Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 11
Chapter 10: Segredos da meia-noite


Notas iniciais do capítulo

I'll seek you out
Flay you alive
One more word and you won't survive

- Eyes On Fire (Blue Foundation)



LEIAM AS NOTAS FINAIS!



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Brooke Evern

 

 

— Você não pode entrar — Havia dito Renesmee, ainda assustada. — Vamos para outro lugar longe daqui.

 

 

E Brooke lembrava de ter sido praticamente arrastada pelo braço, no aperto surpreendentemente firme da ruiva. Ela piscou, voltando ao presente quando a bola passou a centímetros de seu rosto, e se encolheu perante alguns murmúrios nada amigáveis das companheiras de time de educação física.
Já haviam se passado dias desde que batera na porta da casa dos Cullen, e desde que começara a ficar paranoica também. Até o exato momento, Brooke não sabia se ficava mais transtornada com o que houvera na floresta com a sensação de perigo que sentira, ou com a atitude estranha e brusca da colega de sala. Os dois estavam no mesmo nível para ela.
Mas, ter sido conduzida — arrastada — para a praça mais perto da casa da ruiva depois de ter sentido a adrenalina percorrendo as suas veias, era mais do que estranho. Para ela, soava de alguma maneira suspeito, ainda que não houvesse razão para tal coisa. A desculpa que Renesmee deu foi a que não podiam fazer o trabalho na casa, não porque alguns primos distantes da Itália haviam chegado minutos antes, e que eles eram muito peculiares. Sendo assim, elas teriam que fazer o trabalho em um dos bancos da praça, onde a anormalidade dos primos não as interromperiam resultado no final, foi que a morena não conseguiu nem terminar de resolver o número de questões divididas entre as duas (suas mãos não paravam de tremer), enquanto a ruiva, por outro lado, terminara tudo em menos de dez minutos. Então a Cullen se dispôs a resolver o que a Evern não conseguiu, e após cada uma seguir seu caminho para suas respectivas casas, dois dias depois, o professor de Álgebra avançada II, o senhor Woock, estava as parabenizando pelo ótimo 10 que tiraram.
Não houve muita interação entre as duas após isso. Renesmee não tentou mais puxar conversa, nem a olhar mais durante as aulas. Brooke também não. Para ela, as coisas já eram suficientemente estranhas sem Renesmee e sua família. Ainda que, a dita cuja se encontrasse no ginásio naquele momento, jogando como sua adversária. Porém, não conseguia tirar da cabeça que algo suspeito estava no ar, algo que a tirava o sossego e a estava deixando obcecada ultimamente. Mas como sempre, ela não sabia o que era.

 

— Deixa que eu rebato! — Alguém gritou próximo a ela, quase a deixando surda e só a dando tempo de abaixar e desviar da bola lançada com força do outro lado da rede.

 

 

Brooke levantou os olhos ainda abaixada, mal notou que levara os braços até a cabeça, em um ato de reflexo, e viu que a garota que gritara, de fato não pegou a bola e o outro time fez um ponto. E a olhava fulminantemente. A Evern abaixou os braços, e levantou as mãos na sequência, como se dissesse que não havia sido culpa dela, mas a garota apenas revirou os olhos e saiu andando para a outra extremidade da rede que dividia os dois times de vôlei. Brooke era horrível jogando vôlei.
Respirou fundo, percebendo que ainda estava abaixada, e resolveu se levantar logo pois com certeza deveria estar protagonizando uma cena estranha. Teve certeza disso quando uma risada conhecida soou das arquibancadas quase vazias, e ela nem precisou se virar para ver Gaz se divertindo as suas custas. Balançou a cabeça, e suspendeu o corpo para cima, no exato momento em que seu estômago se apertou e uma voz tentadora soou em sua cabeça.

 

"Coma"

 

Ela sentiu a cabeça rodar, e a vertigem a tomar para si ao mesmo tempo que as vozes no ginásio se embaralharam e seus joelhos cederam, a fazendo tombar para o lado em um baque surdo no chão. Brooke sentiu a vista escurecer, e por um tempo que não soube determinar, ficou presa no vazio da escuridão. Não estava completamente inconsciente, disso tinha certeza. Podia ainda ouvir os próprios pensamentos, e eles lhe diziam que ela deveria ter aguentado um pouco mais. Não faziam nem três dias que não colocava algo no estômago e já havia caído desmaiada no chão. Realmente havia perdido a prática, pensou para logo em seguida despertar.
Os sentidos foram voltando lentamente, e a primeira coisa que Brooke notou, foi o apito da professora de educação física soando ao longe. Depois, outros sons foram se clareando em sua mente, e ela logo percebeu que uma rodinha de curiosos se formava ao seu redor. E também, que alguém a segurava contra o peito, alisando seus cabelos de forma urgente. Quando ela abriu os olhos devagar, percebeu que esse alguém era Gaz, que a fitava de forma preocupada.

 

 

— Olhe, ela está acordando.

 

 

A morena abriu completamente os olhos, encontrando vários já a encarando. Seu desconforto foi grande, mas ela apenas pôde torcer o nariz, de repente se sentiu fraca e com um mal-estar a percorrendo. Queria gritar para que se afastassem, começava a se sentir sufocada, mas não encontrou a voz quando precisou. Felizmente, foi só inclinar a cabeça para o lado que voltou a encontrar as orbes azuis de seu amigo:

 

 

— Brooke, você está bem? — Perguntou um Gaz preocupado, analisando o rosto da garota em seus braços. Ele entendeu o olhar dela. — Por deus, galera, será que vocês podem se afastar? Ela acabou de desmaiar e quer espaço!

 

 

Alguns murmúrios foram pronunciados, mas ninguém contestou o pedido do loiro. E a morena se sentiu grata por isso enquanto exalava o ar para dentro dos pulmões, sentindo o estômago ainda apertado em protesto. Ela tentou ignorar, e voltou a atenção novamente para o amigo, que não desgrudava os olhos dela:

 

 

— Me ajuda... Me ajuda a levantar, Gaz? — Perguntou, a voz baixa se quebrando.

 

— Claro, venha.

 

 

Hesitando um pouco, mas com muito cuidado, Gaz retirou o braço que suspendia a cabeça de Brooke, e a ajudou a erguer o tronco até ficar sentada no chão frio do ginásio. Ele manteve as mãos suspensas no ar ao seu redor, caso voltasse a apagar, e ela apertou os olhos com força, sentindo a cabeça um pouco pesada.

 

 

— Você está bem, Evern? — A voz da professora de educação física soou em seus ouvidos, e uma sombra se projetou em sua frente. Brooke ergueu a cabeça com alguma dificuldade, e só conseguiu visualizar o boné azul marinho da mulher, que estalou a língua apontando para a saída do ginásio. — Você está dispensada por hoje, mas vai ter que ir até a enfermaria... Julions, leve a senhorita Evern até lá.

 

 

Os olhos antes quase se fechando, se abriram abruptamente e a morena balançou a cabeça sem ritmo, se arrependendo logo depois.

 

 

— Eu não preciso ir até a enfer...

 

— Eu levo ela sim, professora — Gaz a cortou, assentindo para a mulher mais velha. Seus olhos caíram na garota ao seu lado. — Você quer que eu te ajude a levantar ou prefere ir no colo?

