Teen Wolf Season 3- The Way I Like to Fall escrita por Apenas Lorena


Capítulo 20
Mr. Sandman




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Esgotada.
Por mais que eu repita isso na minha mente, nunca parece pesado o suficiente quanto eu sinto.
Minha vida era uma montanha russa que estacionou de cabeça para baixo. Emperrou comigo lá em cima e ninguém veio tirar. E lá estava eu, suspensa. Com o sangue fluindo para a minha cabeça e a alma tão pesada que poderia me levar ao chão a qualquer momento. Mas não, eu não iria conseguir sair dali. Nem para o chão.
Enchi o copo na escrivaninha com água e observei o líquido universal como se fosse nada. Inútil. A sede que eu sentia não era de água. Era de ação.
O único momento que senti o carrinho da maldita montanha russa emperrada foi quando eu enchi a cara horas atrás na festa. E eu me senti ótima.
Mas foi o momento, e agora eu estava apagada novamente. Como um papel e suas palavras desbotadas. Eu era um livro parado na estante, dado a poeira, que ninguém mais abria para ler.
O problema?
Eu estava exatamente na porra da mesma cidade, cercada pelas mesmas pessoas...
Joguei o copo na parede do quarto e o observei se espatifar enquanto os cacos de vidro se espalhavam lentamente pelo asfalto dos limites da cidade.
Não haviam mais regras. Céu, terra, vida, morte...
Tentei avançar alguns passos e fui impedida por mim mesma. Eu simplesmente não conseguia mais passar daquele ponto.
Talvez esse fosse o meu inferno pessoal.

Papai?-
—Hum? O que foi? Por que está acordada a esta hora? Era pra você estar na cama, querida!- Disse virando rapidamente. A biblioteca era seu templo. O Sr. Koreshkov passava horas a fio durante a madrugada trancado lá e a pequena Loren nunca descobrira o porquê.
—Eu estava pensando...As vezes o senhor fica longe de mim e eu me sinto esquecida.- A garota coçou os olhos, claramente com sono. -O senhor vai me abandonar?- Perguntou.
—O que? Abandonar? Por que? Você é a melhor coisa que já me aconteceu!- Respondeu indo até a filha e a abraçando fortemente.
—Por que diz isso? Que tipo de pergunta é essa?-
—Hoje mais cedo eu estava brincando com Stiles, mas ele estava muito triste. Eu perguntei o que aconteceu e ele disse que a mãe dele não conhecia ele. Que ela estava estranha. Foi por isso que a mamãe foi embora e nunca mais voltou?-

Praguejei alto e gritei, mas não escutava a minha própria voz. A estrada vazia a minha frente denunciava que ninguém estava lá. Me virei tomada por um sentimento amargo e refiz o caminho que não lembrava ter feito anteriormente para chegar ali. Faltavam poucos minutos para amanhecer e logo Isaac daria a minha falta. Ou não.
Meus passos cansados me levaram quilômetros depois para o apartamento, que abri em um baque e passei para o quarto ignorando as palavras de Lahey.
—Loren!- gritou batendo na porta do quarto. -Abre a porta! Precisamos conversar!- Ignorei e me joguei na cama.
Eu geralmente não faço a adolescente dramática, mas não dá pra negar. Às vezes nós simplesmente não conseguimos segurar um peso dentro de nós.
Chorei silenciosamente enquanto minhas lágrimas molhavam o travesseiro e meu corpo se contorcia em soluços. Era vergonhoso porque eu sabia que Isaac podia me ouvir. Ouvi passos compassados em minha direção e logo achei que fosse Brad, o morto.
Não era Brad.
Como eu sei? Senti mãos gélidas acariciarem os meus cabelos e afastar as minhas lágrimas do rosto. Aquele toque... Não era o Brad.
Me levantei em um pulo, me encolhendo num canto da cama.
Era ele. Mas não era ele. Se parecia com ele.
—Tudo bem.- Sua voz era firme e suave. Quase como se fosse um tranquilizante.
Engoli em seco. Nunca o vira tão nitidamente. Geralmente ele estava lá, nas sombras. Nos meus sonhos. Mas por que agora eu tinha a certeza de que ele era real?
Paralisada observei enquanto ele se reaproximava de mim. Os olhos castanhos, o brilho estranho neles, os cabelos bagunçados, a pele doentiamente branca... Aquele não era o Stiles, então por que usava sua aparência?
