TWD - Segunda Temporada escrita por Gabs


Capítulo 7
Seis


Notas iniciais do capítulo

"É a terceira vez que você aponta essa coisa pra minha cabeça. Vai puxar o gatilho, ou o que?"



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Ao acordar, prendi o meu cabelo em um coque, calcei minhas botas e coloquei meus coldres nas coxas, apenas um estava ocupado, o da faca. Fui escovar meus dentes e lavar o rosto no banheiro do trailer e depois agradeci muito Carol, pelo fato de que ela havia lavado o meu uniforme, novamente.

— Bom dia. – Dale me disse, ao passar por mim

— Bom dia.

— Bom dia, pessoal. – Rick disse alto, passando por nós com Shane logo ao seu encalço – Vamos andando. Temos um bom chão para cobrir.

Peguei meu café da manhã com Glenn e depois segui os dois até o mesmo carro de ontem onde fizemos a reunião depois do enterro simbólico. Uma boa parte do nosso pessoal estava reunido ao redor do capo do carro, olhando o mapa.

— Dormiu bastante. – Rick comentou, ao me ver parar perto deles e dar uma mordida na maça, a qual seria o meu café da manhã

— Acabei me cansando muito ontem. – Comentei como desculpa, olhando de canto de olho para Daryl

— Tá bom, todos ficarão com novas áreas de busca hoje. – Rick voltou a ficar sério – Se ela conseguiu chegar até a casa da fazenda que o Daryl e a Gabriela acharam ela pode ter ido mais a leste do que fomos até agora.

— Eu gostaria de ajudar. – Um menino adolescente disse se aproximando de nós, era o namorado da outra filha de Hershel se eu não me engano – Conheço muito bem a área e coisas assim. 

— Hershel está sabendo disso? – Rick perguntou se virando para ele

— É. – O menino respondeu – Disse que eu deveria perguntar a você.

— Tudo bem, então. – Rick concordou – Obrigado.

— Nada do que o Daryl e a Gabriela acharam ontem pode ser da Sophia para mim. – Shane comentou – Qualquer um poderia ter ficado escondido naquela casa de fazenda.

— A Sophia entra nessa lista de qualquer um. – Comentei sarcasticamente

— Quem dormiu no armário não era mais alto do que isso. – Daryl mostrou com a mão o tamanho e depois abotoou os botões da sua camisa

— Nós temos uma boa pista. – Afirmei, olhando para Rick

— Talvez possamos achar o rastro de novo. – Rick nos disse

— Talvez nada. – Daryl negou – Vou pegar um cavalo, vou até esse monte aqui terei uma visão geral da área toda. – Ele mostrou no mapa - Se ela estiver por lá, eu vou achá-la.

Quando chegou até nós, Dale colocou a bolsa de armas em cima do capo do carro e se apoiou no mesmo.

— Boa ideia. – T-Dog elogiou, olhando para Daryl – Talvez veja seu chupa-cabra lá em cima também.

— Chupa-cabra? – Perguntei meio confusa, querendo rir

— Não ouviu falar disso? – Dale me perguntou – Na primeira noite no acampamento Daryl nos disse que essa coisa toda o lembrou quando foi caçar esquilo e ele viu um chupa-cabra.

O namorado da outra filha de Hershel não aguentou e deu risada.

— Do que você está rindo, babaca? – Daryl perguntou, olhando fixamente para ele

— Então, você acredita num cão sanguessuga? – O menino perguntou, rindo

— Acredita em pessoas mortas andando por aí? – Daryl retrucou

— Por que você não me contou essa história antes? – Perguntei à Daryl, balançando a cabeça negativamente com um sorriso nos lábios – Essa história valeria dois pontos.

Daryl me empurrou pelo ombro e eu dei risada. Ele já tinha me dito para parar com os pontos, mas era muito bom irrita-lo. Dale colocou um rifle em cima do mapa e assim que percebi o adolescente estendendo a mão para pegar o rifle, eu fui mais rápida e toquei na arma, emitindo um som de desaprovação para ele.

— Já atirou com uma dessas antes? – Perguntei para ele, séria

Nunca gostei de civis carregando armas.

— Bom, se eu vou junto, quero uma. – O menino me disse, como resposta

— É. – Daryl resmungou, ajeitando a besta nas costas – E as pessoas no inferno querem sorvete.

Daryl trombou comigo, uma forma de dizer “Até logo” e saiu andando, em direção aos estábulos pegar o cavalo.

— Que tal praticar amanhã? – Shane perguntou para o adolescente – Se quiser mesmo, sou um instrutor certificado.

