TWD - Segunda Temporada escrita por Gabs


Capítulo 4
Quatro


Notas iniciais do capítulo

"Não queremos as pessoas atirando toda vez que uma árvore ranger."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709394/chapter/4

Dormir nunca era fácil nos dias de hoje, mas essa noite bateu o recorde. Para não ter que ficar escutando Carol chorando a noite inteira, tive que dormir ao ar livre, em cima do trailer, usando a jaqueta de couro que Daryl me deu como um cobertor. Mas mesmo assim, eu ainda escutei alguns barulhinhos.

Eu não podia culpa-la por estar triste, mas podia culpa-la por atrapalhar o nosso descanso.

Na primeira hora do dia, nós nos reunimos ao redor de um carro. Rick estendeu um mini arsenal de armas brancas em cima do capo do carro e nos mandou escolher uma.

— Essas não são as armas que precisamos. – Andrea logo falou, olhando para ele antes que qualquer um pudesse pegar a arma – E as armas de fogo?

— Já falamos sobre isso. – Shane comentou com ela, alto – Gabriela, Daryl, Rick e eu estamos com elas. Não queremos as pessoas atirando toda vez que uma árvore ranger.

— Não são com as árvores que eu me preocupo. – Andrea retrucou, olhando para ele

— Vamos dizer que alguém atira na hora errada e tem um bando passando por perto. – Shane lhe disse – Sabe, aí vai ser o fim do jogo para todos nós. Então, é melhor aceitar logo isso.

— A ideia é pegar o riacho a uns sete quilômetros daqui, virar e voltar do outro lado. – Daryl começou a explicar o plano – Há chances de que ela esteja perto do riacho. É a única referência dela.

— Certo, fiquem em silencio, mantenham-se sempre alertas. – Falei para eles, enquanto estalava os dedos – Procurem manter um bom espaço entre vocês, mas sempre fiquem na vista um do outro. Cuidem das costas um do outro.

— Agora arrumem as suas coisas. – Shane mandou, jogando uma garrafinha de água no ar e a pegando de volta

— Dale, continue arrumando o trailer. – Rick pediu para ele – Precisamos do trailer pronto para cair na estrada.

— Não vamos ficar aqui mais do que precisamos. – Dale concordou – Boa sorte por lá. Traga Sophia de volta.

Como eu já tinha uma arma branca, minha faca de combate, não peguei do arsenal de Rick e me afastei deles, caminhando em direção à Daryl, pois ele já estava esperando os outros para sairmos.

— Tudo pronto? – Perguntei a Daryl, quando cheguei perto o suficiente dele

Recebi sua resposta com um aceno de cabeça positivo. Glenn passou por mim e me avisou que estava levando uma garrafa de água a mais para mim em sua mochila e recebeu um breve obrigada meu, pois algo havia me chamado atenção no trailer. Andrea estava novamente falando sobre a arma dela com Dale, mas ela não estava apenas falando, estava brigando com ele.

— Me diz, - Uma voz conhecida soou ao meu lado – o que você via tanto naquele alemão meia-boca?

— Não quer reformular a sua pergunta? – Perguntei, me virando para encarar Adrian, o qual estava arrumando um boné na cabeça – Eu ainda vejo muitas coisas nele.

— Reformular pra que? – Adrian perguntou me encarando – Com sorte, o cara já foi comido por um caminhante.

Eu o encarei e pensei seriamente em lhe dar um soco, mas apenas balancei a cabeça negativamente. Andrea andou em direção a Adrian o puxou para andar, Daryl e eu demos a volta no carro e andamos na frente deles, sendo seguidos pelos outros que formavam o grupo de busca.

Assim que botamos nossos pés na floresta, Daryl e eu ficamos responsáveis por liderar o caminho para os outros. Depois de uma boa caminhada, nós achamos algo.

Um pequeno acampamento mais a frente. 

Olhei para trás, para Rick e com a mão pedi para que ele ficasse de olho mais à frente. Nós nos abaixamos e ficamos olhando para a barraca.

— Ela pode estar lá dentro. – Shane comentou, era o único de pé

— Pode ter todo tipo de coisa lá dentro. – Eu também comentei, baixo – É melhor ficarmos atentos.

