Our destiny escrita por Tisbe


Capítulo 12
Semente


Notas iniciais do capítulo

Olá, capítulo 12 com muito amor pra todos vocês! Espero que gostem e que comentem o que tem achado da história até o momento. Enjoy!



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Sansa estava sentada atrás da suntuosa mesa de seu escritório. Terminava de selar as cartas que seriam enviadas as outras casas nortenhas. A menina já estava quase finalizando sua tarefa quando ouviu batidas na porta.

— Posso entrar? – Jon perguntou, mesmo sabendo que não precisava. Já que ela mesma o havia requisitado.

— Está aberta, entre. – Sansa recebeu o marido com um sorriso alegre. A garota estava particularmente feliz naquele dia, pois na noite anterior teve um sono tranquilo e livre de pesadelos. Já faziam duas semanas desde que ela tivera aquele sonho pavoroso no qual dava à luz a um pequeno dragão. E nas noites que se seguiram, o sonho foi se repetindo e se repetindo, apenas com algumas variações. Hora seu bebê nascia morto, hora, os lobos invadiam seu quarto e a matavam junto com a criança. Apesar de estar sofrendo com aquelas imagens terríveis que invadiam seus pensamentos, ela preferiu não contar nada para o marido ou qualquer outra pessoa. Não queria preocupá-lo ainda mais e muito menos, que ele pensasse que estava enlouquecendo. No fundo, ela sabia o motivo daqueles pesadelos; a repressão de uma verdade que não poderia ser escondida por muito mais tempo.

— Desculpe se a fiz esperar minha querida, estava treinando com a Arya e o Podrick. – Jon sorriu e encostou a porta atrás de si.

— Não tem problema. Não é nada urgente. – Sansa se levantou e contornou a mesa. Já de pé, serviu um copo de água para o marido. – Beba, você deve estar exausto. – Quando ele se aproximou, a garota notou que seu rosto estava vermelho e sua testa com resquícios de suor.

— Arya é uma ótima guerreira, ela me deu um trabalho danado agora a pouco. E se a criada não tivesse me chamado para vir até aqui, tenho certeza que ela me derrotaria em nosso embate. – Jon pegou o copo e tomou o líquido de uma única vez. – Obrigado. Agora me diga, qual o motivo de ter me chamado? Está se sentindo bem? – Nos últimos dias, Jon vinha notando a mulher um pouco abatida, ela quase sempre recusava o café da manhã e quando o tomava logo corria para seu próprio quarto. Ficava trancada por pelo menos uma hora, até que decidia voltar e interagir com os demais. Ele a questionou inúmeras vezes para saber o motivo por trás daquela atitude, mas ela sempre dizia que estava tudo bem.

— Jon, preciso te contar algo, mas confesso que não sei por onde começar. Por favor, sente-se comigo. – Ela pegou na mão do homem e o levou até o espaçoso sofá que ocupava boa parte de uma das parede do lugar. Já de frente para ele, ela notou seu olhar curioso.

— Sansa, o que está havendo? Você nunca foi misteriosa comigo. Está começando a me deixar preocupado. Está doente? – Jon a encarou, com os olhos quase suplicando para que ela revelasse de uma vez o que quer que fosse.

— Não, não é nada disso. Estou bem. – Sansa respirou profundamente e falou de uma vez. – Jon... estou grávida!

O homem ficou mudo assim que aquela palavra atingiu seus ouvidos. Grávida... ela estava grávida de um filho seu.

— Droga Jon, fale alguma coisa! – Sansa estava ficando assustada com a expressão do marido. Ele olhava fixamente para o nada. Com os lábios levemente entreabertos, ele piscou algumas vezes antes de sair de seu transe.

— Sansa, tem certeza? Um filho... Mas, você me disse que...

— Sim, eu sei disso. Falei que não engravidaria enquanto eu tomasse o chá da lua. Mas acontece que depois que a Arya chegou, nossas vidas ficaram mais agitadas e eu estava tão ocupada cuidando de Winterfell que esqueci de cuidar de mim mesma. Jon me perdoe, eu esqueci de tomar o chá. Me perdoe porque não fiz isso intencionalmente. Sei bem de nossa situação delicada...