 

 

Brooke girou os olhos, se dando por vencida. Se ter que ir até a enfermaria a tiraria daquele lugar onde todas as atenções estavam voltadas para ela, ela assim o faria. Suspirou longamente.

 

 

— Me ajude a levantar... logo.

 

 

O mínimo sorriso que nasceu nos lábios do loiro, foi doce antes dele levanta - lá, delicadamente, como se ela fosse uma boneca de porcelana e a qualquer momento fosse quebrar.
Brooke se sentiu tão grata ao rapaz, que enquanto se erguia com os braços apoiados nos ombros e no pescoço de Gaz, abriu um sorriso ao qual deixou permanecer no rosto. Lentamente os dois se ergueram, apoiados um no outro, um dos braços dele circulando a cintura dela, e ambos desviaram os olhares quando os rostos ficaram a centímetros de distância um do outro.
Brooke tonteou assim que ficou de pé, a cabeça zuniu, e ela cerrou os olhos quando a claridade das luzes fluorescentes do ginásio atingiram seus glóbulos oculares. Praguejou baixinho, Gaz riu alto.
O peso dos olhares curiosos em suas costas incomodou, mas Brooke preferiu ignorar e continuar caminhando (sendo puxada) até a saída. E assim, sem nenhuma palavra a mais trocada, ela e o amigo passaram pelas portas duplas, adentrando os corredores desertos. Ela já se senti a melhor, e Gaz não demorou a se pronunciar:

 

 

— Você sabe que vai voltar a ser a notícia do momento, não sabe? — Ele perguntou, e embora a pergunta devesse soar zombeteira, não soou.

 

— Infelizmente — Ela girou os olhos, soprando uma mecha de cabelo do rosto. — Vamos dar uma paradinha.

 

 

Ela ergueu o rosto para o loiro, que a olhou contrariado, mas em seguida parou de movimentar os pés e apertou os cantos dos olhos.

 

 

— Eu deveria estar te levando para a enfermeira.

 

— Eu não preciso ir para a enfermaria
— Rebateu. — E você pode me largar, Gaz, não estou mais tonta.

 

 

O garoto desceu as orbes azuis para os braços envoltos dela, e piscou como se saísse de um transe. E, murmurando um "Ah, é claro", se afastou muito rápido, virando o rosto para o lado enquanto corava. Brooke olhou para o lado, constrangida com o momento.

 

 

— Bem, ainda assim você deveria ir até lá — Pigarreou Gaz, quebrando o silêncio momentâneo, coçando o topo da cabeça e a olhando por alto. — Pra enfermeira — Explicou. Pigarreou. — Você pode voltar a se sentir mal... Ou estar doente e nem saber...

 

— Eu não estou doente — Respondeu ela, bruscamente, quase cuspindo as palavras de maneira rude.

 

 

A surpresa com a mudança de humor foi por ambas as partes. Gaz, sobressaltado e envergonhado com o pensamento de ter a importunado com suas palavras; Brooke, espantada com o que disse. Não queria ter soado tão grosseira, não com o amigo. Mas é que para ela, aquilo era só um reflexo. Um reflexo de anos. Um reflexo que não era totalmente verdade, assim como também não era totalmente mentira. Sabia o que tinha, o que a fizera desmaiar. Não estava doente, mas ao mesmo tempo, estava.
Sabia muito bem o que tinha. E sabia, também, como era fácil continuar daquele jeito.
Permanecer de estômago vazio por alguns dias (seu limite era três dias consecutivos, não aguentava mais além disso), praticar exercícios até cair no chão exaustiva, levar o dedo até a garganta e provocar o vômito após ceder a fome desesperada. Sim, ela sabia como era fácil, assim como sabia que aquilo a levaria ao fim, algum dia. Mas não se pode parar uma coisa como essa: Uma doença que está com você por tanto tempo, que te faz ir ao limite da resistência, que te controla quando você perde o controle, que te faz ser aceita pelos padrões da sociedade, que esteve com você nos piores e melhores momentos. A verdade é que ela nunca se vai, assim como a fome compulsiva que te prejudica, a bulimia e a anorexia te salvam do confronto consigo mesmo, te impedem de encarar o espelho e se amar como é.
Brooke sabia que aquilo era errado, mas não conseguia imaginar o dia em que se amaria, não totalmente. E por mais que fosse errado, aquela era verdade. E ainda assim, com todos os fatos bem à sua frente, ela não conseguia admitir que aquilo que tinha era uma doença. Ela não estava doente. Eram só efeitos colaterais do seu hábito. Só isso.

 

 

— Brooke?

 

 

Ela piscou, sendo arrancada dos devaneios, a garganta começando a se fechar. Olhou para frente, e lá estava o seu amigo, a encarando de forma observadora. Bem a tempo, ela pensou. Bem a tempo de evitar que seus demônios se manifestassem.

 

 

— Me desculpe Gaz, eu juro como não quis ser grossa com voc—

 

— Não — Ele interrompeu, balançando a cabeça. — Me deixe falar, Brooke, por favor.

 

 

A morena ergueu as sobrancelhas, dizendo um simples "OK" curioso.
Então ela o vou abrir a boca, dessa vez a encarando dentro dos olhos:

 

 

— Posso não ser o cara mais esperto desta cidade, Brooke. Sei que na maior parte do tempo estou distraído, outras, falando pelos cotovelos, mas não sou burro. Há algo de errado, não com você, mas em você. Vejo que não está bem, e quero morrer por isso porque não suporto vê - lá assim — Gaz corou voltou a corar com a confissão feita, fazendo a face da Evern ganhar uma cor parecida. Mas não se deteve: — Eu andei te observando. E não sei muito bem sobre isso, mas pelo pouco que sei... Você não come, evita a comida, mas quando estou comendo vejo a fome dançando em seus olhos.

 

 

Ele esperou ela rebater, mas nada foi dito, pois ela se encontrava rígida com o rumo que a conversa estava tomando. Sendo assim, continuou:

 

 

— Você está sempre olhando sua silhueta em qualquer coisa que tenha espelho quando ninguém está vendo. Só bebe água. E agora está desmaiando pelos cantos... E eu... Eu não entendo muito bem sobre esses problemas que as garotas costumam ter nessa idade, mas seja o que for, você não precisa passar por isso sozinha...

 

 

Não, não, não, não! A mente de Brooke gritava, desesperada com o que escutava.

 

 

— Fiz algumas pesquisas sobre isso, e segundo elas, você não precisa se sentir desse jei...

 

 

— PARE! Pare de falar! - Gritou ela, agoniada, tampando os ouvidos com as mãos. — Não tem nada de errado acontecendo comigo, então apenas pare de falar coisas que você não sabe!

 

 

O tempo pareceu parar. As palavras, os gritos, ecoaram pela extensão do corredor vazio. O momento pareceu se congelar, assim como uma nuvem escura e carregada pairou no ar. Os olhos, castanhos contra azuis, hostis contra magoados, se fitaram em um confronto mudo. Nenhum dos dois moveu um músculo, a repentina mudança de clima e a quebra de alguma coisa entre ele e ela, responderam por si só.
Mas, ao decorrer dos minutos naquela cena, Gaz se cansou, e cautelosamente, engolindo o orgulho ferido, resolveu ser o primeiro a falar:

 

 

— Eu não... Eu não disse que havia nada de errado com você — Mexeu os lábios lentamente, a encarando por baixo. — Eu só disse tudo aquilo porque queria e ainda quero te ajudar.

