Our destiny escrita por Tisbe


Capítulo 4
Filhos de Winterfell


Notas iniciais do capítulo

Com muito custo, escrevi bastante coisa pra esse capítulo (estava sem inspiração), mas depois de quase finalizar, percebi que estava muito deprimente. Hoje refiz ele todinho de uma forma mais leve. Acho que de triste, já basta a história original, contada pelo nosso cruel e amado GRRM. Como é de praxe, me desculpem os erros e espero que aproveitem!



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Jon mal podia acreditar no que seus olhos viam. Arya estava crescida, mas ainda assim, mantinha a mesma fisionomia da qual ele se lembrava. A menina de aparência frágil e esguia havia ganhado contornos mais femininos e harmoniosos. Seus cabelos castanhos estavam na altura dos ombros e os fios soltos e desalinhados, pareciam úmidos pela exposição à neve que caía.  Jon notou que a irmã vestia um traje inapropriado para o clima de Winterfell, suas calças largas e sua camisa de lã, estavam esfarrapadas e sujas. Também calçava um par de botas de couro escuro, bastante gastas.

— Jon! A menina pulou nos braços do irmão e o abraçou com força.

Assim como fizera no Castelo Negro, quando Sansa o encontrara, Jon a segurou nos braços e a apertou contra o corpo. – Arya! – Após o longo abraço, o rapaz se afastou e com as duas mãos segurou o rosto da irmã. – Bem-vinda de volta! – Em seguida, beijo-lhe a testa.

— Estou feliz por retornar! E mais feliz ainda por encontrá-lo em casa.

— Arya, vamos entrar, você precisa de um banho quente e de roupas mais adequadas a esse frio. – Sansa sentia-se mal por ver a irmã em trajes tão precários para o inverno.

— Sansa tem razão, vá com ela e se aqueça. Teremos muito tempo para conversarmos. E eu não quero que você congele. – Em seu olhar, Jon externava toda a felicidade que sentia ao ver a irmãzinha, agora crescida, diante de si. - Mandarei que as cozinheiras preparem um banquete para comemorar seu retorno. Há algo especial que deseja comer? – Ele a olhava com verdadeiro fascínio. Jamais imaginaria que a irmã pudesse retornar de forma tão repentina.

— Comerei qualquer coisa que me servirem, mas não há necessidade de um banquete.

Sansa levou a irmã até o interior do castelo e pediu para que uma aia lhe preparasse um banho quente. Antes que ela pudesse se banhar, a ruiva a chamou em seu quarto e a levou até seu armário para emprestar-lhe um vestido. – Arya, escolha qualquer um e eu o ajustarei ao seu tamanho. – Enquanto a pequena Stark corria as mãos pelas peças penduradas, Sansa a via retorcer a face em sinal de desaprovação pelos modelos expostos.

— Você não tem nenhuma calça ou camisa? – A menina perguntou, mesmo já sabendo qual seria a resposta da irmã.

— Nenhuma. Mas já faz algum tempo que venho pensando em encomendar algumas peças para a costureira. Quero aprender a usar uma espada e creio que seja meio difícil treinar usando saias.  – A ruiva sorriu para a irmã. – Hoje mesmo pedirei que tragam a costureira até aqui. Ela tirará nossas medidas e fará calças e camisas para nós duas. Podemos até encomendar um gibão de nosso tamanho. O que acha?

— Ficarei feliz se fizer isso. - Enquanto falava, Arya puxava do armário o vestido cinza prateado, o mesmo que Sansa usara no dia de sua união com Jon Snow. – Acha que este me cairá bem? – A menina riu de forma jocosa.

Sansa travou por um instante, ao ver a peça de roupa nas mãos da irmã. – Bem, acho que este modelo não é tão apropriado para este frio. – Ela o pegou e correu os dedos pelo delicado bordado em forma de trutas e lobos que o cobria por completo. Enquanto alisava o tecido, se dava conta de que em breve, teria de contar para Arya toda a verdade sobre o passado do marido e a atual situação em que estavam vivendo.

— O que acha deste? – Arya pegou um vestido de cor verde musgo, com pequenas folhas de bordo e cedro, bordadas nas mangas. – Gosto dele. Se parece com os que a mãe usava.

— Oh sim, este ficará perfeito em você. Tome, esta é a capa que costumo usar com ele. – Sansa entregou uma pesada capa de inverno num tom de verde mais escuro.

Quando a criada apareceu no quarto, avisando que a água do banho já estava pronta, Arya largou as peças de roupa na cama e deixou a irmã mais velha sozinha com seus vestidos e seus pensamentos.

— Jon? – Sansa bateu na porta do quarto do marido e entrou no ambiente antes mesmo que ele pudesse responder. O viu sentado numa poltrona, limpando a lâmina de sua espada. - Como se sente com o retorno de nossa irmã? – A garota se aproximou e parou diante dele.

— Me sinto feliz, como nunca me senti antes. Sabe o quanto sou ligado a Arya.

— Sei o quanto a garota te ama e te venera. Você sempre foi o irmão preferido dela.

