Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 26
Chapter 23: Hora da morte


Notas iniciais do capítulo

I'm only human
I make mistakes
I'm only human
That's all it takes
To put the blame on me
Don't put the blame on me

— Ra'g Bone Man (Human)



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Brooke acordou do que parecia o sono dos sonhos. Abriu as pálpebras vagarosamente, se deparando com um teto diferente do que via todos os dias ao despertar. O silêncio absoluto também era diferente das vozes altas e gargalhadas dos Cullen.
Ela se mexeu, sentindo a textura macia do cobertor que a cobria e percebeu que aquela também não era a sua cama. Definitivamente não era.
Então, só para completar o raciocínio lento de seu cérebro recém despertado, moveu minimamente a cabeça e a ergueu junto com o tronco, na intenção de descobrir onde estava, quando a dor insuportável e inconfundível de uma ressaca, a acertou como um martelo.

 

— Merda... — Gemeu Brooke, desabando de volta no travesseiro, fechando os olhos com força.

 

Parecia que alguém havia feito um buraco em sua cabeça, realizado uma festa de fraternidade e voltado a fechar com a bagunça ali dentro.
 Como chegara aquele ponto? Porque ela não se lembrava de nada, ou quase nada da noite anterior. Não sabia nem onde estava. Havia um branco no lugar onde as memórias recentes deveriam estar.
Ela nunca mais iria beber.
 O barulho da porta sendo aberta ecoou em seus ouvidos sensíveis, a fazendo gemer e se encolher, embora quisesse sair correndo de onde quer que estivesse.
Passos ecoaram e alguns segundos depois o colchão afundou aos seus pés.

 

— A ressaca deve ser uma das piores consequências para vocês, humanos.

 

Brooke abriu os olhos no mesmo instante em que ouviu aquela voz, ignorando o golpe da claridade das lâmpadas acessas no quarto contra eles e girou a cabeça, se deparando com a figura de Alec sentado na ponta da cama, a encarando como uma escultura perfeita esculpida por Michelangelo.
 A morena abriu a boca e a deixou suspensa no ar, pronta para soltar o tipo de grito surpresa que costumava acontecer naquela situação em filmes de comédia, mas imaginou que se gritasse pioraria a dor em sua cabeça, então voltou a fechar a boca e optou por pestanejar sem parar.
 Alec arqueou uma sobrancelha.

 

— Creio que uma ressaca forte não seja o suficiente para te deixar com um problema neurológico que a faz me olhar com essa cara de boba — disse ele, naquele jeito indiferente característico dele. Brooke torceu o nariz, ainda tentando entender a situação, e enquanto fazia isso, Alec apontou para algo: — É para aliviar a dor de cabeça. Tome.

 

Brooke piscou rapidamente antes de virar a cabeça lentamente na direção que o Volturi apontava, tentando não piorar a bagunça em sua cabeça.
Ao lado da cama, havia uma cômoda branca. E em cima dela, apenas uma sacola de farmácia com uma cartela de comprimidos ao lado de um copo d' água.

 

— Você se deu ao trabalho de comprar remédio para mim? — Foi impossível a morena esconder a surpresa empregada no tom de voz.

 

Ela voltou os olhos para o vampiro, rápido demais, mas resolveu ignorar o latejar em seu cérebro.

 

— Não. Mas é claro que não. Telefonei para a recepção do prédio e perguntei se eles não tinham o remédio — respondeu Alec, rápido e duro demais. Ele desviou os olhos por um instante, mas depois voltou a encarar Brooke com uma irritação genuína no rosto. — Ou você queria que eu tivesse ido comprar? Não é o suficiente eu ter pensado no seu bem-estar, Evern?

 

— Hum... é que essa é a sacola de uma farmácia.

 

Alec piscou lentamente.

 

— Bem, disso eu já não sei. A recepção deve ter comprado, então. Não tenho nada a ver com isso — ele encolheu os ombros. — Agora tome logo o remédio.

 

Brooke acatou a ordem, desviando os olhos do Volturi somente de um longo minuto que gastou à procura da sinceridade em suas palavras. No final, preferiu acreditar, primeiro porque estava de ressaca e seu cérebro não conseguia raciocinar uma informação por mais de dois minutos sem entrar em pane, e segundo porque não haviam motivos para Alec mentir.
Ele nunca iria até a farmácia unicamente para comprar analgésicos para a ressaca dela. Não fazia o tipo dele e era quase impossível imagina-lo fazendo tal coisa.
 Ela se ergueu nos cotovelos com algum esforço, apoiando as costas contra a cabeceira da cama e resmungou dolorosamente enquanto esticava o braço e apanhava a cartela de comprimidos e levava um à boca, apanhando o copo d'água e bebendo em seguida. O remédio desceu rasgando a garganta áspera da morena, que fez careta e voltou a depositar o copo e a cartela em cima da cômoda.
Então olhou para Alec. E engoliu em seco.

 

— Pode falar — Soltou Brooke, inspirando fundo.

 

— Falar o quê? — perguntou o Volturi, deixando a indiferença de lado e soando confuso.

 

— O que você tem para me dizer. Eu sei que você tem, e muito... Apenas fale.

 

— Eu não vou te dar um sermão, Evern.

