TWD - Segunda Temporada escrita por Gabs


Capítulo 14
Doze


Notas iniciais do capítulo

"Não estamos rachados"



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Mesmo Daryl tendo passado a noite comigo, eu não consegui dormir quase nada pois sempre que fechava os olhos, enxergava Dale me olhando, passando sua dor para mim.

Quando amanheceu, nós preparamos o enterro. Cavamos sua cova ao lado de Sophia e dos familiares de Hershel. Eu fiquei ali, parada, olhando para a cova enquanto Daryl me confortava, acariciando minhas costas.

— O Dale conseguia irritar as pessoas. – Rick disse, começando com a homenagem – Com certeza ele me irritou... porque ele não tinha medo de dizer exatamente o que pensava, como se sentia. Este tipo de honestidade é rara. E corajosa. Sempre que eu ia tomar uma decisão eu olhava para o Dale. E ele olhava para mim com aquele olhar que ele tinha. Todos nós vimos esse olhar, uma vez ou outra. Nem sempre eu podia lê-lo, mas ele podia nos ler. Ele viu as pessoas por quem elas eram. Ele sabia coisas sobre nós. A verdade. Quem nós realmente somos. E no fim, ele estava falando sobre a perda da nossa humanidade. Ele disse que este grupo está rachado. O melhor jeito de honrá-lo é reconstruí-lo. Pôr de lado nossas diferenças e nos unir. Parar de sentir pena de nós mesmos, assumir o controle de nossas vidas, da nossa segurança, do nosso futuro. Não estamos rachados. Vamos provar que ele estava errado. A partir de agora vamos fazer do jeito dele. É assim que honraremos o Dale.

Depois do enterro, Daryl, Shane, Andrea e T-Dog foram reforçar as nossas cercas, para deixar o lugar mais seguro, para evitar que qualquer outra tragédia acontecesse. Quando eles voltaram para o acampamento, por volta do meio-dia, Hershel chamou alguns de nós para conversar, como Rick, Shane, Daryl e eu.

— Vai ser apertado, quinze pessoas em uma casa. – Rick comentou, depois que ouvimos a proposta de Hershel e suas filhas

— Não se preocupe com isso. – Hershel lhe disse – Com o pântano endurecendo, o córrego secando...

— E com as cinquenta cabeças da propriedade nós estamos é tocando o sino do jantar. – Maggie completou a fala do pai, se referindo aos gados da fazenda

— Ela está certa. – Hershel concordou, olhando para nós – Devíamos ter posto vocês pra dentro há algum tempo.

— Tudo bem, vamos pôr veículos perto de cada uma das portas voltadas para fora, em direção à estrada. – Rick nos disse alto e o nosso grupo já começou a andar de um lado para o outro, trabalhando – Nós vamos construir um mirante no moinho de vento e outro no sótão do celeiro. Isso deve nos dar uma boa visão dos dois lados da propriedade. – Ele olhou ao redor e focou seu olhar em uma pessoa – T-Dog, você fica com o perímetro ao redor da casa. Fiquem de olho em todos que entram e saem.

— E quanto a ficar de guarda? – T-Dog perguntou para ele, meio confuso

— Eu vou precisar de você, do Daryl e da Gabriela em três turnos. – Rick lhe respondeu

— Pode deixar. – T-Dog disse, antes de sair

— Vou estocar o porão com comida e água, o bastante para podermos sobreviver lá alguns dias se for necessário. – Hershel nos avisou, mais precisamente avisou Rick, enquanto passava por nós com uma caixa

— E quanto ás patrulhas? – Perguntei a ele, enquanto colocava as mãos no bolso da calça

— Iremos fechar esta área primeiro. – Rick me respondeu – Depois disso, Shane vai atribuir turnos enquanto eu, Daryl e você, - ele apontou para mim enquanto falava – vamos tirar o Randall daqui e vamos soltá-lo.

— Voltamos a isso de novo? – Shane perguntou, encostado na caminhonete

— O plano era o certo na primeira vez, mas deu errado. – Rick comentou

— Isso pra falar o mínimo. – Shane retrucou

— Você não concorda, mas isso é o que vai acontecer. – Rick disse a ele e até se aproximou mais do amigo – Engula. Siga em frente.