Daryl se levantou e empunhou a besta, enquanto se aproximava da barraca. Eu o segui, tirando a minha faca de combate do coldre e mudando a minha postura, para um possível combate, já que não sabíamos o que tinha lá dentro. Com a mão livre, chamei Rick e Shane para nos apoiar e assim que os vi avançarem até nós, virei para me concentrar na barraca. Quando chegamos perto, Daryl parou e olhou para trás, fez um sinal com a mão dizendo que iria entrar e me entregou sua besta, antes de empunhar sua faca e se aproximar cautelosamente da barraca. O vi espiar pela pequena abertura na entrada da barraca e depois olhar para a nossa direção, dando de ombros.

Tinha alguém ali dentro.

— Carol. – Rick a chamou, num tom de voz baixo

Carol correu até o encontro dele, claramente ansiosa. Rick se aproximou mais da barraca com ela. Dei a volta e fiquei do outro lado da barraca de frente para eles, guardei a minha faca e empunhei a besta de Daryl, era pesada e provavelmente teria um grande coice, mas eu não podia simplesmente joga-la no chão só porque não estava acostumada com uma arma como aquela.

— Certo, - Cochichei para eles, explicitamente para Carol – Chame-a com calma, se ela estiver lá, ela deve ouvir sua voz primeiro.

— Sophia, querida, você está aí? – Carol a chamou, depois de afirmar com a cabeça o que eu disse – Sophia, é a mamãe. Sophia. Estamos todos aqui, amor. É a mamãe.

Como não conseguimos nenhuma resposta, eu me aproximei mais da barraca, assim como Rick. Daryl nos olhou e afirmou com a cabeça, antes de abrir a entrada da barraca. Antes do cheiro atingir meu nariz, eu vi uma pessoa sentada de costas para nós. Me forcei a respirar pela boca e observei Daryl adentrar na barraca depois de tossir, por causa do cheiro forte.

Cheiro de coisa morta.

Como não aguentei muito tempo, comecei a tossir, assim como Rick, que aspirou o ar quando tentou espiar dentro da barraca. Não sabia como Daryl estava aguentando esse cheiro.

— Daryl? – Eu o chamei, entre uma tossida e outra – Dá para sair logo dessa imundice, o cheiro vai impregnar em você.

No momento seguinte, ele saiu da barraca e aspirou o ar puro da floresta.

— E aí? – Shane perguntou para ele

—- Não é ela. – Daryl anunciou

— O que tem lá? – Andrea perguntou, dando poucos passos em nossa direção

— Um cara. – Daryl respondeu, vindo até mim e pegando sua besta de volta num gesto rápido, mas não agressivo – Fez o que Jenner disse. – Ele ajeitou a besta nas costas - Caiu fora. Não foi assim que ele chamou isso?

Antes da Andrea retrucar alguma coisa, ouvimos algo. Era um sino. Nós nos olhamos e saímos correndo, em direção ao som. A cada passo o sino estava mais constante e claro, mais alto. Quando chegamos a uma clareira, o som pareceu estar vindo de todos os lados.

Estava confuso.

— Que direção? – Shane perguntou, olhando de um lado para o outro

— Acho que é por ali. – Rick respondeu, apontando para frente – Eu tenho certeza.

— Merda, - Resmunguei alto, enquanto subia em cima de um tronco para tentar ver algo além de nós – é difícil dizer nessa mata.

— Se nós escutamos isso, - Carol nos disse - talvez Sophia também tenha.

— Alguém está tocando aqueles sinos, - Glenn comentou - talvez chamando outros.

— Ou avisando que a acharam. – Adrian sugeriu, ao passar por ele

— Pode ser até ela tocando os sinos. – Rick comentou, enquanto liderava o caminho – Vamos.

Nós começamos a corre novamente na direção que Rick havia apontado, torcendo para que era a certa. Depois de bons metros, com o sino ficando cada vez mais alto, chegamos a um cemitério, onde um pouco mais além, tinha uma igreja.

— Que ironia. – Comentei dando uma olhada em Glenn – Mortos andando por aí e nós em um cemitério.

— Nem me diga. – Glenn comentou de volta, meio baixo

— Não pode ser isso. – Shane disse, andando para perto de Rick, enquanto olhava para a igreja mais além – Não tem campanário, nem sinos. Rick?

