Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 19
Chapter 17: Regresso à (quase) normalidade


Notas iniciais do capítulo

You don't have to try so hard
You don't have to bend until you break
You just have to get up, get up, get up, get up
You don't have to change a single thing
You don't have to try, try, try, try...

— Colbie Caillat ( Try )



AVISO IMPORTANTE: LEIAM AS NOTAS FINAIS! NÃO DEIXEM DE LER AS NOTAS FINAIS! ^^



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No sonho de Brooke, ela estava parada na calçada de uma rua que não conhecia, diante da fachada do que parecia ser um armazém, com um letreiro com grandes letras em néon que formavam a sigla S. D. S. 
Havia apenas um retângulo de aço como porta, e o resto eram tijolos pintados por tinta verde musgo. Estava de dia, a luz da manhã trespassando as nuvens pesadas que cobriam o céu, e Brooke virou a cabeça para todos os lados, em busca de algo ou alguém que pudesse lhe dar uma pista de onde estava. Ela não viu ninguém; as ruas e becos que se seguiam antes e depois do armazém estavam vazias, sem uma alma viva além dela por ali. 
Brooke não gostou daquilo. Sabia que era um sonho, e queria acordar naquele exato momento, mas não conseguiu. Ela abriu e fechou os olhos diversas vezes, desejando acordar na própria cama, mas nada aconteceu. Não saiu do lugar. Ela cruzou os braços em cima do peito, de repente sentindo frio, e só então percebeu que não vestia nada além de suas peças íntimas: sutiã e calcinha. 
Seu primeiro instinto foi se encolher, o segundo, correr para um lugar onde pudesse se esconder, mas assim como não conseguia acordar, ela também não conseguia correr. Seus pés não obedeciam seu comando, e continuaram fixados onde estavam, a detendo na calçada, quase nua. E quando pensou que a situação não poderia piorar, uma corrente de ar gélida a tocou no rosto, ao mesmo tempo que uma voz grave e assustadora sussurrava em seu ouvido os três números que a fizeram se arrepiar:

"199..."

 

Os olhos de Brooke se abriram enquanto ela sentava na cama, bruscamente. Seu peito subia e descia descompassadamente, e as gotículas de suor faziam os cabelos de sua nuca grudarem. Ela olhou em volta, e encontrou a familiaridade do quarto que ocupava na casa dos Cullen, o que a fez respirar fundo e controlar a respiração enquanto deslizava a mão pela parte de trás do pescoço, sentindo a pele pegajosa ali. 
Nunca tivera um sonho como aquele. O que a preocupava, pois já fazia um tempo que não tinha pesadelos nem sonhos. A última vez que tinha tido algo do tipo fora quando descobrira que vampiros existiam. E desde então as coisas foram de mal a pior.
Mas então, Brooke pensou, se o último sonho que tivera se tornara realidade, o que acabara de sonhar...
Não. Definitivamente não.
Nada iria se tornar realidade, afinal, o que faria ela na frente de um armazém? Pelada, ainda por cima? Não tinha possibilidades de acontecer. Mas se tivessem, hipoteticamente, por que um armazém? E o que era aquela voz? O que significava o número 199? E as letras... ela tinha a sensação de já ter visto aquelas letras em algum lugar.
S. D. S.
O que significavam?

Ela deu um longo e pesado suspiro, incapaz de encontrar uma resposta. O criado-mudo posicionado na cômoda ao lado da cama começou a tocar, sinalizando que seu dia começava ali, e ela bufou. A muito contragosto, se livrou do cobertor e jogou as pernas para fora da cama, pisando no chão frio em seguida. Brooke se levantou e começou a caminhar pelo quarto, indo em direção à porta de correr de vidro que descobriu existir ali, e puxou as cortinas que arranjou com Esme, deixando a claridade invadir o cômodo. Depois, ela empurrou o vidro, abrindo passagem para a estreita sacada anexada ao quarto, e se encostou na pilastra de pedra, já fora do antigo quarto de Edward. 
Seus olhos correram pelas nuvens pesadas que cobriam o céu, que anunciavam um dia típico de Forks: chuvoso e nublado. 
Como o seu humor, ela refletiu. 
Brooke sacudiu a cabeça, e sentiu a brisa da manhã a envolver, o que a fez se abraçar, mas não a espantou da sacada. Na verdade, Brooke achava que nada a espantaria naquele dia, nada além do que iria enfrentar:
Voltar para a escola.
Aquilo a deixava mais do que espantada, a deixava apavorada. O tipo de pavor que não passaria nem se tomasse todas as suas pílulas contra ataque de pânico — O que ainda estava considerando. 
Brooke sabia que não estava pronta para voltar para a vida normal, sabia. Era uma certeza esmagadora que tinha, mas iria ignora-la mesmo assim, pois se fizesse aquilo, cumpriria o acordo que fez com Alec e então iria poder telefonar para Marcy. Era o que esperava, pelo menos, e nada mais importava. 
Nada mais importava. Era o que dizia para si mesma desde da madrugada, mas não conseguia acreditar completamente nisso. Quer dizer, ela daria e faria qualquer coisa para ver ou ouvir a voz da mãe de novo, mas a morena se conhecia perfeitamente bem para saber que estava insegura com a ideia de voltar para a escola, e quando ficava insegura, ficava nervosa, e quando ficava nervosa, entrava em pânico, o que sempre tinha consequências desastrosas. Ela só não queria que aquela decisão transformasse o dia em um verdadeiro caos.
 Brooke suspirou, mais uma vez. Já conseguia sentir o estômago se agitando, e queria poder fumar naquele momento. Fazia tempo que não fumava — resolvera largar o cigarro junto com as outras substâncias depois do acidente —, mas fumar sempre a acalmava, e ela precisava se acalmar agora. Talvez até relaxar. Mas duvidava muito que algum dos vampiros no andar debaixo tivesse um maço de cigarros, ou se tivesse, estivesse dispostos a dá-la pelo menos um. 
Um dos maus de não ser maior de idade.
Brooke respirou fundo e olhou uma última vez para o céu deprimente antes de voltar para dentro do quarto. Percebeu ao lançar um olhar para o criado-mudo, que se não começasse a se arrumar logo, se atrasaria, e não estava afim de aborrecer ninguém. Por isso, recolheu as peças de roupas já separadas em cima da poltrona solitária ao lado da cama e caminhou na direção da porta, rumando para o banheiro mais próximo no corredor.