 

— Não vai?

 

— Não — respondeu Alec, calmamente. — Eu pensei a noite toda sobre o que fazer. Eu poderia te dar um sermão, o que normalmente eu faria, mas percebi que você é uma adolescente e não fez nada de anormal. Então, no lugar de te repreender, eu irei apenas te contar tudo o que você fez.

 

Brooke arregalou os olhos.

 

Tudo? — A voz dela tremeu e ela deslizou de volta para o travesseiro, forçando as memórias da noite passada, mas havia apenas a fraca lembrança da fogueira, dos barris de bebida, do sentimento de solidão, de um chapéu preto e um imenso vazio transformado em uma ressaca das grandes. Brooke se permitiu ter medo do que ouviria.

 

— Tudo. — Concordou Alec. Ele inclinou a cabeça para o lado, olhando o pânico crescente dela de outro ângulo. — Diga-me Evern, do que você se lembra da noite passada?

 

— De m-muito pouco... — respondeu ela, mas saiu mais como um lamento, enquanto segurava o cobertor e o apertava fortemente entre os dedos. — O que foi que eu fiz?

 

O canto esquerdo da boca de Alec subiu, formando um mínimo sorriso de lado.

 

— Seria mais fácil perguntar o que você não fez. Mas como estou de bom humor essa manhã, vou te responder. Você chegou sendo carregada pela minha irmã, quase vomitou no sofá, aí vomitou no banheiro, eu te trouxe para cá e você começou a chorar e ter uma crise existencial e por fim me insultou e me ameaçou de morte antes de pegar no sono, o que não fez muito sentido já que tecnicamente eu estou morto, mas não diminui meu descontentamento com você. Foi uma noite difícil.

 

— Ai, meu Deus... — Gemeu Brooke, cobrindo o rosto com as mãos quando a vermelhidão coloriu suas bochechas. Estava envergonhada e furiosa com ela mesma, mas não surpresa. Alec tinha acabado de descrever todas as ações que ela fazia quando estava embriagada, reconhecia isso. Porém, faltava uma coisa que ele não mencionara. — Espera. — Tirando as mãos do rosto, ela olhou para o vampiro, meio sem graça, mas esperançosa. — Eu... por acaso... beijei alguém?

 

As sobrancelhas do Volturi se elevaram.

 

— Como você sabia?

 

Brooke voltou a cobrir o rosto.

 

— Eu sempre beijo alguém quando estou bêbada. Merda! Não que eu me lembre, mas isso não deveria ter acontecido. Te beijar. Porque eu te beijei, duas vezes. Ai meu Deus! Mas você também me beijou, então não sou a única culpa...

 

— Se acalme, Evern — Pediu Alec, a interrompendo. Ela fechou a boca e abaixou as mãos do rosto lentamente, o olhando com cautela. Alec estava achando engraçado a reação dela, no entanto, as próximas palavras que falaria estragava isso. — Você beijou alguém, sim. Mas não fui eu. Pelo que eu soube, foi Jacob Black.

 

O Volturi a observou entreabrir os lábios, mas nada saiu deles. Ele a viu arregalar os olhos, empalidecer sob as luzes do quarto e engolir em seco.
Um flash invadiu a mente de Brooke e a cena de uma garrafinha d'água rolando no chão e cabelos ruivos balançando no ar se afastando, a acertou.
O peito dela se apertou.
Ela chutou o cobertor para longe e levantou-se da cama com os dentes cerrados, a cabeça protestando.

 

— Eu preciso voltar para a casa dos Cullen — disse Brooke, se voltando para Alec. — Onde nós estamos?

 

— No meu apartamento — replicou o Volturi, também se colocando de pé. Ao ver a morena abrindo a boca novamente, completou: — Ainda estamos em Forks.

 

Ela assentiu.

 

— Ok. Eu... eu preciso ir. Renesmee me viu beijando Jacob. Tenho que consertar as coisas.

 

Brooke levou as mãos à cabeça e suspirou. Então, abaixou as mãos e deu um passo em frente, sentindo as pernas bambearem, mas se manteve firme e seguiu na direção da porta do quarto, agitada demais para pensar com clareza.
Ao passar por Alec, ele a segurou pelo pulso, com força o suficiente para não machucar, e a deteve, a virando para ele até que colidissem e ficassem cara a cara.

 

— Você realmente acredita que eu irei deixa-la sair assim? — Questionou ele, abaixando a cabeça para olhar nos olhos dela, que se encolheu e se arrepiou por baixo da roupa. Alec sentia a respiração quente de Brooke bater contra seu pescoço, tornando difícil se concentrar no que estava dizendo ou olhar para qualquer lugar além do rosto angustiado dela. — Porque eu não vou. Se acalme primeiro e raciocine direito, do jeito que você está, não conseguirá voltar para a casa dos Cullen. Depois que fizer isso, te deixo ir e até te levo, porque sei que não irá achar o caminho de volta. Mas antes, acho que você vai querer se ajeitar, está com uma cara péssima, Evern.

 

— Você está certo — Concordou Brooke, respirando fundo depois de um tempo. Ela o encarou nervosa. — Onde fica o banheiro?

 

— Segunda porta à direita.

