You're sixteen, you're beautiful and you're mine! escrita por Nowhere Unnie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei muito pra postar isso e peço mil desculpas! O segundo capítulo já está quase terminado também e não vou demorar tanto assim, espero que gostem!



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Existiam apenas dois tipos de festa que Megan odiava: 15 anos e casamentos. Esta última sempre havia sido um trauma para ela desde pequena, pois sua mãe a obrigava a usar vestidos desconfortáveis, florzinhas no cabelo, sapatinhos que apertavam os pés, meia-calças brancas que pinicavam as pernas e o pior de tudo nem eram as roupas, mas sim o tédio que esse tipo de festa sempre causava nela, uma vez que era destinado à adultos, e costumava prometer a si mesma que quando crescesse nunca mais a obrigariam a comparecer ao casamento de ninguém.

Já as festas de 15 anos não eram de todo ruim, mas como ela era a mais nova entre as primas e a maioria de suas amigas, pois seu aniversário era no fim do ano, aos 14 havia ido a tantos bailes de debutantes que nas últimas comparecia mais por consideração às aniversariantes do que por vontade própria e, ao contrário de todas as meninas de seu meio social, sua única ansiedade era que todas à sua volta fizessem 16 logo para não ter mais aquele tipo de festas, que pareciam ser sempre as mesmas, só mudava a “princesa”.

A primeira vez que resolveu confessar que seu único desejo ao completar 15 anos era poder fugir para bem longe, Memphis de preferência, foi durante uma interminável jornada de compras para a festa de Polly Plummer, onde mais uma vez suas melhores amigas dançariam a valsa juntas. Na verdade nem foi uma confissão, foi mais um pensar alto:

— Ainda bem que nos meus 15 anos não vai ter nada disso… — Ela desabafou após suspirar de cansaço, enquanto sentava em um banquinho na área de provadores da loja em que Rita estava escolhendo seu vestido.

— O quê?! — Rita gritou por trás da cortina e só não saiu do provador porque estava em roupas interiores.

— Ela só falou da boca pra fora… — Lily disse confiante e compreensiva, uma vez que também já estava um pouco cansada pois estavam procurando vestidos, sapatos e acessórios desde cedo e ainda nem tinham comido nada. — Agora veste logo isso que eu quero ver como ficou! — Acrescentou empolgada e logo em seguida sua amiga saiu com o vestido mais lindo que elas já tinham visto aquele dia.

— Nossa, ficou perfeito! — Megan foi a primeira a soltar elogios, esquecendo-se até da chateação que envolvia tudo aquilo.

— Você acha mesmo? — Rita perguntou ainda meio insegura.

— Ela tem toda razão, amiga! — Lily sorria animada enquanto suspendia a mão da amiga no ar para que ela desse uma voltinha. — É esse! — Os olhos dela brilhavam mais que os de Rita diante daquele vestido.

— Eu também amei, mas o problema é que ele não combina tanto com aqueles sapatos que eu já tinha escolhido… — Rita lembrou-se imediatamente desse detalhe e um semblante de desânimo tomou conta dela.

— Mas não importa, levamos esse vestido e procuramos outro sapato, oras.

— Ah não… De novo, não! — Dessa vez quem se desanimou foi Megan, ao ouvir a proposta de Lily.

Mas não teve escolha a não ser revirar os olhos inconformada e acompanhá-las para começar toda aquela enrolação com a escolha de sapatos outra vez. Ainda assim, ela estava um pouco aliviada por ter menos uma amiga ali para cansá-la, pois Polly já tinha escolhido toda sua produção e estava ocupada demais com os últimos preparativos da festa, então não pôde ir junto.

Porém Megan não desistiu de fugir daquilo tudo e logo contou para seus pais que queria viajar ao invés de fazer uma festa. Seu pai não achou má ideia, mas sua mãe quase surtou e se juntou com suas amigas para tentar convencê-la a mudar de opinião. Essa tentativa durou mais de um ano e, quando ela percebeu que mesmo depois de fazer 15 elas não desistiam daquela maldita festa, se deu por vencida e resolveu fazer algo parecido a um baile de debutante em seu aniversário de 16 anos.

Em primeiro lugar, ela deixou claro que não queria uma festa exatamente igual a todas as outras, teria que ser do jeito que ela ordenava e sem aquela palhaçada toda de valsa, cerimônia à meia-noite, homenagens para meio mundo, família chorando emocionada porque sua garotinha cresceu, nem príncipe, ou troca de sapato baixo por alto, nem nada do gênero.