Cerca de dez minutos depois, estava de volta ao quarto, já pronta. Brooke estava diante do espelho, e o que via refletido nele, a chamou atenção. 
Deixara de se encarar no espelho já fazia um bom tempo, mas não sabia o quanto tinha mudado até aquele momento. Não parecia ela. A Brooke de antigamente havia sumido há muito, ela tinha consciência, mas aquela garota para quem olhava... não parecia ela.
 Aquela garota usava roupas delicadas e tinha o rosto vazio. Parecia quase um fantasma. Uma sombra do que alguém já foi no passado. Mas era Brooke ali diante do espelho: os longos cabelos castanhos estavam molhados e cheirando a morango, o rosto redondo com traços delicados parecia mais pálido do que nunca, as sobrancelhas e os olhos comuns contrastando contra a pele, os lábios secos comprimidos em uma linha fina e reta, e as roupas... essas realmente não se pareciam com algo que Brooke usaria. Uma saia cintura alta jeans (onde estava a calça jeans para proteger suas pernas do frio?), uma blusa branca de mangas curtas com decote reto e bordados delicados, e um par de tênis preto. As peças haviam aparecido especialmente separadas em seu guarda-roupa, junto com outras dezenas — e definitivamente Alice era culpada por aquilo. 
Ela analisou seu reflexo por mais alguns instantes, sentindo a saia deslizar por seus quadris, coisa que ela sabia o significado. Prendendo a respiração, Brooke levou as mãos até a barra da blusa e a puxou para cima até o busto, e então desceu os olhos pelo espelho, contemplando seus esforços em rejeitar comida. Estava magra, não magra na medida que algumas pessoas da sociedade diriam ser certo; estava muito além disso. Olhando para si mesma refletida no espelho, Brooke conseguia contar alguns ossos de seu tórax e costelas, que começavam a ficar evidentes. Isso era um sinal, um que indicava que estava ultrapassando o limite do saudável, e jogando por terra todos os sete meses que conseguiu não cruzar a linha da anorexia. 
Ela travou a mandíbula.
 Sacudindo a cabeça violentamente, se afastou do espelho, o virando as costas, e decidiu terminar de se arrumar antes que tivesse uma crise. Assim, Brooke foi até a cômoda e tomou seus remédios (pílulas contra ataque de pânico e antidepressivo), penteou o cabelo molhado mais uma vez, pegou um dos casacos novos — um pesado e bastante quente, que não combinava com o resto de suas roupas, mas ela não se importava com isso — e respirando fundo, saiu do quarto.

 

Está tudo bem. Você pode fazer isso! Vai ser moleza. Você já lidou com situações piores.

Depois de fazer o trajeto pelos corredores que já havia decorado, chegou no topo da escada principal, e ouviu vozes baixas se misturando em murmúrios, antes mesmo de ver os rostos dos vampiros que a esperavam ao pé da escada. Eles se viraram para olha-la assim que notaram sua presença, e Brooke sentiu as bochechas corarem, o que a fez terminar de descer os degraus quase pulando de dois em dois. Quando terminou de descer, parou com a mão sob o corrimão, e limpou a garganta, constrangida com o excesso de atenção.

 

 

— Hum... Bom dia? — ela arriscou, pois sabia que se não falasse algo, ou se ninguém falasse, ela com certeza voltaria correndo para o quarto e se trancaria nele até o fim dos tempos.

 

Ou pelo menos até o começo das férias escolares.

 

Foi com surpresa que ela ouviu as risadas genuínas dos vampiros e, aproveitando dessa surpresa, Brooke os encarou com atenção. Todos os Cullen e Gaz estavam ali — menos Carlisle —, amontoados ao redor de Esme, como se estivessem posicionados para uma foto em família para o cartão de natal. Isso a fez sorrir levemente, pois sentia falta daquelas pequenas coisas que só aconteciam quando o assunto era família, e ela lembrava-se como era estar reunida com Marcy e Penny.
O coração dela estremeceu. 
A morena continuou os observando e, ao seguir com o olhar para cada membro daquela família, encontrou algo fora do comum, se destacando como um erro dos sete erros.
Algo loiro, pequeno e perigosamente angelical. 
Algo chamado Jane Volturi, o mal em pessoa.
A Volturi estava afastada, parecendo aborrecida enquanto lançava olhares indiferentes aos Cullen e, para surpresa e aborrecimento de Brooke, segurava com as pontas dos dedos a mochila que a morena usava para ir a escola, como se o objeto transmitisse doenças ou algo do tipo. 
Brooke girou os olhos, ao mesmo tempo que os de Jane a encaravam, e a expressão aborrecida de seu belo rosto foi substituída por uma diabólica. 
Lá vem os insultos, ela pensou com um suspiro longo.

 

— Aí está você! Eu poderia cumprimenta - lá, mas... hum, eu não quero — Jane cantarolou, cumprindo as expectativas de Brooke. — Animada para voltar às aulas? Espero que não.

 

— O que você está fazendo aqui, Jane? — perguntou Brooke, sem rodeios enquanto continha a vontade de revirar os olhos.

 

— Ora, o que acha que estou fazendo, sua tola? — Os olhos da Volturi se estreitaram, e ela bufou alto. — Vim garantir que você cumpra com sua palavra sem arranjar problemas, ou também podemos dizer que meu irmão me enviou aqui — ela rosnou. — Mas agora isso não importa. Pegue logo — Jane estendeu a mochila, a segurando com as pontas dos dedos. Brooke caminhou até ela, pegando a mochila com um suspiro aborrecido, e a olhou de maneira irritada. — Por que está me olhando assim? Perdeu o medo de morrer logo cedo, sua coisinha? Por acaso foi eu quem lhe obriguei a isso, hã? Reclame com meu irmão, que aliás, mandou um feliz retorno às aulas, para você.

 

Um feliz retorno às aulas? Brooke sentiu os olhos quase saltando das órbitas enquanto ouvia aquelas últimas palavras de Jane, que sorriu maldosamente. E teve vontade de dá-lhe um belo de um soco naquele rosto angelicalmente perverso. 
Mas se conteve.
O soco deveria ser dirigido à outra pessoa, uma que não estava presente no momento. Ela deveria acabar com Alec Volturi, aquele vampiro sombrio e cretino. Sim, ela deveria fazer aquilo quando o visse. 
 Desgraçado covarde! Me envolve em um trato que não posso recusar e ainda tripudia sobre o preço que tenho que pagar usando a irmã psicopata como mensageira. Cretino!   Era tudo que Brooke conseguia pensar naquele momento, tão extasiada em sua indignação que por algum tempo, se esqueceu de retrucar as provocações da Volturi.

 

— Diga ao seu irmão... — a morena fechou a boca, piscando rapidamente. Ela olhou em volta, curiosa com o silêncio estalado, e notou que todos a observavam com as sobrancelhas levantadas. Então ela se acovardou, corando. — Esquece, não diga nada à ele.

 

Jane soltou uma risada de escárnio.

 

— Ainda é muito cedo para vocês já estarem brigando — disse Renesmee, em um tom leve. Ela saltitou até Brooke, parando ao seu lado.

 

— Nessie está certa. Se continuarem assim, vão se atrasar. Deixe de implicar com a Brooke, Jane. E você, Brooke, venha tomar café da manhã. Preparei waffes caramelizados, querida — Esme pôs um fim na discussão, com os braços cruzados, a voz firme e um sorriso doce no rosto.

 

Ninguém disse mais nada, nem mesmo Jane, que apenas fechou a cara. Ao que parecia, Esme Cullen podia ser uma vampira gentil e com bom coração, mas também sabia ser firme e estabelecer ordem dentro de sua casa. Exatamente como a matriarca de uma família normal.

 

— Agradeço Esme, mas acho que vou ter que dispensar seus waffes. — Brooke apressou-se a responder. — Meu estômago está um caos por conta do nervosismo — ela levou as mãos à barriga e fez uma careta. — Não é uma boa ideia colocar algo para dentro que provavelmente vai sair em seguida.

 

A morena não precisou olhar para o lado para ver o olhar intenso e desconfiado que Renesmee a dirigia.

 

— Bem, já que é assim, tudo bem. Não fique nervosa e coma na escola, querida... Agora andem logo, ou então vão chegar atrasados. Cuidem bem da Brooke e não se metam em confusão! 
— Esme apontou para a porta, balançando o indicador inúmeras vezes.