 

Alec a soltou e ela virou as costas, retornando o caminho até a saída do quarto, sentindo-se tensa inteiramente.
Brooke abriu a porta e estava prestes a sair por ela quando ouviu o chamado:

 

— Evern?

 

Ela se virou. Alec ainda estava parado no meio do cômodo, mas agora tinha os braços cruzados atrás das costas e uma expressão pétrea no rosto, que indicava que o bom humor havia passado.

 

— Hum?

 

— Você me disse uma coisa ontem que eu não respondi. Naquela noite no clube, eu a disse para não criar expectativas quando a beijei, mas parece que você criou ou entendeu errado. Admito que a culpa é minha por não esclarecer a situação, mas estou fazendo isso agora, por isso preciso que preste atenção — Alec a olhou nos olhos, frio. — Aqui está minha resposta: não há nada entre nós dois. Aquele beijo foi apenas uma estratégia para nos manter na jogada. Ficou claro?

 

— Sim, claro como cristal — Brooke assentiu bruscamente, sentindo as palavras lhe saltarem como farpas. Ela precisou se livrar dos sentimentos que carregava no momento para poder lidar com as palavras de Alec e responder à altura. — E não se preocupe, Volturi. Eu nunca entendi errado ou criei expectativas sobre aquele beijo. Sempre tive plena consciência de que nem em um universo paralelo a existência de nós dois fosse possível, porque eu sou apenas eu e você é apenas você. E se eu disse algo ontem que deu a entender de outro modo, peço desculpas, mas você deveria saber que foram apenas palavras vazias. Eu não gosto de você, Alec, e nunca gostarei. Por isso, desconsidere e esqueça tudo o que eu disse, por favor — Brooke o lançou um último olhar, tentando camuflar a dor da desilusão e das pontadas em seu peito, ainda que não conseguisse entender. Não conseguia e naquele momento, não queria. Apenas estar tendo aquela conversa enquanto estava de ressaca e ainda absorvendo os erros cometidos na noite passada, já era um grande esforço. — Agradeço por ter me deixado passar a noite aqui e não precisa se dar ao trabalho de me levar até a casa dos Cullen, posso encontrar o caminho de volta sozinha. Sou boa nisso. Algo mais para me dizer?

 

— Nunca mais volte aqui. Esta é a minha casa nesta cidade e não a quero por perto.

 

— Não voltarei.

 

Sem dizer mais nada, Brooke virou as costas e saiu pela porta, deixando o Volturi imóvel, encarando o lugar onde ela estava.

 

 

***

 

 

No final das contas, Alec acabou por leva-la de volta à casa dos Cullen. Por mais que se recusasse a aceitar a carona quando saiu do banheiro, de algum modo Brooke ficou sem argumentos e deu ouvidos ao lado racional de si, que a dizia que seria uma tarefa difícil encontrar o caminho de volta, mesmo em uma cidade pequena como Forks já que não sabia a localização do apartamento dos Volturi.
Assim, aceitou a carona de Alec e os dois fizeram um percurso silencioso e desconfortável até a mansão. E agora fitava fixamente a casa, no banco do carona, sentindo as mãos pegajosas de suor embora sentisse um frio incomum, mesmo estando de frente para o aquecedor do carro.

 

— Se você ainda não reparou, nós já chegamos — A voz rouca de Alec alcançou os ouvidos dela, mas não parecia impaciente como ela imaginou que estaria.

 

— Eu sei — murmurou Brooke, secando sutilmente as mãos na calça jeans do dia anterior que ainda usava, sem desgrudar os olhos do para-brisas do carro.

 

— Se sabe, então o que está esperando para descer?

 

Ela se virou para ele, finalmente o encarando.

 

— Coragem — Confessou. — Possivelmente eu estraguei uma amizade muito importante para mim e não sei como... Ah. Você não está interessado nisso — Brooke balançou a cabeça, como se pedisse desculpas. Então respirou fundo uma, duas vezes e acenou para Alec, que permaneceu calado. — Obrigada por me trazer.

 

Antes que se acovardasse, Brooke empurrou a porta ao lado e desceu do carro, sendo recebida pelo vento gélido do ar livre naquela manhã.
Ela abraçou a si mesma, mas não saiu do lugar. Apenas ficou parada, observando a fachada da mansão, aguardando que um impulso a tomasse e ela fosse encarar as consequências de suas burradas.
O impulso não aconteceu.
 O barulho da porta do carro sendo batida ecoou, e no segundo seguinte, Alec estava ao seu lado, as mãos dentro dos bolsos do sobretudo e o cabelo balançando ao vento, tal como o dela.
 Brooke franziu o cenho para ele.

 

— Eu também vou entrar. Vamos juntos — disse Alec, simplesmente.

 

A Evern teve vontade de rir ou insulta-lo, porque ela não entendia. Não entendia como ou porquê ele fazia aquele tipo de coisa. Alec era indiferente com ela quase o tempo todo que estavam juntos, e nos momentos que não era, agia daquela forma. Ajudando ela, mesmo que indiretamente ou sutilmente. Porque era isso que ele estava fazendo agora: a ajudando a prosseguir com o que tinha que fazer. Ela não sabia se ele fazia aquilo de propósito ou se era apenas uma coincidência; apenas sabia que o comportamento indefinido dele a deixava confusa.
E odiava isso.