— Você é chefe da Infantaria, não é? – Rick perguntou para mim, do nada

Ah não, não serei professora de ninguém. 

— Esquece. – Logo o avisei – Não é assim que eu trabalho.

— Por ora ele pode vir conosco. – Andrea comentou, ignorando minha conversa com Rick e falou para Shane

— Você é que vai cuidar dele então. – Shane retrucou

— Tá bom. – Rick balançou a cabeça negativamente, olhando de mim para Shane – Gabriela, Andrea, T-Dog eu quero que vocês...

Depois de passar boa parte da manhã e da tarde na nossa zona de buscas por Sophia, nós não achamos nada significante e a única coisa que acrescentou foi minha raiva por Andrea. Ela desacatava minhas ordens mesmo Rick dizendo que eu era a responsável pelo grupo de busca e apenas não briguei com ela pois T-Dog ficou me dizendo para me manter fria e não fazer besteira.

Quando voltamos ao acampamento, fui diretamente para dentro do trailer descansar e afiar minha faca mais um pouco, pois quando matei um caminhante mais cedo, me pareceu que ela não estava tão lisa quanto antes.

— Nossa, só falta a baba de raiva cair da sua boca. – Glenn me zoou, quando entrou no trailer e se sentou à minha frente na mesinha, estava segurando um livro de capa azul  

— Nem me diga. – Resmunguei – Andrea virou uma pedra no meu sapato.

— Ela está de vigia agora. – Ele me contou como quem não quer nada

— Espero que caia e quebre o pescoço.

Glenn riu um pouco com o meu comentário, mas depois ficou meio sério, estranho, como estava ontem.

Tinha algo naquela cabecinha coreana dele.

Dale entrou no trailer e nos olhou, deu um pequeno sorriso para nós dois.

— Desculpa. – Glenn comentou, balançando o livro – Só estou devolvendo seu livro.

— Ah, não. – Dale disse, olhando o livro nas mãos dele – Eu peço desculpas. Se eu soubesse que o mundo estava acabando teria trazido livros melhores.

Glenn e eu rimos enquanto Dale atravessava o pequeno corredor do trailer e levava o galão de água lá para trás.

— Hm. – Glenn limpou a garganta, olhando de mim para Dale – Ei, vocês dois acham que a Andrea está menstruando? – Quando nós dois o olhamos, ele riu sem graça – Eu só estou perguntando por que parece que todas as mulheres, e sim, isso inclui você, - Ele apontou para mim – estão agindo muito estranhamente. E eu li em algum lugar que quando as mulheres passam muito tempo juntas, os ciclos delas se alinham e todas ficam muito loucas devido aos hormônios ao mesmo tempo.

— Glenn. – Eu soltei um riso baixo – Vou te dar um conselho e eu quero que você o use sem moderação, okay? Guarde essa teoria para si mesmo.

— Tá bom. – Glenn concordou, rindo baixo

— Quem mais está agindo de forma estranha? – Dale perguntou para ele

— Maggie. – Glenn respondeu, apontando para o nada e quando Dale e eu repetimos o nome dela, ele continuou - Ela começou sendo má comigo. Depois, ela queria fazer sexo comigo. E agora ela está sendo má comigo de novo. E eu nem quero saber o que está acontecendo com Lori.

— O que está acontecendo com a Lori? – Dale perguntou em seguida, sorrindo para ele

— Nada. – Glenn respondeu, depois de olhar bem para nós dois – Eu não sei.

Certo, ele sabia, mas não queria contar.

— Okay, vamos voltar um pouco a conversa. – Comentei, enquanto inspecionava minha faca de combate, vendo se parecia afiada o bastante para uma próxima luta – Como você sabe que a Maggie queria fazer sexo com você?

Glenn colocou a mão sob a boca e olhou de mim para Dale, erguendo um pouco as sobrancelhas. Ele tinha feito sexo com ela. Sem dúvidas.

— Ah, filho, você não fez isso. – Dale murmurou, o sorriso desaparecendo dos lábios dele – Você chegou a pensar sobre o que o pai dela acha sobre isso?

— Ela tem vinte e dois anos. – Glenn comentou

— E ele é nosso anfitrião. – Dale retrucou

— Ele não sabe. – Glenn nos contou

— Bem, espero que continue assim. – Dale comentou balançando a cabeça negativamente – Nossa, Glenn, onde estava com a cabeça?

— Estava pensando que posso estar morto amanhã. – Glenn respondeu se levantando – Obrigado pelo livro. Você está certo, é uma porcaria.