 

— Ela nunca vai parar de nos tratar como crianças — murmurou Emmet, se deslocando para fora da casa junto com os outros.

 

— Ela nunca vai parar se você continuar a dando motivos para isso — retrucou Jasper, iniciando uma discussão entre os dois.

 

 

Brooke ficou onde estava, observando todos saírem da mansão. Ela suspirou e colocou a mochila nas costas, pronta para seguir os vampiros estudantes. Mas parou assim que Gaz entrou em seu campo de visão, balançando a mão pálida em frente ao seus olhos esbugalhados.

 

— Terra chamando Brooke, você está aí?

 

— Ah. Ahhh sim. — ela piscou. — Por quê?

 

— Porque eu acho que se você não se apressar, ficará sem carona — Os cantos da boca dele subiram. — Mas... bem, eu sei que disse que riria da sua cara quando esse dia chegasse, mas, eu, hum... Não consigo fazer isso no momento — ele fez uma careta. — Eu sou uma pessoa muito boa. Então, você ficará bem?

 

Brooke riu.

 

— Humhum. Eu vou.

 

— Venha aqui — Gaz abriu os braços e a puxou para um abraço quase sufocante, dando tapinhas amigáveis no topo da cabeça dela. — Você vai se sair bem. Apenas aja como você sempre agiu, não pense sobre vampiros ou nada do tipo, e continue tirando notas boas. Se algum cara ficar de gracinha com você, somente o acerte. Se certifique de fazer arruaça na aula do professor de física e quando chegar a hora do intervalo, coma bastante. Pode fazer isso por mim?

 

— Vou me esforçar — respondeu Brooke, rindo, ainda que não soubesse se poderia cumprir todas aquelas coisas. Ela abraçou o loiro uma última vez: — Agora eu tenho que ir. Até mais.

 

 

Gaz a soltou, levantando os polegares das mãos e Brooke acenou para Esme, girando nos calcanhares e correndo em direção à porta da casa. Do lado de fora, o ronco de motores soavam, a fazendo grunhir. Ela odiava carros!
Brooke estava quase ultrapassando o arco da porta quando ouviu a voz melodiosa, mal-humorada e aguda de Jane, que ela tinha esquecido que ainda estava ali.

 

— É melhor não se meter em problemas, sua coisinha petulante! E quando voltar, estarei aqui para recolher a amostra de sangue.

 

— Claro que estaria. Mal posso esperar para voltar — Brooke ironizou, e saiu logo em seguida, ouvindo os impropérios de uma Volturi irritada.

 

 

 

 

Brooke havia percebido que, pior do que voltar para a escola depois de um tempo afastada ainda sendo a novata estranha, voltar depois de um tempo afastada ainda sendo a novata estranha e na companhia dos Cullens (estudantes em meio período e vampiros vegetarianos em período integral) era ainda pior. 
Todos os olhares focados nela naquele momento no estacionamento da escola, mostravam isso.

 

— Normalmente somos nós que chamamos atenção, mas hoje parece que é você — comentou Rosalie, jogando seu longo e brilhoso cabelo loiro para trás, com muita graciosidade.

 

— Hum... — Foi o único som que escapou dos lábios de Brooke, que permanecia estancada no mesmo lugar após descer do Volvo de Edward com alguma pressa.

 

Agora ela só queria voltar para o carro e se trancar nele, tudo para evitar aqueles olhares que estavam a deixando tonta. E aquelas expressões curiosas, seguidas por cochichos que estavam a deixando nauseada. Para falar a verdade, ela não estava em seu melhor momento. Mãos suadas, estômago revirando e pernas preparadas para correr. Um belo pacote volta às aulas.
Ela engoliu em seco, sentindo- se um pouquinho sufocada. O que não fazia sentido, visto a brisa gelada de primavera que circulava pelo ar naquela manhã. 
Sem ataque de pânico, por favor!

 

— Não ligue para isso, uma hora eles irão se cansar de olhar — falou Renesmee, talvez percebendo seu desconforto com a situação. A ruiva abriu um largo sorriso e enlaçou o braço de Brooke com o seu. — Como as coisas não mudaram, temos a primeira aula juntas. Sociologia no prédio três. Pronta?

 

— Não mesmo — Resnesmee riu. — Mas se não tem outro jeito...

 

— Yeah! É assim que se fala!

 

Suspirando profundamente, Brooke se deixou ser levada pela híbrida, que acenou um "tchauzinho" para a família. Brooke também acenou um, e bem notou o olhar significativo de Edward que ela sabia que dizia "estou de olho em você ". 
Humpt! Ele realmente tinha algum problema com a pessoa dela. E ela não sabia qual era. 
A morena balançou a cabeça, lembrando que ele podia ouvir aquilo.

 

— Na verdade ele não pode — A voz de Renesmee a assustou, e ela abaixou o tom de voz enquanto se aproximavam dos outros estudantes. — Pedi a mamãe que usasse o escudo em você. Achei que você iria querer um pouco de privacidade.

 

Brooke a encarou boquiaberta.

 

— Quando você pediu isso?

 

— Já faz um tempo. Fiz certo?

 

— Com certeza — ela sacudiu a cabeça e as duas desviaram de uma bicicleta. — Mas, se Bella está usando o escudo em mim, como você sabia no que eu estava pensando...?

 

Renesmee a olhou, sufocando uma risada.

 

— Você pensou em voz alta.

 

Oh. Isso explicava. E costumava acontecer com certa frequência.

 

— Obrigada, Nessie — disse Brooke, realmente muito agradecida.

 

Saber que não tinha alguém dentro de sua cabeça, lendo seus pensamentos mais profundos, era um peso tirado de suas costas. Afinal, sua mente era seu refúgio que, embora muitas das vezes fosse perturbado, ainda era o lugar que ela se encontrava com ela mesma. Ainda tinha as lembranças e os pensamentos que ela nunca iria querer perder.
A ruiva assentiu, exibindo um leve sorriso, e ambas prestaram atenção no restante do caminho até o prédio quatro. Brooke focou a atenção ao redor, e percebeu que ainda era alvo da maioria dos olhares. O porque ela não sabia. Na verdade, suspeitava que era por ter conseguido em "apenas um dia" o que muitos ali não haviam conseguido em anos: entrar para o clube exclusivo e descolado dos Cullen — como ela ouvira uma garota denomina-los uma vez.
Mas por que tinha a sensação que não era isso?

 

— Jacob não vai vim? — perguntou Brooke, em uma tentativa de ignorar o peso daqueles olhares e o embrulho no estômago que sentiu.

 

— Eu não sei — respondeu a híbrida, com um suspiro que deixava claro a sua tristeza.

 

Sem mais assuntos levantados, as duas deixaram o estacionamento.

 

 

...