Jon se levantou e encarou o azul vivo dos olhos da esposa. – Sim, acho que isso é verdade. Arya sempre foi minha irmã preferida. Agradeço aos Deuses por você ter sido uma chata e ter me infernizado a vida quando éramos crianças. Se não fosse por isso, hoje, você seria apenas uma irmã tão querida quanto ela.

No mesmo tom de brincadeira, Sansa respondeu ao gracejo do rapaz - Oh sim... eu tinha tudo planejado desde sempre! Não cativei seu amor fraterno no passado, porque sabia que hoje o teria como marido! – A garota sorriu e lhe roubou um rápido beijo.

Jon se aproveitou da situação e a agarrou pela cintura. A beijou demoradamente, até que a ruiva o interrompeu e se desvencilhou de seus braços. – A porta está destrancada e nossa irmã está no outro cômodo, a poucos metros de distância. Não quero que a pobre veja uma cena dessa no primeiro dia de seu retorno.

Jon anuiu e se jogou para trás, caindo sentado na poltrona em que antes estava. – Você continua a me torturar Sansa Stark, não percebe? Quando penso que a terei, você me escapa por entre os dedos – O rapaz sorria maliciosamente para a menina.

— Oh, não tenho essa intenção, meu senhor. Prometo que em breve o recompensarei e serei só sua, mas hoje, o dia é de nossa irmã. Agora peço que me dê licença, vou ver se ela precisa de minha ajuda.

Quando Arya e Sansa chegaram no Grande Salão, Jon Snow as recebeu juntamente com sir Davos, Brienne, Podrick e Tormund. Este último, carregava um grande hematoma roxo esverdeado em seu nariz.

A menina cumprimentou a todos e se sentou ao lado dos irmãos. O fogo da lareira estava quente e alto e diversos candelabros foram acesos. A mesa estava farta, repleta de doces, salgados e algumas variedades de vinho.

Quando a criada foi servir um pedaço de torta de carne para Arya, a menina recusou imediatamente o prato, fazendo uma careta. – Qualquer coisa, menos torta! Ainda não sou capaz de comer esta iguaria.

Jon e Sansa se entreolharam, mas resolveram não questionar o motivo daquela recusa.

Durante o banquete, Arya contou a todos, as desventuras vividas ao longo dos últimos anos. Desde o dia em que fugiu da Fortaleza Vermelha em Porto Real, até o momento em que se infiltrou no castelo dos Frays e tirou a vida do patriarca e dos herdeiros das Gêmeas. A menina apenas ocultou o fato de ter transformado os dois homens em torta salgada. Também não mencionou sua capacidade em se tornar “ninguém”.

— Quem está no comando do castelo de Lorde Fray? – Brienne foi a primeira a questionar.

— Edmure, nosso tio por parte dos Tully. – Arya mal teve tempo para responder, quando Sansa a interrompeu novamente.

— Mas ele estava sendo mantido refém naquele lugar?  Ouvi rumores de que ele estaria cativo no Rochedo Castely, juntamente com sua esposa e filho.

— Ele ia ser mandado para lá, mas após ter matado Walder Fray, consegui encontrá-lo nas masmorras. Foi fácil soltá-lo. Agora ele detém o comando da Travessia.

— Teremos mais um aliado contra aqueles que querem nos atacar. Tenho certeza que nosso tio virá nos ajudar quando a grande hora chegar. – Sansa se mostrou animada com a perspectiva de contar com mais um exército para defendê-los. Tanto das casas inimigas, quanto dos caminhantes brancos.

O grupo permaneceu à mesa por longas horas. E quando a noite já começava a mostrar seus sinais, a maior parte dos convidados já havia comido e bebido mais do que podia aguentar. Tormund estava embriagado e tão sonolento, que quase caiu sobre seu prato de comida.

— Jon, podemos ir para o pátio? Tenho algo para te mostrar. – Arya falou baixo, direcionando suas palavras apenas para o irmão.

Jon anuiu e seguiu a irmã menor quando esta se levantou e se dirigiu para o exterior da fortaleza.

Arya segurou as barras do vestido emprestado e caminhou até a área de treinamento. Jon percebeu que com a mão esquerda, a menina segurava algo comprido. Estava envolto por um tecido negro.

— Jon, veja... Eu a guardei comigo durante todo esse tempo. – Enquanto removia o tecido do objeto misterioso, Arya observava a reação do irmão.

—  É a Agulha! – Jon se mostrou surpreso e emotivo quando viu novamente a pequena espada de aço. – Ela já está pequena para você.

— Sim, mas não me importo. Foi ela que me manteve segura por tantas vezes. Sempre que a olhava, tinha a certeza de que pertenço a Winterfell e a nenhum outro lugar.  Com ela, me lembrava de que sou uma Stark e de ainda tinha uma família. Durante muito tempo, acreditei que apenas você estaria vivo. Estive a um passo de encontrar minha mãe e Robb antes de serem mortos. Naquele instante, tive certeza de que os traidores também matariam Bran e Rickon. Eu não fazia ideia do paradeiro deles. Também acreditei que Sansa já não estivesse mais viva. Soube que ela fora acusada pela morte do rei Jofrey. Pensei que Cersei tivesse conseguido matá-la. Acreditei que minha família seria apenas você.