 

— Você tem que parar de fazer isso — Brooke o encarou, colocando as mãos na cintura.

 

— Isso o quê? — A genuína expressão confusa do Volturi a fez bufar.

 

Isso. — Ela intercalou um gesto entre os dois. — Você não pode me tratar da maneira como me tratou no seu apartamento e depois fazer questão de estar aqui comigo, Alec. Isso não é certo. Não é assim que funciona. E se não quiser que eu entenda errado... Quer dizer... Você sabe... Apenas pare de agir como se me odiasse e logo em seguida ficar ao meu lado nas horas difíceis.

 

Os dois ficaram imóveis, se fitando da pequena distância em que estavam, no quintal da mansão.
 O sussurro do vento se tornou audível na pausa que se formou enquanto um confronto silencioso acontecia entre ela e ele, que na troca de olhares, tentavam desvendar as intenções um do outro.

 

— Acha que faço isso porque eu quero? — perguntou Alec, trincando os dentes. — Você é uma obrigação, Evern. E estar aqui faz parte do meu trabalho.

 

— Isso não é problema meu! — Berrou Brooke, suprimindo o nó que se formou em sua garganta. Ultimamente parecia que todas as conversas com o Volturi em sua frente terminavam assim. Ela suspirou. — Quer saber? Eu tenho coisa mais importante para fazer do que ficar aqui tentando entender o seu comportamento. E até você decidir se me odeia por ser só uma obrigação ou se há outro motivo por trás disso, fique longe. É o que estou te pedindo.

 

Brooke respirou profundo e deixou os braços penderem ao lado do corpo, virando as costas em seguida. Então caminhou na direção da casa, e não demorou muito para ouvir o som das botas de Alec em seu encalço.
 É a obrigação dele, se lembrou, segurando um grunhido.
 Eles caminharam diretamente até a varanda, onde pararam de frente à porta de entrada.
 Alec pensou que a Evern estava reconsiderando a ideia de consertar as coisas com a híbrida, mas percebeu que estava enganado quando a viu puxar o ar e empurrar a porta, entrando na mansão em seguida.
 Ele foi atrás dela.

 

Brooke parou no hall de entrada enquanto todas as cabeças na sala de estar se viravam em sua direção, sentindo a presença de Alec a alguns passos de distância. Ela recebeu os olhares tensos de Alice, Jasper e Esme, sentados nas poltronas. E o olhar aliviado de Gaz, que se levantou e no mesmo instante perguntou:

 

— Brooke? Você está bem?

 

Ela não o respondeu. Apenas ergueu a mão, gesticulando que a pergunta dele ficaria para depois, e se virou. No sofá, Edward e Bella a olharam como se pudessem arrancar seu coração a qualquer instante, e no meio dos dois, estava Renesmee. Renesmee, que a olhava fixamente e decepcionada, como se Brooke tivesse quebrado a maior e pior lei de todo o mundo.
 A profundidade daquele olhar a deu uma noção do que a esperava.

 

— Nessie, eu sinto muito — Começou a morena, dando um passo na direção do sofá. — Se você me deixar explicar...

 

— Você não vai falar nada para a minha filha, porque ela não vai ouvir. Você já fez o suficiente — Interrompeu Edward, se pondo em pé e a encarando mortalmente. — Vá para cima, Renesmee.

 

Brooke fechou a boca e lançou um olhar para a amiga, esperando que ela se pronunciasse. Mas ao invés disso, Renesmee apenas assentiu lentamente com a cabeça e desviou o olhar para longe, levantou-se e caminhou até as escadas silenciosamente.
Bella foi atrás da filha.

 

— O que? Você só pode estar brincando, Renesmee! — gritou Brooke, ignorando a ressaca e incrédula com a atitude da amiga. Sabia que ela tinha o direito de estar chateada e furiosa, e esperava até um tratamento frio como o que estava tendo e o ódio, mas não conseguia aceitar aquilo. O fato de Edward se meter entre elas. Ele poderia ser o pai da ruiva, mas aquilo era entre elas. E tinham que resolver. E além do mais... tinha que explicar. Tinha que fazer a amiga entender que estava bêbada, que não gostava de Jacob, que não queria acabar com a amizade das duas por causa de um homem. Ela não queria, não podia. Seu erro era condenável, mas não imperdoável ao ponto de ser julgada por todos naquela sala que já deveriam saber sobre ele. Ela não deixaria. — Está me ouvindo? Volte aqui e vamos conversar, por favor. Renesmee! — Pediu, desesperada. A ruiva não tinha subido todo o lance de escada e paralisou no sexto degrau, mas não se virou. A fagulha de felicidade chamuscou o peito de Brooke, que deu mais um passo em frente. — Apenas me ouça...

 

— Ela não quer te ouvir. Deixe-a em paz — Rosnou Edward, bloqueando seu caminho.

 

— Isso quem decide é ela — Rebateu Brooke, o encarando irritada.

 

— Ela é uma criança.

 

— Não, ela não é. Você quer que ela seja, mas ela cresceu, Edward. E pode tomar as próprias decisões sem a sua interferência, o famoso livre arbítrio, caso não saiba.

 

Os olhos dourados do Cullen faíscaram.