 

Foi um pouco depois que o sinal do intervalo bateu. Tudo estava indo bem até aí. Brooke recebeu as boas vindas de volta dos três professores que tivera, prestou atenção nas matérias que eram explicadas, ainda que não entendesse os assuntos citados, copiou e respondeu alguns com a ajuda de Renesmee e suportou todos os cochichos, olhares e risadinhas abafadas que recebeu. Ela se manteve firme, tentando seguir o conselho que recebeu de Gaz. Não pensou em vampiros. Nem em mortes. Muito menos no giro sobrenatural de 360° que sua vida havia tomado. 
Apenas tentou ser a Brooke de antes. A que se preocupava apenas com os trabalhos atrasados, com a loja de artigos e com a personalidade bipolar da mãe. Tentou ao máximo regressar à normalidade de antes, aproveitar os momentos fora da mansão.
 Funcionou. Até certo ponto.
 Foi quando o sinal bateu, e as cadeiras foram empurradas e os passos apressados dos adolescentes reverberaram pela sala de aula. Renesmee e ela esperaram até a maioria sair da sala, e então saíram em seguida. Mal haviam deixado a soleira da porta quando ouviu a conversa de um grupo de cinco garotas que não conhecia, paradas em frente aos armários, ao lado da sala que segundos atrás estivera:

 

— ... Estão dizendo por aí que o motivo do afastamento dela foi por ter contraído mononucleose. Mononucleose! Vocês acreditam nisso? — disse uma das garotas, uma que estava de costas e usava um chapéu rosa bebê na cabeça.

 

— Talvez sejam só fofocas sem fundamento, Suzane — Outra garota, que mascava chiclete, falou.

 

— Tsc. Duvido que seja. Nunca fui com a cara daquela novata. Sempre pagou de discreta, mas na primeira oportunidade que teve, saiu beijando todas as bocas pelo caminho e como brinde voltou amiguinha dos Cullen. Os Cullen! Me pergunto como ela conseguiu, visto que todos daquela família namoram... A não ser que todos eles tenham um relacionamento aberto.

 

As cinco garotas gargalharam.

 

— É como eu sempre digo, meninas — murmurou a terceira garota, enrolando uma mecha do cabelo claro no dedo. — Se você quer ser vadia, seja. Mas não deixe ninguém ficar sabendo porque os boatos correm!

 

Então era aquilo, pensou Brooke, pois foi o único pensamento que a ocorreu depois de escutar a conversa daquelas garotas. Aquilo era a razão dos olhares e dos cochichos. Não era somente por estar andando por aí com os Cullen, e sim por uma fofoca que não era verdade. 
 Se você quer ser vadia... A frase ecoou pela cabeça dela enquanto ainda observava o grupo de garotas que não perceberam sua presença ali, e que após cansarem do assunto, partiram para um novo.
Vadia
 Era assim que era vista agora? No sentido literal da palavra? Ela sempre associou Jane a palavra, mas não porque ela era uma, e sim porque era má. Mas as pessoas daquela escola não a achavam má; a achavam... vadia. 
E isso nem sequer era verdade.

 

— Vamos — sussurrou Renesmee, tocando levemente seu braço. Brooke piscou, girando a cabeça para olha-la. Lá estava o olhar que mesclava culpa e pena. — Eu sinto muito, Broo. Eu disse para inventarem outra doença... eu... sabemos que não é verdade, sabe...

 

— Está tudo bem — As palavras saíram da boca da morena com muito esforço. Renesmee a olhou de maneira cautelosa enquanto franzia a testa, e Brooke limpou a garganta, que começava a se transformar em um nó. — Vamos encontrar os outros.

 

A outra assentiu, ainda que hesitando. 
  Então os pés da morena a fizeram virar as costas e andar na direção oposta, deixando as garotas que falavam mal dela para trás, ainda que tivesse outras opções. 
A primeira: tirar satisfações com as garotas e causar uma cena, coisa que ela não queria;
A segunda: socar as garotas, mas isso também causaria uma cena;
E a terceira: socar as garotas e aí depois ignorar aquela história.
 Dentre as três alternativas, Brooke escolheu a que estava fora: apenas ficar calada e ir embora. Era uma escolha covarde, ela sabia, mas ela não se sentia segura o suficiente para fazer algo diferente. Na verdade, ela se sentia como alguém que havia sido perfurado no peito por uma agulha. Ela sentia dor. Mas tratou de aguenta-la e caminhou ao lado de Renesmee, que se manteve calada, piscando os olhos em intervalos curtos para mantê-los secos.
 A direção tomada foi até o refeitório, e após desviarem de cotovelos nos corredores agitados e pararem em seus armários para guardarem os livros já utilizados no dia, as duas chegaram até lá. O estardalhaço de talheres batendo e o burburinho alto as receberam.

 

— Oh! Lá estão eles. — falou Renesmee, apontando para os fundos do refeitório cheio.

 

Brooke fez uma careta. Geralmente aquele lugar não era tão frequentando quanto estava naquele dia. 
Ela seguiu com os olhos na direção que a híbrida indicava e encontrou, na mesa de sempre afastada das demais, os seis Cullen que não via desde a manhã. Alice, Bella, Rosalie, Jasper, Emmet e Edward acenaram, remexendo mas bandejas de comida que nem tocariam.

 

— Aqui, tome isso.

 

A morena voltou os olhos para frente. Renesmee a estendia uma bandeja vazia.

 

— Por que você está me dando isso? A fila do almoço é do outro lado.

 

— Exatamente por isso. Nós vamos entrar nela — explicou Renesmee, balançando freneticamente a bandeja dessa vez. Quando Brooke pestanejou, ela abriu um pequeno sorriso. — Vamos comer, Broo.

 

— Eu não estou com fome — disse, engolindo a saliva espessa.

 

A ruiva rolou os olhos.

 

— Você diz isso o tempo todo — replicou. — E além do mais, precisamos fazer isso. Já é estranho o suficiente eles virem para cá e nunca comerem nada... — ela sussurrou o final, apontando na direção da família. — Vamos antes que a fila fique enorme!

 

Cinco minutos depois, Brooke estava sentada à mesa com os Cullen, ouvindo uma das muitas piadas sem graça de Emmet, escutado Edward e Renesmee rirem ou bufarem sempre que escutavam algum pensamento engraçado ou frustrante, cortando um pedaço de frango. 
A bandeja em sua frente estava cheia de comida, e enquanto a híbrida já estava terminando de comer a refeição, ela ainda não havia nem começado. Ao contrário disso, só havia remexido na refeição, separado meticulosamente a salada do arroz, cortado em pedaços perfeitos o frango e afastado as ervilhas para um canto da bandeja em alinhamento. 
Costumava fazer aquilo com a comida sempre que não queria comer. 
Eu deveria comer? Se perguntou, e agradeceu pelo escudo mental de Bella.
Parece muito gostoso... mas as calorias são gritantes.

Brooke levantou o rosto e procurou pela mesa o de Renesmee, a achando do outro lado. A ruiva ria de algum comentário enquanto mastigava, a bandeja quase vazia. E ainda assim, depois de ingerir todas essas calorias ela continua perfeita...
A morena respirou fundo, sentindo algo se agitar dentro de si.

 

— Não vai comer, Brooke? — A pergunta partiu de Alice, em tom curioso.

 

Brooke ergueu a vista para a vampira, arregalando os olhos. Toda a atenção da mesa se focou nela.

 

— Ah... eu vou sim.

 

— Então coma. Lembre-se que Esme recomendou que você comesse — comentou Edward, parecendo entediado.

