanhada com voracidade enquanto o silvo furioso do vento invadia o cemitério, assim como a urgência de dizer aquelas palavras o invadia; mais sentimentos do que sentira em quase mil anos aparecendo naquele momento: — Não acho que seja indigna, Evern. Ao contrário. Acho que você é a pessoa mais merecedora de algo que conheço. Reconheço isso, assim como conheço sua história e como conheço você, ou penso que conheço, porque a senhorita é uma caixinha de surpresas que me faz temer o que irei descobrir a cada encontro nosso — O vampiro abriu um sorriso torto, semicerrando os olhos. — Mas o motivo de não te-la transformado em algo como eu não é porque a ache imperfeita. É porque acho que merece mais do que dias e noites infinitas, que a certo ponto se tornarão entediantes e a farão repensar sobre o tipo de criatura monstruosa que se tornou, ou porque saiba que não é fácil lidar com o sangue que mancha suas mãos; você pode até se acostumar com ele, mas nunca o instinto de sobrevivência que depende dele será maior do que o peso de sua consciência. Você merece mais, Evern. Como se formar no ensino médio, fazer uma faculdade, ter filhos e morrer de causas naturais, como sei que você deseja que aconteça. Isso é algo que alguém como você merece. E como sei disso? Porque quando olho para você, eu vejo tudo que é o oposto de mim. Sonhos, amor, vida, luz. E mesmo que você esteja tão empenhada para provar o contrário com essa sua cabeça dura, eu sei que você pensa da mesma forma. Pois você não quer se tornar imortal como eu, Brooke Evern. Você está apenas aceitando a opção que a manterá lutando contra seus demônios que eu a ofereci quando nos conhecemos. E eu não quero que escolha ela, não desse modo. — Alec balançou a cabeça e riu fracamente, inclinando o rosto para perto do da morena, tocando o nariz dela com o seu ao mesmo tempo que escorregava a mão na bochecha dela para a nuca. — L'inferno! Você está me deixando louco ao ponto de dizer coisas sem sentido, garota.

 

Ele não a deixou retrucar algo ofensivo ou desconexo; fez algo que estava querendo fazer há muito tempo: a beijou.
Os lábios dele colidiram contra os dela, como as placas tectônicas do núcleo da Terra colidem antes da erupção de um vulcão, e ele os pressionou até que Brooke entendesse o que estava acontecendo e automaticamente abrisse a boca, dando a passagem que Alec tanto desejava para algo que ele ansiava ainda mais: O gosto doce que aquela garota tinha.

Diferente do primeiro beijo, aquele foi agressivo no começo, mas aos pouco se tornou calmo, delicado. O Volturi desceu uma mão para a cintura da morena e a outra a segurou pela nuca com extremo cuidado enquanto a sentia estremecer a cada vez que sua língua percorria cada centímetro da boca dela.

Já Brooke o segurou pelos ombros, sentindo os músculos rijos por baixo das camadas de roupa que ele usava — parte por temer cair quando sentiu as pernas amolecerem, parte por sempre ter desejado fazer aquilo, mesmo que não soubesse. Ela apenas se permitiu fazer isso, assim como ele, e enquanto se entregava ao beijo do vampiro que jurou odiar, esqueceu completamente que estavam em um cemitério assustador, cercados de túmulos, incluindo o de sua amiga, e que aquilo não deveria estar certo.

Mas Brooke queria beija-lo. E como queria. Seu coração prestes a sair voando de dentro do peito e a festa que as borboletas estavam dando em seu estômago evidenciavam isso. Parecia impossível, parecia errado, mas era a verdade.
 O beijo durou por mais alguns minutos até a Evern ficar sem ar e Alec perceber. Ele a beijou uma última vez antes de se afastar o necessário para deixa-la respirar, mas não a soltou. Brooke procurou oxigênio, ofegante, e fitou o Volturi diretamente nos olhos, notando-os escuros e dilatados. A pele dela se arrepiou, a fazendo morder o lábio inferior inchado pelo beijo de segundos atrás.
Eles ficaram se encarando e de repente Brooke abriu a boca, ainda atônita:

 

— Alec, eu... — começou dizendo, mas o resto da frase ficou presa na garganta e ela gritou, levando as mãos à cabeça quando sentiu a explosão de vozes e dor dentro dela.

Minha senhora. 

Venha conosco.
           Tome o seu lugar.
            Minha senhora.

 

Brooke cambaleou para frente quando as pernas cederam e Alec a segurou a tempo.

 

— O que está sentindo, Evern? — perguntou ele, elevando a voz em meio aos gritos dela, tentando descobrir o que estava havendo. Quando não recebeu resposta, apenas mais gritos agoniados, Alec a pegou no colo, pronto para leva-la até Carlisle, quando ouviu os rosnados.

 

O Volturi levantou a cabeça e encontrou a frota de vampiros recém-criados com seus rostos desfigurados se aproximando pelos túmulos, formando um cerco pelo cemitério.
 Ele praguejou uma série de palavrões antes de depositar Brooke no chão e se agachar ao seu lado rapidamente, tomando o rosto dela entre as mãos e a obrigando a encara-lo entre os gritos e a dor.

 

— Olhe para mim, Evern — Ordenou. — Temos companhia e não é da boa. Já vi você antes nesse estado, e acredito que tem a ver com os recém-criados. Então, você fica aqui tentando aguentar e eu dou um jeito neles. Entendido?

 

— Você não pode enfrenta-los sozinho! — Guinchou Brooke, apertando os cantos dos olhos e gemendo de dor. — Naquele dia no clube... eles me obedeceram, lembra? Talvez obedeçam agora — ela ponderou, tentando recordar do que fizera na noite em questão. Fora apenas uma palavra que usara: — Parem. Parem. PAREM!

 

Não funcionou. Os vampiros continuaram se aproximando, devagar, como se fossem mortos levantando de suas tumbas.
Brooke xingou.

 

— Não banque a altruísta agora, deixe para outro momento — Alec retrucou, impaciente. — Você fica aqui. Entendido?

 

A morena abriu a boca para contestar, mas apenas outro gemido sôfrego saiu. Assim, ela ficou quieta e encarou o Volturi nos olhos, cerrando os dentes.

 

— Acerte-os no coração.

 

— É a minha especialidade — disse ele, virando as costas para ela, e antes de correr na direção dos inimigos, acrescentou: — Se eu fosse você, não veria isso.

 

E então saiu correndo mais rápido do que o disparo de uma bala.

Brooke grunhiu, tirando as mãos da cabeça cheia de vozes e as apoiando no chão. Ela se esforçou em se erguer, mas todas as tentativas acabavam com ela chiando de dor; os ecos das vozes a deixando tonta. No final, a garota acabou desistindo, ofegante enquanto assistia de onde estava, com os olhos quase se fechando, o desenrolar da luta que se desenrolava à sua frente.

O primeiro golpe que Alec acertou foi na pilastra de concreto quando passou por ela, provocando uma chuva de pedras pelo cemitério e levando com ele o maior pedaço que conseguiu arrancar. O segundo foi no primeiro recém criado monstruoso que o atacou, cravando o pedaço de concreto diretamente no coração.