— Por muito tempo, também acreditei que todos os Starks estavam mortos. Sansa me surpreendeu quando apareceu no Castelo Negro. Jamais imaginaria que logo ela viria até mim.  Agora temos duas Starks legítimas de volta a Winterfell e tenho fé de que em breve também reencontraremos Bran. – Jon sorriu levemente e estendeu sua mão direita, pedindo a pequena espada para a menina. – Vocês lobos, são resistentes.

— Jon, você pode ser um Snow, mas ainda assim é filho de um Stark. Também é filho de Winterfell. – Arya amava o irmão e queria que ele se sentisse tão dono daquelas terras quanto as duas filhas legítimas do antigo protetor do Norte.

Naquela conversa, Jon percebia a oportunidade perfeita para revelar para a irmã toda a verdade sobre seu passado. – Vamos para dentro, há algo que preciso te contar. Mas a história é longa e se ficarmos aqui, congelaremos antes que eu chegue na parte mais importante. – Ele foi caminhando em direção ao castelo, enquanto Arya o seguia com uma expressão de curiosidade.

Jon levou a menina até o gabinete usado por Sansa para trabalhar e fechou a porta atrás de si. – Sente-se. - Arrastou uma cadeira até onde ela estava e após também se sentar, começou a falar. – Arya, você está crescida agora e não há motivos para que eu lhe esconda este segredo. Não faz muito tempo, sua irmã me revelou algo que mudou tudo o que eu acreditava ser verdadeiro.

— Nossa irmã. – Arya o interrompeu para corrigi-lo.

— Vejo que você continua a mesma garota impaciente de sempre. Peço que ouça tudo o que tenho para dizer até o fim, se possível, em silêncio.  – Jon lhe lançou um olhar de reprimenda.

— Tudo bem, continue. - Ela anuiu, concordando com os termos da conversa.

— Bem, como sabe, sua irmã foi até mim no Castelo Negro em busca de ajuda. Quando estávamos em campanha para retomarmos Winterfell, ela me confidenciou algo que guardava consigo desde pequena.  Me disse que, certa vez, entrou escondida nesta sala, em que agora estamos, para brincar. Mas quando viu que o pai e o tio Benjen estavam se aproximando, se escondeu naquele baú de carvalho. – Jon apontou para a grande peça de madeira encostada numa parede.  

— E o que havia no baú? Arya levou a mão a boca, assim que percebeu que quebrara sua promessa de se manter calada. – Desculpe.

Ele apenas a olhou em silêncio, para logo continuar a história. – Suar irmã se escondeu para não levar uma bronca. Lá dentro, ela pôde ouvir a conversa entre os dois. Eddard disse que eu não era seu filho. Ele fez nosso tio prometer que jamais contaria esse fato a ninguém. Sansa veio guardado este segredo com ela por todo este tempo.

Arya pareceu emudecer diante daquela revelação. Seu cérebro havia compreendido a fala do irmão. Mas para ela, era quase impossível acreditar que aquilo tudo poderia ser real. Só depois de um instante, conseguiu se pronunciar – Não acredito nisso! Ela pode ter inventado essa história. – A menina, que até pouco tempo atrás, se mostrava radiante pelo encontro com Sansa, passou a sentir uma raiva cortante da irmã. – Ela mentiu para você! Talvez ela não quisesse dividir Winterfell com um bastardo e pensou que seria inteligente criar esta mentira. Jon, isso não é verdade... Você é meu irmão. E até se parece com o pai.

— Arya, sei que toda essa história é estranha e pode levantar alguma suspeita, mas eu te garanto que é real. Sansa não tem qualquer motivo para mentir. Eu confio plenamente nela. Sei que é difícil, mas peço que você também acredite e confie.

— Por que ela te contou isso somente agora? - A menina fitava o irmão, tinha urgência em saber suas respostas.

Jon segurou o ar por um instante, pois naquele momento, não podia contar a real motivação de Sansa para revelar aquele segredo.  Não podia falar que esteve em uma cabana escura, trocando beijos com a sua, até então, meia-irmã. Foi somente por essa razão, que a garota decidiu livrar-lhe a consciência, quando ele pensou que cometia algum pecado por querê-la. – Bem... - o rapaz  pausou sua fala. -  Ela teve bons motivos. Mas agora, eles não vêm ao caso. Sansa não quer que as outras pessoas saibam disso. Após a batalha contra o Bolton, os lordes das outras casas me nomearam Protetor do Norte e sua irmã se mostrou muito satisfeita com isso. Não sei o que fariam se soubessem que sou bastardo de pai e mãe.

— Jon, continuo achando essa história muito estranha. Quero ouvir da boca de Sansa esta lorota. - A garota então se levantou e saiu apressada em busca da irmã.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pra quem gastou um tempinho pra ler. Fico muito feliz em saber que algumas pessoas estão acompanhando a história. Beijos pra todos!