 

Ela assentiu, engolindo em seco. Em um rápido vislumbre, viu o sorriso satisfeito que Renesmee exibiu brevemente.
Novamente, alguma coisa dentro de Brooke se agitou e ela desceu os olhos para a bandeja intacta. Suas mãos se fecharam em torno da faca e do garfo, mas ela não conseguiu avançar. Respirou fundo baixinho, uma, duas, três, quatro vezes. Permaneceu parada. O estômago vazio se revirando. Um formigamento começou nos dedos de seus pés e se espalhou pelo corpo todo. O burburinho de vozes pelo refeitório se misturaram, virando chiados em seus ouvidos, e seus olhos se focaram completamente na comida.
Coma.
Não coma.
Você quer comer.
Você não quer comer.
Você pode.
Você não pode.
Coma.
Não coma...
 Brooke bateu os cílios, sua visão ficou embaçada, e moveu as mãos. Começou a cortar o frango ainda mais, o transformando em minúsculos cubos. Quando não tinha mais o que cortar, partiu para a salada e o arroz, os separando, fazendo o mesmo processo de antes.
Cortar o frango. Separar a salada. Alinhar as ervilhas.
Cortar o frango. Separar a salada. Alinhar as ervilhas.

 

— Hãã... Brooke? — ela ouviu, mas não levantou o rosto ou parou o que estava fazendo para verificar quem a chamava. Mas pela voz, parecia ser Alice novamente.
Ao invés disso, apenas balançou a cabeça, demonstrado que escutava. — O que você está fazendo?

 

— Separando a comida — respondeu prontamente, empurrando uma alface para o canto da bandeja.

 

Houve vários pigarros.

 

— Eu acho que você já separou o suficiente.

 

Ela parou bruscamente e piscou. Deixou a visão recuperar o foco, e fitou o estado que tinha deixado a comida. Todos os alimentos estavam misturados e amassados, no final. Os pequenos cubos de frango tinham virado fiapos despedaçados. 
Brooke exalou e soltou os talheres, sabendo que estava agindo como uma obsessiva, ou como alguém com problemas alimentícios.
Bem, ela tinha, afinal.
Levantou a cabeça, e encontrou todos da mesa a encarando com os cenhos franzidos. Ela até mesmo sentiu que outras pessoas a fitavam, e quando olhou ao redor, teve a confirmação disso. O lugar até parecia mais silencioso agora, como se as pessoas ali que andavam fofocando sobre ela tivessem parado o que estavam fazendo para observar a estranha que brincava com a comida.
Estranha.
Seu coração baqueou. Todo o seu corpo ficou quente. Diante de tantos olhares, tantas testas franzidas, tanta pressão, ela sentiu-se ínfima. Insegura. 
Os Cullen ainda esperavam por sua reação.

 

— Oh... p-parece que sim — disse a meio tom, querendo correr para o mais longe possível do refeitório. — Vou comer agora.

 

Mas se manteve sentada ali. Brooke não levantou, não afastou a bandeja ou gritou que tinha problemas com a comida e que não queria comer aquilo. Ela manteve-se quieta, controlada. Ela ficou e aguentou. E então comeu.

Não sabia dizer se foi por ter se sentido intimidada por todos os pares de olhos, ou se foi por não querer parecer mais estranha do que já era, ou até mesmo se foi por ter uma parte sua que queria fazer aquilo; ela apenas comeu. Levou a primeira garfada à boca, e depois as outras se seguiram mecanicamente.
Renesmee pareceu muito contente e os outros pareceram não notar o significado do que acontecia ali. 
Quando o sinal tocou anunciando o fim do intervalo, todos se levantaram com suas bandejas. As dos Cullen estavam intactas, a de Renesmee e a sua, completamente limpas.
 Enquanto saiam pela porta do refeitório, um pensamento ocorreu à Brooke.
 Se arrependimento matasse, eu estaria morta.
E talvez ela devesse estar.

 

 

 

Foi no terceiro tempo de aula, na classe do professor Woock, que não deu mais para aguentar. A mão de Brooke se ergueu no ar, interrompendo o que o professor engravatado dizia sobre análise combinatória.

 

— Posso ir ao banheiro? — ela perguntou com esforço, sentindo-se tonta.

 

O professor assentiu. Brooke apanhou a mochila e empurrou a carteira para trás e tentou caminhar corretamente até a porta, mas não conseguiu não ganhar muitos olhares ao fazer isso.
Ela não se importou. Seguiu em frente e quando passou pela porta, cambaleou para dentro do corredor vazio.
 O mundo estava girando ao seu redor, e ela estava sem ar. Todo o seu corpo formigava e uma batalha épica parecia estar acontecendo dentro de seu estômago. Imagens do almoço se repetiam por diversas vezes em sua cabeça. Ela sabia o que era isso. Ela conhecia os sintomas. 
Estava começando a ter um ataque de pânico, ainda que não devesse ter, que se misturava com o sentimento de culpa por ter absorvido calorias. Tinha suportado durante todo o dia; os olhares, os sussurros, as fofocas sobre si, a pressão sobre a comida. Mas enquanto esteve sentada inquietamente com as mãos tremendo e suando, tentando prestar atenção na aula de álgebra, os pensamentos a bombardearam, tudo se juntou, e foi demais para ela. 
 Seus tênis deslizaram pelo chão encerado, e ela cambaleou até o banheiro feminino mais próximo do prédio. Brooke se jogou contra a porta do sanitário, a escancarando e entrando, e buscou por uma cabine vazia, as mãos trêmulas, a respiração entrecortada. Todas pareciam estar vazias, e escolhendo uma qualquer, ela entrou e se fechou lá dentro, jogando a mochila no chão e se ajoelhando rapidamente em frente ao vaso sanitário. 
Com praticidade, Brooke levantou a tampa e abriu a boca.
Então enfiou dois dedos na garganta. Todo o almoço voltou, e ela forçou o vômito até não ter mais o que colocar para fora em seu estômago. Assim, ela fechou a tampa do vaso sanitário e deu descarga, se jogando para trás e encostando as costas contra a parede fria da cabine. 
 Eu fiz novamente. 
Brooke mordeu os lábios, recuperando o fôlego e sentindo a cabeça flutuar. Toda vez que tinha um ataque de pânico ele estava vinculado com o fato de ter comido alguma coisa, o que a levava a fazer aquilo que tinha acabado de fazer.
Eu fiz novamente
Ela se encolheu no chão sujo, sentindo os mesmos sentimentos que sentia naquelas ocasiões. Culpa. Decepção. Fracasso. Raiva. 
As lágrimas invadiram seus olhos.
Uma vozinha no fundo de sua cabeça acordou. Você sempre é assim. Fraca. Estúpida. Descontrolada. Se não parar de ser assim, sempre será essa piada anoréxica e bulímica que é agora... sempre será tratada como estranha, um saco de ossos ambulante.. uma vadia...

De repente, a fúria a dominou, e Brooke se sentiu sufocada pelas palavras, sentiu que precisava desabafa-las de alguma maneira. Ela olhou para a parede em frente, e os inúmeros rabiscos e letras a chamaram atenção. Palavras como puta e cachorra estavam escritas diversas vezes espalhadas pela tintura branca, na maioria das vezes acompanhadas por nomes de garotas. Também haviam declarações de amor, mas no geral o espaço estava preenchido por inscrições de ódio gratuito.
Brooke aproximou o rosto e leu algumas delas.


 "Stacy Philips do segundo ano é uma Vaca-rouba-namorados".


"Bailey Rodríguez do primeiro ano é uma gorda que não deveria ter a autoestima que tem. Ela é feia e ninguém quer ela. Morra, Bailey-Baleia".