A criatura rugiu e explodiu em sangue preto e segundos depois, se transformou em cinzas.
O Volturi apanhou o pedaço de concreto que transformou em estaca das cinzas e partiu para cima dos outros vampiros, que o tinham alcançado. Ele usou a névoa em alguns e desferiu golpes em outros; sangue quente e viscoso respingando em seu rosto e roupas. Rugidos e sons de luta se misturavam, assim como as cinzas dos corpos que começaram a cobrir o chão do cemitério, levadas pela ventania logo depois.
 

Alec já tinha perdido a conta de quantos vampiros já havia eliminado e ainda assim não estava nem perto de ganhar aquela luta. Ele arrancou a cabeça de um e decapitou o pescoço de outro com os dentes, sentindo o sangue nojento escorrendo por seus lábios e queixo, desviando de um soco cruzado. Entretanto, não notou a tempo o outro recém criado o atacando por trás e assim, foi agarrado e atirado no ar.

Alec caiu entre os túmulos, destruindo muitas lápides e quebrando muitos ossos. Ele rosnou, ignorando a dor enquanto o processo acelerado de cura do seu corpo agia. Foi nesse momento que ouviu o grito da Evern:

 

— ME DEIXEM EM PAZ!

 

Instintivamente o Volturi girou a cabeça na direção certa e encontrou a garota onde a deixara. Ela ainda estava no chão, mas agora se arrastava para o mais longe que conseguia enquanto os recém-criados de rostos desfigurados a cercavam, avançando na direção dela.
 Um rosnado selvagem saiu do fundo da garganta de Alec, que se colocou de pé em um salto e expôs as presas, se agachando como um animal selvagem antes do ataque. Ele se preparou para saltar em cima dos vampiros, mas antes que se movesse, algo aconteceu.

Trovões cortaram o céu acima deles e as nuvens se tornaram escuras e pesadas. A tempestade se formou e a chuva caiu violentamente, levando as cinzas e o sangue no cemitério. E então, no meio do estranho dilúvio que se formou, raios vermelhos voaram, acertando diretamente os recém-criados ao redor de Brooke, e seus corações saíram dos peitos, rolando pelo chão.

Os vampiros se transformaram em cinzas em meros segundos e tudo o que sobrou foi o assombro do que havia acabado de acontecer, junto com o silêncio do cemitério interrompido pelos trovões e, alguns segundos depois, sons de passos se aproximando.
 Surgindo como uma aparição, a figura masculina caminhou entre as lápides, vestindo preto da cabeça aos pés e com o chapéu da mesma cor escondendo o rosto que trazia um sorriso oculto. A chuva cessou conforme ele andava, e quando parou, foi diante de Brooke.

As vozes silenciaram-se e a Evern respirou fundo, aliviada. Porém, o pânico e o medo pela cena que presenciara ainda estava lá e a fez entrar em alerta quando ouviu o som pesado de passos e viu as botas negras e lustrosas pararem diante de si, a fazendo temer pois sabia que não era Alec, e sim quem havia feito aquilo com os recém criados alguns segundos atrás.

Seu instinto gritava perigo e ainda assim, ela levantou a cabeça, batendo os dentes de frio por conta da roupa e cabelo molhados. O homem que encontrou diante de si a estendeu a mão coberta por uma luva preta e seca, pois ele estava seco, e o gesto lhe pareceu familiar... a ponto de faze-la aceitar a ajuda automaticamente.
Ele a puxou para cima delicada e graciosamente, a deixando de frente para ele, embora não desse para ver seu rosto.

 

— Quem é você? — Brooke sussurrou a pergunta, sentindo o corpo estremecer.

 

O homem soltou uma risada glacial antes de levar uma das mãos até a aba da frente do chapéu:

 

— Eu sou aquele que vocês já conhecem.

 

E então tirou o chapéu, revelando sua identidade. Os olhos pretos como carvão, mas com um brilho prateado agora e a pinta pequena próxima ao nariz e o rosto perfeitamente desenhado emoldurado pelos cachos escuros arrumados em um topete, o tornavam familiar, o que fez Brooke arfar em reconhecimento.

 

— Você é o rapaz da livraria — sussurrou ela, atônita.

 

Ele sorriu amplamente, exibindo dentes brancos e alinhados.

 

— É um enorme prazer vê-la novamente, linda — disse, desviando os olhos para outro ponto no cemitério, onde Alec estava. — Já faz muito tempo, velho amigo.

 

— Kian Archetti. — Pronunciou Alec, inexpressivo, imóvel onde estava. Os olhos carmesim dele fitavam Kian como se a presença dele ali fosse algo impossível.

 

— Desculpa, mas... vocês se conhecem? — perguntou Brooke, de olhos arregalados, perdida.

 

Ela designou um olhar para o Volturi, o encarando espantada ao enxerga-lo banhado de sangue dos inimigos e molhado como ela, parecendo um anjo demoníaco, o que a assustou. Ele a encarou de volta, sem emoção, e as imagens dele atacando e desmembrando os recém-criados há minutos atrás fez Brooke desviar os olhos no mesmo segundo.

 

— Há quase mil anos, linda — Foi Kian quem respondeu, cruzando os braços em cima do peito e lançando um olhar debochado para o vampiro que o observava. Então suspirou e voltou a olhar para a morena: — Vocês dois parecem surpresos demais — Mudou o tom para divertimento, erguendo as sobrancelhas escuras ao alternar o olhar entre os dois. — Será que a presença inesperada daquelas criaturas horrendas atrapalhou algo entre vocês? Oh, se for esse o caso eu sinto mui...

 

— Nada estava acontecendo aqui — Alec o interrompeu abruptamente.

 

O tom de voz frio provocou uma espetada no peito de Brooke, que não conseguiu evitar ficar vermelha quando pensou no beijo que compartilharam antes daquela confusão acontecer. E agora era nada?
 Brooke engoliu em seco, se obrigando a olha-lo novamente, esperando que ele saísse do modo defensivo como parecia estar. Contudo, quando isso não aconteceu, ela se cansou de aguardar e desviou os olhos para a presença misteriosa e não confiável que o homem que se chamava Kian, era.

 

— O que você está fazendo aqui? O que você é? — Questionou ela, com pouca gentileza.

 

— Vá esperar no carro, Evern — Comandou Alec, antes que Kian abrisse a boca.

 

Brooke o fulminou com os olhos, começando a se irritar.

 

— Eu não vou esperar no carro enquanto você faz o que quer que seja e descobre as intenções desse cara! — respondeu a morena, erguendo o queixo e empinando o nariz.

 

— O que quer que eu vá fazer, não é da sua conta — O Volturi grunhiu. — Volte para o carro. Agora.

 

— Não.

 

Os dois se confrontaram em uma troca de olhares faiscante.
 Brooke bateu o pé, enraivecida por estar sendo deixada de lado sobre um assunto que claramente era importante e pela ponta de medo despertada dentro de si. Já Alec, estava perturbado com a teimosia da garota e com a aparição de um dos fantasmas de seu passado.
O momento romântico havia se desmanchado em conflito.

 

— Com licença. — Se manifestou Kian, pigarreando para chamar a atenção. — Se me permitem opinar, digo que o melhor é sairmos daqui o quanto antes. Não sabemos se há mais criaturas como aquelas vindo por aí — Ele inclinou a cabeça para o lado, parecendo inocente. — Eu voto para irmos até onde vocês estão instalados. Preciso de um café. Duplo.