Entretanto, aos poucos foi cedendo algumas decisões, como por exemplo dançar a valsa com seu pai. Não que algum dos dois fizesse questão disso, mas era o sonho de Beth ver Megan dançando a tradicional valsa com Tom quando fizesse 15 anos e a menina não fez nenhuma objeção quanto a isso, pois sabia o quanto sua mãe sofrera por ser a única das irmãs que não pôde dançar a valsa com o próprio pai, que havia falecido quando ela tinha onze anos.

E com isso, quase se viu obrigada a ter as amigas e primas dançando valsa com ela também, mas logo propôs algo diferente, queria uma pequena apresentação de balé na festa e já tinha mais ou menos em mente como seria.

Com a ajuda de algumas amigas do balé que também adoraram a idéia, planejou algo que seria baseado em alguns atos de Lago dos Cisnes. Suas amigas bailarinas e algumas primas, que dançavam balé clássico também, fariam parte do corpo de baile e entrariam primeiro fazendo a dança dos cisnes do lago e, em uma das voltas em fileira que dariam ao longo do palco improvisado, Megan se juntaria a elas no final da fila representando uma princesa que havia sido transformada em cisne e logo elas se espalhariam pelo palco fazendo passos comuns dessa obra. Nesse momento, entraria o bailarino que representava o príncipe procurando uma princesa perdida em meio às outras e, quando enfim encontrasse, eles apresentariam alguns passos do ato 7. O fim da apresentação se daria quando o bailarino a conduzisse até o outro lado do palco para encontrar-se com seu pai e, quando ele conduzisse a filha de volta para o palco já com a mudança da melodia do balé para a tradicional valsa, representaria a volta da princesa ao Palácio, já transformada em humana, dançando a valsa com o “rei”.

Sua mãe gostou da idéia e até chamou uma das tias de Megan que também havia estudado balé para dar algumas dicas, mas suas amigas da escola não gostaram muito de serem excluídas assim, então Megan teve que abrir mais uma exceção e prometeu que faria também uma pequena homenagem a elas na festa, já que eram suas melhores amigas.

Outro que não gostou nada daquela ideia ao saber que um bailarino qualquer seria o príncipe foi George, então ela teve que fazer algumas modificações na apresentação e, quando o príncipe aparecesse, a procura pela princesa seria mais uma atuação teatral do que dança, pois seu namorado definitivamente não levava o menor jeito para dançar balé e, mesmo que tivesse alguma inclinação a dançar, não daria tempo para ensinar nem o básico a ele.

A parte dos ensaios para aquela apresentação era a única coisa que realmente animava a aniversariante e a fazia acreditar que ter voltado atrás e aceitado aquela festa valeria a pena. Ela se empolgava tanto que qualquer um que se aproximasse naquela época de ensaios ia ser bombardeado com o assunto, gostando daquilo ou não.

Sobrava até para o seu melhor amigo, que ela mal via porque estava sempre ocupado demais sendo Ringo Starr, o baterista da banda mais famosa de Liverpool. Certa vez resolveu visitá-la pois tinha um tempinho livre antes do show e escutava tudo atentamente, embora não entendesse nada do que ela falava porque, além de citar mil passos de balé que ele não conhecia, também falava tão rápido que era difícil de acompanhar. Mas ela parecia tão contente com aquilo tudo que ele apenas sorria de volta, admirando sua felicidade.

Até que ouviu algo estranho e a interrompeu:

— Pera, o George vai dançar balé? — Ele perguntou quase caindo na gargalhada ao imaginar uma cena dessas.

— Claro que não, né Richard! — Ela respondeu com uma risada, se perguntando como alguém poderia pensar no George dançando balé. — É como se fosse um adágio mas eu é que vou fazer tudo, ele só vai estar por perto me dando apoio em alguns passos, vem cá que eu te mostro…

E tomou a mão do mais velho para que ele se levantasse do sofá e a acompanhasse, o que fez com que ele ficasse meio confuso e imediatamente deixasse de achar graça na vergonha que o George passaria.

— Sabe quando a gente fica na ponta de um pé e faz um triângulo com a perna levando o outro pé pra perto do joelho assim? — Ela fez o triângulo com a perna como estava dizendo mas sem ficar na ponta dos pés pois estava descalça. — Então, ficando nessa posição e dando um giro se faz um fouetté. E aquele salto com as pernas abertas no ar, uma na frente e a outra atrás, é um grand jeté. Eu e as meninas vamos estar fazendo outros passos e algumas piruetas, com o George perdido no meio e me procurando, ele vai me achar no exato momento que eu terminar uma série de 5 fouettés e saltar com um grand jeté de frente pra ele, que vai esticar o braço assim.