Senti seus dedos novamente em meu rosto, limpando as lágrimas que ainda caiam involuntariamente.
—Você não precisa se sentir assim. Só.- Disse. Suas palavras pareciam ser escolhidas com tanto cuidado. Quase selecionadas, ensaiadas. Era assustador e reconfortante.
Abri a boca para falar e fui interrompida.
—Não precisa negar, nem mentir pra mim.- Sorriu.
Era o que eu ia fazer. Negar e mentir. Claro! Um estranho com aparência familiar invade meu quarto, eu ia fazer o que?
—Você já invadiu meu quarto antes.- Falei baixo.
—Invadi seu quarto?- Perguntou. -Tem certeza, Loren?- Perguntou desafiador e desviei o olhar. Senti seus dedos virarem delicadamente meu queixo, me obrigando a encará-lo. -Olhe pra mim enquanto conversamos.- Disse e segui o comando involuntariamente. Sua voz era tão controlada que meu corpo simplesmente o obedecia. -Você me deixou entrar.-
—Eu não sei do que está falando.- Tentei o meu melhor e ele sorriu parecendo ter descoberto qual parte do meu rosto denunciava a minha mentira.
—Você se sentiu sozinha. Esquecida.- Se aproximou mais e quase recuei. -Mas você sabia que eu não te deixaria. Eu nunca te deixei.- Disse e antes que eu pudesse indagar sobre aquilo ele selou nossos lábios em um beijo perfeito. Surpresa, eu quis me afastar. Mas não foi o que eu fiz.
Claro que não. Porque a verdade é que eu não queria.
Ele segurava o meu rosto como se estivesse evitando que eu caísse daquela cama. E eu provavelmente cairia, porque seu beijo era simplesmente inexplicável.
Como se ele me conhecesse por inteira, quisesse me ter por inteira. E eu estava lá, e era só um beijo. Um beijo transcendental e completamente fora do que eu já havia sentido antes. Seu gosto era familiar e seus movimentos em minha boca era um dèjavu.
Ele se afastou e me observou. Meus lábios trêmulos não emitiram um som sequer e meus olhos estavam fixos nos seus.
Percebi então que aquilo era errado.
Me movi rapidamente para fora da cama e em direção à porta, mas antes que pudesse alcançá-la, ele já estava lá. Prevendo cada um dos meus movimentos. Esquerda, direita... Começamos um jogo ridículo de pega-pega, e é claro que ele me pegou. Sem saída e paralisada em seus braços, minha respiração antes calma se descompassou e pude sentir meus músculos tremerem sob minha pele.
—Não precisa ter medo de mim.-
—Não preciso?- Revidei sarcástica.
—Sabe que não.-
—Tem algo de errado, e eu sinto. A escuridão em você. Te rodeando como se fosse sua essência.- Minha voz saiu firme. -Pode achar que me engana, mas não.-
—Tem razão.- Falou.
Tenho?
—Você é boa nisso. Sempre foi. Estou cheio de escuridão em mim- Sua voz estava diferente. Não era confortante como antes. Denunciava perigo. -Aliás, eu sou praticamente feito disso.-
Tentei me soltar de seus braços e ele os apertou um pouco, me impedindo de sair.
—Mas isso não significa que eu vá machucá-la.- Disse se aproximando do meu rosto. Recuei automaticamente. -Medo é a última coisa que quero que você sinta.- Falou distante.
—Então me deixe ir.- Pedi. -Porque eu estou assustada.- Engoli em seco. Eu realmente estava assustada. Por que? Eu era vulnerável perto dele. Percebi isso em muito pouco tempo. -Por favor.-
—Não.- Respondeu rápido. -Não vou mentir pra você. Não vou embora. Não importa o quanto você implore. Não importa quanto medo sinta.-
—-
E cá estou eu. Dentro de uma banheira há horas. Com três homens e uma mulher me encarando desconfortavelmente.
Ele desapareceu. Isaac arrombou a porta do meu quarto e de quebra chamou o bonde pra assistir a nova série do Animal Planet. Loren Koreshkov em seu habitat natural fazendo vários nadas.
Mas pelo menos eu estava de roupa né.
—Acha que ela está catatônica?- Perguntou Scott.
—Não.- Respondeu Melissa. -Eu acho que ela está sob estresse. Deaton?-
—Também acho que é estresse.- Falou o sheriff
—Mas e aquela história...-
—Estresse!- Responderam Melissa e Deaton em uníssono, interrompendo Isaac.
