Our destiny escrita por Tisbe


Capítulo 14
Chamado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu só queria que soubessem que não abandonei a história. Estou sem tempo para escrevê-la. Eu queria caprichar e encher o texto com detalhes e por todos os sentimentos de cada personagem, mas se eu não fizesse assim mais simples eu não poderia terminar o capítulo. Espero que gostem e que não me abandonem! beijos



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De pé sobre um tablado de madeira e com os braços estendidos, Jon sentiu uma picada atrás de seu pescoço. – Tem certeza de que o senhor não precisa de mais luz para trabalhar? Posso pedir que tragam mais velas. – Depois de ser espetado pela quinta vez, o rapaz decidiu falar com o velho alfaiate que tirava suas medidas para fazer uma nova túnica para a cerimônia de seu casamento com Sansa.

Do outro lado quarto, Sam ria da situação. – Não seja molenga Jon! Já enfrentou coisa bem pior que um alfinete, e no final, você sabe que vai valer a pena. Estará casado com a mais bela dama que já viu, meu amigo.  – O rapaz piscou divertido para o outro. Duas semanas atrás, quando Jon finalmente lhe confessou seu envolvimento com Sansa, o Tarly se gabou de sempre ter desconfiado de que o moreno sempre tivera uma queda pela garota. “Você não resiste a uma ruiva... Eu sabia! Sempre soube que ela havia sido sua primeira paixão, mesmo que inconscientemente”. Certa vez, ainda em Castle Black, ao perguntar sobre os Starks, Sam fez o amigo descrever a característica de cada um de seus meios-irmãos. Arya foi descrita simplesmente como destemida, ágil e dona de cabelos castanhos. Sobre Sansa, Jon havia confessado que a meia-irmã era a donzela mais bonita que ele já vira em toda sua vida. “Sansa é uma verdadeira lady... é educada e prendada como todas as damas devem ser. Seus cabelos são vermelhos como o crepúsculo de verão, sua pele é muito clara e parece ser macia como seda. Seus olhos são de um azul vivo e quando ela sorri, consigo até me esquecer que se parece tanto com a megera da mãe”. Daquele dia em diante, Sam botou na cabeça que as palavras do amigo foram muito mais “doces” do que as que um irmão usaria para se referir a uma meia-irmã.

— Não zombe amigo, pois você será o próximo! Pedi ao alfaiate que te faça um belo traje para o casamento. – Rindo em deboche, Jon acabou se mexendo e recebeu um olhar severo do velho, que agora, tirava as medias de suas pernas. – Me desculpe! – Ficou sério novamente, mas sem tirar o sorriso do olhar. Estava feliz, pois dali a poucos dias estaria unido a Sansa legalmente. Não precisaria mais esconder de ninguém o amor que sentia por ela. Poderia dizer a quem quer que fosse que seria pai e que seu filho seria um lobo do Norte. Depois de ter revelado toda a verdade sobre seu passado, os senhores das outras casas se uniram em comissão para avaliar se a história de Jon era verídica. Examinaram a carta do príncipe Rhaegar e julgaram-na como verdadeira. Apesar de acreditarem que Jon era o bebê de que a carta falava, somente uma prova concreta poderia fazer com que aquela possibilidade fosse realmente confirmada. E como não existia nenhuma evidência de que o príncipe Targaryen havia se se casado com Lyanna, ficou decidido que ele permaneceria com o sobrenome Snow, porém, seus futuros filhos poderiam receber o sobrenome da mãe juntamente com o seu.

Quando foi dispensado de sua prova de roupas, Jon decidiu visitar a cripta de Winterfell. Aquela já era a quarta vez que descia até os sepulcros da fortaleza desde que descobrira sua origem. Pensando mais sobre sua mãe, o rapaz passou a achar irônico nunca ter dado tanta atenção às histórias sobre a sua até então “tia” Lyanna. Mas agora, ele daria qualquer coisa para descobrir o que quer que fosse sobre ela. Com um archote nas mãos, desceu as escadas devagar, contando os passos até chegar a estátua fria de semblante sereno. Pousou sobre sua mão de pedra uma vela acesa. – Olá mãe. Sou eu de novo... – Jon encaixou o archote na parede em frente ao túmulo da Stark e se aproximou mais uma vez da figura estática em eterna vigília. – Sonhei novamente com a senhora. Desta vez, eu quase consegui ver seu rosto... – Jon encarou os olhos da estátua com pesar. Nas últimas semanas, os sonhos com a mãe se tornaram recorrentes, neles, a jovem mulher de cabelos longos e castanhos estava sempre de costas para si, o chamando pelo nome. E ele se via como um menino, não mais que três anos de idade. Chorava e corria em direção da mãe, mas não era capaz de alcançá-la. Como se fugisse do garoto numa brincadeira de pegar, a mulher se esgueirava pelos corredores do castelo até chegar às criptas. No momento em que a via desaparecer no interior da caverna que abrigava os nobres mortos de Winterfell, o menino simplesmente paralisava. Assustado com a possibilidade de segui-la naquele lugar Jon acordava suando frio, com a estranha sensação de que a mulher quisesse lhe mostrar algo.