Ela tomou o braço esquerdo dele e o esticou, colocando sua mão de forma que parecesse um cavalheiro convidando uma dama a dançar, em seguida se colocou diante dele e esticou o braço também, lhe oferecendo sua mão direita, que ele segurou mesmo sem entender nada.

— Agora me puxa devagar até eu ficar na sua frente. — Ela ordenou e ele o fez, observando como ela caminhava sutilmente pelas pontas dos pés até ele com uma delicadeza tão impressionante que ficava até difícil associá-la à Megan com a qual ele estava acostumado.

Ao chegar bem próxima dele, segurou também sua outra mão, abaixando os dois braços para que ficassem retos, em seguida ficou na ponta dos pés aproximando seus rostos e, em um segundo, largou sua mão direita, passou o braço esquerdo teatralmente em volta dele como se fosse um abraço e começou a se afastar dele subitamente.

— Não solta minha mão! — Dizia enquanto dava uma meia volta para a direita até chegar na máxima distância entre os dois com os braços esticados, ficando de frente para o sofá. — Agora fica você também de frente pro sofá, que vai ser o público na festa… Isso! Passa a perna direita pela frente da esquerda umas duas vezes, isso vai fazer você andar pro meu lado ainda de frente pro público…

Ele estava achando aquilo meio ridículo, mas obedeceu e logo a distância entre os dois foi se encurtando e seus braços unidos pelas mãos iam deixando de ser uma reta.

— Quando estiver bem do meu lado, já pode soltar minha mão, ficar atrás de mim e segurar minha cintura com as duas mãos…

Mais uma vez ele obedeceu às ordens da bailarina e, quando segurou sua cintura, ela girou sutilmente seu corpo para a direita, esticou o braço direito teatralmente para a frente ao mesmo tempo em que seu braço esquerdo era esticado para trás e sua perna esquerda se esticava simultaneamente para cima, até a ponta de seu pé e mão esquerdos quase se tocarem no ar.

— Você consegue fazer isso sem alguém te segurando? — Ele perguntava curioso e impressionado ao mesmo tempo, mas ela estava bem concentrada e só pôde dar uma risadinha daquela pergunta quando já estava de volta à posição inicial e moveu apenas a cabeça para se dirigir a ele.

— Conseguir eu acho que consigo, mas se tiver outro bailarino ajudando, os passos podem ser mais precisos e melhor executados… Até porque aqui eu não fiquei na ponta dos dedos como deveria ter feito porque além de estar sem sapatilhas de ponta dura, aquelas que são “quadradinhas”, sabe? Nem me alonguei também, então só estou fazendo mais ou menos como deveria ser...

— Ah… — Ringo limitou-se a responder, era meio estranho que a mais nova pela primeira vez dominasse algum assunto melhor do que ele, mas ainda assim se enchia de orgulho por ver que sua menina estava crescendo.

— Agora você passa a perna esquerda por trás da direita, isso vai fazer com que você fique automaticamente de frente pra mim.

Ele apenas obedeceu e, quase magicamente, o que ela disse aconteceu com o corpo dele, mesmo sem ele ter tido nenhuma intenção de se virar tão precisamente e já estava de frente para ela, ambos de lado desde a perspectiva do "sofá-público".

— Agora se abaixa um pouco. — Ela dizia, empurrando os ombros dele para baixo, e ele foi obedecendo cada ordem dela. — E coloca um dos joelhos no chão. Isso, agora põe as duas mãos aqui e segura com força… — Ordenou puxando as duas mãos dele e as posicionando uma em cada lado de sua cintura. — Mas não aperta tanto assim, que eu não sou suas baquetas! — Os dois riram com essa gracinha enquanto ele afrouxava um pouco as mãos, mas sem deixar de segurá-la com firmeza. — E agora, vem o grande final! — Ela o olhava e falava com tanta empolgação que ele se sentiu o próprio Elvis naquele momento ao reparar como seus olhos brilhavam.

Mesmo sem estar com as sapatilhas apropriadas, Megan tentou ficar na ponta do pé o máximo que pôde e, enquanto levantava o calcanhar direito para que a perna que continuaria no chão formasse uma reta vertical quase perfeita, se dobrando apenas pelos dedos que continuavam horizontalmente apoiados chão, jogava delicadamente os braços para trás e, numa sincronia perfeita, levantava a perna esquerda na mesma direção dos braços e se inclinava em direção ao rapaz como se fosse beijá-lo, o que fez com que ele quase instintivamente prendesse a respiração ao perceber que ela se aproximava demais de sua cabeça, que estava levemente inclinada para trás para que pudesse observá-la melhor por cima dele, e não pôde evitar arregalar um pouco os olhos ao perceber que os lábios dela se juntavam em um biquinho, que terminaram se encontrando com a ponta do seu nariz deixando ali um suave beijo.