 

— Eu sempre soube que você era uma má influência desde do primeiro dia que te vi — Cuspiu ele.

 

Brooke cerrou os punhos.

 

— Você diz isso apenas porque tem medo que a sua filha canse de tentar ser o que você espera dela. Ser perfeita, como você nunca foi, mesmo sendo um vampiro centenário!

 

O silêncio tomou conta da sala.
Brooke observou os olhos de Edward aumentarem e diminuírem de tamanho, a mandíbula tremer e ele virar as costas, por fim.

 

— Acho melhor acalmarmos os ânimos, pessoal — comentou Esme, amável demais para a situação.

 

A morena não queria acalmar os ânimos. No entanto, bufou e permaneceu calada sentindo os olhares cavados em si, mas não se importou. Ela queria que Renesmee a olhasse, mas uma espiada na escada e a híbrida continuava de costas, esperando por algo que Brooke não tinha certeza se era seu pedido de desculpas.
Tentando ser otimista, ela escolheu acreditar que sim. E abriu a boca novamente para se desculpar.

 

— Eu...

 

Edward se virou novamente.

 

— Você está enganada — disse ele, não no tom hostil de antes, mas sim no tom baixo e controlado que o Volturi ali presente costumava usar quando fazia ameaças, acompanhado de um olhar inexpressivo e cruel. Então lá estava a verdadeira face do vampiro que Edward tinha, assim como todos os outros. — Não tenho medo disso. Tenho medo porque você é uma má influência para a minha filha, e por quê? Porque você é uma garota problemática. Com um histórico de doente mental e vândala. E sabe o que é pior? É que eu sabia de tais coisas quando concordei em acolhe-la nesta casa quando o seu caminho cruzou com o nosso. Eu nunca deveria ter concordado, porque posso adivinhar o motivo para sua mãe ter te deixado aqui e aceitado aquele cruzeiro... Você arruinou a vida dela e agora está tentando arruinar a vida da minha filha, porque é isso que você faz, não é? Você arruína a vida de todos que conhece. Você é uma falh...

 

— PAI, JÁ CHEGA! — gritou Renesmee do alto das escadas, descendo os degraus correndo, o rosto horrorizado.

 

Edward se calou.
Brooke arfou com o impacto das palavras atiradas em seu rosto. Ela sentiu os olhos se encherem de lágrimas, mas as segurou bravamente porque não iria chorar na frente de ninguém.
Olhou ao redor, vendo as mesmas expressões horrorizadas dos outros Cullen e a raivosa de Gaz, em seguida teve a visão borrada pelas lágrimas.
Não conseguia pensar direito. Tudo que queria naquele momento era partir pra cima de Edward e faze-lo engolir palavra por palavra, mas se conteve porque sabia que era verdade. Tudo o que ele falou era verdade.
 Brooke deu um passo para trás, sendo observada por todos. A cabeça dela começou a rodar, os sentimentos e pensamentos disparando um atrás do outro e logo segurar as lágrimas se tornou difícil.

 

— Eu sinto muito — falou, lançando um último olhar para Renesmee antes de virar as costas e andar rapidamente até a saída.

 

Ela passou por Alec, que assistia tudo calado, e encontrou com os olhos dele a analisando seriamente.

 

— Evern...

 

— Não. Me deixe em paz — Brooke praticamente grunhiu, passando por ele que não a impediu quando alcançou a porta e saiu por ela, a batendo em um estrondo em seguida.

 

Tinha ido até ali para se desculpar e tentar salvar a amizade com a única pessoa que ainda acreditava nela.
Mas então percebera que não tinha como salvar nada, porque estragara tudo.
Seu erro não fora beijar Jacob. Seu erro fora pensar que não havia problema em ser ela mesma, mesmo que em um mundo que não deveria existir.

 

 

***

 

 

O feriado de Páscoa foi complicado. Pela primeira vez em dezessete anos, caixas de bombons e barras de chocolate não importavam, mesmo Brooke as tendo recebido.
 O clima com todos os Cullen se tornou tenso e desconfortável, e por isso ela decidiu se trancafiar dentro do quarto que tinha naquela casa, evitando contato com todos eles. Esme aparecia três vezes todos os dias com bandejas de comidas cheias e voltava com elas igualmente cheias — o que a deixou frustrada no decorrer da semana. Gaz ia até o quarto fazer companhia a morena e não tocava no assunto da discussão ou fazia perguntas, o que ela agradecia interiormente. Edward não apareceu em sua frente e Renesmee tão pouco.
 Brooke não saia do quarto a não ser para usar o banheiro no corredor e depois de algum tempo, percebeu que estava de volta ao início. Quando tudo começou, quando foi aprisionada num quarto como aquele contra sua vontade.
A ironia era que agora, era ela quem se mantinha prisioneira.
Estava muito magoada para esquecer as palavras e Edward e fingir que nada havia acontecido. Porque havia. E ninguém queria falar sobre aquilo, exceto ela... e Jacob.
Jacob, que fora até a mansão mais de três vezes para tentar explicar-se e consertar as coisas. Brooke ouvira escondida no topo das escadas todas as discussões que o quileute tivera com Edward, que o chutara para fora da casa em todas as tentativas. Em resumo, Jacob tivera o mesmo resultado que a Evern: nenhum.
Assim, o feriado passou. E a segunda-feira da metade de abril chegou, trazendo o começo das últimas provas daquele ano.