O policial nem tinha esperado o amigo comentar e já estava atravessando o cemitério, correndo. Nós seguimos os seus passos, também correndo o mais rápido que podíamos.

A igreja, que de longe pareceu ser menor, se tornou maior quando chegamos perto o suficiente dela. Realmente, não tinha nenhum campanário ou algo que explicasse os sinos, os quais, agora haviam parado. Sem perder tempo, subimos as escadas e paramos na porta de entrada. Com um gesto de mão, Rick pediu para os outros esperarem do lado de fora, enquanto Shane, Daryl, ele e eu víamos o que tinha dentro da igreja.

Antes de abrirmos a porta, saquei novamente minha faca e aderi a postura de combate, Daryl e Rick me olharam e abriram a porta em seguida. A igreja me pareceu bem menor por dentro e três pessoas ocupavam alguns bancos, pessoas das quais, ao ouvirem a porta bater, se mostraram ser caminhantes.

Caminhantes na porra de uma igreja, como se estivessem rezando.

Puta que pariu.

E eu pensando que já tinha visto de tudo.

A coisa aconteceu rápido demais, assim que os caminhantes começaram a se levantar, nós nos movemos. Atravessei o meio da igreja, pelo tapete vermelho e assim que cheguei perto do caminhante o agarrei pela camiseta e cravei minha faca em sua cabeça, logo, o deixando cair no chão, morto. A caminhante mais próxima de mim fez menção de me atacar, mas se virou quando por incrível que pareça, escutou os beijos que Daryl estava mandando, para faze-la ir até ele. E funcionou, pois, assim ele conseguiu matar a caminhante, antes que ela chegasse perto de mim ou dele.

— SOPHIA! – Rick berrou por seu nome

— Ei, J.C. – Daryl disse, olhando para a estátua de Jesus crucificado no altar da igreja mais à frente – Está aceitando pedidos?

— Se for pedir alguma coisa, peça para ele transformar água em vinho de novo. – Falei para ele, balançando a cabeça negativamente com um pequeno sorriso – O vinho que tínhamos acabou ontem.

— Esse é o pedido número dois. – Daryl me contou, balançando a cabeça negativamente, querendo sorrir

— Qual é o primeiro? – Perguntei a ele, sem pensar muito enquanto limpava a minha faca na calça, antes de guardá-la no coldre – Espero que seja uma cama, minhas costas estão doendo.

Daryl deu um pequeno tapa nas minhas costas e nós dois nos aproximamos da porta de entrada da igreja, onde os outros estavam reunidos.

— Estou falando, é a igreja errada. - Shane dizia a eles – Não tem campanário, Rick. Não tem sinos.

Como se fosse para calar a boca dele, o sino voltou a tocar novamente. Nós corremos para o lado de fora e na lateral da igreja vimos um alto-falante, Glenn passou por nós e desligou o alto-falante, calando de vez o sino.

— Um timer. – Daryl falou, enquanto apontava para o alto-falante – Está no timer.

— Eu vou voltar para lá um pouco. – Carol nos avisou, antes de subir as escadas para a igreja novamente

Abracei Glenn pelos ombros e caminhamos, em direção a umas arvores perto do cemitério. Ele comentou alguma coisa sobre como estava com sede e assim que deixou a mochila no chão, pegou nossas garrafinhas, ambas cheias e me entregou a minha.

Mesmo não admitindo, eu estava começando a gostar da presença deles. Claro, alguns menos do que outros. Mas era reconfortante saber que eu tinha um lugar ali, que haviam outros protegendo minhas costas.

Daryl se aproximou de nós e pegou a garrafinha da minha mão, sem ao menos pedir e deu longos goles, antes de me devolver pela metade. Certo, esse homem era um mistério para mim, as vezes se afastava e outras se mantinha perto.

— Um por favor não vai te matar, caipira. – Comentei com ele, quando recebi minha garrafinha de volta – Na verdade, acho até que faria bem.

— Espere sentada. – Daryl resmungou, me olhando enquanto eu bebia o resto da minha água

— Alguma vez na sua vida você foi fiel? – A voz de Adrian perguntou, claramente para mim

— Mas que porra. – Murmurei me virando para ele – Que merda deu em você hoje? Eu estou cansada Adrian, não enche o meu saco.

— Você quer um pouco? – Glenn voltou a chamar minha atenção, me oferecendo um pouco do milho enlatado que ele estava comendo – Percebi que não tomou café da manhã hoje.

