TWD - Primeira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 8
Seis


Notas iniciais do capítulo

"Olha, posso acertar um peru entre os olhos dessa distância."



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Passei a noite em claro, ajudando a checar o perímetro e matar qualquer caminhante que pudesse aparecer. Quando amanheceu, nós nos revezamos entre levar os corpos do nosso pessoal para os túmulos que Jim havia cavado e acertar os caminhantes mortos na cabeça para garantir que nenhum volte a vida pela segunda vez, para depois joga-los em uma fogueira.

— Não podem estar falando sério. – Daryl falou inconformado, quando nos reunimos para decidir com o que faríamos sobre Amy e Andrea - Deixar aquela garota nos ferrar? Ela é uma bomba relógio.

— O que você sugere? – Rick perguntou para ele

— Dar um tiro. – Daryl respondeu sério, apontando a mão para a cabeça dele como se fosse uma arma – Limpo, na cabeça, daqui. Olha, posso acertar um peru entre os olhos dessa distância.

— Acho melhor dar um tiro nela do que esperar a garota virar uma daquelas coisas sem consciência. – Falei, apoiando a ideia dele – Não podemos esperar que ela volte e coma alguém. Um tiro de misericórdia, nada mais do que isso.

— Dar sugestões assim é bem a sua cara. – Adrian resmungou, me olhando com raiva – Estou surpreso por você ainda não ter colocado a Andrea para dormir e ter matado a irmã dela.

— Ela já está morta, seu idiota. – Revirei os olhos, irritada – Mas se vocês não tiverem coragem, posso fazer numa boa.

— Não. – Lori negou – Pelo amor de Deus, deixem-na em paz.

Daryl balançou a cabeça negativamente com desaprovação nos olhos e bateu seu ombro no meu, indicando  que deveríamos voltarmos a trabalhar. Quando me afastei deles, ouvi Adrian dizendo que eu já era uma caminhante, mas ninguém tinha me contado ainda.

— Acorda, Jimbo. – Daryl falou ao passar por Jim, o qual estava parado, olhando para as árvores – Temos trabalho a fazer.

Nós nos aproximamos da fogueira e enquanto Daryl ajudava Morales a arrastar os corpos até o fogo,  eu ajudava o T-Dog a colocar mais lenha.

— Ei. Ei. – Ouvi Glenn dizer alto – O que estão fazendo? A fogueira é para os caminhantes! – Levantei o meu olhar e vi que ele estava falando com os dois, pois eles estavam arrastando o corpo de Ed para a fogueira - Nosso pessoal vai ali!

— Que diferença faz? – Daryl perguntou para ele, parando de arrastar o corpo junto com Morales – Estão todos infectados.

— Nosso pessoal vai para aquela fileira ali. – Glenn se aproximou deles, endurecendo o tom de voz – Não vamos queimá-los. Vamos enterrá-los. Entenderam? – Por alguns segundos, pensei que Daryl bateria no coreano, mas ele apenas se abaixou e voltou a segurar o braço do homem morto – Nosso pessoal vai naquela fileira ali. – Glenn apontou para a fileira de mortos na frente do trailer de Dale

Eu os vi arrastar o corpo para longe e agradeci mentalmente por não estar fazendo isso, já que estava em pé até agora por pura força de vontade.

— Você colhe o que planta. – Daryl disse alto, ao largar o corpo de Ed

— Quer saber? – Morales perguntou para ele – Vê se cala essa boca.

— Deixaram meu irmão para morrer. – Daryl gritou, olhando ao redor, para nós – Vocês mereceram isso.

Se eu acreditasse em carma, tenho certeza que concordaria com ele. Mas como não acredito, apenas o ignorei. Daryl Dixon sempre falava merda. Ao meu ver, ninguém merecia a morte. 

— Então me mostra! – Ouvi a voz da Jacqui, ela estava exigindo algo. Parei o que estava fazendo e olhei na direção dela, ela estava falando com Jim, falando não, dando uma ordem. Vi Jim se aproximar dela e dizer alguma coisa, num tom de voz baixo - Ele foi pego! Um caminhante mordeu o Jim!

Eu me aproximei deles, assim como todos os outros.

— Eu estou bem. – Jim nos garantiu, olhando para nós

— Mostra pra gente! - Daryl mandou, estava novamente segurando a picareta em que antes, era usada para acertar a cabeça dos caminhantes que tínhamos matado ontem – Mostra pra gente!

— Afaste-se. – Jim pediu, dando passos para trás

— Ei. – T-Dog falou ao ver Jim pegando uma pá e a segurar como se fosse se defender – Ei.