 

 

— Não fique nervosa — disse Gaz, pela quarta vez, enquanto adentravam a sala.

 

— Eu não estou nervosa — Insistiu Brooke, também pela quarta vez. O que era uma mentira, e os dois sabiam. Gaz a virou delicadamente de frente para ele e colocou as mãos nos ombros delas, que suspirou derrotada. — Ok. Eu estou nervosa.

 

O Julions abriu um sorriso, deixando as covinhas nas bochechas aparecerem.

 

— Não há motivo para ficar. Você estudou bastante. Nós estudamos bastante.

 

— É. Só que nós não vamos fazer as malditas provas, apenas eu vou.

 

— O que posso fazer? Sou um cara desaparecido, não posso ir até a escola e ser seu suporte emocional, mesmo eu querendo fazer isso — Ele a olhou como se pedisse desculpas. — Mas a boa notícia é que não preciso fazer isso. Você vai arrasar.

 

— Eu espero que sim.

 

Uma buzina soou do lado de fora.

 

— É melhor você ir ou vai se atrasar. O hábito de pontualidade dos Cullen me irrita — Gaz revirou os olhos. E então afastou as mãos dos ombros da morena, abrindo os braços. — Venha aqui.

 

Brooke riu e foi até ele, que a envolveu em um abraço de urso, mas não a machucou. Gaz sabia controlar a própria força inumana agora, mesmo não totalmente.
Ela aspirou o perfume adocicado do amigo e desejou poder permanecer naquele abraço por mais algum tempo. Sem problemas, sem provas, sem beijos bêbados no crush da amiga, sem vampiros assassinos em série soltos por aí... O pensamento fez um mínimo sorriso surgir em seu rosto, mas ele logo se apagou quando ela percebeu a rigidez que o corpo de Gaz tomou.

 

— Gaz?

 

— Quando foi a última vez que você comeu, Brooke? — A pergunta dele ressoou no ouvido dela.

 

A morena arregalou os olhos e se afastou bruscamente, dando um passo para trás. Encontrou com os olhos do amigo a olhando espantados.

 

— É m-melhor eu ir... Alice está me esperando.

 

— Espere. — Gaz a segurou pelo braço quando ela fez menção de virar as costas. Ele estava sério como nunca. — Eu acabei de te abraçar e tudo o que senti foram ossos, Broo. E não no sentido normal. Por que você não está se alimentando?

 

Brooke o ignorou.

 

— Gaz, eu preciso ir.

 

— Você pode fazer isso depois que me responder — Rebateu ele, firme. — Por quê? É esse o motivo das roupas extremamente folgadas, não é? Para ninguém perceber.

 

— Não vamos falar sobre isso agora — Ela implorou, sem saber mais o que poderia falar. Apenas não queria mexer naquele assunto no momento. — Por favor.

 

O Julions a fitou por alguns segundos, transparecendo preocupação, as pálpebras cerradas. E então a soltou lentamente, expirando em seguida.

 

— Iremos conversar quando você voltar. Boa sorte na prova.

 

Brooke assentiu, sem graça e sem saber o que falar diante dos olhos severos do sempre tão engraçado Gaz. Apenas o lançou um último olhar e virou as costas, caminhando rapidamente até a porta.
 Enquanto a abria e passava para o lado de fora, onde o porsche amarelo de Alice a esperava, os pensamentos da morena se agitaram, coisa que ela tentara evitar desde do momento que acordara, porque sabia que precisava estar tranquila para as provas. Só que agora era tarde demais para aquilo.

 

— Os outros foram na frente — Informou Alice, assim que ela se aproximou do porsche.

 

Brooke piscou e a encarou, balançando a cabeça em concordância. Não esperava que os outros Cullen a esperassem, apenas Alice havia se oferecido para leva-la até à escola, de qualquer maneira.

 

— Está tudo bem? Você está pálida demais.

 

Brooke precisou engolir em seco duas vezes antes de espantar os pensamentos e trocar um olhar com Alice, que sorria lindamente.

 

— Sim, está. É só o nervosismo que antecede uma prova — ela apontou para o carro, tentando esconder a careta. — Vamos?

 

 

 


 O ruído dos ponteiros do relógio na parede rompia o silêncio profundo que a sala de aula estava mergulhada. As inúmeras cabeças inclinadas para baixo estavam concentradas nas questões das provas de biologia e inglês. Respirações suspensas, mãos molhadas, canetas trabalhando e as engrenagens dos cérebros rodando.
Já fazia uma hora e trinta e cinco minutos que as provas haviam sido distribuídas, e restavam apenas vinte e cinco minutos para que fossem recolhidas.
 Brooke não estava nem na metade das respostas. Ela tinha que ler cada pergunta mais de duas vezes para entender, porque sua mente se distraia a cada questão com algum pensamento que a assaltava. Renesmee estava sentada na carteira da frente, muito concentrada, ignorando a presença dela. O professor responsável pela aplicação das provas era Felix, que ficava andando pela sala, atento a qualquer sinal de cola, e cruzando o olhar sempre com o de Brooke.
 A junção de todas aquelas coisas estavam a deixando nervosa, instável, com o coração acelerado.
 Tique-taque. Tique-taque.
 Ela respirou fundo e voltou a se concentrar na questão... Sabia a resposta. Tinha certeza que sabia, só não conseguia lembrar. Estudara aquilo com Gaz...
Gaz. A conversa de mais cedo invadiu sua mente.
Tique-taque. Tique-taque. Vinte minutos.
Qual era a droga da resposta?!
Gaz. Vinte minutos. A caneta tremeu em sua mão.
 Felix parou ao lado da morena e a olhou pelo canto dos olhos, mas retornou a andar pela sala alguns instantes depois. Brooke fechou os olhos.
Qual era a resposta?
Gaz.
Tique-taque.
Dezesseis minutos.
Qual era a resposta?