 Entre outras coisas. Mas Brooke parou de ler porque se sentiu muito mal, e aí imaginou como aquelas garotas com os nomes escritos ali se sentiram e sentiam toda vez que liam aquilo. Ela pensou, encolhida naquele chão, e imaginou se fosse o nome dela ali. Como ela se sentiria se lesse ofensas como aquelas? 
Possivelmente seria algo como:

Brooke Evern do segundo ano é uma vadia que sai beijando todo mundo e acaba contraindo mononucleose.


 O ensino médio era um lugar terrível, com pessoas terríveis.
 Ela respirou fundo e olhando para aqueles xingamentos, teve uma ideia. Se fosse para alguém escrever coisas horríveis sobre si, que fosse ela mesma. Não deixaria de ser verdade.
Decidida, Brooke fungou e se mexeu, alcançando a mochila e a abrindo em busca de uma canetinha para escrever ofensas contra si mesma. Um ato de autopreservação, ela se convenceu.
Enfiou a mão dentro da mochila e vasculhou atrás do estojo, mas antes de encontra-lo, sua mão se fechou em outra coisa pequena e fina. Franzindo o cenho, Brooke puxou a mão de volta e observou o pedaço de papel amassado que encontrara mais cedo quando buscou o caderno para a primeira aula e quase rasgara, mas preferiu jogar de volta na mochila. Esquecera completamente disso. 
Escrito no papel, em uma caligrafia perfeita que nem se ela treinasse um milhão de vezes no caderno de ortografia conseguiria ter, estavam as palavras que a revoltaram mais cedo — e agora novamente.

 

 

AQUI ESTÁ O NÚMERO DO MEU CELULAR CASO ACONTEÇA ALGUMA COISA.
MAS LIGUE APENAS SE FOR UMA EMERGÊNCIA, CASO CONTRÁRIO, NÃO ME INCOMODE.

 

ASS: ALEC VOLTURI.

 

P.S.: ESPERO QUE ESTEJA TENDO UM BOM DIA ESCOLAR.

 

E embaixo havia o número telefônico. Ela quase podia imaginar Alec Volturi dizendo aquelas palavras, uma por uma, pontuadas com toda sua frieza e sarcasmo.

 

— Babaca! Se nem celular eu tenho já que ele roubou o meu, como é que eu irei ligar se acontecer uma emergência... — Grunhiu Brooke, amassando ainda mais o papel entre os dedos e voltando a joga-lo dentro da mochila.

 

Ela bufou. Agora estava irritada. 
Espero que esteja tendo um bom dia escolar... Quem ele achava que era para tirar sarro da cara dela? E ainda por bilhetinho? Aquilo era o que, o jardim de infância onde ela era a criança e ele a mãe que manda bilhetinhos para a professora dando-a instruções de como cuidar de sua preciosa criança? 
 Brooke bufou mais uma vez. Seus dentes trincaram e ela se perguntou como é que aquele vampiro cretino tinha o poder de faze-la passar do estado depressivo que estava há cinco minutos atrás, para o estado furioso que se encontrava agora. Porque ela estava possessa. E até havia se esquecido de que pretendia vandalizar a cabine do banheiro, se a parede fizesse parte dela, e se escrever nela ofensas contra si mesma fosse considerado vandalismo.

 

— Deus! Aquele maldito...

 

Brooke mexeu a perna, calculando um chute no ar para liberar sua raiva, mas se esqueceu que seu corpo era desproporcionalmente grande demais (inclusive as pernas), e seu pé acabou chutando a porta da cabine, que abriu em um estrépito violento. E, estaria tudo bem se o banheiro estivesse do jeito quando ela entrou: vazio. E estaria mais bem ainda se não houvesse uma garota — super loira, super alta, super perfil de modelo da Victoria's Secret — retocando o batom rosa no espelho, bem em frente à cabine onde Brooke estava.
A garota parou de retocar o batom e deu uma olhada para dentro da cabine pelo espelho, seus olhos (super azuis) encontrando os da morena sentada no chão sujo. Havia um ar superior neles. 
Brooke piscou, desconcertada. A garota deu uma risadinha aguda e voltou ao que estava fazendo, dando a oportunidade da morena se recompor, se levantar e sair da cabine tentando fingir que não acabara de passar um papelão.
 Teria funcionado se a garota fosse embora. Mas ao contrário disso, ela permaneceu ali em frente ao espelho até depois que guardou o batom, começando a mexer no cabelo. Brooke respirou fundo e evitando contato visual, se aproximou da pia, ligou a torneira e abaixou o rosto, o molhando e lavando a boca que tinha um gosto amargo depois de quase colocar suas entranhas para fora. Quando voltou a levantar a cabeça, a garota loira a estendia papel toalha e a encarava fixamente, não pelo espelho, mas diretamente.

 

— Obrigada — murmurou, um pouco envergonhada.

 

A loira sorriu, exibindo dentes brancos perfeitos. Mas Brooke percebeu que não era um sorriso sincero e enxugou o rosto com alguma rapidez. Ela jogou o papel toalha no lixo e arrumou a mochila nas costas, pronta para sair do banheiro. Acenou para a garota, e passou por ela.

 

— Espere! — A voz suave da garota a parou. Ela se virou. — Você que é a famosa Brooke Evern?

 

O coração da morena acelerou. Famosa. Soava melhor do que vadia.

 

— Sim, sou eu — respondeu. Os olhos da loira se estreitaram. — Por quê?

 

Calmamente, a garota piscou os longos cílios, e seus olhos voltaram ao tamanho normal. Ela inclinou a cabeça para o lado e esticou os lábios em mais um sorriso insincero.

 

— Oh, por nada! Eu só queria conhecer a pessoa que anda agitando a escola — A boca dela formou uma linha fina e ela fitou Brooke por alguns minutos, até que se mexeu e acenou com a cabeça em despedida, caminho até a saída do banheiro como se estivesse desfilando em uma passarela. — Ah! Antes que me esqueça — A loira girou a cabeça para trás, olhando para a Evern por cima do ombro: — Existem pílulas e comprimidos para emagrecer. É melhor do que morrer de fome. Pessoas anoréxicas ou bulímicas que usam esses velhos truques estão fora de moda, querida.

 

Aquilo foi como um tapa. Brooke abriu a boca, pronta para dizer alguma coisa, mas a garota loira já tinha ido embora. Ela piscou, atônita, e se virou para o espelho, encarando o próprio reflexo.
Inacreditável
 A Brooke do espelho parecia que tinha levado um balde frio na cabeça e sido derrubada no ringue. Aquele dia estava sendo horrível. E tinha acabado de piorar com as palavras da garota de antes... como se Brooke não soubesse. 
 Ela sabia que existiam remédios para emagrecer e todo tipo de coisa relacionada. Sabia. Mas ouvir isso da Loira-Super-Tudo era como se colocar as tripas para fora fosse algo que fizesse por diversão. A força superior do universo sabia a verdade. Brooke sabia. Então aquela intrometida também deveria saber disso antes de sair por aí distribuindo conselhos e sorrisos falsos. 
Humpt! 
 Um barulho ecoou. Brooke virou a cabeça, alarmada, e observou a porta da última cabine ser aberta. Uma cabeça apareceu, seguida de um rosto e um corpo feminino. A menina deveria ter uns sessenta de altura, pele escura, cabelo com cachos revoltos, óculos redondos, lindos olhos cor de caramelo e vestia verde da cabeça aos pés em um conjunto calça-camisa-sapatilhas. Estava escrito "Eu sou do Criador" na camisa. E enquanto ela se aproximava lentamente, disse:

 

— Ela é um vaca.

