Hearewa escrita por Tyke


Capítulo 3
Capítulo 3 - A Bomba


Notas iniciais do capítulo

Continuando :)



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Pai e filho aparataram em frente ao Chalé das Conchas. O mar estava estranhamente calmo como uma lagoa, mesmo ventando. Rony foi na frente, seguido pelo filho, entraram na casa cuja porta estava aberta. Victória estava sentada no sofá e abraçava uma pequena menininha de cabelos castanhos. Ela ergueu os olhos para os dois que entravam.

— Tio. - A moça não se levantou para cumprimenta-los adequadamente. Continuou onde estava com os olhos cheios de preocupação e abraçada à criança.

Não houve tempo para iniciar um diálogo, pois Fleur entrou na sala trazendo o chá. A mulher tremia a bandeja ao deposita-la na mesa e os olhos estavam vermelhos. Ela se virou para Rony e Hugo parados no local.

— Ronald...

— Onde está Gui? - O homem perguntou notando que apenas as duas mulheres e a criança estavam na casa.

— Está na cidade. Ele e Louis foram... - Ela começou a soluçar e cobriu o rosto com as mãos. Lágrimas saiam de seus olhos pela quarta vez na última meia hora. Victória tirou a menininha, que chamavam de Dora, do colo a colocando em pé. Se levantou e amparou a mãe. Com um abraço a guiou para o sofá.

— Louis está bem? - Hugo perguntou.

Vic virou para os dois parentes, respirou fundo e começou:

— Dominique estava na cidade com uma amiga. Foram experimentar um vestido para o casamento... Quando eu e Teddy soubemos do acontecido viemos para cá. Meu pai e Louis já haviam ido para a cidade procurar por ela... Então Ronan chegou preocupado e junto com Teddy eles foram para lá agora pouco.

Victória torcia a barra do casaco de lã com ansiedade. Sua voz tremeu em todo o momento em que falou. Era nítido que segurava o desespero. Ela olhou para o tio com esperança e angustia ao mesmo tempo.

— Vocês tem uma noção de onde exatamente eles possam estar agora?

— Não... Mas a loja de vestidos fica na esquina da praça central. Você sabe onde é, Hugo? - Vic olhou para o primo por alguns instantes. Até que sentiu pequenas mãos segurando sua perna direita. Pegou a garotinha no colo enquanto Hugo respondia:

— A praça sim. Eu sei onde é.

O rapaz frequentou muito o Chalé das Conchas e a pequena cidade em sua vida. O filho mais novo de Gui era seu melhor amigo desde que se entendiam por gente. Tinham a mesma idade, cresceram muito próximos, juntos pisaram pela primeira vez em Hogwarts e igualmente juntos pela última. Passavam todos os altos e baixos da vida lado a lado.

— Então vamos. - Rony saiu e foi seguido por Hugo. Do lado de fora ele estendeu a mão para o filho guiar a aparatação.

O local onde estavam era praticamente irreconhecível. A praça central era apenas destroços. Tudo era destroços. Casas demolidas, carros virados e alguns cadáveres nas ruas. "Merlin!" Rony sussurrou olhando o cenário apocalíptico. Eles decidiram andar a procura de algo que indicassem onde estariam os familiares. Corpos de bombeiros, policiais, aurores e pessoas comuns corriam em toda direção socorrendo vítimas dos escombros. No momento nenhum trouxa se importava em estar vendo pessoas com varinhas levitando pedaços pesados de concreto e madeira. O objetivo de todos ali eram salvar vidas.

Rony notou que as pessoas socorridas eram levadas para um prédio mais distante que, surpreendentemente, estava de pé. Era o hospital da cidade. Os dois foram em direção ao prédio e antes de chegarem à porta reconheceram um figura. Teddy saiu do hospital aparentemente tenso.

— Teddy! - Rony gritou se aproximando. O homem o olhou, passou a costas das mãos na boca, desviou o olhar e deu alguns passos nervosos. Não disse nada. - O que houve?

Nenhuma resposta.

— Louis está lá dentro? - Hugo sem esperar a resposta e ignorando o protesto do pai, adentrou o prédio.