— Só um pouquinho. – Eu meio que sorri para Glenn, enquanto entregava a minha garrafinha novamente para Daryl e pegava a lata oferecida pelo coreano

Já comentei o quanto eu adorava aquele homem de olhos puxados?

— Vem logo aqui, Lopes. – Adrian me chamou, enquanto se apoiava na arvore atrás dele – Eu sei que você ainda me quer.

— Na moral, - Falei me virando novamente para Adrian – vai se foder. 

— Não quer reformular o que você disse? – Ele sorriu presunçosamente – Que tal... eu foder você?

— Eu não sei ela, mas eu já estou me irritando com você. – Daryl disse para ele, ajeitando a besta nas costas, coisa que ele fazia com grande frequência – Deixa de ser um fodido filho da mãe, ou vai acabar se machucando.

— Eu preciso te lembrar que ela foi uma das responsáveis por seu irmão ter morrido? – Adrian perguntou para ele, juntando as sobrancelhas

Daryl avançou em direção à Adrian no momento que ele mencionou Merle e se não fosse por eu ter entrado no caminho, eles provavelmente estariam se atracando e mesmo sabendo que Daryl ganharia a luta, não deixei.

Não era o momento para isso.

— Agradeço o que está fazendo, Daryl. – Falei para ele, enquanto segurava a latinha de milho com uma mão e a outra o empurrava levemente para trás pelo peito – Mas temos que nos focar no que estamos fazendo agora e bloquear esse tipo de distração inútil. – Tirei minha mão de seu peito e limpei um pouco de sujeira do seu rosto – Se quiser bater nele mais tarde eu até te ajudo.

Daryl se afastou meio relutante, resmungando coisas como “Não sei como esse bastardo ainda está vivo, com a boca grande que tem”, me afastei de Adrian e voltei para perto de Glenn, comi algumas colheradas de milho e depois lhe devolvi, para ele poder comer.

— Vocês podem voltar pela margem do rio, tá bom? – Shane perguntou, depois de limpar a garganta antes de chegar perto de nós – Daryl e Gabriela, vocês estão no comando. Rick e eu vamos continuar a procurar por esta área por uma hora ou mais, só para garantir. Adrian, você vem com a gente.

— Beleza. – Adrian concordou, estalando os lábios

— Vai nos dividir? – Daryl perguntou olhando para os dois – Tem certeza?

— Sim. – Shane respondeu, suspirando – Nós alcançamos vocês depois.

— Eu quero ficar também. – Carl falou, atraindo olhares para ele – Sou amigo dela.

Shane deu uma olhada para Rick e depois balançou a cabeça negativamente, rindo baixo. Lori se aproximou do filho e arrumou o cabelo dele.

— Apenas tome cuidado, tá bom? – Ela lhe pediu

— Tá bom.

— Quando você começou a crescer? – Lori perguntou, enquanto abraçava o filho

Enquanto Rick se despedia da mulher, fui tomar mais um gole de água da minha garrafinha, que estava com Daryl.

— Você vai querer mais ou...? – Perguntei para ele, indicando a garrafinha

— Não. – Ele negou tanto com a cabeça, quanto com a voz

— Coreano, - Me virei, chamando por Glenn e quando o vi joguei minha garrafinha para ele - pega.

Glenn conseguiu pegar a garrafinha antes que ela acertasse o rosto dele e me xingou, sorrindo.

— Aqui, fique com isso. – Rick falou a Lori, tirando seu revolver do coldre e estendendo para ela – Você se lembra de como usar?

— Não vou ficar com sua arma e deixar você desarmado. – Lori negou, olhando para o marido

— Toma, eu tenho outra. – Daryl tirou uma pequena pistola de trás da calça e foi até eles, estendendo a arma para ela – Pode pegar.

Lori pegou a arma e ao fundo escutei alguém bufar.

Andrea.

— Não vai dizer tchau para mim? – Adrian me perguntou

— Não, apenas não de trabalho para eles. – Respondi olhando dele para os outros dois, Rick e Shane

— Também te amo, Lopes.

Balancei minha cabeça negativamente e quando passei por Rick, lhe dei um pequeno tapa no ombro, meio que dizendo que cuidaríamos de tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "TWD - Segunda Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.