 

Brooke piscou, soltando algo como um suspiro aliviado/profundo/irritado. Não imaginava que tivesse alguém ali. Ainda mais aquela menina saída das profundezas das sombras (na verdade, da última cabine) que possivelmente estava falando com ela. 
Será que a menina estava ali há muito tempo? Tipo, quando ela estava colocando o almoço para fora?
 Brooke balançou a cabeça, saindo da nuvem de pensamentos. Ela focou na garota, agora parada ao seu lado na pia, que parecia esperar que ela se manifestasse.

 

— Quem? — perguntou educadamente, porque, primeiro: ela não queria uma resposta; segundo: a menina esperava que ela dissesse alguma coisa.

 

— Courtney Jones — respondeu, e depois acrescentou ajeitando os óculos no rosto: — A loira que acabou de falar com você. Parece modelo, sorriso fingindo, obsessão por batom rosa.

 

Ah, aquela Courtney Jones.

 

— Hum... — Brooke emitiu. Então ponderou. Não gostava de julgar as pessoas, ainda mais à primeira vista. Não estava em seus princípios. Mas pensou no encontro de minutos atrás com a tal Courtney. Lembrou do jeito suave e falso que usou para falar com ela, do olhar superior, e do comentário sobre os remédios e as pílulas. Então bastou isso para mandar seus princípios se catarem e olhar solenemente para a garota ao seu lado. — É, você tem razão.

 

A garota riu, e olhou para o espelho. Brooke fez o mesmo e observou a diferença de altura das duas enquanto a outra tentava comportar os cachos. Quando viu que não ia obter resultado, soltou um suspiro frustrado e encolheu os ombros, virando para a Evern.

 

— Amália Young — disse, estendendo a mão.

 

Brooke encarou aquilo como a primeira coisa boa acontecendo naquele dia. Talvez ela e Amália ficassem amigas, talvez não. Amália parecia ser uma boa pessoa e — felizmente — também achava Courtney Jones uma vaca. Ou talvez tudo aquilo não valesse de nada, e ela estivesse totalmente errada, mas o que importava? 
Era melhor receber uma mão estendida do que olhares e sussurros maldosos.

 

— Brooke Evern — Tentou sorrir, e apertou a mão da outra.

 

— Eu sei — Amália sorriu, não maldosamente, mas de um jeito simpático e genuíno.

 

Não como Courtney. Falsamente. E comparando daquele jeito, a mente de Brooke voltou para a cabine do banheiro, aquela com coisas escritas na parede, e ela imaginou se acharia "Courtney Jones é uma vaca" sublinhado várias vezes em algum lugar.

 

[...]

 

 

O lado ruim de fazer promessas, é que você tem que cumpri-las. 
O relógio na parede do escritório bateu às dez em ponto da noite quando Carlisle disse:

 

— Está vendo, eu disse que não doeria nada — E sorriu, puxando a agulha da seringa para longe do braço da morena.

 

O líquido escarlate no interior da seringa brilhou sob as luzes fluorescentes do cômodo, e Brooke esperou enquanto Carlisle lhe passava um curativo adesivo e começava a transferir o sangue coletado para um frasco do tipo que é usado em laboratórios. 
 Ela esperou, sentada em uma poltrona de veludo negro, a cabeça levemente jogada para trás, as pálpebras pesadas de cansaço. Ela estava cansada, não fisicamente, mas mentalmente. O dia havia sido uma tortura, uma verdadeira batalha interior. Esteve o dia todo ignorando as pessoas que a olhavam torto e forçando sorrisos para as que eram gentis. Também estava cansada das perguntas de Esme, do próprio Carlise e de todos os outros moradores daquela casa sobre como foi o retorno à escola, e cansada mais ainda de mentir dizendo coisas do tipo "Foi legal" ou então "Foi o de sempre". 
 Tudo mentira, é claro, mas ela não pretendia revelar aquilo. Ninguém ali tinha a ver com seus problemas, ainda que nem mesmo ela própria tivesse alguma coisa com uma pequena parte deles — a parte em que contraíra uma mononucleose falsa. De qualquer jeito, Brooke apenas queria encerrar aquele dia e ir direto para cama, onde se embolaria nos lençóis até se perder entre eles e nunca mais conseguir sair novamente para o mundo lá fora.

Assim ela desejava.

 

— Pronto — A voz de Carlisle a tirou dos pensamentos. — Aqui está, Jane. Leve para seu irmão e diga-o para fazer bom uso em seu treinamento.

 

Um grunhido que começava a se tornar familiar ecoou pelo escritório, e girando a cabeça para o lado, Brooke observou a pequena vampira angelical levantar da poltrona que estava sentada, rolando os olhos a cada passo graciosamente dado. Jane deu a volta na poltrona e parou de frente para o Cullen mais velho, estendendo a mão de má vontade. Carlisle a passou o frasco com a amostra de sangue de Brooke, e a Volturi o guardou no bolso do longo manto que usava. 
Brooke se preparou para levantar.

 

— Bom, já que eu fiz o que tinha que fazer, vou me retirar...

 

— Fique parada onde está, preciso falar com você — interrompeu Jane, empurrando a morena até ela afundar na poltrona de novo. — A sós — Completou, olhando para Carlisle com o queixo levantado.

 

O gentil vampiro olhou para Brooke esperando sua opinião, e ainda que a morena não conseguisse nem pensar em algo que Jane Volturi, o pequeno mal em pessoa quisesse falar com ela, ela assentiu, porque estava exausta e não queria ouvir mais ofensas.

 

— Vou deixa-las sozinhas, então. Tenham uma boa noite — E durante longos segundos, olhou incerto para a Volturi.

 

— Eu não vou ataca-la, se é isso que lhe preocupa — Rosnou Jane.

 

Carlisle levantou as mãos para cima, mas sorriu minimamente.

 

— Obrigada — agradeceu Brooke antes dele sair.

 

Assim que ficaram sozinhas, as duas se encararam em silêncio. Brooke com o semblante exaurido; Jane com o dela tão carregado quanto uma nuvem negra em dia de tempestade. 
Permaneceram na quietude por longos minutos até a vampira soltar um de seus rosnados e sentar na mesa atrás de si, os ombros alinhados, queixo erguido, olhos cerrados e lábios comprimidos.

 

— Então... — Brooke começou, desconcertada por ainda estar ali sem saber o motivo, mas foi impedida de continuar com apenas um gesto de mão da Volturi.

 

— Diga. — disse Jane, autoritária.

 

A morena uniu as sobrancelhas.

 

— Dizer o que? Pensei que fosse você que tivesse algo para dizer.

 

— Diga qual o problema.

 

— Eu não sei do que está falando.

 

Soltando uma risada melódica, mas baixa o suficiente para parecer zombaria, a vampira inclinou a cabeça para o lado e olhou para ela, para Brooke, seriamente, sem maldade, nem provocações, muito menos hostilidade. Jane apenas a olhou, e pareceu que podia enxergar tudo em si: seus problemas, sentimentos e dores. 
E aquilo foi estranho, porque coisas assim costumam ser estranhas quando acontecem. E porque era Jane.