Jon estava agora com as mãos cruzadas, com os braços apoiados nas pernas e a cabeça levemente abaixada, próxima aos joelhos. Parecia absorto em seus pensamentos. E ele só despertou de seus devaneios quando a ouviu fungar o nariz. Sansa estava recostada no sofá, chorando baixinho. Ele virou a cabeça para ela e a observou. Sua face estava vermelha e os olhos levemente inchados pelas lágrimas que caiam. De forma ansiosa, apertava e esfregava os dedos das mãos. Ela parecia assustada e insegura. Naquele momento, Jon se deu conta de algo; mesmo que ele vivesse eternamente, jamais seria capaz de achar qualquer palavra que explicasse seus sentimentos naquele instante. Ao analisá-la, ele se viu ainda mais apaixonado, encantado e arrebatado por tudo o que ela representava. Mesmo em sua fragilidade, ele enxergou uma mulher incrivelmente forte, que se dispôs a viver clandestinamente por ele. Que abdicou de muita coisa para que pudessem estar juntos. Ele a amou ainda mais, amou sua coragem, sua beleza e determinação. – Um filho? – Jon a inquiriu enquanto tocava levemente seu rosto com a mão.

— Sim... Jon me perdoe. – Sansa estava quase aos prantos.

Shiii ... jamais se desculpe por isso meu amor. Jamais se desculpe pela melhor coisa que já ouvi em toda minha vida. Eu te amo! Pelos deuses como eu te amo! – Jon se aproximou e a beijou docemente. – Um filho! – Ele falou mais uma vez, já com um sorriso e lágrimas nos olhos.

Com a reação do marido, Sansa parecia ter tirado o peso do mundo de suas costas. Se sentiu leve pela primeira vez desde que confirmara sua gestação. Dias depois que ela teve o primeiro pesadelo com o bebê dragão, a ruiva estava quase certa de sua desconfiança. Os enjoos vinham sempre pela manhã e a repulsa por alguns alimentos e cheiros estavam ficando cada vez mais frequentes. Certo dia, a garota não aguentou mais e decidiu tomar uma atitude. Ela não esperaria por seu sangue na lua seguinte, pois pelos seus cálculos, já estava atrasada e de nada adiantaria esperar mais um mês. Decidiu que se consultaria com o novo Meistre de Winterfell, porém, o faria em sigilo.  Vestida com uma capa preta, com o capuz grande o suficiente para ocultar sua identidade, pegou um cavalo que não era o seu e se dirigiu até a modesta casa que o velho homem ocupava. Sob pena de morte, o fez jurar que jamais revelaria para qualquer pessoa que ela estivera ali. “Será enforcado no meio da praça caso eu descubra que contou para alguém”. Apesar de achar que estava sendo dura demais com o Meistre, ela não podia deixar que seu mais íntimo segredo fosse descoberto. Após concordar com seus termos, o ancião a examinou. “Não há dúvidas minha cara. Você está grávida! Vai precisar tomar algumas vitaminas e concentrados botânicos. Também deverá deixar que eu acompanhe sua gravidez daqui para frente. Ela está no começo e não é garantido que o pequeno, ou pequena irá se manter dentro de si. Todo cuidado é pouco doce criança”. Sansa concordou e saiu do lugar com o coração acelerado. Durante todo o caminho de volta, ela chorou, sorriu e rezou para que todos os deuses a abençoassem.

— Então não está bravo comigo? – Ela questionou baixinho.

— Minha preciosa esposa. Se está grávida, sou tão culpado por isso quanto você. É minha semente, meu filho dentro de seu ventre. Não estou bravo. Estou feliz... Feliz não, muito feliz em saber que sereia pai, mas ao mesmo tempo, estou apavorado, ansioso e muitas outras coisas que não consigo explicar neste instante. Neste momento, apenas nós dois sabemos que não somos irmãos. E a pouco descobrimos que talvez sejamos primos. Nossas vidas estão bastante conturbadas, mas quero que fique tranquila, porque nós conseguiremos dar um jeito nisso tudo e quando menos esperar, ouviremos o choro de nosso pequeno lobo ecoando pelas paredes de Winterfell. - Jon a tomou em seus braços e prometeu que a partir daquele dia, seu bebê seria o mais amado de todos os Sete Reinos. A beijando apaixonadamente, ele não foi capaz de ouvir que alguém se aproximava.

— Que diabos está acontecendo aqui? – Arya tinha ido atrás do irmão após constatar que ele estava demorando demais em sua conversa com Sansa. A menina já estava cansada de esperar para continuar seu treinamento. E ao girar a maçaneta, notou que a porta do escritório não estava trancada. Sem  anunciar sua presença, ela empurrou a porta e se deparou com uma cena que não poderia imaginar nem em um milhão de anos. Viu os dois irmãos se beijando, presos um nos braços do outro.

— Arya! – Jon foi o primeiro a vê-la, pois Sansa estava de costas para porta e só se deu conta de sua presença, após ouvir sua voz se espalhar pelo ambiente.