“Mas é claro que com o George ela deve beijar em outro lugar...” Ele pensava consigo mesmo, expirando vagarosamente o ar preso em seus pulmões enquanto ela voltava delicadamente à sua posição inicial, ainda com as mãos dele em sua cintura lhe oferecendo o suporte necessário.

“Até que nem é grande coisa…” Ringo pensava consigo mesmo, enquanto se levantava, ao perceber que George realmente não faria muito esforço.

— E nessa hora que eu dou os 16 fouettés seguidos! — Ela explicava como se fosse bem óbvio para ele qual era aquele passo que, no meio de tantos outros, ele já até havia esquecido do que se tratava. — Na verdade deveria ser uns 35, mas bem, eu ainda não consigo fazer tantos assim, então vão ser só 16 mesmo representando minha idade… — Ela explicava com certo desapontamento na voz, mas ambos tinham certeza que seria só questão de tempo até que ela fosse capaz disso.

— E quando eu terminar, o George segura minha mão e vamos caminhando até o outro lado, onde meu pai vai estar me esperando e as meninas também, pra me ajudar a trocar as sapatilhas por um sapato normal. Então nós dois voltamos ao palco e dançamos a valsa exclusivamente para a minha mãe, que vai estar com um lencinho bem em frente ao palco… E eu espero que você me faça o favor de estar bem ao lado dela, porque nunca apareceu em nenhuma apresentação minha! — Essa última frase era dita como uma mistura de ameaça e queixa.

— Então, Megan… Agora que você tocou no assunto… — O baterista escolhia cuidadosamente cada palavra que iria usar, enquanto a garota inflava involuntariamente as narinas ao perceber que ele diria algo que com certeza iria tirá-la do sério. — Eu ainda não sei bem se vou poder ir…

Não conseguiu nem terminar de explicar e sua amiga começou a vociferar:

— VOCÊ ESTÁ QUERENDO ME DIZER QUE NÃO CONSEGUIU UM DIA DE FOLGA DESSA DROGA DE BANDA NEM NO DIA DO MEU ANIVERSÁRIO?

Ele deu dois passos para trás ao perceber que ela se lançava sobre ele ao esbravejar cada palavra e, pela primeira vez, achou que estava prestes a deixar de fazer parte do pequeno número de pessoas nas quais sua amiga nunca havia batido.

— Calma, Megan! Não é bem assim… — As palmas de suas mãos iam em direção a ela pedindo um pouco de calma e, ao mesmo tempo, serviam como proteção caso o pior viesse a acontecer.

— NÃO É BEM ASSIM? VOCÊ PRATICAMENTE SUMIU DA MINHA VIDA DEPOIS QUE FICOU FAMOSO E EU NUNCA DISSE NADA! ACHEI QUE PELO MENOS POR UMA NOITE TUDO PODIA VOLTAR A SER COMO ANTES, MAS PELO VISTO NEM ISSO VAI ACONTECER! — Ela continuava a avançar contra ele, até que seu último passo para trás o fez chocar contra uma parede. — E NÃO VENHA ME DIZER QUE A BANDA EXIGE MUITO DO SEU TEMPO, PORQUE EU TENHO VISTO MAIS O PETE BEST DO QUE VOCÊ E OS DOIS FAZEM EXATAMENTE A MESMA COISA! — Toda aquela imagem delicada e suave de bailarina que ela apresentava apenas alguns minutos antes havia desaparecido por completo, estava bufando de raiva e mantinha os punhos fortemente cerrados ao lado do corpo, resistindo duramente ao impulso de descarregar toda sua raiva nele.

Megan nunca imaginou que fosse sentir isso algum dia, mas tudo o que ela queria naquele momento era que ele desaparecesse de sua frente, então se deu por vencida e desabafou, com um tom de voz decepcionado:

— Eu só queria que uma única vez a pessoa mais importante pra mim me visse fazendo aquilo que mais amo, mas pelo visto é pedir muito, não é?

Já estava de cabeça abaixada e pronta a deixá-lo ali sozinho quando foi surpreendida por um abraço apertado.

— Ah Megan, me desculpa! Eu sei que as coisas mudaram bastante, mas não tem um só dia que eu não pense em você, mesmo não conseguindo vir aqui te ver! Eu juro que tentei convencer o Rory a me liberar só esse dia, mas como é sábado vai ser impossível... E vou correndo pra sua festa assim que acabar o show, eu prometo!