 

— Eu não preciso de ajuda — Os dentes de Brooke trincaram.

 

 

O loiro puxou o ar, desconcertado.

 

 

— Bom, ainda assim eu estava. Porque é isso o que os amigos fazem, e eu sou o seu amigo, Broo...

 

— Eu não preciso de amigos. Eu não preciso de você.

 

 

Ela só percebeu o peso das palavras, depois que elas pularam de sua boca. Brooke arregalou os olhos, se dando conta do erro, e olhou para Gaz que a olhava com a boca ligeiramente aberta. Oh, não.
Sua mão se ergueu, pretendendo pegar a dele, mas ficou suspensa no ar quando o garoto deu dois passos para trás, o semblante transmitindo toda a mágoa que sentia.

 

 

— Gaz, eu não...

 

 

— Deixa pra lá, eu já entendi — Disse ele, indiferente e frio. — Então é melhor eu ir, aula de trigonometria — Seus lábios traçaram um sorriso triste. — Mas se eu fosse você, eu iria até a enfermaria... Ou, pelo menos, comeria alguma coisa.

 

 

E, a lançando um último olhar infeliz, Gaz virou as costas, os passos provocando ecos. Não atendendo aos pedidos da garota que deixava para trás.

 

 

— Não, Gaz. Por favor, me deculpe...

 

 

Mas ele não desculpou, não naquele momento. Tão pouco voltou, ao contrário, seguiu adiante até desaparecer pela curva a esquerda do corredor, a deixando. Sozinha. Completamente sozinha.
Brooke arfou, sentindo os olhos encherem d'água e o choro se aproximando. Era uma estúpida. Uma tremenda estúpida. Só sendo assim para conseguir tal proeza, para conseguir afastar e magoar o único amigo que tinha. Que a tinha conquistado aos poucos, que a fizera sorrir em quase dois meses, o que não sorrira em três anos. Era uma estúpida, afinal. Por magoar Gaz, por gritar com ele, por ser tão fraca, por fazer aquelas coisas a si mesmas. Ela era uma filha da...

 

 

— Acho que você deveria ouvir ele.

 

 

O grito ficou preso na garganta de Brooke, que se virou, os olhos arregalados dando de cara com a ruiva materializada em sua frente. Brooke engoliu o choro, se perguntando o que diabos Renesmee Cullen fazia ali naquele momento. Com os braços cruzados atrás das costas, um leve sorriso amigável estampado no rosto, o cabelo de fogo preso em um rabo-de-cavalo que destacava o belo rosto, o mesmo uniforme de educação física que ela mesma vestia, mas que não lhe caia tão bem assim. Parecia até uma injustiça alguém ser tão perfeito como a Cullen era; Brooke estava um trapo, suada, fedida, despenteada. Enquanto Renesmee não tinha nem um fio de cabelo fora do lugar.
Aquilo só contribuiu para seu mau-humor com toda a situação, a levando a torcer a cara para a garota.

 

 

— Você estava escutando a conversa? — Perguntou a morena, estreitando os olhos. A coloração rubra em que as bochechas da ruiva ficaram, a respondeu. — Mas é claro que você estava!

 

— Não era minha intenção — Renesmee se defendeu. — Mas sim, eu acabei ouvindo.

 

 

Brooke não conseguiu não revirar os olhos enquanto os enxugava com a palma da mão virada para baixo. Se limitou, então, a um olhar feio de esguelha para a outra garota ali presente.

 

 

— Ótimo. Então já que ouviu tudo, acho que não há mais nada para se fazer aqui. Se me der licença...

 

— Espera, Brooke — A Cullen a segurou pelo braço, a detendo. Ela recuou sob o olhar fulminante que a Evern a lançou. — Desculpe, eu só... Eu só queria... Queria...

 

— O quê?

 

 

Brooke bateu o pé, se segurando para não sair correndo e se trancar na cabine do banheiro mais próximo. Queria ficar sozinha, queria chorar. Já não chorava a algum tempo, e sentia que aquilo a aliviaria. Algo dentro de si estava apertado, a comprimindo, a causando rachaduras de dentro para fora. Algo queria se quebrar, já havia muito tempo, mas depois do ocorrido com Gaz, mais do que nunca. E naquele momento, enquanto Renesmee Cullen a encarava, tão simpática, tão perfeita, ela só queria se esconder. Tinha tristeza, raiva e acima de tudo, medo. Medo de seu segredo ser revelado e espalhado, medo de que a Miss Perfeição à sua frente, o revelasse depois de ouvi - lo.
Estranhamente, a ruiva a olhou compreensiva, e foi como se lesse sua mente:

 

 

— Vou fingir que não ouvi nada, não se preocupe — Afirmou Renesmee, os olhos cintilantes com algo que Brooke não soube definir.

 

 

Ela piscou, desconcertada com a forma verdadeira que ouviu as palavras.

 

 

— O que... O que você queria? — Pigarreou, cruzando os braços.

 

— Ah, sim — A ruiva esbugalhou os olhos, dando um leve saltinho. — Eu queria saber se você vem ao baile, esta noite.

 

 

A cara que Brooke fez, foi a da mais pura confusão. Ela olhou para Renesmee como se a menina houvesse dito que dinheiro dá em árvores, e ergueu as sobrancelhas, imaginando se a cor vermelha da raiz do cabelo não havia mexido com o cérebro da menina, além de saber que ela não estava ali para isso.

 

 

— Eu não sou louca — Renesmee disse, fazendo uma careta engraçada. — Você que é desinformada.

 

— O que...

 

— Olhe ali — Apontou algo para atrás da morena, que se virou para olhar. — "Baile de retorno às aulas."

 

 

Havia vários folhetos colados em sequência pelas paredes do corredor, e da escola, Brooke imaginou. E sim, realmente iria acontecer um baile aquela noite. A escola estaria em falsa comemoração com o retorno das aulas, uma desculpa esfarrapada para o corpo docente dos professores e funcionários se reunirem em um lugar fechado com alunos sem precisarem, realmente, observa-los. Um descanso, uma folga. Fosse o que fosse, Brooke já sabia o roteiro daquele tipo de coisa.

 

 

— Já voltamos das férias há quase dois meses — Murmurou, voltando a encarar a Cullen, que não segurou a risada.

 

— É, eu disse a mesma coisa. Mas ao que tudo indica, deveria ter acontecido antes, você sabe. Antes dos... imprevistos que aconteceram na cidade.

 

— Mortes, você quer dizer — Brooke corrigiu Renesmee, que fechou a boca e engoliu em seco. Aquilo não a passou despercebido.

 

— Bem, sim. Mas ninguém gosta de falar sobre isso... — Ela se cortou, bufando como se estivesse irritada consigo mesmo. Então suspirou profundo e encolheu os ombros. — Enfim. Eu só queria saber se você vai ir, porque minha família e eu também vamos, então...