— Pelos sete infernos, que tipo de merda é essa? Vocês só podem estar de brincadeira. -  Arya estava espantada e seu estomago parecia revirar com aquilo que vira.

Jon se levantou e caminhou em direção da irmã, que instintivamente, deu um passo para longe dele. – Fique calma, nós te explicaremos tudo. - Ele então foi até a porta aberta e após se certificar que ninguém passava pelo corredor naquele momento, a trancou com a chave.

— Explicar? O que pretendem me explicar? Que são dois doentes que se enroscam enquanto fingem ser irmãos? Patéticos, é isso que são! - Arya estava enfurecida. Caminhava pela sala nervosamente com as mãos pousadas na cintura.

— Arya, já chega! -  A voz firme da irmã mais velha a fez calar no mesmo instante. – Não nos ofenda mais, eu a proíbo. – Sansa estava tensa, mas mesmo assim tentou se manter calma. – Quer saber de uma coisa, fico feliz que tenha visto isso. Eu já não aguentava mais esconder de você essa situação. Sei que você não é obrigada a nos escutar, mas peço por favor que nos dê uma chance de contarmos o que está acontecendo.

Jon olhou para as duas e em seguida se recostou sobre a mesa de madeira. Ele pretendia começar a falar, mas sabendo que gaguejaria e se atropelaria nas próprias palavras, decidiu que Sansa estava mais apta a dar explicações. – Escute sua irmã Arya, prometo que em breve a deixaremos em paz.

— Está bem, fale logo. - A menina se sentou na poltrona próxima ao sofá e fez um gesto com mão, pedindo que a irmã começasse.

— Arya, como Jon te contou a tempos atrás, eu sempre soube que não éramos irmãos de verdade. E desde sempre, nunca nutrimos sentimentos fraternos um pelo outro. Pelo contrário, na infância éramos completamente alheios a esses laços. Porém, quando eu cheguei em Castle Black percebi que novos sentimentos começaram a surgir. Eu notei que sentia algo por ele, mas eu sabia que não era nada parecido com o que eu sentia por Robb, ou pelos meninos.

— O mesmo aconteceu comigo. – Jon a interrompeu e Arya apenas o fitou, quase o fuzilando com os olhos.

— Durante todo o tempo em que acreditou ser filho de Ned Stark, Jon nunca foi desrespeitoso comigo. Na verdade, ele se sentiu extremamente mal quando pensou que nutria sentimentos impuros por mim. Eu tomei a iniciativa e revelei toda a verdade para ele.

— Quando isso aconteceu? – Arya tentava se mostrar calma e paciente.

— Logo depois de sairmos de Castle Black. No caminho para a Ilha dos Ursos. Muita coisa nos aconteceu desde aquele tempo. Eu estava destruída depois de tudo o que o maldito Ramsey me fez. Jon me ajudou, me fez voltar a acreditar na vida e no amor. Arya, sei que é muito difícil para você entender isso agora minha querida, mas nosso amor é genuíno. Não estamos brincando, ou sendo levianos.

— Tudo bem, eu já ouvi o bastante, agora posso sair daqui? Não quero vomitar no escritório de nosso pai. - Antes que Arya pudesse se levantar para ir embora, a irmã a segurou pelo braço.

— Por tudo o que é mais sagrado Arya, não conte para ninguém o que viu, ou o que escutou aqui. Eu imploro. – Sansa fez seu último apelo antes de soltar a irmã.

Em silêncio, Jon acompanhou a pequena com os olhos quando ela abriu a porta e desapareceu do ambiente. – Vai ficar tudo bem, ela só precisa se acalmar e digerir tudo o que acabou de escutar. É uma situação completamente estranha e eu não a culpo por sua reação.

— Sei disso Jon, só espero que ela fique bem.

Depois daquilo, Sansa decidiu se recolher em seu quarto e dar tempo para que tanto o marido, quanto a irmã se acostumassem com o que ela havia lhes revelado. Um descobriu que seria pai e a outra, que os irmãos se amavam de uma forma completamente absurda. – Espero que pensem e que se acalmem. – Sansa falava para si mesma enquanto tirava o vestido para pôr a camisola. Ao se despir, tocou a barriga e notou um leve contorno em suas formas. A menina sorriu com aquilo.  Antes de se deitar, pegou suas agulhas e um novelo de lã. Decidiu fazer a primeira roupinha para seu bebê.

Da janela de seu quarto, Jon viu a irmã sair em direção ao bosque. A menina caminhava rápido e logo desapareceu por entre as árvores. Sem pensar muito, ele decidiu segui-la. Correu para fora e viu as marcas de seus pés carimbadas na neve. - Arya? – Jon chamou, quando a viu golpear o ar com sua nova espada.