 

— E o que te faz acreditar que deixaremos você entrar no mesmo carro que nós e ficar sob o mesmo teto? — Interrogou Alec, com os músculos do corpo tensionados.

 

— Você me conhece, amigo.

 

— Errado. Eu conhecia, mas como você mesmo disse, já faz quase mil anos, Kian.

 

Brooke engoliu a saliva espessa, se sentindo sufocada pela tensão no ar. Ela se manteve silenciosa e imóvel, por mais que quisesse respostas do que diabos estava acontecendo ali que não entendia nada. E assim, observou enquanto os dois homens se encaravam.

 

Stai al sicuro, Alecssandro* — Proferiu Kian, seriamente.

 

Brooke franziu o cenho, se repreendendo por ter recusado as aulas de italiano quando mais nova. Ela gostaria de saber o que ele havia dito que para a surpresa dela, fez o Volturi rosnar baixinho.

 

— Você terá que responder perguntas se quiser o café.

 

Alec começou a caminhar para a saída do cemitério.
 Assim que passou por Brooke, ela deixou a hesitação e o medo de lado e o segurou pelo braço.

 

— Sério? — Resmungou ela. — Vai mesmo deixar esse cara ir com a gente, Alec?

 

Ele a olhou fixamente, as íris vermelhas não demonstrando nada, antes de responder de maneira curta e grossa:

 

— Não faça perguntas, Evern. E vamos logo antes que eu perda a paciência.

 

O Volturi se soltou do aperto dela e a deu as costas.
 Brooke pestanejou, mais magoada do que deveria. Mas ela não teve tempo de pensar muito sobre, pois logo ouviu a voz sussurrando próxima ao seu ouvido.

 

— Não fique aí parada, linda. Vai perder a carona desse jeito — A voz macia e grave de Kian a assustou.

 

Ele não esperou uma resposta; exibiu um sorriso cheio de intenções e se afastou com as mãos dentro dos bolsos do casaco, caminhando até a saída do cemitério como uma sombra.
 Ao se encontrar sozinha, Brooke se encolheu dentro do casaco, sentindo calafrios pela espinha. Ela respirou fundo e olhou para todos os lados antes de seguir na direção em que Alec e Kian tomaram, tendo como último vislumbre os túmulos destruídos e os Dentes-de-Leão sobre à lápide de Amélia, que por sorte se manteve intacta.

Enquanto saia, teve certeza de três coisas: a primeira era que um interrogatório seria feito quando chegasse a mansão Cullen, e que certamente ela estaria presente, por bem ou por mal. A segunda, que havia uma parte sombria de Alec que a assustava, mais do que o normal, e tivera um vislumbre dessa parte hoje. E a terceira era que não confiava em Kian Archetti. Não importava quem ele fosse ou o que

.

 

 

***

 

 

Os três adentraram a mansão e foram recebidos pela única pessoa que estava no hall naquele momento.

 

— Você voltou, Broo — disse Gaz, respirando aliviado e caminhou apressado até a morena com os braços abertos, pronto para um abraço. Mas se deteve quando notou a presença dos outros dois. — E o Volturi também — O tom dele se tornou seco. — E você também... aliás, sem querer ser grosseiro, mas quem é você?

 

— Sou Kian Archetti. Amigo deles dois — respondeu Kian, estendendo a mão. — É um prazer.

 

Gaz devolveu o aperto.

 

Ele não é meu amigo — disseram Alec e Brooke, ao mesmo tempo.

 

Os dois se encararam, sérios.

 

— Eu não estou entendendo — murmurou Gaz, recolhendo a mão ligeiramente.

 

— Mas vai entender daqui a pouco. Vou participar de um interrogatório, fique por perto e assista de camarote — Kian piscou um olho, retirando o chapéu e o entregando ao vampiro mais novo antes de caminhar adiante. — Vamos logo com isso, por favor. Eu preciso de cafeína.

 

O Julions desviou os olhos para a Evern e o Volturi.

 

— Longa história — Explicou Brooke, esfregando a testa enquanto passava por ele e seguia Kian.

 

— Cuide do chapéu — Ordenou Alec, seguindo atrás da morena.

 

Gaz abriu e fechou a boca diversas vezes, ultrajado.

 

— Eu virei mordomo desta casa, por acaso?! — gritou, girando o chapéu nas mãos. Sua voz fez eco sem resposta, o que o fez suspirar. — Isso parece ser caro. Droga! Ei, voltem aqui e me contem quem é esse cara e onde o encontraram.

 


 Segundos depois, Gaz adentrou a sala, prestes a abrir a boca para fazer mais reclamações. No entanto, se deteve assim que percebeu o clima tenso pairando no ambiente.
No centro da sala, Brooke, Alec e o mais novo visitante encaravam Esme sentada no sofá.

 

— Onde estão os outros? — perguntou o Volturi.

 

— Saíram. Apenas Renesmee está no quarto e Edward e Bella no chalé. Carlisle está no hospital — respondeu Esme, crispando a testa. — Por quê?

 

— Ligue para eles e mande-os vir para cá.

 

A matriarca Cullen assentiu com a cabeça. Em seguida, olhou para Kian com curiosidade.

 

— Ora, é claro que eu devo me apresentar! - Kian sorriu deslumbrantemente, dando um passo a frente e tomando a mão de Esme nas suas, beijando em seguida. - Sou Kian Archetti, senhora. É um prazer.

 

— Esme Cullen. Igualmente - A vampira sorriu educadamente.

 

Alec emitiu um som impaciente.

 

— Podemos deixar as apresentações para depois. Tenho um interrogatório a conduzir - disse. - Sente-se, Kian. E fique calado.

 

— Não lembrava de você tão mal-humorado assim, amigo.

 

Kian piscou um olho para Esme e foi se sentar em um dos sofás, lançando um olhar maroto para Brooke antes de apanhar uma almofada e joga-la para cima, iniciando um jogo que logo o entediaria.
 Ao lado de Alec, Brooke observou o forasteiro com pura desconfiança. Não confiava nele. Não sentia coisas boas vindas dele. Não o conhecia. Mas ele parecia conhece-la: a maneira como olhava para ela, como soubesse tudo sobre a pessoa que era; a maneira como falava com ela, insinuativa.

E ele era estranho, mais do que o normal. Surgira de uma tempestade, arrancando corações dos peitos de vampiros recém-criados. E conhecia Alec... há quase um milênio, como ele mesmo dissera. Parecia ser verdade, já que o vampiro não discordara.
  Alec. Ele estava ao seu lado agora, limpo e de roupas trocadas graças a muda de roupa extra que deixava no carro, como se não tivesse decapitado cabeças de vampiros com os dentes ou se sujado no sangue dos inimigos há vinte minutos atrás.

Brooke estremeceu com as imagens do cemitério passando em sua cabeça. Ela sentia-se cansada, toda a agitação e surpresas do dia não faziam bem para sua recuperação, porém por mais que quisesse subir para o quarto, trocar as roupas molhadas e deitar, queria ainda mais ficar ali e entender quem era Kian Archetti e que tipo de ligação ele tinha com o mistério dos recém-criados. Por isso, ela permaneceu na sala.