 

 

O final da frase não veio, mas a intenção com ela ficou bem esclarecida. E NÃO foi a resposta que gritou na cabeça da morena, que descruzou os braços e limpou a garganta, sem saber como reagir.

 

 

— Oh, não. Eu não vou, Renesmee. Eu... não gosto desse tipo de coisa — Eu não gosto de você e da sua família.

 

 

Os olhos claros da ruiva piscaram calmamente, enquanto ela aprumava os ombros e a lançava um olhar penetrante, revelador. O tipo de olhar que só a fez subir um degrau na escada da esquisitice de Brooke Evern.

 

 

— É uma pena. Mas se você mudar de ideia... — Renesmee sorriu, um sorriso largo. — Bom, é melhor eu voltar para o ginásio, meu time ainda deve estar me esperando.

 

— Tudo bem — Brooke concordou, torcendo para a ruiva se ir logo.

 

 

Mas antes de virar as costas, os olhos dela miraram os da morena, e em seus lábios, o sorriso largo se retirou, dando lugar a um mínimo, porém, sincero, enquanto ela inclinava a cabeça para o lado.

 

 

— Pense sobre hoje a noite, Brooke — Ela abriu os braços, os trazendo para frente, e entre suas mãos estava uma pequena barrinha de cereal, que fez questão de estender para Brooke. — E fica com isso. Sim ou sim.

 

 

Renesmee puxou uma das mãos imóveis da garota estática e pôs a barrinha entre os dedos, os fechando sobre o alimento em seguida. E sem falar mais nada, apenas continuando a sorrir, girou nos calcanhares e saiu correndo pela direção de onde veio, deixando Brooke novamente sozinha.
Os olhos escuros fitaram a barrinha, pasmos. Ela estava pasma com a atitude da Cullen mais nova. Estava em um misto de vergonha e empatia.
Estava grata e ao mesmo tempo não estava.
Brooke respirou fundo, e foi só continuar a olhar para a barrinha de cereal, que sua barriga deu sinal de vida. Sabia que Renesmee havia feito aquilo porque sabia. Mas Renesmee não comentou nada, apenas respeitou a situação e foi sutil ao entrega-la ao doce. Renesmee, assim como Gaz e a voz em sua cabeça, poderia estar certa. Ela deveria comer, pelo menos uma vez, sem arrependimento. Antes que voltasse a sucumbir. Afinal, era só uma barrinha de cereal, não contaria muito depois... Ou contaria?
Brooke respirou fundo, espantando os pensamentos para um lado escuro de sua mente. E por fim, ela abriu a embalagem, dando a primeira mordida que foi como água encontrada no deserto depois de semanas.

E talvez, só talvez mesmo, Renesmee Cullen fosse uma boa pessoa.

 

 

 

***

 

 

 

...Havia um longo corredor a sua frente, que a conduzia para um lugar desconhecido. Luzes de néon coloridas relampeavam pelas paredes, e havia aquela música eletrônica sendo deixada para trás, como a trilha sonora de fundo de um filme de suspense. Seus pés avançaram pelo corredor, cada vez mais rápidos, como se ela estivesse a procura de alguma coisa que estivesse fugindo de seu alcance; e uma porta ao longe surgiu. Os poros em seu corpo se fecharam, a provocando arrepios, e uma sensação de alerta a tomou por inteiro quando sua cabeça começou a rodar junto com as paredes e tudo em volta. Mas foi trocando os pés urgentemente, como se estivesse bêbada, que ela continuou seguindo em frente até alcançar a porta de madeira, e apoiar a mão na maçaneta, que rodou e se abriu sem o mínimo esforço. Se sentindo tonta, ela deslizou para dentro do que quer que fosse aquele cômodo, e no momento em que seus olhos se levantaram, turvos, porém, nítidos, ela abriu a boca e gritou em uma mistura de medo e pavor.
Á sua frente, um par de olhos vermelhos vividos a encarava, e abaixo deles, uma boca manchada de sangue se abria em sua direção, revelando grandes caninos afiados...

 

 

Brooke acordou sobressaltada, sentando-se na cama assim que abriu os olhos. Gotículas de suor se acumulavam em sua testa, e um gosto ruim impregnava sua boca. O mesmo sonho. Igual das outras vezes. Um pesadelo onde não havia desfecho. Os mesmos olhos, a mesma coisa. Não sabia o que era aquilo, apenas que a cada vez que aparecia em sua mente enquanto dormia, a deixava assustada.
Ela apertou o cobertor entre os dedos, percorrendo os olhos pelo quarto até parar no criado-mudo em cima da cabeceira. Eram sete e meia da noite, e a noite já deveria ter caído. Dormira por seis horas seguidas, e não se recordava de ter sonhado mais nada.
Houve uma batida na porta, Brooke arregalou os olhos, mas logo o rosto familiar de sua mãe adentrou o quarto.

 

 

— Ainda bem que você acordou, querida — Disse Marcy, se aproximando da cama, um sorriso insinuante brincando nos lábios e o seu celular em uma das mãos. — Gaz ligou.

 

 

A pronúncia do nome dissipou qualquer medo, sono ou qualquer outra coisa que ela estivesse sentindo naquele momento. Ao ouvir o nome do garoto, Brooke arregalou os olhos e passou as mãos pelo rosto, sentindo-se ansiosa. Gaz havia ligado. Não falara com ele depois da briga que tiveram quando saíram do ginásio. Não se encontraram mais. Ela não o encontrou. Mas queria falar com ele, queria de desculpar, queria recuperar o amigo de volta, queria ele ao seu lado.

 

 

— E o que ele disse? — Foi a primeira coisa que Brooke quis saber, afoita. A voz estava rouca e baixa, ainda sob o efeito do sono.

 

 

O sorriso de sua mãe se alargou com a reação da filha.

 

 

— Ele não disse muita coisa. Apenas ligou para saber se você estava se sentindo melhor. — Informou Marcy, cruzando os braços e lançando um olhar de quem aguarda explicações para a garota. — Algo para me contar, Brooke?

 

 

"Droga" foi o que a Evern mais nova pensou. Não tinha dito nada do que ocorrera na escola para sua mãe. Ninguém da escola também ligara, já que ela não foi até a enfermaria. Achou melhor esconder o ocorrido para não preocupa-la, mas no final, Gaz havia lhe entregado. Ainda que sem querer.
Brooke engoliu em seco, percebendo então que o jeito seria inventar uma mentira e esperar que a mãe caísse.

 

 

— Foi só uma dor de barriga — Murmurou a mentira, girando os olhos. — Nada demais, mãe.

 

 

A mulher a encarou no fundo dos olhos, buscando pela verdade, e ainda que soubesse que era mentira, talvez, não refutou. Marcy apenas balançou a cabeça e cruzou o pequeno espaço do quarto, alcançando a cama e sentando-se na ponta, os lábios separados enquanto estendia o celular para a filha, que o pegou e olhou para a tela, verificando se tinha mensagens.

Mas não havia nada.

 

 

— Esse Gaz é o mesmo Gaz daquele dia na loja?

 

 

Brooke levantou a cabeça, olhando sem entender para a mãe.

 

 

— É sim, por quê?

 

— Porque ele é uma gracinha.

 

— Mãe!