Correria para todos os lados. Pacientes sujos de poeiras e sangue estavam deitados no chão. Médicos, enfermeiros, curandeiros e bruxos com conhecimento básico em magia de cura faziam o máximo que podiam pelas pessoas feridas. Hugo correu pelos corredores. Esbarrou em diversas pessoas enquanto procurava dentro de cada quarto lotado. Ele estancou quando reconheceu os cabelos louros de longe. Louis estava sentado no chão ao lado de uma porta com a cabeça entre os joelhos.

— Louis! - Chamou andando em direção ao amigo. Ele levantou a cabeça exibindo os olhos vermelhos e molhados. Hugo sentiu um aperto no coração ao vê-lo assim. - O que aconteceu?

— Dominique... - Ele não conseguiu falar. Hugo sentiu o desespero crescer. Olhou para dentro do quarto e lágrimas involuntárias brotaram em seus olhos.

Gui chorava em desespero sobre um corpo inerte. Roman McMahon, o noivo da sua prima, estava no canto da sala e cobria os olhos com as mãos. O corpo inerte era Dominique. De longe era possível ver manchas de sangue na cabeça e machucados na pele exposta. Ela usava um vestido branco sujo de poeira e os cabelos ruivos estavam espalhados sobre maca. Hugo não precisou se aproximar mais para saber que a prima não respirava. A culpa o consumiu naquele momento.

Rony vinha andando pelo corredor. Parou ao lado do filho e olhou para dentro do quarto prendendo a respiração. Imediatamente adentrou o local e foi até o irmão mais velho. Hugo desviou o olhar para Louis no instante que seu pai abraçou o tio. O rapaz louro encontrava-se novamente na posição anterior. Hugo sentou-se ao lado do primo, o envolveu em um abraço e ficou em silêncio escutando os soluços sufocados que ele emitia.

Conforme o tempo passava e eles continuavam na mesma posição, Hugo começou a pensar em como aquela situação fugia da normalidade. Nada do que vinha acontecendo tinha explicação. Estava tudo errado! Ele nunca em sua vida tinha pensado na morte. E agora ela estava ali pairando sobre uma de suas primas mais velhas. Parecia tão surreal como um pesadelo.

Hugo finalmente conseguiu convencer o primo a se mexer e sair do hospital. Do lado de fora, Louis se recusou a ir para a casa e assistir o sofrimento da mãe. Aquela altura Teddy já deveria estar lá e dado a triste notícia. Então Hugo ofereceu ao primo sua casa para ele passar a noite.

Antes de desaparatarem do local da tragédia, Hugo procurou por Rony para avisa-lo que iriam embora. O auror disse ao filho que permaneceria na cidade e ajudaria nos socorros. Louis ficou do lado de fora do quarto enquanto Hugo conversava com seu tio. Não queria ver o corpo da irmã novamente.

— Eu estou indo para casa ficar com sua mãe. - Gui apareceu na porta e falava com a voz embargada para o filho. - Eu entendo que prefira ficar na casa de Rony no momento. Vamos organizar tudo e avisaremos quando for o...

O homem caiu aos prantos e não conseguiu finalizar a frase com a palavra funeral. Louis abraçou o pai sentindo seus olhos se encherem novamente. Ver o sofrimento do pai era tão doloroso quanto perder a irmã.

Os dois rapazes aparataram no quintal da casa inglesa. Hugo sentiu-se estranho ao ver o cenário de destruição se transformar em um jardim harmonioso em poucos segundos. Segurou a mão de Louis e o guiou para dentro da casa pela porta dos fundos. Hermione e Rose estavam na cozinha aguardando eles entrarem. Elas haviam escutado o "Crack" da aparatação vindo do quintal.

— Estão todos bens? - Rose perguntou observando os olhos vermelhos do primo. Louis negou com a cabeça não sendo capaz de falar. Em seguida começou a chorar e pediu para usar o banheiro.

— Dominique faleceu. - Hugo declarou quando o amigo estava longe.

Hermione levou as mãos ao rosto em choque e Rose permaneceu onde estava sem mover um músculo. Nenhuma delas pediu detalhes da tragédia. Hermione decidiu preparar um chá para todos. E Hugo e a irmã sentaram-se à mesa frente a frente.