 

— Você deveria se sentar também — A voz baixa de Alec a fez sair da linha de pensamentos, a fazendo olhar para ele instantaneamente.

 

Ele mal a encarava.

 

— Estou bem — replicou a Evern, não dispensando o tom seco. — Agora vai me contar o que está acontecendo e quem é esse cara?

 

— Eu também gostaria de saber — Gaz se pronunciou, encostado na parede, abraçado ao chapéu como quem abraça um filhotinho de cachorro.

 

O Volturi a encarou, os cantos dos olhos apertados. Brooke ergueu as sobrancelhas.

 

— Espere os outros chegarem. Ligarei para Jane — respondeu Alec, rude, e enfiou a mão no bolso do sobretudo, tirando de lá o celular.

 

No breve silêncio que se formou, a voz de Kian irrompeu do sofá.

 

— Jane? Faz séculos que não a vejo também. Parece que teremos um reencontro épico hoje!

 

Brooke observou o modo ameaçador e irritado que Alec encarou Kian antes de virar as costas e levar o celular ao ouvido, caminhando para fora da sala. Por alguma razão, ela sabia que ele não iria muito longe.

 

— Então... — murmurou o Archetti após alguns instantes, enviando um olhar charmoso para ela. — ... onde está o meu café duplo, linda?

 

A morena revirou os olhos, decidindo subir e tomar um banho enquanto os outros vampiros não chegavam. E, é claro, aproveitando para manter distância do forasteiro e seu cinismo acentuado.

 

 

Meia hora depois, a sala da mansão reuniu todos os Cullen (exceto Carlisle) e todos os Volturi, assim como Brooke e Gaz. Todos encaravam o mesmo ponto no centro da sala, sentado em uma cadeira, em silêncio absoluto e olhares céticos.
 Para a Evern, parecia um déjà vu. Já estivera na mesma posição que Kian se encontrava no momento, a alguns meses atrás — havia sido ela a interrogada perante todos aqueles vampiros, exceto Gaz. E, mesmo que não fosse com a cara do Archetti, se viu solidária à ele.

Mas aquilo era preciso, pensou. Mais do que qualquer um ali, queria saber quem o forasteiro era, e por que a fazia sentir uma estranha conexão com ele.
A primeira pessoa a se pronunciar foi Jane, rígida na entrada da sala, imóvel desde que colocara os olhos em Kian.

 

— Você deveria estar morto — disse ela, convicta. Mas os olhos esbugalhados e o assombro camuflado no tom reduzia a certeza em sua voz.

 

— Assim como vocês e o seu irmão, Janie — retrucou Kian, sorrindo amplamente. Então fez um gesto de desdém com a mão, encarando a Volturi com as sobrancelhas arqueadas. — Senti saudades, bambina. Diferente de Alecssandro, vai me dar um abraço ou não?

 

Brooke observou Jane fitar Alec, com a expressão inteligível, e ele balançar a cabeça. Como se acatasse a ordem, a vampira loira desviou os olhos de volta para o moreno sentado na cadeira e endureceu a expressão.

 

— Não abraço fantasmas do passado. E não me chame por apelidos ridículos.

 

Kian começou a rir, mas se interrompeu assim que sentiu a primeira fagulha de dor e esbravejou, curvando-se para frente.
Jane empinou o queixo e se virou, batendo com os saltos no piso enquanto caminhava para fora da sala.

 



— Ela ainda tem o gênio difícil — murmurejou o Archetti, se endireitando na cadeira e encarou Alec com um sorrisinho. — Parece que nada mudou.

 

— Faça um favor a si mesmo e só fale quando for solicitado — rosnou o vampiro louro-acastanhado, diante do outro.

 

Edward resolveu se manifestar:

 

— Está claro que vocês se conhecem. Quer explicar, Volturi?

 

— Este é Kian Archetti, um conhecido de quando eu ainda era humano. Ele deveria estar morto, já que obviamente não é um vampiro; nem da nossa espécie, nem da nova. Isso é tudo o que vocês precisam saber — Alec olhou para cada um presente na sala, o rosto cruelmente sério, as mãos entrelaçadas nas costas. Em seguida pousou os olhos no interrogado em sua frente, cerrando os dentes. — A pergunta em questão é: como você sobreviveu durante mil anos e o que você é?

 

O sorriso se apagou dos lábios de Kian, que ficou sério e encarou Alec intensamente.
 Brooke, sentada onde estava, aguardou com o coração acelerado e as mãos suando pela ansiedade e o suspense. Pensou que poderia desmaiar antes de ouvir a resposta, mas assim que o Archetti abriu a boca, ela mandou o pensamento pelos ares e se concentrou no que ouviria.

 

— Você diz querer saber o que eu sou — Sibilou. — Achei que tivesse descoberto no cemitério, amigo. Pense. Você sabe o que eu sou, sempre soube, até mesmo quando éramos humanos. Já cruzou com o meu povo antes. E, se ainda estiver difícil adivinhar, deixe-me responder essa para você.

 


 Kian retirou o pesado casaco preto, revelando uma regata da mesma cor por baixo, que deixava à mostra seus bíceps definidos, e fechou as pálpebras. Nada aconteceu durante alguns segundos, mas então, marcas douradas começaram a aparecer em sua pele, como fios de ouros que aos poucos foram formando desenhos estranhos que se pareciam com símbolos antigos.
 As marcas se espalharam pelos braços dele até o pescoço e reluziram quando o Archetti abriu os olhos, que ao invés de estarem negros como ônix, estavam prateados da cor do aço.

Brooke arregalou os olhos, mas deixou o queixo cair mesmo quando o viu estender a mão esquerda no ar e fazer labaredas de fogo aparecerem. Aquilo certamente não era possível.

 

— Eu sou feiticeiro. O último da minha linhagem — disse Kian, sorrindo torto. — E estou ligado à ela, por isso vão precisar da minha ajuda — Ele olhou para a Evern.

 

Todos piscaram.

 

— Ligado a mim? — Questionou Brooke, perplexa. — Por que você estaria ligado a mim?

 

O feiticeiro fechou a mão e as labaredas sumiram. Depois, voltou a colocar o casaco pacientemente, como se não tivesse jogado a bomba e corrido. E aí quando terminou, e só aí, respondeu a pergunta:

 

— Porque você é a descendente de Drácula, ora.

 

— Desculpa?

 

Kian olhou para Alec, paralisado em sua frente.

 

— Não contou para ela? Achei que tivesse contado. Deveria ter contado.

 

— Eu pretendia fazer isso — Alec rosnou, o olhando como se fosse mata-lo.

 

— Perdão, amigo.

 

Brooke se levantou do sofá.

 

— Espera. Você disse que eu sou a descendente de Drácula? A mesma descendente do livro dos sonhos? — Ela fitou o Archetti fixamente, claramente esperando uma resposta negativa.

 

— Sim, a própria... E já que você falou do livro, onde ele está?

 

— Eu sabia que você o entregou para mim de propósito naquele dia na livraria! — Acusou a Evern. E então se deu conta das primeiras palavras do feiticeiro, o que a fez arfar. — O quê... Ai, meu D-Deus... eu...