Meio indecisa, encarei Glenn saindo do trailer antes de me levantar, guardar minha faca no coldre e dizer para Dale que conversaria e colocara juízo na cabeça dele.

— Ei. – Apressei meus passos até Glenn e o abracei pelo ombro – Só queremos o teu bem, menino.

Glenn resmungou e balançou a cabeça negativamente, como quem diz: “Não vou falar nada para você.”. Eu o abracei apertado por bons segundos, enquanto andávamos sem rumo.

— Caminhante. – Andrea nos avisou alto, quase gritando – Caminhante.

— É só um? – Perguntei alto, soltando Glenn

— Aposto que consigo acertá-lo daqui. – Andrea comentou em resposta

Assim que ela afastou o binoculo dos olhos, pegou a sniper e mirou.

— Não, não. – Rick negou, chegando perto – Andrea, abaixe essa arma.

— É melhor nos deixar resolver isso. – Shane lhe disse, também chegando perto

— Shane, espera um pouco. – Rick se virou para ele – Hershel quer lidar com os caminhantes.

— Pra quê, cara? – Shane retrucou – Nós cuidamos disso.

Ele e T-Dog passaram meio que correndo por mim e Rick. Eu corri atrás deles em direção ao caminhante, tirando minha faca recém amolada do coldre. Ouvi mais pessoas correndo atrás de nós e resmunguei por causa do exagero, eram muitas pessoas apenas para um caminhante. Quando atravessamos o campo, correndo e chagamos perto o suficiente do caminhante, notei que não era exatamente um caminhante ali.

Todo sujo de lama e sangue, parecendo machucado e com um colar de orelhas, estava Daryl, caminhando igual os mortos enquanto arrastava a besta, parecendo sem forças.

O que diabos aconteceu com ele?

— Daryl. – Dei um passo à frente dos outros, juntado minhas sobrancelhas

— É a terceira vez que você aponta essa coisa pra minha cabeça. – Daryl falou alto, olhando para Rick, usando ironia na voz rouca – Vai puxar o gatilho, ou o que?

Escutar sua voz sendo mais irônica impossível fez com que meu corpo agradecesse que ele não era uma daquelas coisas. Rick e os outros abaixaram suas armas e relaxaram. Ao me mover para ajuda-lo, um tiro ecoou por todo o campo e Daryl caiu no chão.

Antes mesmo de Rick gritar com Andrea, eu praticamente me joguei em cima de Daryl, para me certificar que ele ainda estava vivo. Daryl estava me olhando com os olhos arregalados quando eu segurei seu rosto com minhas duas mãos para examinar cada pedaço. O tiro havia pegado de raspão, ao lado da cabeça. Daryl levantou a mão e a passou em seu recém ferimento a bala e depois a olhou, meio em choque.

— Ah, Deus. – Glenn murmurou

— Me ajudem a levanta-lo. – Exigi, olhando para os demais

Rick e Shane levantaram Daryl enquanto eu arrancava seu colar de orelhas, sem saber se me perguntava o que tinha acontecido ou se era melhor ensinar uma lição a Andrea.

Estava mais para a segunda opção.

— Eu estava brincando. – Daryl resmungou baixo, mas mesmo assim deu para ouvir o choque em sua voz

— Nós sabemos. – Falei para ele, olhando de Rick para Shane

— Gente. – Glenn nos chamou, recolhendo a besta e outra coisa do chão, uma boneca – Isso não é da Sophia?

T-Dog limpou a garganta e eu olhei para trás, para ver do que se tratava. Dale e Andrea se aproximavam cada vez mais de nós, correndo feito loucos.

— Oh, meu Deus! – Andrea falou alto – Oh, meu Deus! Ele está morto?

Crispei meus lábios e comecei a caminhar na direção dela, em passos largos e furiosos. Ela parou de correr quando percebeu que bateríamos uma contra a outra e assim que acertei meu punho em seu rosto, ela foi para trás, com o baque. Gritaram meu nome nos dois primeiros socos e quando fui dar o terceiro, me agarraram, puxando meus braços para trás em um abraço imobilizador. Dale se apressou para ajudá-la e me olhou aterrorizado.

— Lunática do caralho! – Praticamente berrei para ela, tentando me soltar do aperto de T-Dog – Aceite o fato que você não serve para mexer com armas e para de querer ser a maria macho do acampamento. Da próxima vez que apontar ou atirar em qualquer um do nosso grupo, se machucar alguém, vai ser olho por olho, está me ouvindo?