— Grande coisa aparecer no fim da festa! Além de perder a melhor parte, nem vai estar lá comigo pra aproveitar nada…

— Mas você vai guardar uns salgados e doces pra mim, não vai? No fim da festa venho pra cá com você e acabamos com tudo pela noite afora, como nos velhos tempos, o que acha?

— Eu acho que numa festa onde o George e o meu primo Mick estão, não vai sobrar muita coisa… — Aquela proposta era tentadora, mas ela não daria o braço a torcer assim tão fácil.

— Então antes de começar você prepara uma marmita pra mim e esconde muito bem do George, porque é capaz de ele ir atrás só pelo cheiro!

Os dois riram juntos e, por um breve momento, Megan esqueceu que estava irritada com ele. Deu um longo suspiro pesaroso e o abraçou de volta com força.

— As festas nunca são a mesma coisa sem você… — Resmungou enquanto escondia o rosto em seu peitoral, como sempre fazia quando não se sentia bem.

— Eu vou tentar dar um jeito, não posso prometer nada, mas encher o saco do Rory todo dia pra ver se ele me libera, isso eu ainda posso fazer!

— Não tem como chamarem alguém pro seu lugar só nesse dia? Ainda dá tempo de procurar… Além disso, candidatos não iam faltar! — Ela o encarava com certa esperança ao fazer essa proposta.

— Acho que dá, mas sabe como é, fica difícil achar um baterista melhor que eu nessa cidade, você também precisa entender o lado deles… — Brincou cheio de si e recebeu uma risada murcha em resposta.

— Convencido! Desculpa ter gritado com você, eu sei que não teve escolha, mas é que uma das vantagens que eu via nessa festa idiota era justamente nós sermos só os melhores amigos aproveitando a noite de novo como foi na festa da Lily. Quando todo mundo, eu, você, o George e as meninas nos víamos quase todo dia… — Já que estavam conversando abertamente, ela aproveitou para expôr todas as suas queixas enquanto se retratava.

— Mas pera lá, na festa da Lily não foi bem assim... Que eu me lembre, você nem aproveitou nada perto de mim! — Ele contestou com uma leve careta de indignação.

— Mas claro que não! Você e a dona Polly estavam muito ocupados de namorico, eu só não quis atrapalhar! — Megan logo se defendeu dissimuladamente.

— Olha só quem fala em namorico! Eu devo lembrar quem foi que sumiu com o George bem no meio da festa? — Ringo perguntava, enguendo uma das sobrancelhas.

— E eu devo lembrar quem foi que me largou sozinha na festa sem ter nem como voltar? Aquela foi a primeira vez que você me deixou na mão, a segunda vai ser na minha própria festa! — Aquela danada sempre tinha uma artimanha para vencer as discussões e fazer um pequeno drama era uma delas.

— Mas quanta calúnia, eu não te deixei na mão nenhuma das vezes! — O pobre injustiçado apressou-se em sua defesa. — Na primeira a senhorita estava muito bem acompanhada e, na próxima, vai ter toda sua família e amigos presentes, aposto que nem vai sentir minha falta… — Ele também sabia fazer parte daquele jogo dramático.

— Eu sinto sua falta todos os dias, seu idiota! — Ela jogou as palavras na cara dele como se isso não fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Eu sei, também sinto, principalmente dessa sua forma de demonstrar isso com tanta delicadeza quanto um coice de mula! — Aquele brincalhão dizia, sem temer o perigo.

— Você me chamou de quê? — Ela se afastou, dando um passo para trás com o cenho franzido, preparando seu melhor chute pra mostrar o que era um coice de verdade.

— De nada não… Agora tenho que ir, já está ficando tarde, né? — Ele tentava desconversar cinicamente, checando seu relógio de pulso.

— Você tem muita sorte por eu ser legal com você, sabia? — Ela revirava os olhos, meio contrariada por ter renegado sua natureza e não ter dado sequer uns bons tapas nele, pois estava merecendo.

— Eu tenho sorte é por ter você aqui comigo!

Richard logo pôs um fim naquela brincadeira disfarçada de briga — ou seria o contrário? — com um beijo na testa e um abraço apertado em sua melhor amiga, pois realmente havia chegado a hora de se despedirem, mesmo que a vontade deles fosse ficar juntos ali pelo resto do dia.




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Notas finais do capítulo

Não sei se a parte do balé ficou fácil de entender, eu espero que sim, mas se não ficou não se preocupem porque o Ringo também estava perdidão! kkkk Esse desenho da Jessica Libor é o grande final que a Megan fala, que não sei se dá pra entender muito bem da forma que escrevi, então achei melhor ilustar e o nome dessa posição da bailarina é Arabesque Penchée, caso alguém queira saber...