— Os jornais disseram que foi um ataque realizado por pessoas perigosas que possuem poderes inexplicáveis. - Rose disse enquanto brincava com o vaso de flor no centro da mesa.

— Poderes inexplicáveis? Como; Bruxos?

— Não falaram explicitamente, mas sim, bruxos.

Naquele momento Louis voltava para cozinha com o rosto lavado e a franja úmida.  Ele tomou uma cadeira ao lado de Hugo.

— Estão nos acusando?! Como podem? Não pode ter sido bruxos que explodiram uma cidade inteira. Quem constrói bombas são eles! - O rapaz ruivo estava indignado.

— Disseram para a população tomar cuidado com pessoas vestindo capas e portando pedaços de madeira. E se for visto pessoas suspeitas assim devem ser denunciadas para a policia imediatamente. - Hermione terminou o chá. E levou as xícaras para a mesa com uma bandeja.

— Que merda está acontecendo? - Louis, tão indignado quanto o primo, perguntou bebendo um gole de chá. - Bombas? Não havia nada sobrevoando a cidade.

— Eu adoraria saber o que está acontecendo. - Hermione disse com o olhar distante.

 Hugo pediu licencia, se levantou da mesa e foi direto para seu quarto. Após Hugo sair uma coruja chegou trazendo uma carta endereçada a Louis.

~~

Gina estava preparando o jantar quando Alvo chegou. Durante aquela tarde Harry recebeu uma carta de emergência e sem dizer nada à esposa o homem se dirigiu ao Ministério acompanhado pelo filho. Alvo chamou a mãe juntamente com a irmã mais nova. Com as duas reunidas ele deu a terrível notícia e avisou que o pai demoraria voltar do Ministério. A mulher sentiu um banho de água fria ao saber sobre Dominique. "Pobre, Nique! Estava preste a se casar." Ela ficou tão mal que com muita dificuldade terminou a comida queimando grande parte dela.

— O que está acontecendo? - A mulher perguntou ao filho. Estavam na cozinha que fedia queimado e Lily no quarto. No final ninguém na casa estava com apetite mesmo.

— Os aurores têm teorias... Grande maioria delas afirmam que são os trouxas quem estão fazendo isso.

Alvo enfrentava o último ano de treinamento como auror. Já possuía permissão de executar simples trabalhos dentro do Ministério ao lado do pai. Ele era como um ajudante, não tinha acesso direto aos casos. Por tanto toda a ideia que tinha da situação vinha do pai e dos outros aurores.

— Mas a cidade em Cornwall também era habitada por trouxas. E várias vítimas assassinadas inexplicavelmente são trouxas. Isso não faz sentido. - Gina expos seus pensamentos cansada e pressionou os dedos nas têmporas doloridas. - O que seu pai acha de tudo isso?

— Não o vi direito hoje. Mas ele já deixou claro que não faz a menor ideia.

— Merlin! Eu preciso me deitar. - Gina sentiu a forte dor de cabeça aumentar

— Então vá, mãe. Você não quer tomar uma poção para dor? - Ele perguntou notando a forma como a mulher apertava a cabeça.

— Pobre Gui e Fleur... Perder uma filha dessa maneira. - Gina começou a chorar. Alvo se levantou da cadeira e foi em direção a mãe encostada na pia. - Eu só... Eu só penso em James... Meu filho! Não posso perde-lo assim...- Grosas lágrimas escorriam pelo rosto em direção ao pescoço.

Alvo segurou as mãos da mãe com carinho.

— Calma, mãe! Você não vai perde-lo, ele irá aparecer. - O jovem tentou acalmar a mulher olhando intensamente nos olhos dela.

Na opinião de Alvo, o irmão mais velho estava apenas fazendo mais umas de suas gracinhas frequentes. Tudo bem que nos últimos tempos James passou por acontecimentos trágicos. Mas nada justificava a bebedeira e a maneira agressiva que ele tratava todos, principalmente a mãe e o pai. E então, para finalizar, ele desaparece sem deixar vestígios dias após uma briga. Alvo, todavia, gostaria tanto quanto todos que James retornasse vivo. Mesmo julgando que ele fazia aquilo de propósito.