Respirar se tornou difícil. Brooke voltou a abrir os olhos, pontos escuros pontilhando sua visão. Seu braço esquerdo formigou, a caneta rolando para o chão em um ruído agudo que foi acompanhado pelo som dela empurrando a carteira, que atingiu o chão em um estrondo.
Todos viraram as cabeças na direção dela.

 

— Algum problema, senhorita Evern?
— perguntou Felix, com o cenho franzido enquanto se aproximava.

 

— E-eu... — Brooke tentou falar, mas as palavras se enrolaram em sua língua, e antes que pudesse tentar novamente, uma forte dor a atingiu no peito e nas costas, a fazendo arfar.

 

A Evern gritou. Seu corpo se inclinou para frente, o oxigênio fugiu de seu alcance e ela desmaiou, desabando no chão em um baque surdo.

 

— Brooke! - Berrou Renesmee, levantando assustada e correndo até a garota desmaiada.

 

As carteiras foram empurradas e os alunos se levantaram, formando rapidamente uma roda ao redor das duas.

 

— Se afastem. Ela precisa de ar. Voltem para os seus lugares! — A voz autoritária de Felix se sobrepôs a agitação enquanto ele abria caminho entre os alunos e se ajoelhava ao lado da híbrida.

 

— Ela não está respirando! — Exclamou Renesmee, olhando para o Volturi desesperada.

 

Felix concordou com a cabeça e verificou o pulso de Brooke, mas não precisava. O suor frio nas palmas das mãos da garota e a fraca pulsação o dizia o que estava acontecendo.

 

— Alguém chame um ambulância. Agora! — Ele olhou para a ruiva. — Ela está tendo uma parada cardíaca.

 

 


***

 

 

Carlisle estava na recepção do hospital, fingindo estar descansando depois de um longo plantão noturno, quando ouviu as sirenes da ambulância se aproximando.
Ele não estava na emergência naquele dia, mas se preparou para estar à disposição caso precisassem dele.
 Um minuto depois, as portas do hospital se abriram e os paramédicos passaram por elas carregando uma maca com alguém nela. Atrás deles, sua neta Renesmee e Felix Volturi corriam.

 

— Renesmee, o que está fazendo aqui? — perguntou Carlisle, atraindo a atenção dos dois.

 

A filha de Edward o encontrou e correu até ele, agarrando seu jaleco com os olhos transbordando de lágrimas.

 

— Brooke... Ela t-teve uma parada cardíaca... — Soluçou Renesmee. — Por favor vovô, a salve. Você tem que salva-la.

 

Carlisle arregalou os olhos dourados ao ouvir tais palavras.

 

— Era ela na maca — disse Felix, se aproximando com o rosto tenso. — Fiz massagem cardíaca até a ambulância chegar, mas creio que não será o suficiente. A Evern precisa de um médico, e urgente.

 

O Dr. Cullen assentiu com a cabeça, ajeitando a postura, tentando absorver as informações.

 

— Estou indo para a sala de emergências. Liguem para os outros e avise-os.

 

— Já fiz isso. Eles estão vindo.

 


Carlisle olhou para Renesmee, ainda agarrada a ele e afagou os cabelos da neta. — Eu farei o máximo que puder pela Brooke. — E então lançou um olhar para Felix. — Cuide dela e a mantenha longe da sala enquanto isso.

 


O Volturi assentiu, colocando as mãos nos ombros da híbrida e a puxando delicadamente para longe do avô.
 Carlisle saiu correndo na velocidade humana para a sala de emergências, temendo o que aconteceria nos próximos minutos.
 Assim que passou pela porta da sala, se deparou com a figura familiar de Brooke deitada em cima da maca, com os dois paramédicos e uma enfermeira ao redor dela, tentando reanima-la.

 

— Eu assumirei daqui. Qual é o caso? — Inquiriu ele, ao se aproximar da maca e mal esperou por uma resposta, logo começou a checar os sinais vitais de Brooke. — Ela está sem pulso.

 

O monitor cardíaco apitou, as linhas da frequência de batimentos se tornaram retas.

 

— O coração parou de bater — Informou a enfermeira.

 

— Me traga o desfibrilador — Comandou Carlisle, para um dos paramédicos, que o trouxe imediatamente. — Enfermeira, tire o casaco e abra a blusa dela.