Eu teria ficado mais tempo escutando o começo de uma discussão, mas Daryl veio me entregar uma caixa cheia de coisas e me pediu para separar um lugar na casa para dormimos. Ele não se aprofundou no assunto, mas me pareceu que estava sugerindo para ficarmos juntos. Na minha terceira viagem, topei com Daryl na entrada da casa que agora dividiríamos com Hershel, ele disse que tinha gostado do lugar que eu arrumei na sala e que já tinha deixado algumas coisas minhas em cima do sofá. Ele não disse que gostou com todas as letras, apenas comentou que era um bom lugar.

Depois de arrumar todas as coisas, minhas e de Daryl, fui avisada que Rick e um certo caçador estavam me esperando na varanda da casa a alguns minutos e que perguntaram de mim. Quando cheguei na varanda, os dois estavam analisando um mapa que estava em cima de uma mesa e me olharam quando eu me aproximei, já murmurando várias desculpas.

— Está tudo bem. – Rick assegurou, com um sorriso nos lábios – Eu sei que você estava arrumando as coisas de vocês. Agora, chega mais perto que eu vou te contar o que já contei para Daryl até agora. – Ele me esperou praticamente grudar na mesa com o mapa e começou a falar – Nós iremos levá-lo pra Senoia. Uma hora até lá, uma para voltar, mais ou menos. Podemos perder o sol, mas já estaremos a meio caminho de casa.

— E essa encheção de saco vai ficar só na lembrança. – Daryl disse se encostando na viga – Já vai tarde.

— A Carol está preparando umas provisões para ele. – Rick nos informou – O bastante para durar alguns dias. – Ao fundo, os carros estavam se aproximando da casa – Aquela coisa que você fez ontem à noite... – Ele se virou para Daryl

— Menos um peso para os ombros dela. – Daryl lhe disse, e me olhou por alguns segundos, já que eles estavam se referindo a Dale – Não tem razão para vocês fazerem todo o trabalho pesado.

— Então, você está bem como tudo isso? – Rick perguntou, olhando o carro de Shane estacionar perto de nós

— Não vejo você eu trocando socos e pontapés por aí. – Daryl comentou – E ninguém iria vencer essa briga.

— Vou beber água. – Anunciei, notando que Shane estava caminhando em nossa direção – Daryl. – Indiquei a casa com a cabeça

Daryl se desencostou da viga e apoiou suas mãos em minhas costas, me estimulando a andar em sua frente. Quando chegamos na cozinha, eu me servi de água e o escutei dizendo que iria mijar, várias pessoas passaram pela cozinha durante esse meio tempo em que ele não voltou e quando voltou, percebeu o meu semblante pensativo.

— O que é? – Ele me perguntou, pegando o copo vazio das minhas mãos e ligando a torneira para pegar água para si

— Ainda não te agradeci por ontem. – Comentei baixo, enquanto enrolava meu cabelo nervosamente – Por alguns segundos eu realmente achei que podia, mas... era o Dale.

Daryl bebeu sua água em grandes goles e deixou o copo vazio em cima da pia, antes de se aproximar de mim.

— Estou com você agora, vou te ajudar. – Ele me disse, enquanto segurava meu rosto e dava um beijo demorado na minha testa – E é como eu disse, menos um peso para as suas costas. Nós nos ajudaremos a partir de agora.

Concordei com a cabeça e o abracei respirando fundo. Isso era tudo que eu precisava, compartilhar o peso com mais alguém e saber que eu poderia contar com outra pessoa.

Daryl estava se saindo melhor do que eu esperava.

Eu fui a primeira a preparar o carro para sairmos, Daryl veio em seguida, atrás de mim, carregando o estoque de comida que Carol havia preparado para o menino. Ele deixou as coisas na caçamba da caminhonete e me estendeu uma garrafa de água, me pedindo para guardar, já que essa era para o nosso uso.