T-Dog me arrastou para longe dela em direção a casa, e em todo o caminho ficou me mandando ficar calma. Tenho certeza que, se Adrian estivesse aqui, ele gritaria para todo mundo que essa era a verdadeira Gabriela, uma mulher de pavio curto e agressiva.

E isso não está de todo errado.

Quando entramos na casa da fazenda, Maggie me levou para o quarto onde Daryl e os outros estavam. Sem me olhar, Hershel me pediu para esperar, que depois e dar pontos em Daryl ele examinaria a minha mão. Com a mão inchada e vermelha tanto de sangue quanto de impacto, notei ferimentos visíveis em baixo de todo aquele sangue, que a essa hora, estava misturado com o de Andrea.

— Achei a boneca no leito do riacho bem ali. – Daryl nos contou, quando Rick tocou no assunto da boneca – Ela deve ter deixado cair cruzando em algum lugar.

Ele estava deitado de lado na cama, segurando um pano na cabeça para estancar o sangue da bala que pegou em raspão enquanto Hershel dava pontos em um ferimento em sua cintura. Ele estava pior do que eu pensei.

No primeiro dia que chegamos aqui e Lori nos contou que Hershel era na verdade veterinário, eu comecei a enxerga-lo como um açougueiro sempre que o  imaginava tratando humanos, como agora.

— Então isso corta a área quase pela metade. – Comentei com eles, imaginando as rotas em minha cabeça

— É. – Daryl concordou – De nada.

— Bem, - Limpei minha garganta e olhei para o veterinário – como ele está?

Não queria parecer tão interessada, mas também não podia estar indiferente com a saúde do homem que estou começando a me relacionar.

— Não fazia ideia de que ficaríamos sem antibióticos tão rápido. – Hershel me respondeu, cortando a linha que estava usando para dar pontos no Daryl e foi lavar a mão – Alguma ideia do que aconteceu com o meu cavalo? – Perguntou diretamente para Daryl

— Sei. – Daryl resmungou – Aquele que quase me matou? Se for espero, ele deixou o país.

— O nome dela é Nelly. – Hershel lhe contou, enxugando a mão – Nelly, a égua brava. Eu poderia ter te avisado disso se tivesse me perguntado. É incrível seu pessoal ter sobrevivido por tanto tempo. – Ele se dirigiu a Rick, enquanto vinha até mim e pegava na minha mão machucada – É só a mão ou tem mais alguma coisa?

Antes de eu responder, Shane e Rick saíram do quarto, fechando a porta atrás deles, deixando apenas Daryl, Hershel e eu no quarto. Eu pensei em sua pergunta e levantei um pouco a camiseta, deixando a vista o meu ferimento de bala, rosado.

— Essa coisa aqui, - Falei, apontando para o ferimento com a outra mão – as vezes me incomoda, se eu faço muito esforço. Como agora a pouco.

Hershel largou minha mão e deu umas apertadinhas no meu ferimento, provavelmente para ver se ainda tinha algum vestígio de balas dentro da minha barriga.

— Foi bem operado, não tem projeteis restando. – Hershel comentou, me deixando abaixar minha camiseta e voltou a atravessar o quarto, para pegar as coisas necessárias para cuidar da minha mão – Tem quanto tempo de operação?

— Hm. – Fiz uma careta, tentando lembrar – Foi umas duas semanas antes de Atlanta ser bombardeada, então... um mês?

— Você está no pós-operatório. – Hershel comentou, vindo em minha direção com os curativos – Deveria estar de cama fazendo os mínimos esforços possíveis. Tenho certeza que te avisaram disso.

— Meio difícil fazer isso quando se tem que sobreviver. – Comentei, estendendo minha mão para ele cuidar – E tenho quase certeza que o médico da base não comentou isso comigo.

— Da base? – Hershel perguntou automaticamente, olhando do meu rosto para a minha mão ensanguentada, que ele estava limpando

— Não uso roupa camuflada só porque acho bonito. – Respondi lentamente, olhando para ele – Sou militar. – Novamente, com a mão boa, apontei para a minha tatuagem militar no braço – Ranger.

Parei de falar e crispei os lábios quando ele limpou a minha mão com água oxigenada, fazendo os machucados arderem e espumarem. Fiquei quieta durante todo o processo de limpeza e enfaixamento. Ele me deu um remédio para ajudar na cicatrização e me disse para ficar quieta por um tempo, que a dor no ferimento a bala passaria. Assim que terminou comigo, foi enfaixar os ferimentos de Daryl. Eu me sentei na cama, ao lado de Daryl e coloquei a mão sob a barriga, olhando o resto trabalho do veterinário.