 


 — Os outros podem ser cegos o suficiente para não perceberem, mas eu não. — ela falou. — Não sei qual é o problema, mas está na cara que tem algo errado com você. Não que eu tenha interesse nisso, mas estou curiosa com o que seria. Quero dizer, fisicamente você parece bem, então o problema deve ser emocional. E se quer saber, esse é o pior tipo de problema para uma humana idiota como você, Evern. Então se eu fosse você, cuidaria desse problema antes que ele cresça e se torne algo pior — Jane pausou. Então franziu as sobrancelhas, limpou a garganta e balançou os ombros, saindo de cima da mesa em seguida. — Mas faça o que quiser, não é da minha conta nem do meu interesse o que acontece com você. E além do mais, eu já perdi muito tempo aqui — e a hostilidade voltara, a fazendo parecer mais com ela mesma.

 

Brooke observou, perplexa, a Volturi caminhar em direção à porta do escritório, os saltos altos batendo contra o carpete do chão. Ela ficou olhando até mesmo depois que a pequena figura envolvida no manto negro, marca principal do clã Volturi, cruzou a porta e desapareceu do outro lado, a deixando só. 
 De olhos arregalados, boca aberta e sem se mexer, Brooke repetiu as palavras que ouviu de Jane, em sua mente, procurando algum significado nelas. Depois de um tempo, tudo que encontrou foi a verdade e um vazio que preencheu seu peito e foi se expandindo a medida que os ponteiros do relógio na parede rodavam. 
E inevitavelmente, a vontade de chorar que ela segurou durante todo o dia, por diversos motivos, veio. E Brooke chorou, sem explicação, mas chorou.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Olá, amores. Quanto tempo!
Esse capítulo quase que não sai, e quase não estou acreditando que estou postando ele. Hoje tenho muita coisa para falar, por isso vou tentar ser o mais breve possível mas explicações e ir direto ao ponto.
Primeiramente, eu devo minhas desculpas a vocês que esperaram por tanto tempo o capítulo 17. Mas acreditem, eu não tive culpa dessa vez. Nem meus estudos, nem minha vida pessoal, nem o bloqueio criativo. O que aconteceu foi que meu celular quebrou, e como é por ele que escrevo e faço a publicação dos capítulos, então fiquei sem ter como escrever. Não tento fazê- lo com o aparelho de outra pessoa pois isso para mim não rola, sou bem chata quanto as ferramentas que uso para escrever. Mas enfim, no final das contas o celular deu trabalho para ajeitar e quando ficou pronto eu entrei em semanas de provas, mas o que importa é que conseguimos chegar até aqui hahaha.

Agora, o que eu tenho para dizer que foi citado nas notas inicias com tanto desespero, tem a ver com o capítulo, e peço que leiam até o final.
Não sei se vocês sabem, mas esse mês a fanfiction completará 1 ano de existência, e eu nem acredito nisso. Sendo assim, esse capítulo estava programado para ser liberado no dia 25, que foi o dia que o prólogo foi postado. Mas eu acabei lembrando que setembro também é o mês contra a prevenção do suicídio e o mês que a maioria das pessoas se unem em uma campanha para espalhar amor pelo mundo.
#SetembroAmarelo é algo que deve ser falado e divulgado em todos os cantos possíveis. E como a fanfiction retrata temas que a campanha aborda, eu me senti na obrigação de apoiar esse projeto e fazer a minha parte vindo até aqui e falando algumas coisas.

Talvez um de vocês esteja com problemas e precise ler isso. Talvez um de vocês se sinta pressionado com as coisas que as pessoas falam e fazem. Talvez não consiga entender o mundo e ache que o mundo não entende você. Talvez esteja sofrendo em silêncio por ter medo ou vergonha de pedir ajuda ou ser ajudado. Ou talvez até mesmo não consiga mais seguir em frente e pense que é um desperdício de tempo e espaço.
Mas você não é. Você é especial. E alguém gosta de você. Você pode não saber, mas tenho certeza que alguém está te olhando e você não tem nem a mínima ideia e por isso se sinta do jeito que está se sentindo. Sei que isso parece ser só palavras vazias que todo mundo fala com a intenção de melhor a vida de alguém, mas é a verdade. Eu acredito que somos como constelações de estrelas no céu: nos encontramos na hora certa, no alinhamento certo, porque é assim que funciona.
E se isso ainda não é o suficiente para te fazer acreditar, então deixe eu te contar: Brooke Evern, a protagonista desta história, com todos os seus problemas, pensamentos e personalidade, é um pouco baseada em mim. Em Brê Milk, a autora aqui. Não sofro de anorexia ou bulimia, nem tenho doenças mentais ou grande traumas na minha vida; mas adivinhe. Eu conheço gente que sofre. E esse fato não me impede de escrever sobre e tentar entender as pessoas que vivem com isso. No entanto, grande parte dos pensamentos de Brooke são meus: a insegurança, a baixa autoestima, a dificuldade de lidar com a vida... tudo isso vem de mim. Porque eu não sou perfeita, Brooke não é perfeita e nem você é perfeito.
Mas quem é?
Todos são estranhos, e ser estranho é bom.
Nunca escrevi coisas tão sinceras, e desculpe se não estou conseguindo ser clara com o meu objetivo aqui, mas se sei de uma coisa que quero transmitir para vocês, essa coisa é: Se você que está vivendo nessa vida acha que está muito difícil para continuar, bem vindo ao clube. Eu tenho somente quinze anos e já acho que carrego o peso do mundo nas costas de tão sobrecarregada que me sinto. Há exigências e expectativas por toda parte, assim como há decepção. A vida não para. E só vai ficando mais difícil e embaralhada. Mas temos duas opções a seguir aqui. A primeira é desistir, o que eu não recomendo para ninguém, pois quem desisti não conhece o resultado que poderia ter. A segunda é aguentar e seguir em frente, lutando com bravura contra os problemas e se apoiando nas pessoas e nas coisas que encontrar pelo caminho, até o final.
Mas tudo bem se você não for corajoso o suficiente, eu também não sou. Mas ainda estou aqui, e você ainda está aí. E isso é um sinal que podemos continuar seguindo em frente e fazermos coisas incríveis se quisermos. Basta querermos.

Então, vou simplificar tudo e dizer para aqueles que se sentem sozinhos e que estão pensando em acabar com a própria vida ou ferir a si mesmo, para não fazerem isso e pedirem ajuda. Sempre haverá alguém disposto ajudar.
E para aqueles que não pensam em suicídio, ajudem. Sejam gentis uns com os outros. Estendam as mãos. Não falem mal das pessoas, muito menos as tratem mal.
Não sou ninguém para dizer como os outros devem agir, mas isso não impede que eu seja alguém disposta a orientar. Também NÃO ESTOU fazendo apologia a NENHUM assunto aqui, apenas estou querendo conscientizar as pessoas.

Espalhe amor.

Se alguém precisar desabafar, conversar, minha caixa de mensagem vai estar à disposição. Sintam-se livres para isso.
Agora vou terminar essa nota por aqui. Não vou comentar sobre o capítulo pois quero ver a opinião de vocês. Mas vou estar torcendo para que todos tenham uma boa vida e que sejam felizes nela.
Amo vocês!

Até o próximo capítulo...

Bjs! ❤



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