— E então lady Lyanna... estou aqui. O que quer me contar? – Nada, não é mesmo? Você não pode falar...  – Rindo da bobagem que era aquela situação, ele pegou sua tocha e caminhou de volta ao castelo. Já no pátio, foi alcançado por um jovem rapaz de cabelos cor de avelã, os fios lhe desciam pela testa em cachos úmidos e emaranhados. Seus olhos verdes brilhantes estavam arregalados e sua respiração ofegante. Jon o reconheceu, era um aprendiz, sua função era a de ajudar e servir os guardas que vigiavam os portões. - Calma rapaz, o que há de tão urgente que te fez correr até aqui?

— Milorde, uma mensagem... acaba de chegar. – Em sua mão direita, o garoto trazia um pergaminho enrolado. Uma mensagem aparentemente comum. Ao pegar o papel e examinar o lacre que o selava, Jon entendeu o motivo da pressa. Um dragão de três cabeças ocupava o centro do emblema circular, feito de uma cera tão vermelha quanto sangue.

Sansa e Gilly caminhavam pelo jardim de vidro enquanto conversavam sobre o casamento que aconteceria em breve. A ruiva tinha marcado a cerimonia para a próxima quinzena. Poucas pessoas foram convidadas para o festejo simples que seria ofertado em celebração. Alguns dos senhores que vieram para o banquete na semana anterior concordaram em permanecer em Winterfell para assistir ao enlace, porém, grande parte deles preferiu voltar para suas casas e cuidar dos estragos feitos pelas nevascas que assolavam o Norte. Sansa enviou um convite para seu tio Edmure e sua família. Seu primo Robyn Aryn também fora convidado, mas a garota sabia que por ser enfermiço o menino não iria aparecer, entretanto, ela tinha certeza que Mindinho viria em seu lugar, como seu “representante”. E só de pensar na ideia de vê-lo novamente, seu coração fervia de ódio. Mas naquele momento ela decidiu que nada a abalaria, pois tinha pouco tempo e muita coisa para fazer até o grande dia.

— Seu vestido já está terminado senhorita? – Gilly carregava o pequeno Sam em seus braços enquanto o menino devorava uma maçã grande e vermelha. 

— Quase, só precisa de alguns ajustes, mas logo estará pronto. Quero que ele seja a coisa mais bonita que Jon já me viu usar. – Sansa sorriu radiante quando se lembrou da cara que o marido fez quando a viu chegando ao bosque sagrado no dia de seu “casamento” secreto. Queria surpreendê-lo uma vez mais, por isso, pediu que as costureiras se dedicassem ao máximo na confecção de seu novo vestido.

— Tenho certeza de que ele ficará lindo lady Stark. E tudo será perfeito! – Gilly sempre se mostrava gentil e educada. Ela gostava muito das conversas que tinha com Sansa, pois sempre aprendia alguma coisa nova e interessante. E desde que deixara sua vida miserável como filha e esposa do selvagem Craster, a doce garota com nome de flor tentava ao máximo se parecer como qualquer mulher nascida e criada do lado Sul da muralha. Sansa lhe servia como professora, a ensinando os costumes e regras da civilização. E nos últimos tempos, ela acabou se tornando uma espécie de dama de companhia para a Stark. A ajudava em suas tarefas e dividia certas confidências que Sansa jugava impróprias para serem reveladas para a irmã, ou até mesmo Brienne. A maior parte delas dizia respeito ao relacionamento que tinha com o marido.

— Venha Gilly, precisamos voltar. Ainda temos muito a fazer. Logo meu tio chegará de Riverrun e precisamos ter certeza de que os quartos estão sendo bem preparados.

Já de volta ao castelo, Sansa foi para seu escritório e deu início às suas tarefas. Enquanto organizava distraidamente o pagamento para os fornecedores de alimentos e bebidas para a festa, escutou a porta se abrindo devagar.

— Olá! Preparada para o grande dia?

Sansa levantou os olhos e se deparou com a figura esguia da irmã se aproximando. – Oi Arya... sim, acho que estou preparada, apesar de estar um pouco ansiosa também. – Parando o que estava fazendo, a ruiva sorriu para a menina que puxava uma cadeira para se sentar em frente à sua mesa.

— Por que está ansiosa? Já sabe tudo o que vai acontecer depois que estiverem finalmente casados. O que assusta as donzelas prestes a se casarem não é nenhum mistério para você, irmãzinha. – A garota riu com seu próprio gracejo.

— Arya, não seja indiscreta! – A ruiva ruborizou ao se dar conta do teor da piada feita pela irmã. – Este não é um assunto apropriado.

— Não seja boba, sei bem o que acontece quando duas pessoas se casam e pelo que sei, você já se “casou” com Jon. Meu sobrinho é a maior prova disso. – Depois de finalmente aceitar o envolvimento da irmã com o primo, a menina passou a debochar cada vez mais da situação bizarra em que os dois vivam. Fazia questão de importuná-los sempre que podia.