O fato é que eu contei pra ele o que havia acontecido.
Menos a parte do beijo, claro...E a parte que ele fala um monte de coisas esquisitas. E também a parte que eu não faço porra nenhuma.
Bom, pra resumo de história, eu disse que uma pessoa muito familiar invadiu o meu quarto e me ameaçou. Claro que todo mundo perguntou se era o Peter e eu tive que soltar o inevitável. Pra mim, até o momento, a coisa mais plausível:
—Um fantasma quer me matar.- Falei para Isaac na lata.
—Valeu, heim?- Ouvi Brad resmungar.
—Cala boca, Brody!- Soltei e Isaac encarou um ponto vazio a minha direita. O que ele não sabia era que Brad estava a minha esquerda.
—E esse tal Brody disse que iria te perseguir?- Perguntou incrédulo.
—Não! O Brody é inofensivo!-
—Brad!- Protestou o morto ao meu lado.
—Que seja!- Respondi para a minha esquerda e Isaac me olhou como se eu fosse louca. -O que quer me matar não é esse. Brad morreu recentemente, ele só quer ajuda. Ele é inofensivo.- Expliquei.
—Ah, então existem dois fantasmas?-
—Sim!- Exclamei animada.
E foi aí que eu percebi que ninguém acreditaria em mim.
—Vocês acham que eu tô alucicrazy, né?- Falei me levantando bruscamente. Saí da banheira e caminhei até o quarto, sendo seguida.
—Para onde você vai?- Perguntou Melissa.
—E isso importa?- Dei de ombros pegando meu skate. -Tá tudo muito repetitivo! E geralmente eu estou me ferrando.- Abri os braços. -Então vamos variar um pouco, né?- Falei e não esperei por respostas. Logo eu estava abrindo a porta da sala e entrando no elevador, sendo acompanhada apenas por Isaac, que se enfiou no elevador milésimos antes deste se fechar.
Sorri de canto e observei o menino do freezer.
—Vai lá, Fidel Castro. Hora de bater seu discurso de sete horas e vinte e sete minutos.- Resmunguei.
—Você está cansada, eu entendo.-
—Só isso? Cinco palavras. Devo revelar que estou decepcionada.- Disse quando o elevador se abriu. Pulei fora e sai na rua seguida por sua sombra.
—Sabe, você pode até estar certa, mas não é esse o caminho. Sei disso porque foi esse o caminho que eu trilhei. Mas você não está trancada num freezer.- Falou calmo.
Sorri e fiz uma reverência. Me virei e andei mais um pouco, antes de me virar e encará-lo. -Não é que você tem razão? Eu não estou trancada num freezer. Eu estava em um lugar um pouco mais...quente, um pouco mais reservado. Sabe? Coisa vip. Sete palmos abaixo da terra, muito adubo...vermes. Um caixão de...Cedro? Foi cedro, né? Ainda não tive tempo de visitar o meu caixão vazio. Sabe que eu nem sei como eu saí de uma cova sem nome no cemitério de Beacon para o meio do mato?- Fiz uma cara de pensativa. -Achei que morrer fosse algo exclusivo, claro que eu tive as minhas dúvidas depois do retorno do Peter das férias dele no inferno, mas é que agora tá confirmado que dá pra morrer de novo!- Fiz uma cara de decepção e observei o rosto de Isaac pálido e assustado com meu discurso. Sarcasmo, ironia e humor negro. -É sufocante, caso tenha curiosidade de saber antes do tempo.- Resumi com a garganta seca e os olhos ardendo. -Tenha uma longa vida, garoto do freezer. Espero que não morra tão cedo.- Me virei e subi em cima do skate.
O caminho até o galpão onde eu treinava foi um inferno. Meu corpo estava mole e era difícil manter o equilíbrio no skate. Nunca fui boa com manobras, mas era a profissional em seguir em linha reta.
Vi que não havia nada muito diferente, já que eu só morri por umas duas semanas.
Pareciam anos pra mim.
Parecem anos.
O galpão estava aberto e pude ouvir gemidos vindos de dentro. Revirei os olhos e entrei, encontrando dois alunos da Beacon atracados, transando na minha academia!