— E só tem essas flechas. – T-Dog comentou aleatoriamente, vindo até nós e quando chegou perto de Daryl, lhe estendeu uma arma

— É a arma do Dale. – Daryl comentou, pegando a arma de suas mãos e a analisando

— É. – T-Dog murmurou e fechou a porta traseira da caminhonete

— Eu queria saber onde está a minha. – Daryl nos disse, guardando a arma do nosso falecido amigo no cós da calça

— Estão prontos? – Escutamos Rick perguntar e logo ele parou perto de nós

— Estou. – Daryl respondeu, pegando sua besta e a arrumando nas costas, como sempre usava ela

— Sim. – Respondi, quando o olhar do policial caiu sob mim

— Vou pegar o pacote. – T-Dog nos avisou e eu balancei a cabeça negativamente, pelo jeito que ele se referiu ao menino

— Obrigado. – Rick agradeceu

Apertei um pouco mais os meus coldres e me encostei na caminhonete, esperando T-Dog trazer o menino. Mas tudo que chegou foi notícias ruins, o menino não estava mais no celeiro e tivemos que conferir com nossos próprios olhos. Parte do grupo se mobilizou e fizemos uma pequena busca ao redor do celeiro, de dentro para fora.

Nada.

— O que aconteceu? – Lori perguntou, estava chegando agora

— O Randall sumiu. – Glenn lhe respondeu

— Sumiu? – Ela repetiu, como se não estivesse escutado direito – Como? Ele não estava preso?

— Há quanto tempo ele sumiu? – Hershel perguntou logo em seguida

— Como aconteceu? – Maggie perguntou confusa

— É difícil dizer. – Glenn lhe respondeu

— As algemas ainda estão presas. – Rick nos disse, tinha acabado de sair do celeiro – Deve ter escorregado por elas.

— Não é possível. – Neguei logo em seguida – Estavam apertadas.

— É possível. – Andrea comentou, me dando uma olhada - Se você não tem nada a perder.

— A porta estava fechada do lado de fora. – Hershel comentou, abrindo e fechando a porta

— Como ele saiu daqui de dentro? – Carol perguntou murmurando

— Ele não tinha como sair. – Glenn comentou, balançando a cabeça negativamente

— De algum jeito ele conseguiu. – Andrea retrucou – Era tudo que não precisávamos.

— Vamos ter que dobrar a vigilância. – Comentei, olhando para Rick

— Eu não acredito nisso. – Lori murmurou, confusa

Todos estávamos confusos. Não tinha como ele fugir, eu mesma apertei as algemas quando o prendemos, estava impossível de se abrir ou tirar a mão, só se ele a quebrasse. Coisa que eu acho que não faria, já que a perna já estava ruim.

Passei a mão pelo cabelo, nervosa.

As coisas nunca davam certo.

— Rick! – Escutamos um berro familiar – Rick!

Shane surgiu por entre as arvores, estava correndo até nós. Seu rosto estava sujo de sangue, estava machucado.

— O que aconteceu? – Lori perguntou para ele

— Ele está armado! – Shane disse alto, vindo até nós – Ele pegou minha arma!

Conforme Shane se aproximava, podíamos ver seus ferimentos, aparentava ter quebrado o nariz ou algo assim.

— Você está bem? – Carl perguntou assustado

— Eu estou bem. – Shane respondeu no mesmo instante – O desgraçado pulou em cima de mim. Ele me acertou bem na cara.

— Tudo bem. – Rick disse alto e se virou para o grupo – Hershel, T-Dog e Glenn, voltem como todo mundo para a casa. – Ele olhou de mim para o meu companheiro de cama - Daryl e Gabriela, venham com a gente.

— T, vou precisar dessa arma. – Shane disse, apontando para a arma do T-Dog e foi até ele, para pega-la emprestada

— Deixem-no ir. – Carol nos disse – Esse era o plano, não era, apenas deixá-lo ir?

— O plano era soltá-lo bem longe daqui e não na porta da nossa casa com uma arma. – Rick lhe disse

Daryl me deu um pequeno empurrão para andar e eu o segui, caminhando logo atrás de Shane e Rick.