 

— O que? Vai dizer que você também não acha? Eu já tive a sua idade, querida.

 

 

Brooke balançou a cabeça, incrédula com a mãe que tinha. As bochechas já se encontravam vermelhas, e ela abria e fechava a boca, procurando pelas palavras certas para demonstrar seu constrangimento e desgosto. Até que por fim, encontrou algo parecido:

 

 

— Eu não quero um namorado, mãe! — Exclamou, apertando os olhos. — E se quisesse, Gaz não seria uma opção. Somos só amigos.

 

— Só amigos não ficam com o celular na mão, esperando uma mensagem, filhinha — Apontou Marcy, rindo da cara zangada da garota. — Mas ainda assim, acho que esse garoto tem medo de mim. Enquanto nos falávamos pela ligação isso ficou bem claro.

 

— Claro que ele tem, você o assustou naquele dia na loja — Brooke riu, e só então percebeu que não deveria ter tocado no assunto.

 

 

Instantaneamente, o riso cessou nos lábios de Marcy, e ela voltou a expressão de tristeza que havia estado nas últimas semanas. E Brooke quis se matar por isso. Como não medira suas palavras antes? O dia da loja em questão era o mesmo dia em que sofreram por três meses de morte da irmã mais nova. Era uma idiota.
Logo agora, logo agora que sua mãe já estava melhorando. Já estava se reerguendo. Já estava voltando a ser ela mesma.
Ainda que a muito custo, Marcy tinha se recuperado da recaída alcoólica, abandonado os dias isolada no quarto e voltado a rotina com a loja e a casa. Ela estava voltando a recomeçar. Brooke comprimiu os lábios, se mexendo entre os cobertores:

 

 

— Mãe...

 

— Está tudo bem, querida. Está tudo bem — A loira respirou fundo, o sorriso reaparecendo no rosto em seguida. — Não se preocupe com isso. Se preocupe com isso aqui... — E levando a mão até o bolso de trás da calça jeans, ela retirou a espécie de um folheto dobrado, o abrindo em frente ao rosto da morena em seguida.
— Por que não me contou que vai haver um baile de boas vindas na escola hoje?

 

 

O queixo de Brooke caiu. E tudo que pensou, foi em como as coisas nunca saiam como ela desejava que saíssem. Esconder o baile daquela noite era uma delas.

 

 

— Como descobriu sobre o baile?

 

— A filha dos Laurier's, nossos vizinhos de trás, estuda na mesma escola que você, e levou o folheto para casa — Respondeu Marcy, cerrando os olhos. — Agora imagine só, a minha cara de desinformada quando a senhora Laurier me perguntou se minha filha estava animada para a primeira celebração dela na cidade nova...

 

— Eu não lhe contei nada porque eu não vou. Já está decidido — Brooke suspirou pesadamente, rolando pelo colchão até alcançar a cômoda, onde deixou o celular.

 

 

Quando voltou a encarar a mãe, os olhos verdes estavam brilhantes, aquele tipo de olhar determinado que a frustrava na maioria das vezes.

 

 

— Não está nada decidido até a senhorita me dizer os motivos de não querer ir nessa celebração tão linda que será, tenho certeza.

 

 

— Você sabe meus motivos, mãe. Se voltar a acontecer de novo...

 

— Não vai, se você não deixar que aconteça — Interviu Marcy, pegando a mão da filha e a apertando ternamente. — Eu confio em você, Brooke, e sei que você é forte. Só falta você perceber isso.

 

 

A morena sorriu grata, sentindo o amor que sentia pela mulher que estava ali à sua frente, transbordar. Ela amava tanto a mãe que tinha, que não conseguia não se sentir um pouco mais confiante com ela ao seu lado. As duas eram como as colunas de suas próprias casas, cada uma se apoiava na outra para continuar de pé. Estavam juntas, mãe e filha, Marcy e Brooke. Duas Evern's. E não conseguiam imaginar o dia em que não estariam juntas... Brooke sorriu.

 

 

— E, além do mais, você vai poder ver o gracinha do Gaz. Então você vai, e ponto final.

 

— Mãe!

 

— Sem argumentos querida, já está decidido. É uma ordem — Sua mãe encerrou o assunto, o rosto iluminado em um sorriso vitorioso enquanto se levantava e rumava em direção ao guarda-roupa da filha.

 

 

Brooke bufou, contrariada. Não podia acreditar naquilo. Estava mesmo sendo obrigada por Marcy a comparecer à uma festa cujo não queria ir? Ela? Realmente o mundo estava de cabeça para baixo. Se fosse a três anos atrás, seria o contrário, ela brigaria para poder ir.
Frustrada, deixou as costas voltarem a entrar em contato com o colchão, e se virou, puxando as cobertas até a cabeça, onde se escondeu debaixo e desejou que sua mãe esquecesse do assunto sobre o baile. Infelizmente, aquilo não aconteceu:

 

 

— Você tem que aprender a manter o seu quarto organizado, filha — Ouviu a voz de Marcy soar abafada por conta do tecido do cobertor. — Não encontro nada aqui para você usar esta noite.

 

— Então pare de procurar — Retrucou ela, mal-humorada sem se descobrir.

 

Um suspiro dramático rondou pelo quarto.

 

 

— Boa resposta, espertinha. Mas não. Você vai a esse baile, e quando voltar, vai encontrar este quarto devidamente limpo... E aproveitando o assunto da limpeza, o que acha se eu levar essas tralhas que estão acumuladas em sua escrivaninha para loja? Posso fazer um bom uso do material.

 

 

— Faça o que quiser, mãe.

 

 

E assim, Marcy riu alegremente, voltando a sua tarefa em revirar o guarda-roupa da morena mal-humorada, que não saiu debaixo das cobertas durante todo o tempo transcorrido.

 

De acordo com o folheto, o baile de boas vindas aos estudantes e funcionários, começaria às nove horas em ponto. E terminaria à meia-noite, o que Brooke achava ser um erro gigantesco. A direção da escola não entendia que a cidade estava à deriva de assassinatos em série? Que ter quase toda a população da cidade, colocadas em um mesmo lugar em uma sexta-feira a noite, era pedir para um desastre acontecer? E se o assassino estivesse ali entre todas aquelas pessoas? E se aquela noite fosse A noite para o fim de tudo? Brooke pensava sobre tudo aquilo, sobre todas as coisas que poderiam dar errado aquela noite, e ao final de seu transe macabro debaixo das cobertas, ela percebeu que deveria estar vendo muito filme de terror. Repreendeu a si mesma, porém, havia algo a mais. Algo que a fazia considerar... Algo que a deixava irrequieta e com o fundo do estômago apertado... O peito em um nó que se torcia cada vez mais e mais enquanto os ponteiros do criado mudo na cabeceira iam se movimentando, os minutos voando...

Quando o relógio apontou às nove em ponto, ela já estava pronta. A garota em frente ao espelho refletia uma outra face ao qual Brooke resolvera, a muito, esconder: Uma face bonita. Seus longos cabelos castanhos estavam soltos e levemente ondulados, a maquiagem que depois de muita insistência por conta de sua mãe, se destacava no rosto naturalmente pálido, ainda que discreta. Os cílios naturalmente longos e volumosos, os lábios estavam pintados em um tom clarinho de rosa. E o vestido... Ele era especial.