—Nossa, os pais de vocês sabem que vocês invadem propriedade privada pra trepar?- Gritei entediada e os dois levaram um susto, se afastando bruscamente. -Ah, vamos lá! Ele nem é isso tudo.- Apontei para o garoto pelado e fiz uma careta para a garota assustada que procurava desesperadamente sua camisa.
—Você é louca!- Gritou o rapaz se afastando em direção ao portão. A menina correu e desapareceu rua afora.
—E vocês são nojentos!- Gritei de volta. -Procurem um motel, tem vários pela cidade! Cuidado com os assombrados, esses eu não recomendo.-
Bufei e virei enjoada. Mas antes de fugir do cenário pornô que virou a minha academia percebi uma presença conhecida.
—E aí, Brody? Veio passear ou aproveitar o pornô ao vivo?-Falei saindo do galpão.
—Na verdade...Eu vim te lembrar que você precisa me ajudar.- Falou rouco. Ele parecia um pouco doente. Muito diferente de quando o conheci, o recém morto agora parecia estar morrendo mesmo.
Eu ia dar uma resposta desaforada, mas tive que sentir empatia. Sabe? De um morto pra outro.
—Manda ver, garotão.- Falei.
—Eu preciso saber o que aconteceu.- Disse. Seu olhar estava vago e sua voz implorava socorro.
—Brody, acho que está na hora de conversarmos sobre a sua morte...-
—--
—Estávamos voltando da nossa formatura, eu acho...- Dizia enquanto eu discava o número ao meu celular. -Eu bebi um pouco além da conta...-
Atende...Atende...
—Sabe o que eu mais odeio em toda essa tecnologia?- Ouvi a voz mais irritante do mundo ao meu lado. -As pessoas nunca ficam cara a cara para o que realmente importa.-
—Peter.-
—Olá, Lola. Como vai?-
—Eu sei que você tem um 4x4 novo na garagem e preciso de ajuda.- Fui direta.
—Olha, eu também estou bem. Obrigado por perguntar.-
—Peter!-
—Olha, estou impressionado. Loren Koreshkov pedindo a minha ajuda...Isso é épico. Deixa eu adivinhar. Seu cão de guarda está fora da cidade junto com o segurança formado em Oxford, Derek não acordou de bom humor...-
—Ele tentou me matar.-
—Sim, eu me lembro. E o seu namorado tem outra namorada. Acertei?- Falou cheio de maldade.
—O veneno tá escorrendo aqui no cantinho, deixa eu te ajudar.- Falei passando o polegar no canto da boca dele, que deu um sorriso impagável e genuíno quando entendeu que havia me atingido. -Não somos namorados. Nunca fomos. Podemos?-
—Eu vou ser o seu motorista particular, mas...-
—Mas?-
—Tenho condições.-
—Ah tá. Vou procurar outra pessoa.- Falei. -Desculpa, Peter. Sem sangue de virgens e bebês recém nascidos pra você. Não vamos fazer um pacto.-
—Quem falou em pacto?- Disse pegando a minha mão e segurando na altura do meu rosto. Ele entrelaçou os dedos e deu uma boa olhada. -Já temos um.- Sussurrou e seus olhos azuis caíram sobre mim. -Não lembra? Estamos conectados, Loren. Somos como melhores amigos.-
Puxei a minha mão bruscamente e me afastei um passo.
—Você detonou a minha cabeça.- Rosnei.
—E poderia ter detonado muito mais, lembre-se disso.- Gesticulou para mim. -Foi essa sua...-
—Raiva?-
—Personalidade adorável que me fez repensar meus planos. Agora me diga, sereníssima, qual a nossa aventura de hoje?-
—Quais são os seus termos?- O interrompi.
—Eu quero acesso aos arquivos Koreshkov.-
—O quê?- Perguntei incrédula.
—Nada de mais. Não quero acesso a contas, a planos nem a sua declaração de imposto de renda. Fotos, jornais, vídeos...-
—Peter...-
—Informação. Bobagem. São só velhos arquivos.-
—Não.- Respondi me virando e engolindo em seco.
—E o que vai fazer, Lola? Pedir carona ao Stiles?- Falou e travei no asfalto. -Vamos lá. Você não mexe naquela tralha há anos. Só quero relembrar os velhos tempos quando a minha família inteira não era cinzas.-
—Você tem algum interesse oculto.- Falei.