— Não saiam por aí. – Carol disse alto – Vocês sabem o que pode acontecer.

— Voltem todos para a casa. – Rick retrucou alto, olhando para trás – E bloqueiem todas as portas, fiquem lá dentro.

Suspirei alto, conferindo o meu pente de balas reserva enquanto caminhava ao lado de Daryl, entrando na floresta. Não foi assim que eu planejei passar a tarde, não foi assim que nenhum de nós planejou.

— Eu o vi correndo para as árvores antes de eu apagar. – Shane nos contou, apontando para a direção que ele pensou ter visto o menino correr – Não sei por quanto tempo.

Estávamos a uns cinco minutos andando pela floresta, seguindo Shane.

— Ele não deve ter ido longe. – Rick comentou para o amigo – Ele está mancando, exausto.

— Mas está armado. – Acrescentei logo em seguida

— E nós também. – Rick comentou, parando de andar e nos encarou – Podem rastreá-lo?

No mesmo instante eu olhei para o chão, não tinha nada.

— Nada relevante. – Respondi para ele, dando mais uma olhada ao redor para ter certeza

— Não estou vendo nada. – Daryl comentou logo depois de mim

— Ei, olha, nem precisa rastreá-lo, ok? – Shane nos disse – Ele foi por ali. Vamos andar em duplas, vamos nos espalhar, e vamos atrás dele. Só isso.

— O garoto era um bunda mole, um covarde. – Daryl comentou e olhou para Shane – Está tentando nos dizer que ele atacou você?

Parei o que eu estava fazendo e absorvi as palavras do caipira. Ele estava certo, Shane era bem maior do que o menino e ainda tinha a vantagem de estar armado, de ser treinado, mas mesmo assim foi atacado por ele? Tinha algo errado em sua história.

Ele podia estar nos enganando como fez com a história do Adrian e Otis.

— Acho que uma pedra equilibra as coisas, não acha? – Shane retrucou para ele, o encarando feio

— Tá bom, tá bom. – Rick pediu, olhando para eles – Parem com isso. Você e a Gabriela comecem indo pelo flanco direito. – Disse a Daryl e depois se virou para o seu amigo – Shane e eu vamos pela esquerda. Lembrem-se, Randall não é a única ameaça por aí. Fiquem de olho um no outro. 

Afirmei com a cabeça e segui caminhei com Daryl, seguindo pela direita. Enquanto Daryl rastreava, eu guardava suas costas, olhando ao redor, já que Rick disse a verdade, o garoto não era a nossa única ameaça.

A noite chegou e nós ligamos a nossa lanterna, havia só uma por motivos de: Daryl era bem equipado, eu não. Carreguei a lanterna para ele e iluminei os lugares que ele pedia. Não tínhamos encontrado nada, literalmente nada, nem caminhantes e nem o menino.

— Há dois rastros por aqui. – Daryl disse baixo, e pegou a lanterna da minha mão para iluminar melhor o chão – Consegue ver?

— É. – Respondi, encarando o chão, onde ele estava apontando a lanterna – Shane deve tê-lo seguido por mais tempo do que ele nos disse.

Mais à frente, Daryl levantou a lanterna e apontou para uma arvore. Havia um líquido muito conhecido ali e estava fresco.

— Tem sangue fresco nesta árvore. – Daryl me avisou, mesmo sabendo que não precisava

— Aponta a lanterna para o chão. – Eu lhe pedi, enquanto olhava para o chão perto da árvore e assim que o Daryl iluminou tive certeza – Tem mais rastros.

— É. – Daryl concordou – Eles andaram um do lado do outro.

Daryl avançou alguns passos para olhar o resto do rastro e algo me chamou a atenção atrás de nós, parecia que algum galho tinha quebrado ou algo assim. Com um baixo resmungo, Daryl me chamou um pouco na frente e assim que eu o alcancei, ele apontou a lanterna para as folhas que estavam caídas no chão. Mas elas estavam bagunçadas.

— Parece tudo remexido por aqui. – Comentei e o olhei – Alguma coisa aconteceu.