 

 

— Não acredito que vai me emprestar o vestido que papai te deu no primeiro ano de dia dos namorados de vocês — Brooke murmurou, encantada com o que dizia. — Não sei se posso aceitar, mãe.

 

 

Os olhos castanhos miraram a figura de Marcy no espelho, atrás de si, e eles viram o mínimo e emocionado sorriso que ela esbanjava.

 

 

— Broo, olhe para você. Está uma verdadeira princesa — Disse Marcy, apertando o ombro da filha. — E exatamente por esse vestido ser o que o seu pai me presenteou no nosso primeiro ano de dia dos namorados, é que você deve usá-lo, filha. Ele gostaria de vê-la o usando, também. E é a única roupa apropriada que você tem para ir, ou prefere calça jeans e moletom folgado?

 

 

A garota torceu o nariz, soltando uma pequena gargalhada em seguida. Então concordou com a cabeça, se voltando para a sua própria imagem em seguida. Ela estava tão não-ela-nos-últimos-anos que chegava a ser cômico. Mas não tinha do que reclamar, estava... o mais próximo de bonita. O vestido de cetim branco, chegava até a altura um pouco acima de seus joelhos, por ser um pouco mais alta do que Marcy. Tinha um pequeno e discreto decote redondo, que se ligava às alças que pendiam dos ombros, descendo até as costas onde formavam um elegante laço. Era simples e bonito, do jeito que a garota gostava. Do jeito que sua mãe gostava, pensou para então deixar o sorriso genuíno escapar. Se lembrava daquela história, a do dia em que seu pai presenteou sua mãe com o vestido. Ela a contava desde os cinco anos, como uma historinha para dormir. E Brooke amava ouvir até hoje. Havia certa mágica no modo como as coisas aconteceram entre seus pais, de acordo com os relatos de Marcy — eles se apaixonaram ainda jovens, quando por acidente, sua mãe, na época uma adolescente muito espontânea e irreverente, caiu do caminhão de mudanças quando chegou em Denver com a família, e seu pai, também um adolescente galanteador e educado, correu ao seu socorro para ajuda-la.
Foi paixão a primeira vista. E assim, se sucedeu até que a morte os separassem, no dia em que seu pai faleceu a serviço do país. Naquela época, Brooke tinha apenas cinco anos, Penny acabado de completar um. Ela não lembrava de muita coisa, apenas o que Marcy dizia quando o assunto era levantado raramente: Pretus Evern, seu pai, morreu em combate no campo de guerra, como soldado do exército dos Estados Unidos. Era um homem bom, gentil e muito amável.
Só que Brooke não lembrava dele. Não lembrava se ele cantava para ela dormir, se a levava na cacunda nos passeios de domingo ou se comprava camisetas iguais de pai e filha para os dois usarem. Ela não sabia de nada, não sabia nem que forma tinha o rosto do próprio pai. Não existiam fotos, Marcy dizia que era porque Pretus não gostava de tira-las. Então não existiam lembranças, apenas as que a garota imaginava.

Ela sentiu a garganta fechar, e antes que o genuíno sorriso se transformasse em um triste, tratou de balançar a cabeça e se virar, recolhendo suas coisas largadas na cama. Brooke apanhou a pequena bolsa de mão e a jaqueta, a vestindo em seguida. Olhou então para os pés, calçados com seus tênis preferidos, ainda que estes não combinassem com o vestido. E por fim, encarou a mãe nos olhos, que estavam marejados de emoção por ver a filha seguindo em frente daquele jeito.

 

 

— Estou tão orgulhosa de você, Brooke! — Exclamou Marcy, puxando a filha para um abraço apertado e desajeitado.

 

— É só uma festa de escola, mãe — A menina lembrou, tentando manter o tom de voz divertido, preocupada em magoar os sentimentos da mais velha.

 

 

Porém, a mulher apenas fungou.

 

 

— Não importa, ainda assim eu estou — Retrucou Marcy. — Você está seguindo em frente finalmente, e daqui a pouco tudo que aconteceu não passará de um passado distante e inalcançável.

 

 

A morena assentiu, sentindo a força das palavras abalando sua estrutura. Não sabia se o que a mãe falava era verdade, mas não falou nada. Apenas exibiu um sorriso fraco e levantou os olhos para as horas do criado-mudo. Quase nove e meia. Ela então usou a desculpa de estar atrasada para a festa e se despediu de Marcy, ainda que não estivesse nem um pouco ansiosa ou animada para sair de casa.
No entanto, alguns segundos depois ambas desciam as escadas para a sala, em uma conversa sobre recomendações e horários estipulados. Brooke ouviu tudo calada, somente balançando a cabeça em concordância, e quando por fim chegaram até a porta de saída, teve que respirar fundo sabendo que precisaria entrar em um carro novamente. As duas seguiram para o quintal, após trancarem todas as portas e janelas da casa, e caminharam até o carro estacionado próximo da cerca. Cada passo dado era como se estivesse caminhando diretamente para a morte, e ela sentiu aquele pânico após um trauma. Mas ainda assim, Brooke continuou caminhando até o carro, seu maior medo a esperando. Só percebeu que tinha estacando no meio do caminho quando ouviu a voz da mãe, já abrindo a porta do automóvel:

 

 

— Tudo bem, querida? Precisa de ajuda?

 

 

Ela ergueu a cabeça e fitou o céu limpo, sem estrelas. As nuvens densas e escuras anunciavam uma tempestade para mais tarde. Era uma noite fria, cada lufada de ar fazendo seus cabelos ricochetearem. Sem sinais de estrelas, sem sinais de uma força maior. E então Brooke percebeu que não podia esperar por sinais, nem ficar se retendo para sempre no medo e na segurança. Tinha que enfrentar seus demônios, vencer seus medos. Tinha que recomeçar, dizia isso a si mesma todas as vezes, e todas aa vezes fracassava. Então recomeçava. E aquilo já estava a cansando.
Foi pensando assim, que ela levou os olhos até a figura preocupada de sua mãe, e balançou a cabeça antes de abrir a boca:

 

 

— Não. Eu estou bem — Disse, mais firme do que nunca. E em um instante, estava percorrendo o que faltava até chegar no carro, entrando pela porta que Marcy segurava.

 

 

Foi como ter agulhas perfurando seus pulmões quando ela sentou no assento do carona. O couro do banco abaixo de si, o porta-luvas a frente, o rádio a esquerda e os joelhos curvados para baixo. Como da última vez. O estômago de Brooke deu voltas e voltas, e fincou as unhas curtas na palma da mão, mordendo o lábio inferior.
Felizmente, sua mãe apareceu no banco do motorista, batendo a porta do carro em seguida. Seu olhar caiu na filha pálida, um sorriso de alento e uma palmadinha em uma das mãos antes de ligar os faróis.

 

 

— É melhor pôr o cinto, querida — Advertiu Marcy, não melhorando nem um pouco o nervosismo da garota.

 

 

E assim, partiram noite a dentro.

 

 

 

***

 

 

 

Não estava escrito no folheto que a festa de boas vindas se pareceria com uma boate.