—Claro que sim, eu sempre tenho.- Respondeu sincero. -Mas nada que vá prejudicar você.-
—Eu não acredito em você, mas preciso do carro. Ok, fechado.-
—Certo. E o que vamos fazer?-
Respirei fundo e fechei os olhos. As palavras que saíram da minha boca não pareciam fazer sentido.
—Brody morreu e eu tenho que ajudá-lo.-
—Brad!- O espírito falou ao meu lado.
—Foda-se!- Gritei para o nada e Peter me observou pasmo. -De qualquer maneira, temos um grande problema porque eu não consigo sair de Beacon e o garotão MORTO aqui morava em Illinois.- Me senti envergonhada pela situação e observei o que aquilo parecia. -Você também acha que eu sou louca, não acha?-
—Porquê você está gritando com o nada?- Peter riu e o sangue subiu a minha cabeça. -Eu acredito em você, e tenho uma ideia muito boa sobre isso.-
—Ok...- Fiz uma careta. -Primeiro: Você acredita em mim. Estou perplexa, devo afirmar, porém isso faz sentido, já que você é tão louco quanto eu.- Falei e Peter fez uma cara de ofendido. -Segundo: Suas ideias são péssimas, você é um maldito desequilibrado assassino em série.-
Peter sorriu e pegou minha mão. Antes que eu percebesse, ele me puxava pela rua e eu cambaleava em sua companhia.
—Já ouviu falar em Sandman?-
—--
Estávamos na propriedade Hale. Aquela, que pegou fogo.
—Você não mora aqui, mora?- Perguntei abismada olhando os destroços do local.
—Você não é tão burra, Loren. Não vou te contar meu esconderijo.-
—Covarde.- Sussurrei enquanto subia a escada e afundava meu pé em um degrau carbonizado.
ÓTCHYMO!
Eu só não fui junto porque Peter me segurou. Eu acabei de xingar ele. Devo me sentir mal por isso?
—Eu sou um covarde.- Falou com um rosto indecifrável enquanto eu estava paralisada em seus braços e com o pé voando dentro do buraco no degrau. -Mas eu sou um covarde vivo.- Sussurrou ao meu ouvido.
Puxei o pé dali e acelerei os passos.
O andar de cima ainda guardava as marcas de luta das nossas desavenças passadas, e quando falo "nossas", estou na verdade falando dos problemas dos outros que eu inventei de me meter e me arrombei por isso.
Obrigada, Scott e Stiles.
Peter foi até um canto da sala e quebrou o piso, puxando de lá uma caixa de alumínio que definitivamente não estava lá há muito tempo, pois estava limpa. Observei tudo meio curiosa e logo ele veio até mim.
—Você já deve ter escutado do seu pai alguma história de ninar sobre um ser fantástico chamado "Sandman".-
—É o cara do sono, e daí?-
—Sandman é a versão americana do deus grego que atende pelo nome de Morfeu.- Disse abrindo a caixa em cima de uma mesa. Haviam várias ampolas sem rótulo com um líquido transparente dentro, ao lado havia uma flor seca. -Você sabe o que é isso?-
Peguei a flor com delicadeza e suas pétalas se desfizeram e seu pólen se espalhou pelos meus dedos espalhando um odor pungente e enjoativo.
—Papoula dormideira, é dela que se faz o Ópio.- Respondi em uma careta e meus olhos caíram sobre a caixa com as ampolas. -Espera aí, isso é...-
—O sono de Morfeu.- Falou pegando uma seringa descartável e dei um passo pra trás. -Também conhecido como Morfina.- Riu.
—Não, não, não mesmo!- Balancei a cabeça em negação. -Eu não vou deixar você me drogar com isso aí!-
—Se quer sair de Beacon sem sair, essa é a opção mais viável. Sem falar que eu mesmo fiz essa Morfina, garanto pureza.-
Anteriormente em Breaking Bad...
CARALHO PETER É COZINHEIRO!
—Eu não sou traficante.- Explicou.
—Agora é que eu não uso mesmo!.-
—Pra sua informação eu fui o melhor aluno da classe de química.- Falou. -Essa papoula que você destruiu, muito obrigada...- Falou irônico. -Não é uma Papaver Somniferum qualquer.-
—Ah tá, é a Papaver Somniferum das galáxias, Peter. Eu não vou usar drogas!-
—Ela é muito rara. Cultivei por anos e paguei muito caro no mercado negro. Ela tem propriedades sobrenaturais.-
Era só o que me faltava.