— Calma, - Dale pediu, olhando para o amigo - Jim.

— Segurem-no! – Shane mandou – Segurem ele.

Aproveitei que Jim estava de costas para mim e me joguei em suas costas, puxando seus braços para trás, o fazendo largar a pá a força.

— Eu estou bem! – Jim repetiu, mas permaneceu parado, deixando com que eu ainda o segurasse – Eu estou bem!

Daryl avançou até ele e levantou sua camiseta e quando largou, o olhar das pessoas me avisou que ele não estava bem, havia sido mordido. Eu o larguei e me afastei, enquanto ele continuava falando “Eu estou bem” repetidamente.

Nós nos reunimos novamente, grande parte de nós enquanto deixamos Jim perto do trailer, sentado no chão. As coisas estavam piorando para nós.

— Vamos acertá-lo com a picareta e a garota morta também. – Daryl falou, segurando a picareta com uma mão – E terminaremos com isso.

— É isso que gostaria se fosse você? – Shane perguntou para ele

— É, - Daryl respondeu – e eu te agradeceria se fizesse isso.

— Odeio dizer isso. – Dale comentou - Nunca pensei que fosse dizer isso, mas talvez o Daryl esteja certo.

— O Jim não é um monstro, Dale, - Rick lhe disse - nem um cachorro louco.

— Não estou sugerindo que...

— Ele é um homem doente. – Rick continuou - Se começarmos com isso, onde vamos parar?

— Pra mim está bem claro. – Daryl falou sério - Tolerância zero para caminhantes. Acabamos com eles, essa é a regra.

— E se conseguirmos ajuda para ele? - Rick perguntou em seguida - Soube que o CCD estava trabalhando numa cura.

— Ouvi isso também. – Shane comentou - Ouvi muita coisa antes do mundo virar um inferno.

— E se o CCD ainda estiver funcionando? - Rick insistiu

— Cara, acho que isso é muito improvável. – Shane respondeu, balançando a cabeça negativamente

— Por que? – Rick perguntou - Se tiver algum tipo de governo ainda, alguma estrutura eles vão proteger o CCD a todo custo, não é? Acho que é a nossa melhor chance. Abrigo, proteção, resgate...

— Tá certo. - Shane falou interrompendo ele - Olha eu também quero essas coisas, tá? Eu quero mesmo, tá? Agora se existem estão lá na base do exército que é o Fort Benning.

— São 160km. – Lori comentou - Na direção oposta.

— Isso mesmo - Shane concordou em ela - Mas fica fora da zona de perigo. Agora escutem. Se o lugar estiver funcionando, estarão bem armados. Estaremos a salvo lá.

— Para de sonhar, Shane. – Falei para ele, balançando a cabeça negativamente – Provavelmente nós estávamos na linha de frente disso tudo e fomos derrotados! Meu General mesmo me mandou sair de Atlanta o mais rápido possível, porque ele estava saindo também. Eu realmente gostaria de acreditar que o exército, minha família, os meus soldados ainda estão de pé em algum lugar, mas não acho que seja verdade. – Respirei fundo, passando a mão no rosto cansada – Acho que o Rick tem razão, o CCD é a nossa melhor escolha e provavelmente a única chance do Jim.

— Vão lá procurar aspirina. - Daryl nos disse, dando grandes passos para trás - Façam o que quiserem. Alguém precisa ter coragem para cuidar dessa droga de problema!

Daryl se virou e correu em direção ao Jim, mas nós corremos em direção a ele e o paramos na metade do caminho. Rick apontando o seu revolver para a cabeça dele e eu indecisa entre pegar a pistola ou tentar conversar.

— Não vamos matar os vivos. - Rick falou devagar, para ele entender bem

— É engraçado, - Daryl comentou, abaixando a picareta e se virando para olha-lo – você fala isso e põe uma arma na minha cabeça.

— Olha só, - Falei me metendo no meio deles, pegando no braço de Rick e o abaixando, em seguida me virei para o caipira - Daryl, todos nós podemos descordar de algumas coisas, mas não disso. Eu concordei com você hoje mais cedo porque a garota já está morta, mas ele não.

Daryl jogou a picareta no chão e saiu andando a passos largos, nervoso. Rick guardou a arma e foi até Jim, dizendo que o levaria a um lugar seguro, dentro do trailer.

Mais à tarde, depois de cuidar de todos os corpos de caminhantes e colocar os corpos dos nossos na caçamba de uma caminhonete, nós os levamos para as covas, onde Shane e Rick terminavam de cavar.