Quando sua mãe a abandonou na entrada da escola, com a chuva prometida caindo torrencialmente, se despedindo com a promessa que voltaria para busca-la à meia-noite, Brooke teve que tomar coragem e entrar no prédio 2, onde o ginásio se transformou em um salão e pista de dança. Mas foi só colocar um pé para dentro, que quis dar meia volta e sair correndo atrás do carro de Marcy, talvez ainda desse tempo de alcançar o Chevrolet Spin Cinza e implorar por uma carona para casa.
A estrutura do ginásio parecia pequena para abrigar todas aquelas pessoas que dançavam loucamente. Luzes coloridas de néon giravam para todos os lados, o buffet chamava atenção ao lado da mesa dos professores que estavam de olho nas atividades da centena de alunos presentes — ou fingiam estar. Cotovelos se batiam, ombros se esbarravam, e o barulho da música eletrônica das caixas de som embutidas nas paredes mais a falação excitada dos vários alunos estavam deixando Brooke apreensiva. Aquele ambiente a trazia memórias que deveriam ficarem esquecidas, para o seu próprio bem. E, o impulso de sair correndo dali a corroeu, mas ela se lembrou do motivo de estar ali.

Encontrar Gaz e implorar por suas desculpas.

Ela devia isso a ele, afinal. E o preço a se pagar em estar naquela festa parecia ser justo. Por isso, percebendo estar sem alternativas, Brooke respirou fundo antes de dar os primeiros passos em frente. O estômago revirando a cada passo. O espaço estava tão apertado, que ela teve que se espremer entre algumas pessoas. Viu rostos conhecidos, outros, nem sabia que estudavam na Forks High School, e suspeitou que estivesse certa. Mas, não muito adiante, encontrou alguém mais conhecido impossível, os cabelos ruivos facilmente distinguíveis no meio da pista improvisada. Renesmee dançava no ritmo da música, a beleza imaculada como sempre, trajando um elegante vestido dourado que se destacava em sua pele alva, acompanhada por alguém com bíceps fortes e jaqueta de couro, que se parecia muito com Jacob Black. Era ele, Brooke percebeu assim que os dois giraram, e os olhos negros entraram em seu campo de visão. Então lá estava os dois integrantes do clube exclusivo que os Cullen pareciam pertencerem, os dois menos estranhos; dançando normalmente e formando um bonito casal. Nenhum sinal dos outros.
Foi como se no mesmo instante que tivesse pensado isso, Renesmee tivesse lido sua mente, pois levantou os olhos no mesmo momento, segurando o olhar fixo e com o rubor começando a se espalhar pela face. A morena parada não entendeu, mas retribuiu o sorriso amigável e aprovador que a ruiva a lançou em seguida, sem saber por que retribuía.

Brooke franziu o cenho, e resolveu se desprender do que considerava um casal mais a frente, e continuou avançando, os olhos passeando por toda a extensão do ginásio, atrás dos olhos azuis expressivos e do cabelo loiro jogado de lado, mas quanto mais atravessava entre aquela multidão de corpos agitados, mais a busca por Gaz se tornava difícil.
E se ele não tivesse vindo? Ela nem ao menos sabia se ele compareceria aquela noite. Deveria ter pensado isso antes. E assim transcorreu quase duas horas inteiras, onde sua missão foi procurar por Gaz Julions, que não deu as caras em nenhum momento. Decepcionada, irritada e frustrada por ter aturado a noite toda adolescentes se embriagando pelas costas dos professores, Brooke olhou as horas em seu celular, dez para meia-noite. Ótimo, havia perdido todo seu tempo naquela festa esperando por alguém que não havia ido. Chateada com o pensamento, levantou decidida a ir embora, sua mãe já deveria estar chegando para busca-la.

 

Pequenos pontinhos de luzes verdes, roxas e amarelas alcançaram suas retinas, a fazendo fechar os olhos com força e travar o corpo na metade do caminho. Um cheiro forte e conhecido bateu de frente ao seu rosto, e ela virou o rosto para o lado, tentando fugir do odor de álcool enjoativo, segundos antes de sentir um par de mãos finas tateando seus braços em busca de apoio e em seguida ouvir o barulho do vômito deslizando pela garganta da pessoa, acertando em cheio seus pés.
Brooke reabriu os olhos, incrédula e enojada no mesmo nível. À sua frente, encontrou uma miúda garota morena encurvada sob as próprias pernas, o corpo dando solavancos enquanto terminava de vomitar. O cabelo encaracolado da garota era tudo que Brooke podia ver, e a julgar por seu estado e por estar vomitando em seus tênis preferidos, deveria estar podre de bêbada. Teve a confirmação assim que por cima da música alta, e não muito distante, ouviu risadinhas, e quando olhou, encontrou um grupinho formado por três garotos do último ano com uma garota mais nova, possivelmente do nono, quase tão baixa quanto a que estava em sua frente. Ambos os quatros riam, bêbados como a menina do vômito. E Brooke teve pena da garota encurvada diante de si, talvez por ela a lembrar de si mesma em um passado não tão distante.
Compadecida, Brooke segurou gentilmente nos braços finos da garota que a agarrava tontamente, e levou uma das mãos ao cabelo dela, o puxando para o lado, ainda gentil. Não podia fazer muito maia do que aquilo, e nem ficar mais brava também, o estrago já estava feito. Seus tênis já estavam definitivamente jogados no lixo e a garota já tinha sido humilhada o suficiente. Um professor se aproximou, resmungando exclamações acusatórias contra todos os alunos, e puxou a garota bêbada dos braços de Brooke, dirigindo um olhar feio para ela, que apenas devolveu a altura antes dele se afastar com a garota até a mesa dos outros professores responsáveis.
A cena toda havia chamado a atenção de poucos, ela sabia, mas não era com isso que ela tinha que se preocupar agora. Era com o vômito escorrendo para dentro de seus tênis, para seus pés e para o desejo de ir embora daquele lugar. Brooke tinha que escolher entre fazer as duas coisas: Ir lavar o vômito dos pés ou aguentar ficar com ele até chegar em casa?
A primeira a agradou mais.

 

 

Expelindo o ar dos pulmões, ela se apressou a atravessar o restante da multidão de pessoas. Desviando de cotoveladas, chutes e alguns xingamentos, Brooke conseguiu por fim chegar até a outra extremidade do ginásio, na parte menos iluminada da festa. Ela escolheu ir até o vestiário feminino, já que ficava mais perto do que dar volta até a saída e descer a escada até os banheiros, e assim rumou até lá. Os sons de seus passos melecados por vômito ecoava pelo piso encerado, e ela atravessou as portas duplas do ginásio, chegando no corredor em que brigou com Gaz aquela manhã, se sentindo observada. Estava igual, com a exceção de parecer um pouco mais frio. Brooke avançou, sabendo que só precisava dobrar a direita e seguir reto que chegaria até o vestiário onde se limparia. Ela continuou andando, sentindo a temperatura começar a cair gradativamente, e estranhou isso. As lâmpadas fluorescentes no teto piscaram, piscaram, e voltaram ao normal. Alguns pontinhos das luzes de néon se estendiam por ali, cobrindo as paredes, o que ela também estranhou. E a música eletrônica... ela estava sendo deixada para trás a maneira que Brooke continuava a andar, como a trilha sonora de um filme de suspense.
De repente, o cenário todo lhe pareceu familiar, e ela avançou ainda mais rápido pelo corredor, como se isso fosse clarear sua mente. O vislumbre da curva a direita chamou sua atenção, e ela sabia que deveria atender ao alerta de sua mente para virar a direita, mas ela não o fez. Continuou seguindo em frente, seu instinto falando mais alto, como se estivesse a procura de algo.
E então, do nada, uma porta surgiu mais a frente. Solitária no intenso escuro que se formava naquela parte do corredor, um convite sombrio perto da meia-noite para o que quer que estivesse atrás da moldura retangular que nunca tinha reparado antes. Os poros em seu corpo se fecharam, fazendo arrepios subirem por sua coluna no caminho, e então ela tomou sua decisão. Queria ver o que tinha lá.