 


Brooke cambaleou para o lado.

 


— É melhor você sentar, Broo — disse Renesmee, de olhos arregalados sentada no sofá.

 

Mas a morena a ignorou.

 

— Isso não pode ser verdade. Você cometeu um erro — Balbuciou, balançando a cabeça freneticamente. E Quando Kian também balançou a dele, Brooke desviou os olhos para Alec, exaltada. — Diga a ele que isso é um engano, Alec. Diga que eu não sou quem ele procura.

 

O Volturi, no entanto, apenas a encarou fixamente, o rosto sério e os olhos culpados.

 

— Você é a descendente, Evern.

 

— E você sabia... — Brooke mordeu a ponta da língua para não soltar o grito que lhe subiu pela garganta.

 

Alec assentiu. Depois disso, todos olharam para Brooke, em silêncio. Talvez estivessem esperando um surto. Ou uma aceitação e que ela fosse começar a fazer perguntas sobre como funcionava ser uma descendente do primeiro vampiro da história e que função deveria desempenhar.
 

Só que ela não fez nada daquilo. Não surtou e nem deu pulos de alegria. Permaneceu parada, encarando o rosto pétreo do Volturi, sentindo o estômago se agitar. Ela achou que devia ter ficado muito tempo naquela linha de raciocínio vazia, porque quando percebeu, Kian tinha se levantado da cadeira e estava em sua frente, com um pequeno sorriso satisfeito.

— Então, acho que isso é uma aceitação — disse ele, estalando os dedos. O chapéu preto saiu voando dos braços de Gaz e pousou nas mãos do Archetti, que o colocou na cabeça com elegância.

 

— Não é, não — Brooke retrucou, irritada com o feiticeiro. — Procure outra pessoa para se ligar, porque eu não irei participar dessa palhaçada.

 

Kian desmanchou o sorriso.

 

— Infelizmente, não é assim tão fácil — Ele bufou. — Existe uma profecia. A que está no livro que eu lhe dei, e suspeito que você já a tenha lido. Mas só para relembrar, a profecia diz: que aquele que coopera contra o sol, assim como a noite, se levantará, e de seus filhos um exército formará. Das cinzas viemos, das cinzas retornaremos, o poder do sangue se provará e a lealdade em uma guerra de vampiros será testada. Alguns cairão, outros recuaram, e mais alguns tentarão derrotar a grande ameaça, contudo, apenas um homem designado por esta profecia será capaz de combater fogo contra fogo. Apenas ele cravará a estaca da misericórdia, e... Bom, esse homem é você, linda — Kian citou a profecia perfeitamente. — Drácula pode ter errado no gênero da pessoa que iria fazer isso, mas é você quem vai derrotar o filho da mãe do Senhor das sombras.

 

— Você o conhece? — perguntou Brooke, começando a se interessar pelas palavras dele e ignorando as outras.

 

— O conheço o tanto que vocês. Apenas ouvi falar de seus feitos há alguns meses, assim como todo mundo — O Archetti deu de ombros. — O ponto é: eu sou o guardião da profecia. Quando Drácula se tornou o primeiro vampiro da história, ele contou com a ajuda de um feiticeiro muito poderoso. Feiticeiros já existiam naquela época, mas eram raros, assim como agora. O fato é que o feiticeiro que transformou Drácula em vampiro é da minha linhagem, o que me torna seu descendente, o último. E já que você é a descendente do vampiro original, isso nos deixa conectados. Consegue entender isso, linda? Estamos ligados pela eternidade, e por isso estou aqui. Por isso sempre estive perto de você, mesmo que você não pudesse me ver. Eu a vi nascer e crescer, sempre de longe, e esperei muito tempo para que esse dia chegasse. Inclusive, tive que estar em locais que não eram muito a minha cara.

 

Uma lembrança acertou a Evern.

 

— Era você de chapéu no ferro velho em Seattle e na escola. Você estava me seguindo!

 

— Por que você acha que eu virei professor na sua escola — murmurou Felix, coçando o queixo preguiçosamente.

 

Brooke olhou automaticamente para Alec, que rolou os olhos. E sim, ela percebeu, ele também sabia daquilo.

 

— Isso é maluquice. Tudo isso é — Pronunciou ela, gesticulando para todos na sala.

 

Era muita informação. Muitas revelações. Muito para se digerir. Sua cabeça começou a fervilhar com todas as palavras ditas naquela sala, frases soltas ecoando em sua mente. Ela era a descendente de Drácula. A responsável por uma profecia. A designada para acabar com a raça de alguém muito poderoso. Era ela.
 A dor de cabeça explodiu, e seu estômago se transformou em um carrossel.
Brooke respirou fundo, dando vários passos para trás, se afastando de Kian. Ela tropeçou no pé de Jasper e se equilibrou para não cair.

 

— Sei que pode parecer isso no momento, mas acredite, logo as coisas vão se esclarecer e você vai descobrir quem é você de verdade — A voz de Kian chegou aos ouvidos dela, a deixando mais irritada do que já estava.

 

— Eu sei quem eu sou! — Por que ele não podia calar a boca?

 

— Sabemos que não sabe — respondeu o feiticeiro, calmamente. Brooke estava prestes a xinga-lo dos piores palavrões existentes quando o viu estalar os dedos, que saíram fagulhas vermelhas e em seguida uma longa espada apareceu em sua mão direita. Tinha a lâmina mais afiada e reluzente que um dia ela já vira, cabo dourado que lembrava ouro com várias pedras encravadas, e havia um brilho em volta da espada que só de olhar, fez um formigamento se espalhar pelo corpo da morena. — Pense rápido.

 

Antes que ela pudesse pensar direito, Kian jogou a espada em sua direção, mirando seu rosto. E não iria errar.

Brooke não se moveu. Seu cérebro pareceu se desligar e seu corpo não respondeu ao seu comando. Sabia que tinha que desviar, mas não se mexeu. Deixou para fazer isso quando a lâmina se aproximou, rápida como uma bala disparada, só que não fez o que esperava que fosse fazer.

Ao invés de simplesmente sair do caminho, Brooke ergueu o braço e pegou a espada no ar, fechando a mão em volta do cabo enfeitado com pedras. E como se não fosse o suficiente, fez um movimento e deu um giro que terminou na frente de Kian, onde ela empunhou a lâmina e a pressionou contra a garganta do feiticeiro.
 Os vampiros na sala soaram surpresos. Ela mesma estava, e seu coração acelerado evidenciava isso.

 

— Você está maluco? — Brooke praticamente rosnou, o encarando furiosa.

 

O Archetti gargalhou satisfeito.

 

— Pelo contrário, linda. Estou mais lúcido do que nunca, e acabo de provar que estou certo — falou ele, com dificuldade por conta da lâmina no pescoço. — Esta espada, assim como o livro dos sonhos, faz parte da profecia. Apenas o verdadeiro descendente poderia manuseá-la, e como acabamos de ver, você a manuseou muito bem. Parabéns, você realmente é a pessoa que procuro — Sorriu, cínico.

 

Brooke ficou sem reação. Apenas percebeu que havia deixado a espada escorregar de sua mão quando o ruído do metal da lâmina ecoou pela sala, chocando-se com o chão aos seus pés.