—Quer ajudar seu amigo morto? Essa é a melhor opção. Eu vou com você.-
—Vai com ele.- Pulei de susto com a aparição inesperada ao meu lado. Já tinha esquecido dele.
—Brody, espero que você seja despachado para a casa do...-
—Não vai doer nada...- Senti Peter amarrando uma borracha no meu braço e tentei me mover pra fugir.
—Peter, Peter!- Chamei-o nervosa. -Não quero isso! Sério. Eu dou um jeito! Brad tá ótimo no limbo. Deixa ele lá.- Disse com a respiração acelerada puxando meu braço inutilmente. Peter era muito, muito mais forte que eu e pude ouvir a risada de Brad ao meu lado.
—Agora você falou o meu nome certo, que interessante.-
Peter começou a caçar a minha veia e entrei em desespero.
—Quando chegarmos lá, poderemos ir a qualquer lugar.- Falou e tirou seus dedos da minha região cubital, onde caçava uma veia pulsante. Senti um alivio e pensei que ele tivesse desistido...Até que eu senti uma pontada.
Me debati enquanto o líquido era injetado em minha veia e uma queimação se espalhava pelo meu antebraço.
—Shhh...Calma...- Peter me segurou e senti uma moleza se espalhar pelo meu corpo. A sensação de fraqueza estava em uma balança de sensações e eu já não sabia que aquilo era assustador ou prazeroso. -Já vai passar.- Ouvi sua voz distante, como um eco. Agora totalmente sustentada por Peter, senti meu corpo sento colocado no chão e um sono me atingir como se eu fosse um bebê.
Acordei como se tivesse dormido durante horas. O lugar que eu estava era branco e não havia nada a não ser o Nemeton e uma espécie de rio.
Me levantei ainda desorientada pela luz e caminhei até a margem do rio de águas leitosas.
Bom, literalmente parecia leite. Ele estava repleto de pétalas de papoula vermelha que corriam com as águas. Me aproximei um pouco mais e estendi a mão para tocar as águas, que correram refrescantes pelos meus dedos. Senti então uma mão tocar meus dedos embaixo d'água e puxar delicadamente a minha mão. Me aproximei um pouco mais e então senti alguém me puxando pra trás.
—Você não vai querer cair aí.- Peter falou e olhei ofegante para o rio. A mesma mão que havia me tocado estava agora fora da água, ignorando a correnteza. Como se tivesse alguém lá embaixo. Uma mão leitosa e imóvel, como se fosse uma estátua.
Ou como se estivesse me esperando...
Peter se aproximou e apontou.
—Está vendo isso? Esse é o Rio Lete, também conhecido como rio do esquecimento. Você definitivamente não vai querer tomar um banho nesse rio. O que viemos fazer aqui, Loren?-
Abri a boca pra falar e fechei logo em seguida. Então eu percebi que havia esquecido completamente da razão de estar ali.
—Viu só? Não se aproxime.- Falou e começamos a nos afastar dali.
Vimos então o rapaz de cabelos loiros bagunçados fumando um cigarro. Apressei meu passo até Brad e puxei o cigarro da sua boca, jogando no chão e pisando.
—Ei!- Reclamou.
—É proibido fumar aqui.- Falei.
—Estamos no meio do nada!-
—Tem uma placa.- Falei apontando para a placa de proibido fumar que pairava no infinito branco.
—Brad, onde você disse que morava mesmo?- Peter perguntou e então percebi que ali ele podia ver Brad, o menino morto.
—Illinois, Lake View.-
—Maravilha.- Disse. -O que estão esperando?-
—Sei lá...Uma porta? Uma placa...- Falei.
—Estamos no meio do nada.- Brad enfatizou.
—Exatamente. Estamos no meio do nada. Este é o outro lado, o mundo invisível. Não há muitas regras aqui.- Falou andando e desaparecendo no nada. Segui ele e Brad também. Logo um clarão branco nos atingiu e estávamos em uma cidade.
Lake View.
Como se não bastasse, um senhor decidiu passar no carro com o som no ultimo volume tocando uma daquelas músicas acapelas das Chordettes.

Mr. Sandman, bring me a dream
Make him the cutest that I've ever seen
Give him two lips like roses and clover
Then tell him that his lonesome nights are over
Sandman, I'm so alone
Don't have nobody to call my own
Please turn on your magic beam
Mr. Sandman, bring me a dream

 


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