— Tiveram problemas. – Daryl me disse, enquanto apontava a lanterna para uma coisa específica no chão, a faixa escura que antes tampava os olhos de Randall

Peguei a faixa do chão e a coloquei na frente da luz da lanterna. Novamente, escutei o barulho de gravetos se quebrando e desta vez, Daryl também escutou. Nós nos escondemos atrás de árvores próximas. Havia uma pequena, mas considerável distância entre a árvore que eu estava e a arvore que Daryl estava se escondendo. Com calma, tirei a minha faca de combate do coldre e me inclinei para olhar o lugar que estávamos a poucos segundos atrás. Havia um caminhante ali, andando meio perdido, não parecia que tinha nos enxergado. Voltei a minha posição anterior e olhei para Daryl, com a mão livre, indiquei o número de inimigos para ele, um. Os passos do caminhante estavam se aproximando e assim que eu escutei seu gemido perto de mim, sai de trás da árvore com a intenção de mata-lo, mas meu corpo congelou no último segundo. Aquele caminhante era conhecido, eu havia salvo ele uma vez, na cidade, depois de um ataque do grupo dele contra o meu, aquele era Randall, morto, esticando seus braços para me pegar. Antes dele me tocar, juntei toda a minha força e o chutei pela barriga, o empurrando e causando minha queda de costas no chão. O caminhante cambaleou e foi para cima de Daryl, fazendo com que os dois caíssem no chão. Com medo do meu amigo se machucar, eu me levantei do chão e rapidamente cravei minha faca no crânio do Randall caminhante, o matando de vez. Daryl empurrou o corpo morto para o lado e aceitou minha ajuda para se levantar.

— Daryl. – Murmurei, olhando dele para o corpo de Randall no chão da floresta – Esse é o Randall...

— Já acabou. – Daryl me disse, colocando sua mão no meu ombro enquanto apontava a lanterna para o rosto morto do menino – Está tudo bem agora.

— Ok.

Ele se afastou um pouco de mim e pegou minha faca da cabeça do menino, a limpou em sua calça antes de me entrega-la. Daryl colocou a besta no chão e se abaixou para examinar o corpo de Randall.

— O pescoço dele foi quebrado. – Daryl anunciou e virou o corpo do menino de barriga pra baixo, sem fazer muito esforço e checou suas roupas – Ele não tem mordida. Morreu por isso.

— Ele quebrou o pescoço do menino. – Comentei balançando a cabeça negativamente enquanto o olhava se levantar – O mentiroso atacou de novo. Vamos voltar.

Daryl concordou com a cabeça e se levantou, pegando sua besta e a colocando nas costas. Eu o deixei liderar o caminho, enquanto tentava entender como que o garoto voltou dos mortos sendo que não tinha nenhuma mordida. Antes de chegarmos na casa, escutamos um tiro ecoar pela floresta. Daryl e eu nos encaramos por longos segundos e apressamos nossos passos para a fazenda.      

Ao chegarmos na casa, Daryl abriu a porta e indicou com a cabeça, me dizendo silenciosamente para ir na sua frente.

— Eu vou atrás deles. – Andrea dizia

— Não, eles podem estar em qualquer lugar. – Lori negava – E se Randall voltar, vamos precisar de você.

Quando chegamos à sala de estar, o grupo se calou, nos olhando pedindo informação.

— Rick e Shane já voltaram? – Daryl perguntou para eles, quebrando o silencio

— Não. – Lori respondeu, negando com a cabeça

— Nós ouvimos um tiro. – Comentei com eles, preocupada

— Devem ter achado o Randall. – Lori supôs, encolhendo os ombros

—- Nós o achamos. – Daryl a corrigiu e informou os outros

— Vocês o puseram no galpão? – Maggie perguntou em seguida

— Ele é um caminhante. – Daryl respondeu para ela

— Vocês acharam o caminhante que o mordeu? – Hershel nos perguntou, colocando as mãos no bolso da calça

— É aí que tá. – Eu lhe disse, negando com a cabeça – Ele não foi mordido. O pescoço dele estava quebrado.