 

— Oh, sim. É exatamente isso. Você é a legítima descendente de Drácula, o primeiro vampiro da história, e por isso tem que cumprir uma profecia, Brooke Evern — Continuou Kian, os olhos prateados cintilando com um brilho... esperançoso. Ele soprou o rosto dela: — Mas você sabe disso. Já notou as mudanças em você desde que ressuscitou após ter aquela parada cardíaca. Sim, você notou. Os detalhes a sua volta. A irritação desproporcional. E, aposto como está furiosa agora por descobrir quem você é. Está sentindo, não está? O ódio crescendo dentro de você lentamente, se expandindo... a confusão tomando sua mente... a vontade de atravessar meu peito com a espada que lhe pertence... Tudo isso é você, Evern, e o que você irá se tornar se não aceitar minha ajuda. Uma guerra está vindo, e muitos dos que se importa, morrerão se você não aceitar quem é.

 

Brooke trincou dentes. O estômago dela revirou, e a vontade de apanhar a espada e enfiar em Kian a assaltou, a obrigando a reconhecer a verdade afinal. E aquela constatação a assustou.

 

— Eu... eu... eu... — Ela começou, mas a bile lhe subiu, junto com o vômito. — ... vou vomitar.

 

Tapando a boca com a mão, Brooke se afastou do feiticeiro e correu disparada para fora da sala, passando por todos os vampiros que a acompanharam com o olhar, abrindo a porta e passando para a varanda aos tropeços. Conseguiu apenas segurar até os três degraus da escadinha antes de se curvar sobre os joelhos e despejar todo o bolo de chocolate em seu estômago no gramado dos Cullen.

O som do seu próprio vômito a fez ter vontade de chorar, pois aquela era a primeira vez que não precisava do dedo na garganta para colocar o café da manhã para fora. Mas ao invés de chorar, a morena apenas terminou de colocar tudo para fora e no fim, empurrou as mechas de cabelo para longe, tremendo tanto que acabou desabando nos degraus da escadinha.

Brooke respirou fundo, encostando a cabeça na mureta ao lado. Estava tão gelada e as suas mãos tremiam tanto que parecia uma portadora de Parkinson. Ela disse a si mesma para se acalmar, e esperou até que isso acontecesse. Deve ter demorado, pois alguns segundos depois, uma voz soou atrás de si:

 

— Você está bem, Evern?

 

Era Alec.

 

— Agora não, Volturi — Brooke murmurou, a voz estranha.

 

Ele ignorou o aviso dela. Se aproximou lentamente e sem convite, sentou-se ao seu lado nos degraus, evitando olhar para o vômito no gramado abaixo de seus pés.
Um silêncio mortal ficou entre os dois antes do vampiro resolver se pronunciar.

 

— Eu iria te contar.

 

— É mesmo? Quando? Por que pareceu o contrário lá dentro — respondeu Brooke, a voz baixa, mas repleta de raiva. Ela estava imóvel.

 


— Eu ia contar hoje mais cedo, mas eu... me distraí com os acontecimentos. — Alec bufou.

 

— Se distraiu, assim como se distraiu também ao não me contar que eu estava sendo seguida por um estranho, ou você somente achou certo omitir as coisas de mim, ainda mais quando competem a minha pessoa? — Ironizou Brooke. Então finalmente se moveu e virou para encara-lo, parecendo ressentida e irritada como nunca antes. Alec desejou que ela não tivesse se virado. — Você não pode fazer isso, Alec. Não pode esconder as coisas de mim... Não. Talvez você possa, já que você pode fazer tudo o que te der na telha porque você é a porra do vampiro fodão que manda em tudo, não é? Você é quem está no comando e todos os outros devem te obedecer, porque se não obedecerem, você acaba com eles. Você mente. Você as magoa, Alec, como acaba de me magoar ao me deixar no escuro quando sabia de algo tão importante sobre mim. — Ela engoliu em seco, os olhos se tornando úmidos. — Pensei que depois do dia que tivemos hoje, algo houvesse mudado. E juro como não queria pensar sobre isso, mas... Não importa, de qualquer maneira. Já temos a prova de que nada mudou, que ainda continuamos sendo apenas presa e predador, e está tudo bem. Mas eu não estou e não vou me obrigar a ficar. Não depois de ouvir todas aquelas coisas que Kian falou.

 

— Eu não confio nele — Dentre todas as coisas que poderia responder depois de ouvir as palavras dela, o Volturi escolheu aquela resposta.

 

Brooke balançou a cabeça, o fitando cansada depois do longo dia que havia tido. A noite já caía, estrelas brilhando no alto do céu, iluminando o quintal da mansão e as duas silhuetas sentadas nos degraus da varanda.
 Aquela poderia ser uma cena romântica para quem visse de fora: eles dois lado a lado sob o céu estrelado, encarando um ao outro, mas era mais complicado do que isso e não havia nada de romântico. Apenas olhares decepcionados e apertos onde os corações deveriam estar. Não era uma cena romântica, mas sim de despedida.

 

— Eu também não — Assentiu Brooke, depois de uns minutos em silêncio. — Mas acabo de perceber que eu não confio em você também, Volturi — Ela suspirou. — Sinto muito, mas quero que você mantenha distância. Eu estava tentando recomeçar, e já perdi a conta de quantas vezes fiz isso, e então descubro que sou a descendente de uma lenda como Drácula e que tenho que cumprir uma profecia sobre um vampiro maligno que quer dominar o mundo ou algo assim.... é muita coisa para assimilar, passa até do meu limite. Agora estou confusa e perdida, e não quero ter mais um problema para resolver, ainda mais se ele for você. Então me ajude e fique longe, Alec. Apenas o necessário, sem cruzar a linha do que temos ou deveríamos ter. Espero que você entenda.

 

O vampiro permaneceu calado enquanto a encarava, as íris carmesim fixadas nas castanhas, em busca de algum arrependimento ou hesitação. Ele não encontrou nada, o que o desapontou interiormente.

 

— Entendo perfeitamente — replicou Alec, assumindo um tom frio ao mesmo tempo que se levantava dos degraus e limpava uma sujeira inexistente do sobretudo. — Vou dizer aos outros que você voltará quando se sentir melhor. Com licença.

 

Ele virou as costas, dando um passo em frente.

 

— Alec — Chamou Brooke, engolindo em seco o nó na garganta. Ela observou o Volturi parar no lugar, e esperou que ele se virasse, mas ele não virou. Ainda assim, ela completou: — De hoje em diante, não me esconda nada que for relacionado a mim. Eu tomo minhas próprias decisões e assumo as consequências. Não escolha por mim, e saiba que vou fazer as coisas do meu jeito agora. Não vou mais seguir as suas ordens ou as de mais ninguém. E se eu for... se eu aceitar ser a pessoa que esperam que eu seja, temo que muitas coisas mudem. Se isso acontecer e você for uma dessas mudanças...

 

— Então saberemos que não era para ser, Evern. — Ele a interrompeu, o que a fez se calar e assentir, mesmo que ele não pudesse ver seu gesto.