— Foi um show e tanto. – Daryl comentou, assim que Hershel saiu do quarto e fechou a porta – E olha que eu estava meio desmaiado.

— Ela e aquele lá bem que podiam dar as mãos e ir para o inferno. - O olhei de canto de olho enquanto resmungava, respirei fundo para me acalmar – Bem, vai contar como aconteceu isso aí? – Apontei para a sua cintura

— A besta acabou disparando na minha barriga quando caí. – Ele contou, revirando os olhos – Caminhante idiota.

— Da próxima vez, vamos juntos. – Anunciei para ele – Menos probabilidade de alguma coisa dar errada.

Daryl me olhou como se duvidasse que eu ajudaria em muita coisa num momento como aqueles, mas não disse nada.

E como dizia um velho ditado: Quem cala consente.

Há.

Apenas sai do quarto para ir jantar com os outros, prometendo que levaria um pouco de comida para Daryl depois, e assim que me sentei a mesa tive a sensação de que até um cego notaria o clima pesado que estava na sala de jantar. Dividiram-nos em duas mesas, uma pequena em que estava sentado Glenn, Maggie, Beth e seu namorado e a outra grande, onde todos os outros se acomodaram. Um dos olhos de Andrea estava roxo e ela tinha pequenos curativos no nariz e nos lábios e isso, somente isso, me deixou satisfeita.

Nós comemos em silencio, fazia tampo que eu não comia de garfo e faca, na verdade, usava um prato sem ser descartável. Estava uma delícia.

— Alguém sabe como tocar violão? – Glenn perguntou, olhando para a nossa mesa, estava tentando puxar assunto e tirar o silencio estranho do ar – Dale achou um legal. – Ele riu sem graça - Alguém deve saber como tocar.

— Otis sabia. – Patrícia respondeu lentamente, olhando para o prato

— É. – Hershel concordou com a mulher loira – E ele tocava muito bem.

O silencio, agora se tornou constrangedor. Comi o mais rápido que pude e me desculpei ao sair da mesa, dizendo que levaria a comida para Daryl pois ele provavelmente estaria morrendo de fome a essas horas. Preparei uma bandeja de comida para ele e fui até o quarto onde ele estava descansando, abri a porta com cuidado e quando passei por ela, a encostei com o pé.

Daryl estava parecendo entediado, deitado de lado, enrolado no lençol da cama e me observou dar a volta na cama e me sentar onde eu estava mais cedo. Com dificuldade, ele se sentou e eu coloquei a bandeja em cima do seu colo, para ele poder comer.

— Ainda bem que você não precisou ir pra lá. – Comentei meio baixo, me ajeitando na cama ao seu lado – O clima estava horrível. As únicas coisas boas eram a cara roxa da Andrea e a comida.

Daryl riu pelo nariz e balançou a cabeça negativamente enquanto comia. Fechei meus olhos e respirei fundo, relaxando. Estava cansada.

— Se for dormir, deita direito. – Ouvi Daryl comentando

Considerei a ideia rapidamente e me ajeitei novamente na cama, deitada de barriga para cima, tirei minhas botas e as deixei no chão, perto da cama. Tirei meus coldres e os deixei no mesmo lugar, com fácil acesso. Suspirei pesado e novamente, fechei os olhos, relaxando. Abri um dos meus olhos para lhe fazer um carinho na perna e lhe desejei boa noite, antes de voltar para a posição anterior e fechar os olhos. Me pareceu que foi só eu fechar os olhos que a porta do quarto se abriu novamente.

— Oh. – Era a voz de Carol, parecia um pouco constrangida, provavelmente era porque eu estava deitada na cama com ele - Como está se sentindo?

— Não dá pra ver? – Daryl perguntou sarcasticamente

— Você precisa saber uma coisa. – Carol lhe disse em resposta, um pouco baixo – O que fez pela minha filha hoje foi mais do que o pai dela já fez na vida inteira.

— Eu não fiz nada do que ela, Rick e Shane não teriam feito. – Daryl comentou, provavelmente me indicando com a cabeça

— Eu sei. – Ela concordou – Você é tão bom quanto eles. Sabia disso?

Ouvi a porta se fechando e supus que ela saiu. Era bom para o Daryl que ele sabia que o trabalho dele é apreciado pelos outros, além de mim. Me concentrei novamente para dormir e escutei Daryl colocando a bandeja de lado e se deitando novamente.


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