Após Gina tomar a poção para dor e subir em direção ao quarto. Alvo escutou batidas na porta e foi atender. Luna e Rolf Scamander estavam parados a porta acompanhados por um estranho senhor.

— Olá, Alvo Severo! Quanto tempo. - A mulher sempre insistiu em chama-lo pelos dois nomes. Alvo não apreciava. Para ele os dois nomes não combinavam e soava cômico quando pronunciados juntos.  Mas já estando acostumado com Luna o chamando assim.

— Olá, Luna! Entrem - Ele deu passagem para eles. Apertou a mão de Rolf e do idoso que os acompanhava.

— Harry está? Meu pai gostaria de falar com ele. - Luna apontou o idoso. Alvo os guiaram para sala e indicou o sofá para que sentassem.

— Não, mas deve chegar em breve se poderem aguardar. - Ele disse analisando o relógio na parede. - Eu chamaria minha mãe, mas ela não esta muito bem no momento. Então peço desculpas por ela.

— Entendo.- Luna riu de uma forma infantil que era bastante estranho para uma mulher da sua idade. - Você fala engraçado, sabia?

— Luna, não se julga a educação do rapaz dessa maneira. - O Sr. Scamander repreendeu a atitude da esposa em um tom gentil.

— Eu não estou julgando, Rolf. - Ela se virou para Alvo novamente. - Eu gosto! O jeito que você fala me lembra um pouco o Lysander.

 Alvo sorriu para a gentil mulher. Não podia confirmar a veracidade daquele afirmação já que não conhecia muito bem os filhos de Luna. Mesmo assim achou curioso a descoberta não muito significante.

— Eu sinto muito. - Luna quebrou o silêncio de repente.

— Desculpe? - Alvo não entendeu de imediato sobre o que ela falava. Pensou, em primeiro, que ela se referia ao comentário anterior onde o comparou com Lysander.

— Pela perda. - Foi Rolf quem completou.

— Ah sim! Eu também sinto, apesar de nunca ter sido tão próximo de Dominique. - Alvo revelou sua lamentação interna para aquelas pessoas sem saber o motivo. O velho sentado em uma poltrona soltou um muxoxo triste.

No andar de cima Lily estava deitada na cama pronta para dormir. Mas antes disso, ela segurava seu smartphone e conversava através de mensagens de textos com Hugo. Os primos conversavam quase todos os dias. Quando não era presencial, era por tecnologia ou magia.

—Lily 10:32-      

Oi :)      

      -Hugo 10:33-

       Oi

—Lily 10:33-      

Você esta sabendo      

?      

Sobre Dominique      

       -Hugo 10:41

       Sim

       Estive em Cornwall com meu pai

—Lily 10:42-      

:O       

você a viu?      

       -Hugo 10:53-

       Sim

—Lily 10:53-      

Você esta bem?      

       -Hugo 10:54-

       Não se preocupe comigo.

—Lily 10:54-      

:/      

você sabe que é impossível.      

tem noticias do Louis?      

      -Hugo 11:00-

      Ele esta aqui em casa

—Lily 11:02-      

Como ele está?      

      -Hugo 11:02-

      Muito mal

—Lily 11:03-      

Hum :(      

Eu preciso dormir      

tchau      

      -Hugo 11:04-

      Ok. Tchau

Lilian apagou a tela do aparelho e o colocou sobre o criado mudo. Se ajeitou em baixo das cobertas e ficou em silêncio escutando o vendo do lado de fora. Orou por Dominique em silêncio. E como fazia todos as noites; olhou para uma antiga fotografia sobre o criado. Na imagem os três Potters estavam sentados em um degrau em ordem de nascimento da direita para esquerda. Ela observou o pequeno James - Assim como ela, ele era muito "Weasley". - de cabelos ruivos e sardas, porém os traços lembrava bastante o pai. Vendo a versão pequena, ela desejou com todas suas forças que a versão atual do irmão estivesse bem.

 Estava quase caindo no sono quando o celular vibrou sobre a madeira do criado. Lily o pegour e leu a mensagem.

      -Hugo 11:40-

      Vai ficar tudo bem.

      Eu prometo


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado obrigada por lerem.



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