— Já chega de piadas Arya! Não estou ansiosa por esse motivo. Eu só quero que este dia chegue logo. Não quero esperar mais nenhum segundo para me casar. Veja o tamanho da minha barriga. Se eu tiver sorte, daqui a pouco todos começarão a falar que estou gorda. Caso o contrário, será um escândalo se souberem que Jon e eu... bem, você sabe... ficamos juntos antes de nos casarmos. Minha reputação ficará manchada para sempre.

— Quem liga para reputação Sansa? Já não basta toda a merda que passamos até chegarmos até aqui? Se o pai e a mãe, ou até mesmo o Robb estivessem vivos, aí sim tudo seria diferente. Eles poderiam ficar horrorizados com toda essa loucura que vocês aprontaram. Mas fora eles, ninguém tem o direito de se meter na vida de vocês, ou na de qualquer outra pessoa. – Arya se calou e passou a encarar as pontas calejadas dos dedos. Parecia pensativa. – Bem... essa é minha opinião, mas se sua reputação é tão importante para você, faço questão de espalhar para os quatro ventos que você come feito uma leitoa, por isso está engordando como uma.  - A menina riu divertida e roncou como uma porquinha para provocar a mais velha.

— Arya! – Em vão, Sansa tentou uma reprimenda, mas logo em seguida caiu no riso.

Entretidas com sua conversa fiada, as irmãs foram interrompidas por leves batidas na porta. - Entre, está aberta. – Arya respondeu e logo viu Jon adentrar no ambiente.

— Que bom que as encontrei juntas. – Jon se aproximou da esposa e selou um beijo em sua testa, em seguida, puxou uma cadeira próxima a Arya e se sentou. – Acabo de receber uma mensagem. – Ele estendeu o pergaminho já aberto para a ruiva.

Sansa desenrolou o papel e se deparou com um símbolo que a muito tempo não via. Sobre um brasão negro, se destacava um dragão vermelho de três cabeças. – É da casa Targaryen...

— Leia em voz alta. – Arya ficou extremamente curiosa, pois ela vira a insígnia dos dragões apenas em seus estudos, nos quais septã Mordane a obrigava a decorar o signo das casas novas e antigas. – Sansa? – A menina se irritou com a atitude da irmã, que ignorando seu pedido, leu a carta em silêncio.

— Quem diabos é Daenerys Targaryen? – Sansa encarou o marido e jogou o papel na mesa.

Vendo que nenhum dos dois lhe daria as respostas que queria, Arya ergueu seu tronco e buscou o pedaço de papel. Lendo rapidamente seus dizeres pôde entender a cara de espanto da irmã. – Daenerys Targaryen requer sua presença em Pedra do Dragão? Eu sequer sabia que existiam Targaryens vivos... além de você Jon, é claro! Quanto mais uma que alega ser a herdeira legítima do rei Aerys.

— Pelo visto ela existe. E quer saber se pode contar com sua lealdade Jon.  – Sansa estava ansiosa. Logo agora que sua vida parecia ter entrado nos eixos, aquela carta viera para acabar mais uma vez com seus sonhos. A curta mensagem pedia que o rei e protetor do Norte fosse ao encontro da mulher que se intitulava rainha dos Ândalos e senhora dos Sete Reinos. Caso o pedido não fosse atendido, Daenerys entenderia a recusa como uma afronta e automática declaração de guerra.

— Ela vai tirar a vaca da Cersei do trono de Ferro. Só por esse motivo, acho que você deveria ir até lá e conhecer a tal Targaryen. – Arya parecia animada com aquela reviravolta.

— Não se esqueça que foi o pai dela que matou nosso avô e o tio Brandon Arya. Essa mulher deve ser tão louca quanto o maldito rei. – Sansa tentava raciocinar e ponderar toda aquela informação.

— Jon, o que você acha? – Para chamar a atenção do rapaz que parecia absorto em seus pensamentos Arya precisou cutucar seu braço. – Jon, que está pensando?

O moreno olhou para as duas e disparou. – Está decidido, eu irei até Pedra do Dragão. Precisamos saber o que esta mulher quer. Como vocês mesmas disseram, ela pode ser perigosa e não vou arriscar que ela se volte contra o Norte. Também posso tentar convencê-la a se unir a nós contra os caminhantes brancos.

— Mas e quanto ao nosso casamento Jon? Será em menos de duas semanas! – Sansa estava aflita com a possibilidade de ser deixada pelo marido tão repentinamente.

— Nos casaremos nos próximos dias e em seguida partirei para Porto Branco. Lá, tomarei o primeiro navio que me leve à Pedra do Dragão. E não se preocupe, pois estarei de volta para você e nosso filho antes que você possa imaginar. – O rapaz se levantou e juntou as mãos da esposa nas suas. - Fique tranquila minha querida, não deixarei que nada de ruim aconteça.

Sansa o olhou e uma lágrima rolou de seus olhos. – Com um sorriso triste, a menina concordou com a cabeça, se resignando mais uma vez pela mudança repentina em seu destino.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pra quem leu! Comentem o que acharam! Fico muito feliz em saber a opinião de vocês.