Era a hora do enterro.

Sempre odiei enterros.

Quando a caminhonete parou, eu desci do banco do passageiro e caminhei até os dois policiais para avisá-los que todos estavam vindo, para prestar respeito aos mortos.

— Ainda acho que é um erro não queimar esses corpos. – Daryl comentou, enquanto saia da caminhonete e caminhava até nós – Era o que iríamos fazer, não é? Queimar todos? Não era essa a ideia?

— É, - Respondi, colocando as mãos no bolso da calça - no começo.

— O china lá fica todo emotivo, diz que isso não se faz e vamos todos concordar com ele? Essas pessoas precisam saber quem é que está no comando aqui. Quais são as regras.

— Não existe regras - Rick disse a ele

Me lamentei em silencio pois sem regras, não havia ordem.

—- Bom, isso é um problema. - Lori comentou, participando da conversa - Não tivemos um minuto para nos lembrarmos do que éramos. Precisamos de tempo para o luto e precisamos... enterrar nossos mortos. É o que as pessoas fazem.

Quando o enterro acabou, eu fui diretamente tomar um banho no lago da pedreira, usando um pequeno sabonete que Carol havia me dado, me ensaboei até sair o cheiro dos mortos e lavei o meu cabelo pelo menos umas duas vezes, ensaboando e penteando com os dedos. Mas quando eu me virei para nadar até a beira do lago, vi Adrian sentado em uma pedra, me olhando.

Maníaco. 

— Sabe, - Ele disse alto – as vezes eu imagino como seria se você não tivesse esse gênio forte, em como estaríamos.

— Espero realmente que você não esteja aí durante o meu banho inteiro, Jones. - Falei tão alto quanto ele – Será que você não se liga? Cadê a Andrea?

— Andrea? – Adrian perguntou rindo – Ela é só diversão, você não.

— Vai embora.

— O que foi, Gabriela? – Adrian gargalhou, enquanto me olhava – Achei que você já estava saindo, você não vem, amor?

— Você não tem nada melhor pra fazer não?

Ele balançou a cabeça negativamente e me lançou um sorriso caloroso. Percebi que ele não iria a lugar nenhum e por isso crispei os lábios enquanto começava a nadar em direção à beira do lado onde minhas roupas e minha toalha estavam. Ouvi um assobio ao sair completamente da água e me enrolei na toalha, fazendo o possível para não pegar a minha pistola do chão e atirar em Adrian antes juntar minhas roupas e caminhar em direção ao acampamento, iria me trocar em minha barraca.

Uma coisa que eu aprendi no exército logo no começo do meu alistamento foi não ter vergonha e trabalhar com vários homens. Aprendi a lidar com os olhares, por isso, não fiquei incomodada ao atravessar o acampamento de toalha e entrar em minha barraca.

Quando me troquei e sai da barraca, recebi uma bronca de Lori, a qual estava me esperando bem do lado de fora, ela disse coisas como “Você não está sozinha” e “Tem crianças aqui”. Apenas resmunguei um “Eu não estava pelada” enquanto caminhava em direção ao meio do acampamento para me sentar em uma das poltronas perto de uma das fogueiras e quando me sentei, me ajeitei de um jeito que conseguiria dormir.

Não queria dormir na minha barraca e correr o risco de ser acordada no meio de outro ataque, era mais fácil dormir ali e ficar no meio de tudo, tendo um caminho rápido até os carros e as barracas.

Acordei quando já estava começando a ficar escuro e quando abri os olhos, notei que todos estavam perto de mim, sentados em cadeiras de plástico e no chão, alguns dormindo e outros apenas em silencio. T-Dog comentou algo sobre eu ter acordado e brincou sobre como o meu sono era pesado antes de Dale, Rick e Shane surgirem pelas árvores, se aproximando de nós.

Provavelmente haviam acabado de voltar de uma ronda.

— Eu andei pensando sobre o plano de Rick. – Shane comentou, parando no meio da nossa roda - Olha, não há nenhuma garantia. De qualquer maneira, serei o primeiro a admitir isso. Eu conheço esse homem há muito tempo, e eu confio nos intentos dele. Agora eu acho que o mais importante é que nós temos que ficar juntos. Então, aqueles que concordarem... vamos embora logo que amanhecer. Tudo bem?

Me fechei em minha barraca logo após o comunicado de Shane e fui dormir de verdade, cobrindo os meus olhos com o braço para afugentar o resto da claridade que ainda tinha.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo enfrentaremos a ilusão que é o CCD.



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