Foi-se escrita por Lyn Black


Capítulo 1
Ele se foi.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem,

Boa Leitura!

Dica musical (não que tenha sido influência na escrita, mas eu estou escutando, eu gosto muito e adoraria que mais pessoas escutassem e gostassem): From Eden, Hozier.



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Foi-se.

 

Estrela do cão, a mais brilhosa e resplandecente, Sirius era contagiante, mirabolante, extrovertido, e bem impulsivo. Saiu de casa aos dezesseis e morreu aos trinta e seis. Uma estrela o matou, veja bem. E lá se foi um maroto que representava a própria palavra ”marotagem” em seus tempos de jovem.

Tinha família, é claro, porque família não tem nada a ver com sangue. Ele não se esquece de Régulus, e sente pena e raiva do irmão mais novo, com preconceitos enraizados em seu ser, servo de um assassino. Contra ele. Ele não tem ideia do que Régulus nunca deixou transparecer. Entretanto, Sirius nunca teve tanta fé no caráter alheio, não depois de tudo que já lhe aconteceu.

Está velho em alma, vivente demais para crer, orar, ou mesmo acreditar. Pode fingir transparecer esperança, afinal ele sabe que se as pessoas não passarem força e esperança para a próxima geração, ela estará ainda mais perdida do que já está. E isso é agoniante, pois ele acha que esse mundo não precisa de mais pessoas assim, tendo de se forçar a acreditar em alguma escapatória da terrível condenação.

E ele tem um grande irmão, ou melhor, ele tinha o tal do James Potter. Remus e Peter também foram seus irmãos, e após se acostumar com Lily, tarefa árdua, era um jovem possessivo, ela se tornou a irmã mais nova que sempre arranjava formas de implicar com, aquela que ele nunca realmente teve. Peter não foi irmão para ele, o traiu, mas Sirius já cansou de se remoer em remorsos por confianças lamentadas. Aquilo não mudará o seu passado, apenas o condenará a um resto de existência ainda mais doloroso.

Ficou confinado tanto tempo em Azkaban, e era inocente, sim, ele era inocente das acusações. Ele sabia disso, tinha plena certeza. O cão real já caiu em ruína e já se reergueu algumas vezes ao longo de longos doze anos.

Pena que agora ele foi ter com os velhos amigos, mesmo cansado queria ter um tempo para aproveitar o que restava da vida que lhe foi tirada. Ele sabia que cada respirar doía, ele sempre se recriminara por se apegar muito a poucos, mas havia tanta fé nos olhos do afilhado, dos remanescentes de tanta destruição, que ele chegava a querer ver tudo aquilo acabar e poder viver como se não fossem quem era.

Entretanto, ele já partiu, nem corpo para velar tiveram aqueles que agora choravam a sua ida. Enterros são para os vivos, era o que sua prima Andrômeda diria. Sirius Black foi-se.

Mas ele já não tinha ido há tanto tempo? Aquilo que restara era apenas a sombra fujona do rapaz problemático e revolucionário, que um dia ele havia sido com tanto fervor e vida. Ele tentara se ligar as coisas daquele mundo, ao Harry, que parecia a cópia do pai, a Remus, que tardou, mas logo compreendeu a sua inocência, a qualquer tipo de memórias.

Era isso que o montava, o fazia funcionar. Simplesmente e puramente, talvez todos nós sejamos feitos de memórias. Elas o mantiveram firme por tanto tempo, se tornaram a sua armadura mais preciosa. Mas agora ele já vai tarde. Sua prima diria algum tempo depois algo que sempre espantou a todos, mesmo anos passados, pois era doloroso aceitar.

Lidem com isso, ele não passava da sombra de um homem. Ele já havia ido há muito tempo, vocês ou pouco se lembram de quem era Sirius Black, ou se encontram em uma negação profunda demais. Foi-se há anos, não se prendam a um fantasma.


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