 

Brooke observou Alec retomar o passo e caminhar de volta para dentro da mansão sem olhar para trás. Quando se encontrou sozinha, ela suspirou e encostou a cabeça na mureta novamente, só que dessa vez de coração partido.
Em algum lugar perto dali, uivos soaram. Ela pensou nos garotos quileutes da reserva, e abraçou os joelhos enquanto erguia os olhos para o céu cheio de pontos brilhantes e percebia os desenhos que as constelações formavam.

O que Brooke não percebeu, nem Alec ou qualquer outra pessoa, foi a mudança breve e drástica da cor da íris dos olhos dela. De castanhos, passaram para vermelhos, com um toque amarelado no meio, da cor do fogo. E era isso mesmo. Naquele breve momento em que a mudança aconteceu, os olhos de Brooke Evern se transformaram em chamas, o primeiro passo para algo maior.

O primeiro passo para o que ela era: A descendente.

 

 


Gaz Julions

 

 

Se havia algo que odiava, esse algo era não poder fazer nada. E ele não podia no momento; não podia ajudar sua melhor amiga porque não sabia como funcionava o lance de ser a descendente do Conde Drácula em pleno século vinte e um, e muito menos sabia se deveria usar palavras de felicitação ou de solidariedade.

Alguém precisava de um manual.

Foi por esse motivo que ele não foi atrás de Brooke quando a reunião com os vampiros acabou — e também porque sabia que a garota queria ficar sozinha. E não foi porque o arrogante do Volturi com cabelo estilo Justin Bieber 2010 retornou falando. Gaz conhecia a amiga que tinha, e respeitava o espaço dela.

Sendo assim, achou melhor se retirar da sala e das vistas do visitante, que para seu total espanto era um feiticeiro e podia fazer chapéus voarem. A cada dia que se passava, a vida na mansão se tornava mais interessante e provavelmente insana, mas ele gostava disso.
 Então, o Julions resolveu ir até o escritório de Carlisle pegar um lanchinho, e com lanchinho ele queria dizer bolsa de sangue, porque era lá que o estoque ficava. De qualquer maneira, ele caminhou até lá, assobiando a letra de Stand By Me, do John Lennon.
 Quando parou em frente à porta de mogno escuro, esperava apenas entrar e sair com a bolsa de sangue. Mas, assim que abriu a porta e adentrou o escritório — ainda assobiando a música —, percebeu que algo seria acrescentado no meio das duas ações assim que notou que alguém havia tido a mesma ideia que ele.

Sentada atrás da mesa cheia de papéis e documentos de Carlisle, a pequena figura de Jane Volturi o encarava imóvel, com uma bolsa de sangue a meio caminho da boca, fora a dúzia de bolsas vazias a cercando em cima da mesa, e uma garrafa pela metade de rum.
 Gaz piscou, o cenho franzido. Mas não disse nada, apenas continuou encarando, até conseguir irritar a Volturi.

 

— O que está olhando, esquisito? — perguntou Jane, grosseiramente, após sugar as últimas gotas de sangue e se ajeitar na cadeira. — Nunca viu outro vampiro se alimentar dessa forma ou só você pode fazer isso?

 

O Julions levantou as mãos para o alto.

 

— Não é isso. Eu só... bem, nunca vi uma garota com tanto apetite antes — ele olhou para as bolsas vazias na mesa. — Ou vampira.

 

Jane inflou as bochechas, revirando os olhos. Porém, Gaz percebeu que ela ficou envergonhada ou ao menos sem reação por ser pega em um momento completamente deselegante. E aquilo o deixou curioso.

 

— Não é da sua conta de qualquer forma! — A Volturi rosnou em resposta, passando a mão nos lábios carnudos para limpar os vestígios de sangue. Ela ergueu o queixo, o encarando com desdém. — Você não deveria estar aqui, esquisito.

 

— Eu fiquei com fome, assim como você — Retorquiu Gaz. — E a propósito, meu nome é Gaz. Esquisito é muito ensino fundamental.

 

Ele sorriu, um sorriso amarelo que lá no fundo era nervoso. O Julions tinha que admitir: tinha medo da irmã de Alec. Por mais baixa e angelical que fosse, ela era uma coisinha perversa que gostava de fritar o cérebro dos outros. Então não era muito recomendável irrita-la quando estavam em um local fechado, a sós.
 E foi com medo e atenção que ele a deu as costas, dando um passo na direção do frigobar no canto do cômodo onde seu lanche estava. Quando deu o segundo passo, escutou a voz aveludada da soando atrás de si:

 

— Se está querendo uma refeição, sinto muito mas chegou tarde demais. Bebi todo o estoque.

 

Gaz se virou, a olhando perplexo.

 

Você o quê?

 

— Bebi. Todas. Sinto muito.

 

Mas ela não sentia nada, ele percebeu pela maneira como os lábios dela se esticaram em um mínimo sorriso delicado e angelical. Ora essa.

 

— Tudo bem — disse o Julions, devolvendo o mínimo sorriso e se aproximando da mesa, onde puxou uma cadeira e sentou de frente para a vampira. — Estou com sede, de qualquer maneira. — E sem cerimônias, ele puxou a garrafa de rum de perto da loira e a levou até a boca, virando uma grande quantidade do líquido.

 

Gaz torceu para não se engasgar.

 

— Você sabe que eu posso arrancar a sua cabeça ou fazer você sentir a dor do inferno, não sabe? — Questionou Jane, o observando zangada.

 

O vampiro tentou não parecer muito apressado enquanto colocava a garrafa de volta na mesa e engolia a bebida rapidamente.

 

— Você não pode fazer isso se eu for mais rápido e congelar você no tempo — Rebateu ele, embora ele não tivesse certeza se voltaria a fazer o que fizera na noite do clube. O lance de parar o tempo, ou alguma coisa do tipo. Ainda assim, Gaz arqueou uma sobrancelha e se inclinou para frente, cochichando: — Porque eu posso fazer isso, você sabe.

 

— Não, eu sei que você não pode — Jane também se inclinou para frente, fazendo com que os rostos de ambos ficassem a meros sete centímetros de distância. Ela semicerrou os olhos vermelhos em pequenas fendas desafiadoras. — Você não tem treinamento físico ou psíquico e é um recém-criado. Em uma luta, perderia para o oponente mais fraco, inclusive até para uma garota pequena como eu. Discorda?

 

O Julions engoliu em seco, ajeitando a postura e se afastando rapidamente.

 

— Não, não mesmo.

 

— Ótimo.

 

A Volturi também se endireitou, e o lançou um olhar de desprezo antes de bufar e desviar os olhos para a garrafa de rum no meio da mesa. Ela apoiou o queixo na mão e ficou em silêncio, sem reclamar, insultar ou torturar.
 Gaz achou estranha a atitude repentina.
Ele não quis interromper o silêncio, muito menos ir embora — outra coisa estranha — e por isso ficou de boca fechada, e aproveitou para analisar a vampira por mais do que dez segundos desde que entrara no escritório.

Dada a inclinação da cabeça dela, o cabelo loiro, quase dourado, caía em volta do rosto angelical. Os lábios estavam crispados, a testa com leves vincos sob a pele pálida como a dele e os olhos vermelhos pareciam fora de foco, como se ela estivesse em outro lugar, não ali no escritório de Carlisle; e onde quer que fosse o outro lugar, não era nem um pouco agradável.