 

Com a crescente sensação de alerta a invadindo intensamente, Brooke avançou, arrastando os pés pelo chão, o coração disparado em batidas estáticas que retumbavam em seus ouvidos. PARE! VOLTE PARA TRÁS AGORA!
Sua mente gritava em desespero, mas ela não a ouviu. A distância entre a porta e ela foi diminuindo, ao mesmo tempo em que a iluminação do corredor foi desaparecendo, e sua cabeça começou a pesar, um zunido estranho tintilando em seus ouvidos ao qual ela associou ao nervosimo que criava alucinações em seu sistema. Brooke tropeçou, a porta estava à centímetros dela. Ela agora estava parada no escuro absoluto, apenas distinguindo as formas da porta, no silêncio, e então relutou. Se fosse desistir e sair correndo de volta para a festa, a hora era aquela. Mas havia chegado tão longe... E tinha algo... Algo que a atraia... Algo que formigava em sua pele, que lhe implorava para espiar... Sua mão escorregou até a forma da silhueta redonda em um ímpeto, e sem pensar muito, Brooke a rodou, abrindo a porta sem um mínimo esforço. Ela se sentia tonta, os olhos cerrados, a adrenalina percorrendo as suas veias. E em questão de segundos ela deslizou para o lado de dentro, descobrindo o que tinha do outro lado da porta, no exato momento em que percebeu, tarde demais, que estava vivenciando seu terrível e frequente sonho.

Brooke esperou pelo o que já sabia que viria, e levantou os olhos, se dando conta que estava na dispensa do zelador. Mas o local não mudava nada, pois o que ela encontrou foi tão aterrorizante quanto o que encontrava em seus sonhos. À sua frente, duas silhuetas altas e masculinas se viravam lentamente em sincronia, uma terceira estava caída no chão, embaixo de uma poça de sangue recente. Eram três garotos — o primeiro, alto, pálido, o cabelo cor de cobre no costumeiro topete de todos os dias. Os olhos dourados se arregalaram quando focaram em Brooke, e ela o reconheceu. O primeiro garoto era Edward Cullen.
O segundo estava imóvel no chão, ela não conhecia. Mas podia jurar que estava morto. E isso a assustou.
E já o terceiro, ela também não conhecia. Era quase da mesma altura de Edward, mas ainda mais alto do que si, louro acastanhado excessivamente pálido e usava um manto negro que se arrastava pelo sangue no chão. O rosto era o rosto mais bonito que ela já havia visto. Um rosto de um anjo. Um anjo do mal, que de repente a fitava da forma mais assustadora possível. E havia algo nesse garoto... Algo familiar. Brooke não sabia dizer se era o sangue escorrendo por sua boca aberta revelando caninos afiados, ou se era o par de olhos vermelhos vividos.
Apenas, que aquele era o demônio de seus sonhos, e que tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Em um segundo estava o encarando fixamente, no outro, estava o vendo partir para cima dela, os olhos queimando em ódio enquanto as presas — porque aquilo eram presas — expostas em sua direção.

 

Brooke abriu a boca em um grito apavorado e gutural, o medo congelando até seus ossos. Ela registrou o momento certo em que o rosto dele se transformou em algo inumano, quando ele esticou as mãos para agarra-la, e ela cambaleou para trás, tropeçando nos próprios pés e batendo a cabeça no chão frio e duro. O mundo rodou, e ela ouviu rosnados se aproximando de si. Também ouviu algo como "La tua cantante", e reconheceu a voz de Edward.
Não conseguiu se levantar e correr, não tinha forças. A pancada na cabeça havia sido forte, e ela sabia que estava a meio caminho de um desmaio seguido de morte. Então desejou nunca ter ido aquela festa, desejou nunca ter aberto aquela porta e nunca ter descoberto o segredo que havia por trás dela.
Teve um último vislumbre dos olhos opacos e sem vida do garoto no chão, e imaginou que dali a alguns segundos, seria ela a estar assim.

 

Houve um estalo. Um rosnado. Uma ardência. E então tudo ficou quieto e ela submergiu na escuridão, se deixando ir.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Um OLÁ bem empolgado e emocionado para vocês!
Eu não sei nem por onde começar, amores, aconteceram muitas coisas ao mesmo tempo. Primeiro, o capítulo demorou — mais do que o habitual — a sair porque eu não estava satisfeita com ele. Sempre que começava a escrever, apagava tudo e começava do zero porque esse tinha que ficar perfeito.
Segundo, já estou em período de provas e esse ano as coisas estão complicadas um pouco para mim, mas nada que vá me fazer parar.
Terceiro, problemas pessoais, como sempre.
E quarto, RECEBI UMA RECOMENDAÇÃO MUITO LINDA HOJE! Na véspera do capítulo. Sério. Eu estou morrendo de felicidade. E quero agradecer a linda da Vivianni por ter recomendado a fanfic, e por ter aparecido em grande estilo!
Esse capítulo é dedicado a você ♡

Aproveito também, antes de começar a falar sobre os acontecimentos desse capítulo, para agradecer as pessoas que comentaram no capítulo passado. Li coisas lindas, que aqueceram meu coração e me fizeram sorrir. Muito obrigada mesmo meninas, obrigada por todo apoio e pelas palavras tocantes. Amo vocês muito, muito, muito...

E agora, chegamos finalmente nas considerações sobre o capítulo.
PUTA MERDA MANAS, ACONTECEU! *SPOILER* BROOKE E ALEC SE ENCONTRARAM!
Ainda que não tenha rolado muita interatividade e que ele tenha a atacado. Eu realmente estou me tremendo. Acabei de escrever o final agora e não sei como reagir. Quer dizer, eu sei, porque já sei tudo que vai acontecer né. Mas ainda assim... Acho que depois desse capítulo, as coisas começaram a mudar. A fic vai entrar em uma nova fase, a do descobrimento, e a história de verdade vai começar a acontecer. Por isso se prepararem! As facas começaram a serem atiradas hahahaha!
Não vou comentar mais nada porque não quero revelar os detalhes, então esperem para ler o próximo capítulo narrado por Alec — que deverá estar subindo pelas paredes.— e entenderem um pouco do mistério que envolve os personagens.


{"La tua cantante": quer dizer em italiano "sua cantora”, se referindo ao modo como determinado sangue atrai determinado vampiro}

Até o próximo capítulo...

Bjs ❤❤






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