 

A mulher acatou a ordem, abrindo o zíper do casaco e em seguida os botões da camisa da Evern inconsciente. Carlisle se preparou enquanto isso. Ele ouviu a enfermeira ofegar e se virou para descobrir o motivo.

 

— Ela é anoréxica — murmurou o Cullen, observando o tórax descoberto de Brooke. Era apenas pele e ossos.

 

Agora algumas coisas começavam a fazer sentido, ele percebeu. A fadiga que ela sempre aparentava, o frio, as bandejas que iam e voltavam cheias... Como não percebera? Era um médico. E aquela garota vivia debaixo do seu teto. Aquela garota tinha uma doença grave e ele não percebera antes de chegar no ponto de agora.

 

— Doutor, estamos perdendo ela — A voz da enfermeira o alcançou junto com os bips do monitor.

 

Carlisle balançou a cabeça e respirou fundo. Não era hora para se culpar, era hora de ser o profissional que era e salvar uma vida.

 

— Carregue em 200 joules — Ordenou. A enfermeira carregou e ele se aproximou mais da maca. — Se afastem. Aqui vai.

 

Carlisle pressionou as pás do desfibrilador contra o peito de Brooke. O corpo dela se arqueou com a carga de choque, mas o monitor continuou com os bips contínuos indicando a falta de batimentos.

 

— Recarregue.

 

A enfermeira o fez. Nada mudou.

 

— Carregue em 300 joules. Agora!

 

O corpo de Brooke se arqueou ainda mais, voltando a cair contra a maca, inerte.
Carlisle cerrou os olhos, provando do desespero crescente de perder um paciente.

 

— Mais uma vez — Ele praticamente grunhiu.

 

Quando a tela do monitor não mudou, os paramédicos trocaram um olhar significativo.

 

— Dr. Cullen, ela não está respondendo... — A enfermeira foi cuidadosa com as palavras.

 

Carlisle balançou a cabeça.

 

— Eu tenho que salva-la.

 

— Ela não pode mais ser salva. O coração parou de bater e o desfibrilador não funcionou. Acabou. O senhor fez tudo o que podia.

 

Carlisle olhou para o monitor cardíaco e viu as linhas retas e o apito que indicava o fim de uma vida. Em seguida, abaixou os olhos para a jovem na maca e se deu conta das palavras da enfermeira. Eram verdadeiras. Porém, isso não as tornava fáceis de aceitar.
Estava encarando o fim de uma vida. O fim de sonhos. O fim de alguém que nunca pediu ajuda, mas que precisava ser ajudado. Estava encarando Brooke Evern, morta. Era tarde demais. Podia recorrer a transformação, mas estava na presença de outras pessoas, e não sabia se esse era o desejo dela. Era tarde demais.
O Cullen entregou o desfibrilador para um dos paramédicos e olhou para o relógio em seu pulso. Então decretou:

— Hora da morte 09:00.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Olá, amores! Como vocês estão?
Eu estou chorosa com esse final. Brooke morreu! COMO ASSIM?
Eu sei que vocês devem estar querendo me matar agora, eu sei. Mas calma lá porque a história não acaba aqui, gente. E mesmo eu querendo soltar vários spoilers do que vai acontecer, não posso. Apenas saibam que tudo o que acontece em cada capítulo é necessário para a história. Eu não sou uma escritora assassina sem próprio HAHAHAHA.
Okay. Depois desse choque inicial, eu preciso fazer algumas ressalvas sobre o capítulo. A primeira delas é que eu tive que pesquisar MUITO sobre como acontece uma parada cardíaca ( que para quem não sabe, pode acontecer com pessoas com anorexia) e como funciona um desfibrilador para poder ter pelo menos alguma noção para poder escrever... Então se alguém aqui for médico ou saber algo sobre o assunto e eu tiver cometidos erros, perdão. Eu não serei uma médica, de qualquer maneira.
A segunda coisa que tenho para dizer, é que eu reescrevi este capítulo mais vezes do que consigo lembrar. Mudei muitas coisas, cortei algumas partes, por isso até o número de palavras é menor ao que eu venho escrevendo nos últimos capítulos. Enfim. No final das coisas eu achei que a última versão ficou melhor, porque a primeira tinha até uma parte que a Brooke tentava ligar desesperada para a mãe, antes dela ter a parada cardíaca, mas aí não tinha como encaixar a cena no contexto do capítulo, então é isso.
A terceira ressalva é que ainda tem muito pela frente, pessoal. Muita coisa vai acontecer, personagens irão surgir, outros irão morrer (PREPAREM-SE), e por aí vai. Dá até vontade de rir de nervoso, porque é muita ideia para encaixar nos capítulos e ainda fazer com que o conjunto fique bom, mas vamos seguindo firme e forte.

É isso.

Eu estou um pouco receosa com a reação de vocês, mad prometo que a história da Brooke não acaba aqui. O próximo capítulo tem o Alec e as coisas vão ser uma loucura!
Me contem o que vocês acharam e o que acham que vai acontecer nos comentários, amores. Estou um pouco atrasada em responder eles, mas juro que vou fazer isso.
E, só para terminar, peço que (momento divulgação) favoritem, acompanhem, comentem e recomendem a fanfiction caso estejam gostando! Fariam uma autora muito feliz *_*

Até o próximo capítulo...
Bjs! ♥



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