Foi então que Gaz percebeu, depois de uma análise minuciosa, que Jane estava entre frustrada e angustiada. E aquilo o surpreendeu, porque em sua concepção ela não era capaz de sentir nada além de maldade e prazer pelo mal.
O pensamento o fez se remexer na cadeira, incomodado. E o seu incômodo foi tão grande que se transformou em palavras.

 

 

— Hum... Então, por que você está frustrada?

 

Jane ergueu os olhos para ele como se ele tivesse acabado de dizer uma grande estupidez.

 

— Eu não estou frustrada.

 

— É por causa do cara esquisito que usa chapéu e faz magia — Afirmou Gaz.

 

— Você é o esquisito aqui — Corrigiu Jane, o olhando feio. Mas ele não se abalou, e depois de um tempo, ela acabou desistindo de resistir e grunhiu. — Sim, é por causa do Kian.

 

— Ex-namorado?

 

A careta que a vampira fez mostrou que ele errou na dedução.

 

— Sem chance. Kian é um amigo de infância... — Ela hesitou. —... Era um amigo de infância.

 

Gaz balançou a cabeça, como se entendesse. Ele queria ouvir mais, pois estava intrigado com a história dos gêmeos Volturi e do feiticeiro, mas não pressionou Jane por mais detalhes.
 Por mais que quisesse entender o que poderia ser tão forte ao ponto de deixar a vampira angustiada e frustrada, não queria ser indelicado com ela. E com ninguém.

 

— Você deveria não gostar muito dele quando era criança. E atualmente também não, pela sua reação quando o viu na sala — murmurou, abrindo um sorriso descontraído que fez a loira relaxar um pouco.

 

— Na verdade, eu costumava gostar muito do Kian. O problema é que ele traz lembranças ruins que eu gostaria de esquecer... — A voz dela se tornou distante, como se estivesse relembrando aquelas lembranças.

 

Gaz pigarreou, chamando a atenção.

 

— Bom, então você tem todo o direito de estar frustrada — sorriu, empurrando a garrafa de rum na direção dela. — e mais direito ainda de tomar um gole, ou quantos quiser.

 

Jane o encarou durante longos segundos. Ela intercalou olhares entre o rum e o loiro, e abria a boca como se fosse dizer algo, mas então a fechava e franzia o cenho e por fim repetia todo o processo.
O Julions nunca a viu tão confusa. Ninguém nunca vira.

Finalmente, depois de minutos arrastados, a Volturi pareceu se decidir sobre o que fazer — abrir a boca e fechar, falar, franzir o cenho — e acabou por se levantar da cadeira abruptamente, o rosto se tornando duro outra vez e a postura defensiva.

 

— Você é tão patético! — Bradou Jane, o encarando com irritação. — Não preciso dos seus conselhos idiotas. Muito menos preciso que diga como estou me sentindo ou não!

 

— Não foi isso que eu qui...

 

— Se gosta tanto de conselhos, deveria usar algum e pensar em uma forma da estúpida da Evern notar você e seu amor podre que dá para detectar em um raio de cem quilômetros!

 

— Alto lá! — Exclamou Gaz, se levantando de olhos esbugalhados e incrédulo. Ele também estava irritado. — Você não pode falar desse jeito comigo ou sobre meu amor... não que eu esteja confirmando que amo a Brooke... O que estou querendo dizer aqui é que eu nunca falei nada sobre o seu relacionamento torto com o Demetri e a visível falta de respeito e interesse dele por você!

 

Os olhos de Jane se injetaram e o Julions tapou a boca, sabendo que tinha falado de mais e que agora tinha uma passagem de primeira classe para o cemitério dos vampiros. Se tal lugar existisse.

 

— Saia! — A Volturi berrou, apontando para a porta do escritório com as presas à mostra. — Saia antes que eu torture você de diversas formas e me meta em problemas depois. E é melhor esquecer o que eu disse aqui se não quiser ser mutilado!

 

Por mais ofendido que estivesse, e por mais vontade que tinha de retrucar, ele achou melhor não dizer nada grosseiro e sofrer as consequências depois. Como a loira mesmo havia dito: ele não era tão rápido e páreo para ela.
Por isso, Gaz preferiu apenas revirar os olhos e lançar um último olhar feio para Jane.

 

— Já esqueci. — disse e a deu as costas, caminhando até a porta do escritório. E assim que alcançou a maçaneta, não se conteve: — Hasta la vista.

 

Ele abriu a porta e saiu, mas não sem antes escutar um rosnado e a voz da Volturi lá dentro:

 

— Eu sou italiana, sei strano*!

 

Gaz nunca teve aulas de italiano, mas se desse um palpite, diria que aquilo soava como um xingamento. Mais precisamente como o seu novo apelido dado por Jane Volturi, que era italiana, não espanhola.

Italiana.

Que fosse.

Ele odiava espaguete. 

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

• L'inferno = Inferno
• Stai al sicuro, Alecssandro = Fique seguro, Alecssandro
• Sei strano= seu estranho
• Passagem bíblica = Isaías 57:1

Referências do capítulo
—_________________________________


OLÁ, AMORES! Como vocês estão?
Como sempre, atrasada. E o motivo é o de sempre, o velho bloqueio. Me perdoem e não desistam de mim, porque a história acabou de entrar em seu clímax!
Deu trabalho escrever esse capítulo por conta do novo personagem: Kian Archetti, o feiticeiro que deixará todo mundo em uma relação de amor e ódio haha. Ele é um personagem importante no mistério e seu surgimento trará reviravoltas para o enredo e para o destino dos nossos personagens principais. É tudo que eu posso falar, além de que Kian é representado fisicamente por Louis Garrel, um ator francês. Vou postar algumas edições dele no tumblr da fanfiction depois, para quem quiser ver.

Além de estar na expectativa do que vocês vão achar do Archetti, também estou de coração partido pelo meu Broolec. Mas uma hora ou outra algo tinha que acontecer, não é mesmo? Infelizmente, os segredos acabaram com o que nem tinha começado entre eles. Mas não se preocupem, ainda têm muita coisa que vai acontecer.
É oficial: Brooke é a descendente! E algo me diz que isso vai mudar completamente quem ela é...

Eu tenho que encerrar essa nota, mas não sem antes dar um aviso e fazer um pedido. O aviso é que quarta-feira é meu aniversário, assim como é o aniversário da minha irmã, já que somos gêmeas (SIM, EU SOU GÊMEA). E o pedido que eu gostaria de fazer, é pedir para vocês darem uma passadinha na nova fanfic dela que é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a, e o melhor de tudo? É sobre os Volturi, mais especificamente focada no Demetri com uma personagem original mais maravilhosa ainda que um dia acorda em seu túmulo e descobre que os mortos de Forks estão voltando a vida. É quase uma mistura de zumbis e vampiros gatos.
Vou deixar o link aqui para quem se interessar, ou então se quiserem é só ir no meu perfil nos favoritos e clicar na história: Dawn of the living dead.
Vocês não vão se arrepender!

https://fanfiction.com.br/historia/760011/Dawn_of_the_living_dead

É isso.

Até o próximo capítulo...
Bjs! ♡




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eyes On Fire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.