— O que quer Jon Snow? – De costas para ele, ela parou sua arma e respondeu secamente.

— Arya, vamos conversar, não quero que fique assim. – Jon tentava se aproximar devagar.

— Que droga Jon! O que espera de mim? Que eu os parabenize por seu romance? Que eu vibre pelo fato de você ser um bastardo completo? Mas que inferno! Não compreende que para mim, vocês são meus irmãos?

— Sei disso, mas o que Sansa falou mais cedo é verdade. Você se lembra o quanto ela me detestava na infância. E de certa forma, eu também a desprezava. Nunca fomos irmãos. – Jon conteve seus passos quando viu a menina apontar a espada em sua direção.

— Muito bem, eu sei de tudo isso. Mas consegue entender que para mim  isso soa muito estranho e completamente errado? – Ela avançou alguns passos. Parecia chamá-lo para um duelo.

Jon estendeu as mãos na altura do rosto, em sinal de rendição, mas assim que a menina se distraiu com um barulho qualquer, o rapaz puxou Garralonga e a bateu na espada da irmã. Os dois passaram a se atacar, lutavam e se movimentavam pelo terreno coberto pela neve.

— É assim que quer resolver as coisas? Vai me matar e acabar com seus problemas? – Aos risos, Jon provocava a irmã.

—Você a ama? – A menina perguntou, enquanto avançava mais e mais com sua espada.

— Mais do que você possa imaginar. – Jon respondeu e virou o corpo para o lado, para fugir de seu ataque. – Ele estava feliz por duelar com a menina, pois sabia que aquele era o modo com que Arya extravasava suas emoções. Ela estava ali, disposta a escutá-lo e quem sabe, aceitar aquela situação. Mesmo que aquilo lhe causasse alguns ferimentos.

— Droga Jon, vocês são dois idiotas! – A garota girou e ouviu o estalo de sua espada se chocando contra a dele. – Dois completos idiotas!

— Infelizmente, acho que tem razão irmãzinha. Nós até mesmo nos casamos. - Jon atacou o vazio quando percebeu que suas palavras fizeram a menina recuar e paralisar.

— O quê? Como assim se casaram? – Seus olhos castanhos se arregalaram com aquilo.

Jon parou e apontou Garralonga para o Represeiro. – Não foi oficial, é óbvio, mas sua irmã preparou uma cerimônia e nós juramos nossos votos. – Jon a olhou com uma cara que a menina julgou ser patética.

— Mas então quer dizer que... – Arya não conseguiu terminar sua frase quando percebeu o que aquilo significava; os dois tinham ido longe demais. – Jon, seu desgraçado! – A menina avançou mais uma vez para cima do irmão que distraído, demorou para conter o golpe que caíra sobre si. Com a espada deitada, a garota o atingiu. Ela não queria cortá-lo, por isso, cuidou para que o gume afiado não atingisse sua pele. – Seu bastardo! Como pôde fazer isso? – Arya largou a espada e o socou duas vezes, um golpe acertou seu peito e o outro, ele conseguiu apartar com o braço esquerdo.

— Arya se acalme! – Jon parou os punhos da irmã no momento em que ela se preparava para acertá-lo novamente. - Está parecendo uma louca descontrolada.

— Como uma selvagem? – A menina o desafiou.

— Sim, eu diria que se parece com uma selvagem. – Jon riu ao perceber que a comparação fora pertinente. – Olha irmãzinha, não a culpo por nos odiar nesse momento. Eu sei que ainda nos vê como irmãos, mas agora, mais do que nunca tenho evidências de que seu pai apenas me adotou. Além do mais, creio que você só vai nos entender completamente no dia em que estiver perdidamente apaixonada por alguém. Daí sim, você saberá o que eu e sua irmã sentimos um pelo outro. – Jon decidiu soltar os braços da menina quando percebeu que ela já estava mais tranquila.

— Primeiramente, eu não os odeio. Só os detesto nesse momento, e em segundo lugar, eu nunca vou me apaixonar por ninguém! O amor torna as pessoas idiotas e nada práticas. – Sorrindo, a menina correu para longe do irmão. – Viu...  Como disse, você é um completo idiota Jon Snow! Aposto que nem consegue chegar ao castelo antes de mim!

Sorrindo, Jon correu para alcançar a irmã. Por um instante, se sentiu leve como uma criança, pois sabia que com o tempo Arya iria compreende-los. – Eu te pego lady Sark! – Ele gritou, antes de se abaixar e pegar um punhado de neve para lançar na direção da pequena loba. Tudo ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Quero muito saber a opinião de cada um de vocês! Beijos