— Então, ele lutou. – Patrícia comentou, nos olhando

— O fato é que, os rastros do Shane e do Randall estavam um em cima do outro. – Daryl lhes disse – E o Shane não sabe rastrear, então ele não veio atrás dele. Eles estavam juntos.

— Você pode, por favor voltar pra lá, achar o Rick e o Shane e descobrir o que está acontecendo? – Lori perguntou olhando para Daryl

— Pode deixar. – Ele respondeu

— Obrigada.

— Vou com você. – Falei para ele e segui seus poucos passos, mas assim que ele me escutou falar, parou e se virou – Você não vai voltar para lá sozinho.

— Preciso que você fique aqui. – Daryl me disse e se aproximou mais de mim, colocando a mão no meu ombro – Se eles voltarem antes de mim, apague o Shane e o prenda. – Ele me viu concordar relutante e retirou sua mão do meu ombro para colocá-la em meu rosto – Volto logo.

Mais relutante ainda, acompanhei ele até a saída e lá, todo o meu corpo congelou. Da onde estávamos, podíamos ver o celeiro do outro lado do campo e logo atrás, muitos caminhantes. Muitos mesmo. Logo, todos que estavam dentro da casa a poucos minutos se juntaram a nós.

— Patrícia, apague as luzes. – Hershel disse baixo

— Vou pegar as armas. – Andrea nos avisou e se afastou, junto com Patrícia

— Talvez estejam apenas passando como o bando na estrada. – Glenn comentou – Não é melhor a gente entrar?

— Não a menos que haja um túnel lá em baixo que eu não saiba. – Daryl lhe respondeu, dando uma rápida olhada para ele

— São muitos. – Murmurei para os que ainda estavam na varanda com a gente – Um bando deste tamanho vai destruir a casa em pouco tempo.

Daryl concordou com um resmungo e Glenn soltou um gemido sofrido. Apalpei meus bolsos e senti o que eu estava procurando, meu pente reserva e as balas soltas. Eu iria muito precisar delas.

— O Carl sumiu.

— O quê? – Daryl perguntou se virando para Lori, perplexo pela notícia

— Ele estava lá em cima. – Lori continuou a falar, passando as mãos no cabelo, nervosa – Não consigo mais achá-lo.

— Talvez esteja se escondendo. – Glenn supôs, tentando acalma-la

— Ele devia estar lá em cima. – Lori nos disse, estava quase chorando – Não vou sair sem o meu filho.

— Não vamos. – Carol lhe disse, pegando em seu braço – Vamos procurá-lo de novo. E vamos achá-lo.

— Certo.

As duas voltaram para dentro da casa e não deu três segundos, a Andrea voltou com a sacola de armas e as distribuiu. Mordi meus lábios e balancei a cabeça negativamente, olhando para Daryl. Ele estava pensando a mesma coisa que eu. Eram muitos, isso não adiantaria.

— São muito deles, não adianta. – Daryl disse a Hershel, depois da nossa troca de olhares

— Você pode ir se quiser. – Hershel retrucou para ele, enquanto recarregava uma escopeta

— Vocês vão matar todos eles? – Perguntei a ele, mostrando minha falta de fé em sua ideia

— Nós temos armas. – Hershel comentou nos olhando – Temos carros.

— Mataremos o máximo que pudermos. – Andrea disse, enchendo os bolsos de balas diversas – Depois usaremos os carros para levar o resto deles para fora da fazenda.

— Fala sério? – Daryl perguntou, encarando Hershel

— Esta é a minha fazenda. – Hershel lhe disse – Eu vou morrer aqui.

— Tá bom. – Daryl aceitou – É uma noite boa como qualquer outra. - Ele pulou a pequena proteção da varanda e depois se virou para mim – E você mantenha os olhos abertos.

— Eu digo o mesmo pra você. – Falei para ele, antes de vê-lo se virar e se afastar de nós

Ao vê-lo distanciando, minhas suspeitas se tornaram reais.

Tinha ganhado um ponto fraco com nome e sobrenome.

Daryl Dixon. 


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